Últimas indefectivações

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Teresa

"1. Teresa, Teresa, Teresa, Teresa...
2. O Sporting jogou pouco na estreia de Silas, mas para já não importa se a equipa come a sopa com o garfo e o bife com a colher. Desde que coma.
3. Afinal parece que foi o pescoço do sócio que apertou a mão de Luís Filipe Vieira na AG e foi o árbitro Tiago Martins quem andou a mandar moedas aos adeptos na Luz. Malandros.
4. «Qualquer coisa que aconteça num campo de futebol não é um problema a sério», diz Klopp. Verdade. Basta pensar naquele pai cego a carregar o filho com paralisia cerebral para o salvar do furacão Dorian.
5. Os adeptos homossexuais e transgénero podem ir ao Mundial do Catar desde que não haja manifestações públicas de afectos, diz a organização. E quando for golo?
6. José Pereira está mito indignado porque Silas não tem as habilitações necessárias para treinar na Liga. E para ser presidente do sindicato, qual é a formação necessária?
7. O Benfica serviu marisco na Supertaça e bifes da vazia nas primeiras jornadas, mas agora parece o refeitório da Universidade de Coimbra.
8. Teresa, Teresa, Teresa, Teresa.
9. Mais exemplos de má gestão: Rosier custou €5 M mais o passe de Mama Baldé que não é o pior do que Rosier; Domingos Duarte foi descartado por €3 M e é titularíssimo no Granada, segundo classificado na La Liga.
10. A época passada começou com claros benefícios para o FCP e acabou com claros benefícios para o SLB. Em equipa que ganha não se mexe?
11. Em Outubro e Novembro continuam os jogos às nove da noite. Ainda deve ter a ver com a praia. Só pode.
12. Parabéns a João Vieira, prata aos 43 anos. Tenho 41 e já fico feliz por marchar até ao fim desta coluna.
13. Frederico Varandas, na SIC, repetiu mais de 100 vezes o nome da jornalista: Teresa. O Sporting precisava de um comando de PlayStation, nas palavras e nos actos, e tem um joystick."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

PS: Já não me surpreende, mais uma vez o Gonçalo para fazer uma piada com as vergonhosas arbitragens favoráveis aos Corruptos neste início do campeonato, teve que inventar uns supostos 'favores' ao Benfica no final da época passada!!!

Cova da Piedade na Taça de Portugal...

Por um lado, temos uma viagem curta (se calhar o jogo será no Restelo...), mas levámos com uma equipa da II Liga, com um nível idêntico às equipas do fundo da tabela da I Liga!!!
Vamos ver como será o regresso das Selecções, provavelmente vamos jogar com 2.ªs opções, mas será perigoso!

Benfica Podcast #338 - Setúbal...

Coluna Vermelha #46 - Setúbal, AG...

Cadomblé do Vata (B.D.!!!!)

"Bernardo Silva comparou o amigo Mendy a um Conguito e agora, acusado de racismo, corre o risco de ser suspenso por 6 jogos. Pessoalmente gostava que a suspensão durasse pelo menos 1 ano aplicável apenas às competições inglesas, para que o fossemos lá buscar emprestado, a fim de evitar 12 meses de inactividade do pequeno craque.
Esta história surreal trouxe-me à memória os tempos de infância, quando as coisas eram bem menos complicadas. E recordei-me de uma história que (fui ver) publiquei no blog há 8 anos, com uma equipa de infantis de Almancil, que por impossibilidade extrema do treinador, fui incumbido de orientar num jogo crucial contra Loulé. A constituição da armada foi dada pelo treinador, tal como os apelidos de 12 dos 17 "convocados". Hoje o Sr. João era preso e a frigideira do Tarrafal seria reactivada só para ele. De notar que faltam aí o Conguito, o Zé Barrilinho, o Miltinho Zulu, o Lagartan, o Pontinha de Seta, o Préquété, o Nanini, o Esminina, o Fome, o Canelada no Olho e outros cujo nome já não recordo. Até Já Bernardo, a 10 está vaga para ti."

(...) defende Bernardo Silva, a quem "saiu a fava". O Calimero é um pintinho branco? E a Branca de Neve é uma jovem asiática?

"Sou capricorniano, casado, tenho 46 anos e uma filha de 9, linda de morrer.
Tenho a vida que quero, a vida que escolhi ter. Isso não me torna nem melhor nem pior do que quem escolheu/escolhe viver de outra forma, porque cada um deve ter a vida que mais gosta e deseja.
O futebol sempre foi o meu mundo. Em jovem, joguei dois anos num clube. Na altura, muitos meninos e meninas da minha idade preferiam o canto ou a pesca, a representação ou a natação, o karaté ou a costura. Preferiam outra coisa qualquer, porque seguiam a voz do coração e o coração tem sempre razão.
Hoje conheço gente dos quatro cantos do planeta. Angolanos e ucranianos, americanos e marroquinos, venezuelanos e indianos. Todos bem diferentes no embrulho, todos muito iguais na essência. A amizade não tem passaporte e o carácter não tem nacionalidade.
O jeito para a bola não era muito, mas a loucura era tanta que tirei o curso de árbitro. Enquanto isso, muitos dos meus colegas mergulhavam nos estudos ou arranjavam trabalho. Uns ficaram por cá, outros emigraram. Uns são felizes, outros procuram a sua felicidade. Todos são pessoas de bem, porque os valores não se medem em extractos bancários ou diplomas universitários.
Tenho amigos em todas as áreas: médicos e mecânicos, engenheiros e padeiros, gestores e caixas de supermercado. Nenhum vale mais do que o outro. Nenhum é mais que o outro. São todos iguais.
Sou cristão mas não vou à missa. Sou um homem de fé em Deus, no meu Deus, mas que respeita muito a fé e crença dos outros. O seu Deus.
Gosto de sushi, de bitoque e, de vez em quando, como carne de porco. Respeito profundamente quem não gosta, quem não come, quem não toca.
Não tenho ideologia política. Apoio projectos em que acredito e pessoas em quem me revejo, mas tenho grandes amizades à esquerda, ao centro e à direita. Gosto das pessoas pelo que elas são, não pelas sua convicção.
Nasci numa família de benfiquistas "não praticantes". De simpatizantes distantes. Cresci com essa influência até ao dia em que a arbitragem ganhou um adepto para a vida. Hoje sou amigo, familiar, vizinho e companheiro de trabalho de sportinguistas e portistas, maritimistas e benfiquistas, flavienses, vitorianos e braguistas. Todos efervescentes, todos normais, todos iguais.
Nos dias que correm, só faz sentido sermos assim. O que queremos e como queremos, desde que nos respeitemos.
As nossas enormes diferenças - que nos tornam humanos ainda mais iguais - só são ameaçadas perante o radicalismo de opinião e o extremismo de posição.
Hoje a vontade de atacar o lado perverso do homem é tão grande que a balança cai, perigosamente, para o lado oposto.
Agora, é "tabu" mencionar qualquer ideia relativa às nossas particularidades enquanto seres humanos e pessoas (todos temos particularidades sociais, genéticas, históricas, culturais), tal o receio de ofendermos o status quo. De sermos inconvenientes. De nos pormos a jeito.
Hoje há medo em abordar este tipo de assuntos. São os chamados "não assuntos". Porque a mera opinião pode logo ser conotada como machista, xenofóba ou racista. Não há margem para arriscar. O melhor é nem falar.
A pressão do "socialmente correto" não esconde uma verdade que nos devia orgulhar a todos. A verdade da diversidade.
Sim. No mundo há preto, branco e amarelo, há inglês, nepalês e sudanês, há muçulmano, católico e ateu, há alto, médio e baixo , há fascista, comunista e democrata, há feio, bonito e deslumbrante, há carnívoro, vegetariano e vegan, há bom, suficiente e mau, há benfiquista, portista e sportinguista, há alheira, açorda e marisco. E depois? E depois?!?
Desta vez, a fava saiu ao Bernardo Silva, que é uma pessoa de bem e com valores no sítio. A brincadeira inocente com o seu melhor amigo (!) está em vias de ser punida, exemplarmente, com chibatadas em plena praça pública, porque importa passar mensagem, ainda que à custa da inocência inocente de alguém.
A FA acha a conduta do português gravíssima, mas não se importa que, quase todos os dias, jogadores profissionais andem à pancadaria em pubs, armem confusão com seguranças, partam tudo com a bebedeira e vomitem dentro de táxis. Agora a onda é outra e isso não importa nada.
O mais curioso é perceber que este movimento, o mais radical e excessivo, nasceu pelo facto de se condenar... o outro. Somos tão estranhos, não somos?
No meio de uma e outra ponta, onde mora a sensatez e a razão? Onde mora a naturalidade das coisas que são naturais?
O Calimero é um pintinho branco? E a Branca de Neve é uma jovem asiática?
De que cor e género serão os próximos desenhos animados? E filmes? E livros?
Por favor. Equilíbrio precisa-se. Com urgência!"

Regresso da Champions

"Terá de ser, conforme afirmou Bruno Lage ontem em conferência de Imprensa de antevisão ao jogo, um Benfica focado, concentrado e determinado, de forma a ser competente nesta deslocação a São Petersburgo para defrontar o Zenit, hoje às 20 horas portuguesas, na segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.
O Zenit é um clube habituado a marcar presença na Liga dos Campeões, estando pela sétima vez na fase de grupos nas últimas doze temporadas (conseguiu o apuramento para os oitavos de final em três ocasiões). Recheada de bons jogadores (Dzyuba, Azmoun, Zhirkov, Shatov, Smolnikov, Ivanovic, Barrios e Malcom são, talvez, os nomes mais sonantes) e caracterizada pela experiência do seu plantel, a equipa que menos golos sofre no campeonato russo (apenas cinco em onze partidas) conseguiu um empate na visita ao Lyon (1-1), onde vencia ao intervalo, na jornada inaugural da mais importante competição europeia.
O nosso objectivo passa por conseguir o apuramento para os oitavos de final e para tal será importante conseguir um bom resultado, preferencialmente a vitória. Ademais, tendo em conta a luta de Portugal e Rússia no ranking da UEFA, hoje será, também, uma boa oportunidade para ajudar o futebol português nesse aspecto muito relevante.
Benfica e Zenit encontraram-se seis vezes na Liga dos Campeões, todas na última década. Foram três vitórias para cada lado, sendo que vencemos os dois últimos jogos realizados, ambos nos oitavos de final da edição realizada em 2015/16 (em São Petersburgo, frente ao Zenit, uma vitória e duas derrotas). Estendendo a análise às visitas aos restantes clubes russos, foram duas vitórias, dois empates e cinco derrotas.
Não será fácil certamente, assim o indica o histórico e o desempenho do Zenit em Lyon, mas acreditamos que a nossa equipa saberá ultrapassar este difícil obstáculo. Lage reconheceu que a exigência é máxima na Liga dos Campeões e afirmou que a equipa está preparada e convicta de que fará um grande jogo e vencerá. Cá estaremos para apoiá-la, sabendo que, com raça, querer e ambição, estaremos sempre mais próximos de ganhar! #PeloBenfica

P.S.: Da nossa parte, constatamos factos e erros de arbitragem e VAR reconhecidos pelos mais diversos analistas de forma pública e transparente. Ameaças e chantagens houve, sim, por parte do presidente do FC Porto para o árbitro Rui Costa, ao avisá-lo de que iria "tratar da tua saúde e do teu irmão", ou do director do futebol desse mesmo clube para Tiago Antunes: "A tua carreira vai ser curta". Tudo longe dos holofotes, tal como a invasão do centro de árbitros da Maia ou as conhecidas ameaças, a árbitros e suas famílias, do líder da sua claque. Mas ainda pensam que enganam alguém?"

Benfiquismo (MCCCX)

São Petersburgo... 2016

Tomada do poder em marcha

"Até a esperança de Vieira em ver o Benfica numa final da Champions serve de troça aos detractores, cabendo aos sócios bons lutar para que não desista

Mais uma vez ficou demonstrada a pouca utilidade do Departamento de Comunicação Institucional do Benfica ao nada elucidar acerca da badalada ocorrência na última Assembleia Geral e por via dessa omissão contribuir para que o nome do presidente ficasse esparralhado na praça pública.
Bati várias portas e julgo ter recolhido informação suficiente com o mínimo de credibilidade sobre o que realmente se registou, porque aquilo que, habilidosa e apressadamente, foi plantado no exterior não passou de bem urdido instantâneo para massacrar a idoneidade de Luís Filipe Vieira.
Depois do orçamento ter sido aprovado por expressiva maioria, no período destinado às intervenções dos associados inscritos o caldo entornou-se quando um deles se excedeu nas graçolas e o presidente se sentiu atingido na sua boa consciência, reagindo por impulso.
Quem não se sente não é filho de boa gente, diz o povo, mas, mesmo assim, Vieira tem de controlar as suas emoções no futuro, por ser previsível que provocações como esta se repitam. Além de não dever expor-se às impertinências de um jovem que ali foi para se armar em engraçado e ser falado.
Pude concluir que ninguém bateu em ninguém, apesar do que se fez constar. No entanto, para sossego das sensibilidades mais incomodadas, a agitação, a discussão e a confrontação, às vezes até física, traduzem a imagem diferenciadora das assembleias do Benfica, em nome da liberdade de expressão que foi sempre a bandeira do emblema da águia. E, no passado, quando algum orador se descontrolava no vocabulário imediatamente se ouvia um barulho reprovador na sala, isto é o Benfica. As mentalidades mudaram, porém, reconheço...
Não me peçam pormenores que já me escaparam, mas entre 82 e 83, por aí, gerou-se uma forte concorrência para destituir o presidente Fernando Martins. Vivia-se um tempo em que assembleias havia que duravam quase até ao nascer do sol. Numa delas, os opositores impuseram que se votasse a destituição. O Juiz Araújo e Sá, presidente da Mesa na altura, foi arrastando os trabalhos até perceber que daquela madrugada não conseguia escapar. No pavilhão principal do antigo Estádio da Luz o alvoroço era intenso e, de repente, como solução última para salvar Fernando Martins do afastamento, levantou-se e proclamou que, não havendo condições para prosseguir em resultado da incontrolável turbulência entre os presentes, dava por encerrada a sessão. Imediatamente, abandonou o local. Quem lá esteve deve lembrar-se das cenas seguintes. Que vendaval de bordoada, sem seguranças pelo meio, apenas sócios contra sócios, mas todos em defesa da mesma causa, o Benfica. Como se resolveu o problema? Aliviadas as tensões, os sócios no local, que eram muitos, sentaram-se e pediram ao Juiz Adriano Afonso para assumir a presidência da assembleia e proceder à votação, ao que este informou, com eloquência e serenidade, que ficaria até ao nascer do dia, se fosse preciso, para falar de assuntos do clube, a partir daquele momento como reunião de associados, porque, legalmente, a assembleia fora encerrada pelo presidente da Mesa eleito e único com poderes para o determinar. Espantosamente, a mesma plateia dividida e desavinda ouviu em silêncio e aplaudiu como se nada tivesse acontecido antes.

o afirmei em a Bola TV, mas quero partilhar a mesma ideia com quem faz o favor de me ler neste espaço. Depois de Luís Filipe Vieira, na entrevista à TVI, ter anunciado que vai recandidatar-se nas eleições do próximo ano, era previsível que alguma coisa de anormal poderia advir neste primeiro acto público imediatamente após essa comunicação.
Sabe Vieira, toda a gente sabe, que, de há muito, anda um grupo contestatário a atazanar-lhe a paciência e as assembleias são oportunidades imperdíveis pelo eco que recebem nos meios de comunicação. 
Admito que daqui em diante os dissidentes serão mais acintosos e criativos nas suas aparições na medida em que o incidente suscitado mais não foi do que o primeiro sinal de uma tomada do poder em marcha. A conjuntura invulgarmente favorável anima oportunismos e aventuras: infraestruturas de excelência, estabilidade financeira e hegemonia futebolística recuperada. A partir de agora será um fartote de má-língua no esgoto das redes sociais onde nascem e crescem os heróis anónimos da era moderna, como o desta assembleia.
Até a esperança de Vieira em recolocar o Benfica numa final da Liga dos Campeões serve de troça aos seus detractores, cabendo aos sócios bons batalhar para que ele não desista dessa cruzada, por respeito à história da águia e aos campeões europeus ainda vivos. A exigência deve ser máxima e persistente, socorrendo-me, a propósito, do artigo assinado pelo jornalista Fernando Urbano em A Bola do último sábado (pág. 45).
Escreveu ele: «Ao contrário do FC Porto de Pinto da Costa, o Benfica de Vieira não tem uma cultura europeia. Caso contrário Rui Vitória não teria continuado em 2018 depois da pior participação de sempre de um clube português na Liga dos Campeões (...). Tivesse RV saído sob o pretexto (público e assumido) de uma Champions de horror, talvez em 2019 Bruno Lage não arriscasse em colocar segundas linhas frente ao RC Leipzig?."

Fernando Guerra, in A Bola

105x68 - Zenit, Setúbal... e afins

Tribuna de Honra - 7.ª jornada

Diz-me como recebes, dir-te-ei onde chegarás


"Há pouco tempo atrás trouxe aqui a importância da recepção – Não há muitos no futebol mundial que apresentem a qualidade motora que lhes permita rodar com uma eficiência inacreditável, mantendo no gesto técnico a bola perto e no pé certo para dar seguimento como João Félix."

Mas alguém compreende o calendário da Liga?

"Promessas quebradas de menos jogos à semana, paragens prolongadas e horários desajustados. Quem perde? Os adeptos e o espectáculo.

No início de Junho, a directora-executiva da Liga Portugal anunciou a intenção de limitar a realização de jogos do campeonato à segunda-feira apenas a situações excepcionais, e os aplausos foram generalizados. Percebe-se porquê: jogar segunda-feira à noite é inquestionavelmente mau para adeptos, mas também para os próprios clubes, que encaixam menos receitas de bilheteira nessas datas.
A ideia era inatacável, até porque se garantia que, para proteger as equipas portuguesas que jogam na Europa, caso um clube actuasse na quinta-feira, continuava a ser possível agendar o desafio seguinte para segunda-feira. Justo, lógico.
Sónia Carneiro disse, e recorde-se, que «os jogos à segunda-feira só vão acontecer por necessidade». Mas, para surpresa geral, a promessa não demorou muito a cair: foi logo na primeira jornada do campeonato. O Vitória de Setúbal recebeu o Tondela no dia 12 de Agosto, uma segunda-feira, claro está. A promessa ficou na gaveta, com a inegável desconfiança que daí nasce. Como confiar nas palavras dos dirigentes máximos da Liga, quando em Junho se diz uma coisa, e em Agosto (à primeira oportunidade), a promessa já foi quebrada?
Na segunda jornada, o Tondela recebeu o Portimonense numa segunda-feira à noite. Haveria necessidade? Tondela fica a mais de 500km de Portimão, a viagem entre os dois pontos demora (sem paragens) mais de 4h30. É inconcebível (para quem quer defender o futebol no estádio, claro) marcar estes jogos para dias de trabalho. Um exemplo ligeiramente diferente: o Moreirense - Portimonense da 4ª jornada jogou-se sexta-feira, às 19h. Portimão dista 600km de Moreira de Cónegos. 1400 pessoas no estádio. Coincidência? Isto para não referir os constantes encontros que começam às 21h e se prolongam até perto das 23h da noite.
Na jornada 10, há 3 jogos agendados para segunda-feira, porque a jornada 9 vai ser jogada a meio da semana - isto depois de o campeonato estar parado praticamente um mês, entre selecções, Taça da Liga e Taça de Portugal. Mas alguém consegue entender estes calendários? Mas em relação a isso, parece que a responsabilidade estará menos na Liga Portugal e mais nos clubes. Certo é que esta trapalhada até levou o Sp. Braga a retirar confiança a Pedro Proença...
A culpa, claro, morrerá mais ou menos solteira. A Liga não se pronuncia, os clubes vão evitando abordar o assunto com hostilidade, os adeptos culpam a pressão da televisão e a incapacidade negocial dos clubes, e portanto vão-se empurrando culpas e acusações de um lado para o outro, e o resultado aí está: fartura de jogos a dias da semana, com assistências por vezes embaraçosas nos estádios.
Aqui ao lado, em Espanha, foi a justiça a suspender os jogos à segunda-feira. Depois do desacordo entre a Federação Espanhola e a entidade que organiza os campeonatos profissionais, um juiz de Madrid decidiu que, enquanto as partes não se entendem, não há jogos marcados para segunda-feira. 
Ainda que difícil de concretizar neste actual modelo do «futebol negócio», eu pergunto: não seria bonito um campeonato com mais jogos ao sábado e ao domingo à tarde?"

O desporto em tempo de eleições

"O desporto é, como prática cultural, uma componente essencial das sociedades modernas e é, ele próprio, um factor de modernização que se reflecte na vida dos indivíduos e das comunidades.
O que explica que se encontre consagrado em diversas constituições e documentos de referência internacionais, como um direito indispensável na educação para a cidadania e um factor crítico de desenvolvimento sustentável com o impacto positivo tanto na economia como no plano dos valores, da saúde, da identidade nacional, da promoção da paz, ou na integração de minorias étnicas, migrantes ou comunidades desfavorecidas em países de acolhimento.
Tudo isto é conhecido e não constitui qualquer novidade. Mas não custa lembrá-lo para se perceber porque devem as políticas públicas desportivas, assumir um lugar central em qualquer modelo de projecto social. E porque são necessárias políticas que potenciem a sua reconhecida capacidade de criação de valor em diversas dimensões de desenvolvimento social.
A competência da União Europeia (UE) para o desporto, ainda que complementar e de suporte à competência primária que nesta área reside nos Estados nacionais, tem permitido, através de diversos estudos levados a cabo pela Comissão Europeia, perceber a política desportiva europeia e ter acesso ao conhecimento de vários indicadores do modelo de desenvolvimento desportivo do país e do seu posicionamento no quadro continental.
Em dois desses estudos, sobre o financiamento ao desporto e sobre o contributo do desporto para o crescimento económico e o emprego na UE, destacam-se claras tendências de fragilidade na sustentabilidade do modelo desportivo nacional.
Por um lado, Portugal encontra-se no grupo de países em que o financiamento privado ao desporto (através do tecido empresarial e do consumo das famílias) apresenta valores per capita mais baixos, concentrando-se predominantemente no financiamento público proveniente das autarquias locais e do Estado (Orçamento Geral do Estado e jogos sociais).
Por outro, numa leitura que não pode ser desligada da tendência anterior, Portugal encontra-se claramente abaixo da média europeia no que respeita ao valor acrescentado bruto relacionado com o desporto, bem como ao emprego relacionado com o desporto.
Ou seja, Portugal não consegue internalizar o importante contributo do desporto para a criação de rendimento, ainda que, em diversos segmentos, nomeadamente o turismo, disponha de enormes vantagens comparativas para rentabilizar esse potencial.
A isto acresce o facto do desporto em Portugal estar longe de ter o “justo retorno” proveniente dos chamados jogos sociais, ou do mercado de apostas desportivas, cujas percentagens de distribuição da receita anualmente estabelecidas por lei são claramente inferiores a vários países europeus, sendo que se trata de uma receita que tem por base a exploração comercial das competições desportivas reguladas, organizadas e desenvolvidas em exclusivo pelas organizações desportivas.
Prolongar o actual cenário, expondo as organizações desportivas ao risco iminente que esta trajectória representa para a sua sustentabilidade, tenderá a marginalizar cada vez mais uma actividade central nas dinâmicas de desenvolvimento social e amputa o processo de desenvolvimento humano de uma dimensão insubstituível, com profundas consequências económicas, sociais, educacionais e de saúde pública.
Como pretendem os diferentes partidos políticos responder a estes desafios?
Não sabemos. Se os programas e as palavras neles contidos ainda têm alguma importância então o que temos à disposição não permite conhecer que respostas se pretendem. Os programas são, no essencial, listagens de propósitos em que escasseia um visão global do país desportivo que pretendemos alcançar.
Não porque tudo o que se proponha seja despiciendo. Ou que não tenha importância. Mas pela ausência de uma perspectiva integrada o que, no quadro de uma histórica subalternidade do desporto no espaço das políticas públicas, não ajuda e penaliza imenso a situação.
Dois exemplos: o propósito do PS em afirmar Portugal internacionalmente e colocar o país, na próxima década, no grupo dos 15 países europeus com cidadãos fisicamente mais activos; o propósito do PCP em revogar o regime jurídico das federações e o actual quadro de administração pública desportiva, com a criação de um serviço central de administração directa do Estado.
Um e outro são tópicos interessantes. Ainda que distintos, desafiam lógicas públicas que seria útil discutir e aprofundar. E entender o modo de as contextualizar. Receamos que, como muitas outras das medidas propostas, essa discussão não ocorra assim penalizando desporto e o seu desenvolvimento. É pena.
A competitividade desportiva nacional carece de um pensamento estratégico e doutrinário dos partidos políticos que aborde os factores críticos que debilitam a sua sustentabilidade e modelo de desenvolvimento. Algo que, infelizmente, ainda não se vislumbra na leitura das propostas apresentadas."

Antevisão...

Treino em São Petersburgo...