Últimas indefectivações

sábado, 7 de julho de 2012

Vamos a isto

"Escrevo antes do arranque da temporada do Futebol profissional do Benfica. Desconheço o que se passou mas, a crer no que fui lendo nos últimos dois meses, admitiria que frotas de minibus tivessem rumado ao Seixal para transportar os 48 jogadores e até mesmo os quatro técnicos que os jornais apregoaram para o plantel do Glorioso.
Só defesas laterais foram 14, centrais mais sete, médios e extremos 18 e ainda nove avançados. E, já agora, certamente que a frota aproveitaria para devolver ao interface dos respectivos destinos os 26 atletas que os mesmos jornais abateram ao património humano do Benfica. Na ânsia de badalar novidades, um jornal chegou a colocar na montra benfiquista, de uma penada, um «trio» que, por sinal, era constituído... por quatro atletas.
É do senso comum que em Portugal, em matéria desportiva, para vender jornais em primeiro lugar vem o Benfica, em segundo e terceiro o Benfica e só depois vêm os outros. E é assim que em cada abertura do mercado temos este imenso folclore. Vende papel, serve a especulação - com o nome do Benfica a ser abusivamente utilizado - e fornece munições aos antibenfiquistas primários, de todas as cores, cada vez que falha uma dessas estrondosas contratações que o clube nem sequer assumiu. Meros folhetins.
Mas o mais certo é que segunda-feira, no Seixal, em vez da frota de minibus, se tenha apresentado um plantel em busca de mais qualidade e de mais e melhores soluções, ao qual o presidente do Benfica confiou a missão de «lutar por todas as competições».
Os adeptos sabem o que espera o Benfica: mais uma época em condições desiguais. Mas também sabem que o Benfica, unido e confiante, tem a vocação, a ambição e as condições para vencer. Vamos a isto. Todos."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Matriz benfiquista

"O Europeu terminou e a prestação portuguesa foi da maior dignidade. Mais até, o combinado nacional deu um forte pontapé na crise e devolveu, ainda que episodicamente, algum autoestima aos portugueses, que vivem numa brutal depressão colectiva, coisa que os políticos se afiguram incapazes de resolver.
Esta Selecção é boa, muito boa. Poderia, não fosse a Espanha (e os madrastos penaltis) apurar-se para a final e, quiçá, vencer o certame. Pena que a matriz benfiquista não fosse mais acentuada, confinando-se ao promissor Nélson Oliveira, futebolista que a breve trecho, tudo o indica, será o melhor avançado do futebol indígena.
Durante os últimos dias, ouvi, repetidamente, muitas observações de adeptos do nosso Clube frustrados pelo facto da equipa nacional não ter mais jogadores do Benfica no elenco. Percebo-os bem, sobretudo os menos jovens. Tempos houve, tempos prolongados, em que Selecção era sinónimo de Benfica. Só que são tempos irrepetíveis.
A tão propalada globalização, para o bem e para o mal, também atingiu o Futebol. Hoje, os melhores jogadores portugueses (noutros tempos a trajarem de vermelho) são seduzidos por novas paragens. Há mais internacionais no Benfica? Há, com certeza. Não são portugueses? Mas são do Benfica, a despeito da nacionalidade.
Há que entender a mudança, de resto irreversível. Também, durante muitos anos, não foi o Benfica o único clube lusitano que só admitia atletas portugueses nas suas fileiras? Tudo isso é passado. Por mais doloroso que seja, impõe-se compreender o presente e acreditar no futuro. A matriz benfiquista, hoje, é multi-nacional. Mas não deixa de ser a nossa matriz. A nosso matriz singular e continuadamente mítica."

João Malheiro, in O Benfica

Direitos televisivos

"Há muito que ando para me debruçar sobre o tema dos direitos televisivos. É hoje.
Duas notas prévias: não faço a mínima ideia de como se encontram as negociações (sei apenas o que o Benfica comunicou à CMVM - que não aceitou uma proposta da Olivedesportos); e, também eu, preferia que o Benfica saísse da Sport TV, que nem sempre nos tem tratado bem. Neste aspecto, sei que estou acompanhado pela larga maioria dos benfiquistas.
No entanto, mais do que não gostar da Olivedesportos/Sport TV, gosto do Benfica. Além disso, quero para o meu Clube os melhores negócios possíveis, pois todos sabemos da importância das receitas televisivas. E sem grandes receitas não podemos apostar no futebol e nas modalidades. E sem apostar não se ganha. E sem vitórias não há receitas, etc., etc.
Outro aspecto: se o Benfica deixar a Sport TV, esta sofrerá um grande rombo nas suas receitas, muito por via da publicidade que 'rodeia' os nossos jogos. Mas, quanto a assinantes, os benfiquistas vão ter que continuar ligados para ver os jogos fora de casa, que são outros tantos. Enfim, o problema não é tão simples e não pode ser resolvido (apenas) com o coração. Eu também gostava muito de ter os nossos jogos na Benfica TV (eventualmente num sistema de 'pay per view'). Mas será que as receitas assim obtidas equivalem aquelas que eventualmente receberíamos da Olivedesportos? Certamente que todos esses estudos já foram feitos pelos nossos dirigentes. E eu confio na capacidade negocial de Luís Filipe Vieira, que certamente encontrará a melhor solução para o nosso Clube. Pelo coração, não tenho dúvidas: Benfica TV. Mas o problema é que este é um assunto demasiado sério e que tem que ser resolvido com a cabeça... fria.

PS: Vêm aí eleições. E, infelizmente, à semelhança de promessas de novos craques futebolísticos que apareciam sempre quando as eleições eram antes dos finais de época, é bem possível que venham a surgir promessas de saídas da Sport TV - dão votos... - e de soluções milagrosas. Eu lembro-me sempre do outro, que começou por rasgar o contrato com a Olivedesportos e não mais parou de tomar medidas lesivas para o Clube. Algumas das quais ainda hoje com reflexos no nosso dia-a-dia."

Arons de Carvalho, in O Benfica