Últimas indefectivações

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Futebol transatlântico

"Mês e meio de uma jornada pioneira que deu a conhecer aos portugueses muito mais do que o futebol brasileiro

No Verão de 1913, a convite do Botafogo Football Club, dezasseis 'footballers portuguezes' atravessaram o oceano Atlântico rumo ao Brasil. Era a 'primeira excursão de projecção internacional organizada pela Associação de Futebol de Lisboa' e da equipa faziam parte oito jogadores 'encarnados'.
A 26 de Junho, partiram de Lisboa: Henrique Costa, Carlos Homem de Figueiredo, Cosme Damião, Artur José Pereira, Álvaro Gaspar, Luís Vieira, Paiva Simões, José Domingos Fernandes, jogadores do Benfica, e ainda Eduardo Luís Pinto Basto, Carlos Sobral e Boaventura Belo, do CIF, e Amadeu Cruz, António e Francisco Stromp, Cândido Rosa Rodrigues e João Bentes do Sporting.
A recepção 'foi simplesmente maravilhosa, inesquecível, (...) A cada dois jogadores foi posto um automóvel às ordens e um «cicerone» que nos levou a todos os lugares de interesse turístico e de diversão existentes'. Para assistir aos desafios luso-brasileiros, disputados no Rio de Janeiro e em São Paulo, 'afluiu um público entusiasta' vindo 'de todas as partes do Brasil'.
Cosme Damião, que 'assumia não só a responsabilidade da equipa, como também desempenhava as funções de preparador físico, treinador e «capitão»', tentou que tantas atracções não desencaminhassem os atletas, mas, à hora de recolher, 'após a «revista»', que era feita pelo próprio, 'alguns (...) ludibriavam-no, saindo do quarto com os sapatos na mão para não serem pressentidos, e vá de frequentar o «clubs» nocturnos até altas horas'. Ainda assim, não decepcionaram e frases como 'os portuguezes jogaram admiravelmente' foram recorrentes na imprensa local.
Na hora da despedida, alguns jogadores 'encarnados' foram abordados pelo Botafogo para aí permanecer. 'Ofereceram-me até um bom lugar numa fábrica de lanifícios a ganhar (...) dez vezes mais do que auferia nos CTT (...) Porém, (...) as saudades da família (...) não permitiram que eu ficasse', conta José Domingos Fernandes. Luís Vieira, pelo contrário, aceitou e 'por lá se manteve durante três anos'. Os restantes atracaram em Lisboa cerca de mês e meio depois, a 12 de Agosto.
Símbolo dessa jornada pioneira, encontra-se exposto na área 18 - 'E Pluribus Unum' do Museu Benfica - Cosme Damião o bastão oferecido pelo Botafogo Football Club a Cosme Damião."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

Diana... finalmente!

À terceira foi mesmo de vez, na prova dos 400m livres a Diana Durães conseguiu atingir a Final, depois de dois 9.ºs lugares, nos 800m e 1500m...
Não fez o seu melhor tempo (4m12s41), mas ser Finalista num Europeu de Natação, é algo muito raro na história do desporto português!



Também em Glasgow, a Melanie Santos, ficou em 10.º lugar no Europeu de Triatlo... Foi um bom resultado, mas podia ter sido melhor...!!!

Alvorada... do Martins

Pontos de interesse no jogo do Benfica

"O primeiro jogo oficial da época trouxe algumas sugestões interessantes para se conhecer melhor a realidade do Benfica. Desde logo, a novidade de uma vitória internacional. Não se pode propriamente considerar uma vitória benfiquista na Champions, mas, ainda assim, uma vitória frente a uma equipa com qualidade de Champions. E isso é uma boa novidade, depois da época internacional deplorável e até angustiante que o Benfica fez no ano passado.
Segundo apontamento digno de registo, o facto do Benfica ter conseguido não sofrer golos numa eliminatória equilibrada e que pode ser decidida por golos marcados fora de casa. O resultado de 1-0 não é, evidentemente, um resultado confortável, mas é um resultado que admite passar os cinquenta por centro de hipóteses de sucesso e coloca o adversário em posição bem mais insegura.
Terceira nota, que nos pareceu importante: a excelente segunda parte do Benfica, não tanto na capacidade ofensiva, onde continuou a faltar poder de concretização, mas onde já não faltou capacidade de pressionar e de atacar a bola no primeiro terço do campo defendido pelo opositor. E isso é algo que se saúda numa equipa que, na época passada, se limitava a marcar com os olhos e a deixar ao adversário total liberdade na primeira fase de construção do seu jogo.
Aspecto mais negativo: começa a ser indigente o aproveitamento do Benfica, no seu jogo ofensivo. Questão séria para resolver e que pode aconselhar à mudança do actual 4x3x3, que é muito pouco dinâmico. Será que Rui Vitória terá um plano B, com um 4x4x2 para adversários mais frágeis?"

Vítor Serpa, in A Bola

Tiros de partida

"O Benfica garantiu uma vantagem curta, mas importante, sobre o Fenerbahçe

1 - O Benfica deu um passo importante no caminho que os encarnados esperam poder levar à entrada na fase de grupos da Champions e ao pote de ouro que aguarda do outro lado dos play-offs. É verdade que a diferença mínima, até por definição, é demasiado curta para autorizar qualquer tipo de descontração, mas marcar e não sofrer nos jogos disputados em casa é uma espécie de fórmula resolvente para este tipo de eliminatórias: afinal, agora serão os turcos a ter de assumir as despesas do jogo e os encarnados têm argumentos para cobrar esse esforço. Depois, sendo verdade que, tal como Rui Vitória sublinhou, não há equipas perfeitas em Agosto - e o Benfica esteve longe da perfeição - o facto é que, em termos de ritmo e preparação, o Fenerbahçe parece ainda não ter passado de Julho, o que se pode revelar decisivo. A confirmar para a semana, em Istambul.

2 - Mesmo que a entrada de Castillo para o lugar de Ferreyra tenha demonstrado que Rui Vitória tem soluções para mexer no sector ofensivo, abanando jogos que ameaçam ficar estagnados, o facto é que continua a faltar golo ao ataque do Benfica - o que torna Jonas num tema simultaneamente incontornável e desconfortável. Luís Filipe Vieira tratou ontem de passar esse desconforto para o jogador. Segundo o presidente encarnado, o Benfica não pretende vender ninguém, os encarnados estão satisfeitos com Jonas, o brasileiro tem mais um ano de contrato e, sabe O Jogo, o clube até pretende renovar com ele, tornando-o no jogador mais bem pago do plantel. Por outras palavras, Jonas só sai se quiser, se o assumir publicamente e se arranjar quem pague a transferência. Batata quente nas mãos do brasileiro."

Retrocesso no VAR?

"Não contávamos voltar tão cedo às questões do Vídeo-Árbitro (VAR) mas, ao tomarmos conhecimento das "recomendações" do Conselho de Arbitragem para aplicação na época que agora se inicia, exige que o façamos.
Todos estamos recordados da análise que os dirigentes máximos do Futebol fizeram no final do recente Campeonato do Mundo, congratulando-se pelos excelentes resultados obtidos na aplicação do VAR, apesar de ter sido utilizado pela primeira vez a esse nível e por muitos Árbitros que não tinham qualquer experiência anterior.
Entre as vantagens assinaladas, foi dado especial destaque ao significativo aumento do número de penaltis assinalados, sendo tal assumido como um considerável avanço na procura da verdade desportiva.
Eis senão quando o Conselho de Arbitragem (CA) resolve fazer um conjunto de "recomendações" aos seus Árbitros, com vista a criar maior uniformidade nos critérios de aplicação das leis.
Pegando na notícia de um jornal diário, entre outras doutas asserções, o CA recomenda que seja evitada "a banalização dos penaltis".
Não se percebe exactamente onde se pretende chegar, mas salta à vista que algum Árbitro que tenha o azar de ser forçado a assinalar, no exacto cumprimento da lei, vários penaltis no mesmo jogo, tem a folha feita, como se costuma dizer.
É lamentável que assim seja até porque, depois da avaliação feita ao VAR no Mundial, tínhamos esperança de ver substancialmente reduzido o número de agarrões nas áreas, nomeadamente em situações de bola parada.
Quanto a nós, pelo contrário, torna-se imperativa a aplicação das regras: "agarrão = penalti", em caso de falta defensiva, com exibição de cartão (amarelo ou vermelho); "agarrão = livre", para falta ofensiva, com eventual exibição de cartão; e, nos casos de mútuo agarrão em que não seja possível definir de forma clara o principal infractor, interrupção do jogo e, eventualmente, amostragem de cartão amarelo a ambos. Será esta a única forma de reduzir a "sinistralidade" (!) dentro das áreas… 
Para além deste pormenor, nas restantes recomendações destacadas na notícia citada, há a manifesta intenção de reforçar a autoridade dos Árbitros, designadamente na avaliação subjectiva de algumas faltas: seja pela destrinça da mão na bola/bola na mão, da força excessiva na falta cometida (ou não), reacção a falta marcada, ou no pedido de recurso ao VAR (punido com amarelo), entre outros casos. 
Sem termos tido acesso à totalidade das "recomendações" não podemos deixar de reiterar o que deixámos escrito no artigo que aqui publicámos no passado dia 25 de Julho, nomeadamente no que concerne às excessivas demoras (dos guarda-redes, lançamentos laterais, marcação das barreiras e das faltas, substituições e outras).
Da mesma forma, também pelo que entendemos estar a ser uma progressiva aproximação à aplicação da cronometragem exacta, uma vez que o progressivo aumento dos tempos de descontos irá conduzir à inevitabilidade daquela medida.
Aliás, temos assistido a tomadas de posição de vários comentadores televisivos (incluindo antigos árbitros), que cada vez mais vêm assumido posições condizentes com as que aqui temos defendido; entre outras, por exemplo, a penalização dos guarda-redes com 2.º amarelo por reincidência nas perdas de tempo – o que, como referimos, nunca vimos acontecer…"

A Volta começou de cacilheiro

"No dia 26 de abril de 1927, os ciclistas alinharam-se no Marquês: os fortes vestiam de negro, os fracos de verde, os militares de vermelho...

Abril de 1927 - dia 26, terça-feira. A primeira edição da Volta a Portugal estava na estrada. Na estrada e no rio, mas já lá vamos. «Prova desportiva de violência», destacava a imprensa, alguma dela invejosa. Invejosa porque a ideia saíra do bestunto de Raul Oliveira, do jornal Os Sports, e era o seu periódico a organizar a prova a meias com o Diário de Notícias. De tal forma invejosos, acrescente-se, que no mês seguinte O Sporting, sedeado no Porto, avançou para a estrada com outra Volta, embora mais modesta.
A brincadeira ficou tão cara aos organizadores que só voltou a haver nova edição em 1931 por falta de verbas disponíveis.
A primeira etapa começou em festa. No Marquês de Pombal, os concorrentes alinhavam por cores correspondentes à sua categoria: de preto, os mais fortes; de verde, os mais fracos; de vermelho, os militares, fossem eles fracos ou fortes. A caravana percorreu a Baixa por entre o entusiasmo popular e foi em ritmo de passeio até ao Cais do Sodré. Atravessou o Tejo num vapor da Parçaria, como chamava o povo aos então cacilheiros da Parceria dos Vapores Lisbonenses, e iniciou a primeira etapa em Cacilhas para a terminar em Setúbal.
Uma festa!
22 dias de competição à volta do país: Lisboa-Setúbal; Setúbal-Sines; Sines-Odemira; Odemira-Portimão; Portimão-Faro; Faro-Beja; Beja-Évora; Évora-Portalegre; Portalegre-Castelo Branco; Castelo Branco-Guarda; Guarda-Torre de Moncorvo; Torre de Moncorvo-Bragança; Bragança-Vidago; Vidago-Braga; Braga-Porto; Porto-Coimbra; Coimbra-Caldas; Caldas-Lisboa.
Volta mais volta era difícil.
Dois dias de descanso: em Vidago e nas Caldas da Rainha.
1.958,5 quilómetros a percorrer.
Era obra!

Primeiro de amarelo
Quirino de Oliveira era atleta do Clube Atlético de Campo de Ourique. Foi ele o vencedor da primeira etapa e, portanto, o primeiro camisola amarela da história da Volta a Portugal. O seu combate ombro a ombro com António Augusto de Carvalho, do Carcavelos, e vencedor da prova, ficou por muitos anos no imaginário de todos os que seguiram a Volta com entusiasmo e pertinácia. Diga-se, pelo caminho, que a competição só teve três camisolas amarelas: Quirino, Carvalho e Nunes Abreu, do Leixões, na etapa 15.ª, entre Braga e Porto.
Quirino de Oliveira ver-se-ia atraiçoado pela estrada a caminho de Moncorvo: depois de seis etapas envergando a amarela, uma queda dolorosa fê-lo ser ultrapassado por António Augusto de Carvalho. De forma decisiva. Acabaria em terceiro.
O vencedor da primeira Volta a Portugal gastou 79 horas e 8 minutos para cumprir o percurso.
Só três ciclistas ficaram a menos de uma hora do primeiro: Nunes de Abreu (a 9 minutos e 31 segundos); Quirino de Oliveira (a 19 minutos e 6 segundos); e Santos de Almeida, do Benfica (a 34 minutos e 18 segundos). O quinto classificado, Aníbal Firmino, do Carcavelos, terminou a anos-luz - uma hora, 25 minutos e 58 segundos.
Dos 38 ciclistas que se tinham enfileirado no Marquês de Pombal, naquele dia 26 de Abril, 26 chegaram a Lisboa depois de percorrerem o país de lés-a-lés. Apenas 12 desistiram, o que, para as dificuldades da época, se pode considerar mais do que razoável. O Carcavelos ganhou por equipas e o Sporting ficou em segundo. António Marques, do Carcavelos, foi o melhor dos fracos; o telegrafista João Francisco foi o primeiro dos militares.
«À partida das Caldas, a conquista do primeiro lugar estava verdadeiramente circunscrita a três corredores: Augusto Carvalho, Nunes de Abreu e Quirino», desfiava um dos jornais lisboetas no dia 16 de maio. E continuava, esclarecendo uma regra muito particular: «Os cerca de 2000 quilómetros do circuito foram divididos em 18 etapas - a última das quais Caldas-Lisboa. Até à 17ª, os corredores, de etapa para etapa, partiram ‘em linha’, tomando-se a cada um o tempo gasto. Na 18.ª, porém, partiram distanciados uns dos outros de harmonia com os tempos obtidos nas etapas anteriores».
Não deixaria de provocar confusão.
Entre as Caldas da Rainha e Lisboa estabeleceu-se um percurso que cumprisse exactamente 100 quilómetros. Santos Almeida seria o vencedor com um tempo histórico . partiu às 12 horas, 11 minutos e 44 segundos e chegou às 15 horas e 44 minutos. Tempo gasto: 3 horas, 32 minutos e 16 segundos, menos 7 minutos e 23 segundos do que o grande vencedor Augusto Carvalho.
Batera o recorde nacional dos 100 quilómetros.
«Lançou-se a semente à terra. Dentro de poucos anos a Volta a Portugal pode tornar-se uma prova modelar, como a Volta à França», orgulhava-se Raul Oliveira que tinha feito parte da comitiva do Tour de 1919 e, desde então, não desistiria sem ver algo de parecido acontecer em Portugal.
Os ciclistas só voltariam às estradas nacionais em 1931, como já vimos. Surgiria aí a rivalidade mais famoso de toda a história velocipédica portuguesa, a que opôs José Maria Nicolau, do Benfica, a Alfredo Trindade, do Sporting. E que fez com que o povo se apaixonasse definitivamente pela Volta a Portugal."

Pagar para ver futebol na TV

"Fui assinante da TV Cabo, agora sou da Nos, sempre tive a Sport TV, nunca por acesso ilegal, como muitos amigos e conhecidos meus se gabam. Acho que se deve pagar para ver jogos de futebol, mas o que é demais é moléstia. Tudo custa dinheiro e são as leis do mercado.
Todavia, não faz sentido nenhum, ter que pagar mais do que já pago (à volta de 30€). A Sport TV perdeu os direitos de transmissão da Liga dos Campeões, Liga espanhola, Liga francesa, mas também os jogos das Ligas belga e escocesa e a Youth League.
A partir de 15 de Agosto, em virtude de haver um novo canal de conteúdos exclusivamente desportivos, estou mesmo a ver que vai sobrar para quem gosta de ver futebol em casa. Como tenho a Sport TV na Nos vou ter que pagar mais para poder ver a Liga dos Campeões.
A Liga espanhola, agora que Ronaldo saiu do Real Madrid, não me interessa e não me importo de não ver, mas na Liga dos Campeões quero ver alguns jogos, tendo à cabeça a Juventus com Ronaldo. 
Li, no Record, que a Eleven Sports pôs a Liga dos Campeões na Nowo, mas espera um acordo com as outras operadoras. Espero que cheguem a acordo, para que os assinantes da Sport TV não terem que pagar mais, para verem o que gostam e o que tinham acesso até agora.
Apercebo-me que é a primeira vez que a Sport TV enfrenta uma concorrência a sério. Anteriormente a BTV teve o exclusivo da Premier League e isso obrigou muitos fãs a ter que desembolsar um adicional de 10€, mas a Sport TV recuperou a Premier League. Mas, desta vez, não é brincadeira perder a Liga dos Campeões, todavia, não se pode estar a pagar tanto para ver jogos de futebol, qualquer dia voltamos todos ao café das redondezas para ver futebol. Por um lado, era bom para conversar e comunicar-se um pouco mais. Como é habitual, vão começar as falcatruas para ter o sinal de emissão a preços baixos ou de borla.
O que eu sei é que para já, apenas os clientes da Nowo terão acesso à generalidade dos jogos daquelas competições. Eu não sou cliente Nowo, mas quero ter acesso ao que tinha anteriormente na Sport TV pelo mesmo preço. Não aceito ter que pagar mais, ou a Sport TV deve baixar o preço, pois a sua oferta ficou amputada.
A concorrência do mercado, deveria funcionar para favorecer o consumidor, e não, para prejudicar e aumentar os preços. Por este andar, para ver todo o desporto relacionado com futebol terei que gastar mais de 50€ por mês. Vá lá, que na Sport TV posso ver outras modalidades como Fórmula1, MotoGP, Ténis, NBA, etc., mas não se justifica continuar a pagar 30€ sem a Liga Espanhola e a Liga dos Campeões.
Acho que deveria existir um pacote de desporto igual em todas as operadoras com o mesmo preço independente de ser da Vodafone, Meo ou Nos.
Mas, neste momento, a Eleven estará no ar a partir de 15 de Agosto na Nowo, por 9,99 euros."

Benfiquismo (CMXIV)

No pelado... em Sines!!!

Lanças... Início

A UEFA ao serviço (abjecto) dos poderosos

"Portugal, com as costumeiras guerras do alecrim e manjerona, deixou de estar na pegada dos grandes e não se vê como lá voltará

Escrevo este texto, horas antes do primeiro jogo oficial do Benfica. Quando for lido, já se saberá o desfecho do encontro contra o Fenerbahçe e as expectativas quando à 3.ª pré-eliminatória para acesso ao play-off para a fase de grupos da Champions.

1. Começo por analisar a absurda e cada vez mais elitista formulação desta competição. Em 2018/19, teremos 32 equipas na fase de grupos, assim divididas:
- O campeão da Liga dos Campeões (1).
- O campeão da Liga Europa (1).
- Os 4 primeiros classificados das federações do 1.º ao 4.º lugar no ranking da UEFA: Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália (16).
- Os 2 primeiros classificados das federações no 5.º e 6.º lugar: França e Rússia (4).
- Os campeões das federações classificadas do 7.º ao 10.º lugar: Portugal, Ucrânia, Bélgica e Turquia (4).
- Os 4 sobreviventes do chamado e penoso 'caminho dos campeões' das federações desde 11.º do ranking (Áustria) até à última 55.ª (Kosovo) que disputam 4 eliminatórias prévias!
- Os 2 sobreviventes do estranhamente apelidado 'caminho da liga', que resultarão de 3 eliminatórias, nas quais 6 equipas jogam a primeira delas e as vencedoras se encontram depois com os vice-campeões de Portugal, Ucrânia e Bélgica e os 3.ºs classificados da França e Rússia.
Ou seja, da Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália teremos 17 clubes (se acrescentarmos a forte probabilidade do vencedor da Liga Europa ser de um destes países), o que corresponde a 53% das presenças. A alteração produzida permite que um lugar secundário numa destas ligas (a 4.ª posição) tenha entrada imediata, ao mesmo tempo que o vice-campeão de Portugal (país campeão europeu) tenha de disputar duas eliminatórias com equipas de igual calibre. Em termos de planeamento de uma época, imagine-se o que, já com a bola a correr, significará estar dependente de poder ou não alcançar 40 ou mais milhões de euros, que é a inexplicável diferença entre estar na Liga dos Campeões ou ir competir na mísera Liga Europa. E, evidentemente, há os clubes que aguardam o desfecho destas duas eliminatórias para depenar os relegados para a Liga Europa que se veem obrigados a vender atletas a preços bem mais convidativos para os 'abutres'.
Bela e justa UEFA: já não basta a desigualdade no dinheiro distribuído que torna as diferenças crescentemente não reversíveis, o subtil (às vezes, nem isso) favorecimento dos tubarões, as 'migalhas' distribuídas a 49 das 55 federações, o fechar de olhos aos poderosos quanto a negócios obscenos e as duvidosa legitimidade, e eis que agora se reforça a Europa do futebol dividido-a categoricamente em anéis e velocidades estanques e intransponíveis.
Assim, lenta, mas inexoravelmente, deixámos de ter boas equipas holandesas, checas, escocesas, romenas, búlgaras, sérvias e de outros países que estão condenados ao degredo uefeiro. Entretanto, Portugal, com as costumeiras guerras do alecrim e manjerona, deixou de estar na pegada dos grandes e não se vê como lá poderá voltar. Assunto que, só por si, deveria pôr os clubes - sobretudo os chamados grandes - a redefinir estratégias porque o 'bodo aos pobres' tem os dias contados, a não ser para o campeão. Na Liga Europa, até tento perceber o entusiasmo nas últimas jornadas do nosso campeonato para ver quem fica num lugar pomposamente chamado 'europeu'. E depois? Gasta-se dinheiro com uma ou duas eliminatórias e acabou-se  'sonho europeu'. Ainda agora vimos o que aconteceu ao Rio Ave perante uma equipa ignora e de difícil memorização.

2. Embora muitos negócios ainda venham a passar pela ponte do defeso, absurdamente prolongado por cá (lá fora já há federações que os reduziram, como a inglesa) e já com 3 ou 4 jornadas do campeonato disputadas, escrevo, sobre as primeiras impressões do Benfica 2018/19.
Uma pré-época - como se convencionou chamar aos jogos que são antes de serem a 'sério' - que me pareceu positiva. Desde logo, porque não se jogou contra equipas do Luxemburgo ou da terceira divisão, mas sim contra formações de valia em torneios prestigiados. Depois, porque no seu início já foram integrados novos jogadores, quer contratados, quer promovidos. Terceiro, porque o planeamento das viagens e dos estágios foi adequado. Pena, no entanto, que para a 'Eusébio Cup', depois de uma época em que absurdamente não teve lugar e uma anterior jogada em Monterrey no México, tenha sido inventada uma absurda sobreposição com a última ronda da competição que o Benfica disputava. Tenho para mim que a Taça em honra desse grande jogador e benfiquista que foi Eusébio da Silva Ferreira deveria ser todos os anos disputada no seu Estádio da Luz, com todas as honras e simbolismo. Assim é lamentável...
Como já afirmei, escrevo antes do primeiro jogo a doer. E, também, diante da saga Jonas que vai para as Arábias, de manhã sem dores nas costas e fica na Luz, de tarde com as costas doridas. Por favor, decidam-se!
Do que gostei mais o do que mais dúvidas me suscita?
Em primeiro lugar, quanto ao titular da baliza, acho que as dúvidas foram dissipadas: o alemão de nome grego Odysseias Vlachodimos é o que mais garantias parece dar, ainda que tenha de provar poder aproximar-se de um tipo de guarda-redes que dá mesmo pontos. Uma equipa com a ambição do Benfica precisa de um guardião que faça a diferença. Infelizmente, depois de Oblak, Júlio César e Ederson (ainda hoje não 'engulo' a sua prematura saída com retorno financeiro relativamente reduzido), a equipa anda à procura de um substituto à altura. Svilar tem boas características, mas ainda um longo caminho a percorrer. Quanto ao greco-alemão, a ver vamos...
As principais boas surpresas acabaram por vir de quem menos se esperaria: Alfa Semedo e Gedson Fernandes. Dois jovens que não enganam e que, se não se deslumbrarem, podem ser muito úteis, como titulares ou suplentes, ao longo de uma extensa temporada.
Dos que vieram de fora, o mais rotulado Facundo Ferreyra ainda está longe do que dele se espera, embora o sistema de jogo mais usado não o tenha ajudado até agora. O chileno Nicolas Castillo pode ser um bom elemento, sobretudo em jogos de ataque constante e de intensidade física mais prevalecente. Com ou sem Jonas? Sinceramente receio que, sem ele, não haja, de imediato, sucedâneo para o toque de classe (e inteligência) do melhor jogador encarnado dos últimos anos.
Quanto aos defesas-centrais, Lema nunca o vi jogar, Conti tem 'pinta', mas é ainda algo ingénuo para o ritmo deste lado do planeta. Por tudo isto, Rúben Dias é fundamental ao lado de Jardel e, espero, que a sua quase obrigatória transferência para outros voos, aguarde pelo menos um ou dois anos.
Em boa promissora forma estão André Almeida (que, todavia, continua a ser pouco valorizado). Salvio (se não sair), Pizzi e Fejsa. Aguardo uma maior integração de João Félix que, estranhamente, foi ainda pouco utilizado e de Jota que merece ser gradualmente integrado na equipa principal. Zivkovic tem tido o problema de poder fazer várias posições, o que não é a melhor solução para o atleta. E falta um dos melhores reforços que é o croata Krovinovic que, em condições normais, terá lugar no onze inicial.
Uma nota final para referir quanto me continuam a intrigar situações de jogadores contratados que nem sequer uma vez passaram pelos balneários da Luz. Que é feito, por exemplo, de um sueco de nome Erdal Rakip contratado em Janeiro e logo remetido para um clube inglês e que, neste início de época, 'ninguém' sabe dele? Ou do atleta vindo do V. Setúbal, João Amaral, que foi contratado num dia e vendido no outro para a Polónia, sem que nada de bom (ou de mau) tivesse provado? E outros que me dispenso aqui de citar. Que razões ou justificações para estas transumâncias e que nacional para este tipo de scouting?

Contraluz
- Confusão: Distinguir o 'camisola amarela' na Volta a Portugal de outros ciclistas igualmente amarelados é coisa para especialistas. Por que razão se permite a existência de formações equipadas de amarelo, quando dantes, amarelo só havia um: o primeiro da classificação e mais nenhum!
- Lamentável: A SportTV vai deixar de transmitir os jogos da Champions e a Liga espanhola (coisa pouca...) e tem o desplante de achar que o preço a cobrar pelos seus canais se deve manter. Não oferece nada em troca, mas deixa de pagar por aquelas competições. Só os assinantes pagam o mesmo. Em condições normais de mercado, mereceria uma justa consequência dos ainda assinantes. Deplorável!"

Bagão Félix, in A Bola

Alvorada... do Gonçalves