Últimas indefectivações

terça-feira, 31 de julho de 2018

A geração de 1999

"O futebol de formação em Portugal aparenta ser um mistério: um país pequeno, economicamente remediado, de fraca cultura desportiva e com poucos jogadores federados, tem resultados bem melhores do que seria de prever. Só em europeus de sub-19, fomos a três finais nos últimos cinco anos e a selecção de sub-21 esteve invencível de Outubro de 2011 a Junho de 2017.
A explicação para este sucesso está, em primeiro lugar, no trabalho feito nas academias dos clubes (dos três grandes, mas não só), na aposta que a Federação tem feito, dando condições únicas às selecções, mas, em importante medida, também na alteração do quadro competitivo. A este respeito, sublinhe-se os ganhos de maturidade que resultaram da criação das equipas B. Se no Euro 2016, nove dos 23 campeões europeus tinham jogado em equipas B, no último Mundial de sub-20, o mesmo era verdade para 20 dos seleccionados. Agora, neste europeu de sub-19, tivemos uma selecção formada por jogadores que, ainda mais jovens, já quase todos tiveram experiências em equipas B. Há um antes e depois das equipas B para o futebol de selecções jovens em Portugal. Sintomaticamente, os sub-21 estiveram os tais seis anos invencíveis a partir de 2011 e após terem falhado três vezes consecutivas a qualificação para o Euro (curiosamente, as equipas B foram criadas em 2012). Permanece, por isso, um mistério a aposta da Federação numa competição de sub-23 (que perpetua os campeonatos jovens) e o desinvestimento no projecto das B.
Mas, para além de explicações mais estruturais, sobra também o talento impressionante desta geração de 1999. Além dos jogadores de grande qualidade que estiveram na Finlândia, este grupo tem, pelo menos, mais seis jogadores que, por estarem nos A dos seus clubes, não foram ao europeu, mas que são uma mais valia. Com Dalot, Diogo Leite, Rafael Leão, João Félix, Gedson e David Tavares, este grupo, daqui a um ano, e se for exposto a um ambiente competitivo exigente nos seus clubes, tem todas as condições para trazer de volta para Portugal o título de campeão do Mundo de sub-20.
Sobra, contudo, uma inquietação. A passagem dos jovens talentos para as equipas principais continua a ser difícil: porque falham ou, muito pior, porque são vendidos prematuramente. Penso no caso do meu Benfica: Rúben Dias, capitão em todos os escalões, aparenta estar na porta de saída para o Lyon (!), antes de maturar como capitão na equipa principal; quando se vê o Jota a jogar, a sensação com que se fica é que deve estar na iminência de ser vendido por 15 milhões para um Wolverhampton da vida. Pior, isto numa altura em que o Benfica parece estar interessado, para a mesma posição, em Omur, um turco, também de 1999, com passagem ultradiscreta pelo europeu, com menos cinco centímetros do que o Jota, mas pelo qual, a crer na imprensa, terá sido feita uma oferta ao Trabzonspor de dez milhões de euros mais dois jogadores. O costumeiro carrossel de comissões e de intermediários que dá que pensar."

50%+1: A/C de Sporting e Belenenses e tantos outros

"A perda do controle da maioria do capital da SAD por parte do clube é tema central da campanha eleitoral para o Sporting e, um pouco por toda a parte, tem alimentado tristes novelas com desfechos tão tristes desfechos quanto o são o desaparecimento de emblemas históricos ou divórcios em praça publica entre clubes e respectivas SAD.
Num planeta futebol cada vez mais orientado para o dinheiro, o futebol alemão é o último bastião do fair play comercial, mas resistirá quanto tempo mais? O presidente-executivo do Bayern, Karl-Heinz Rummenigge, diz que chegou a hora de acabar com a regra dos 50+1 que até aqui tem impedido que investidores estrangeiros, muitos sem experiência anterior no futebol, assumam o controle dos clubes da Bundesliga.
A regra dos 50+1 estipula que o clube deve deter sempre uma participação social mínima de 50% mais uma acção, evitando assim que investidores com agendas guiadas mais pelos resultados económicos do que pelos resultados desportivos forcem mudanças nos clubes contra a vontade dos adeptos.
Entre outras externalidades positivas esta é a regra que tem mantido os preços dos ingressos baixos e os estádios cheios, dando à Alemanha a cultura desportiva mais saudável do futebol europeu.
Mas Rummenigge diz que esta regra torna os clubes alemães cada vez menos competitivos nas competições europeias, impedidos que estão de lutar com as mesmas armas dos clubes-empresa da Premier League. "Estão todos com medo de perdermos competitividade se nos abrirmos ao mercado mas o oposto já é verdadeiro, a Alemanha só tem a ganhar com isso", disse Rummennige. "Ou vamos por esse caminho também ou vamos acabar por pagar um preço de ficar de fora. (...) Temos que parar de promover o populismo. (...) A Alemanha não é uma ilha deserta."
A tentativa mais recente de derrubar a regra dos 50+1 fracassou em Março. A maioria dos 36 clubes das 1.ª e 2.ª Bundesligas votou favoravelmente a moção apresentada pelo mais romântico dos clubes alemães, o FC St. Pauli. Assim manteve-se o sistema de aprovação por parte dos clubes da liga da entrada de quaisquer investidores maioritários em qualquer um dos clubes membros. Este sistema de aprovação da propriedade entre pares é único na Europa, embora os investidores que tenham interesses registados num clube por pelo menos 20 anos possam pedir uma isenção ao mesmo, como a concedida à Bayer em Leverkusen ou à Volkswagen em Wolfsburg. Outra excepção é o Hoffenheim, onde o bilionário Dietmar Hopp foi autorizado a assumir o controle maioritário em 2014, após investir consistentemente no clube durante mais de duas décadas.
Num plano muitíssimo menos inclinado do que a derrapagem dos nossos clubes no ranking da UEFA, os clubes alemães vêm enfrentando dificuldades acrescidas nas competições europeias e nenhum clube da Bundesliga chega a uma final de uma competição europeia desde 2013.
O Bayern e o Eintracht Frankfurt são os grandes dinamizadores de uma revolução que, a ser bem sucedida, alterará definitivamente os paradigmas do futebol alemão enquanto modalidade popular, da e para a população. Para os clubes alemães será o cair da máscara de respeitáveis instituições sociais e formativas de promoção da pratica desportiva. Passaram a ser tratadas por um povo culto e responsável, como quaisquer outros promotores de uma actividade comercial.
Atendendo à festa familiar que é hoje o futebol alemão, não é certo que 'Herr' Karl-Heinz tenha feito bem as contas a tudo quanto o futebol alemão e os seus clubes podem vir a perder."

Os campeões sem medo

"Saúdo a selecção de sub-19. Somos campeões europeus, estão de parabéns os jogadores pelo brilhante percurso e vitória na competição, a equipa técnica liderada pelo Hélio Sousa e a estrutura da Federação Portuguesa de Futebol, pelo trabalho que têm desenvolvido para a promoção e desenvolvimento do jovem jogador português.
O sucesso dos sub-19 resulta de um trabalho articulado desde a captação ao treino e à competição regular, pelo que quero também saudar os clubes que apostaram na formação destes jovens atletas e das famílias que os apoiam. Estes resultados não surgem por acaso, conquistar os europeus de sub-17 e sub-19 não foi um golpe de sorte, foi o resultado de uma renovação das infraestruturas que acolhem o futebol de formação em Portugal, designadamente através do modelo de certificação das entidades formadoras.
Há, todavia, quem procure limitar esta aposta, insista em balizar por baixo, não tenha visão a médio ou longo prazo. É tempo de a política desportiva nacional se centrar no praticante. Uma politica integral e efectiva. Defender o jogador em todas as suas dimensões é defender o desporto e assegurar o futuro.
Em meu nome pessoal enquanto presidente do Sindicato, depois de destacar o mérito colectivo, quero também destacar o sucesso individual. A distinção do Trincão e o do Jota, um prémio ao seu talento, é um incentivo ao trabalho e ao crescimento e, paralelamente, inspira os demais colegas, projectando uma geração que dará, ainda, muitas alegrias a todos os portugueses.
Quanto à final, fica na memória muitos golos, sofrimento até ao fim, mas sempre atacar, sem medo. Não há barreiras insuperáveis quando se acredita. Dez dias volvidos de uma derrota com esta fantástica selecção italiana, mostrámos uma enorme capacidade de superação no duelo que realmente importava. Bem hajam!"

O futebol que aí vem...

"Não vale tudo para ganhar. E as justiças civis e desportivas parecem saber disso

Sérgio Conceição disso-o recentemente e com toda a razão. Esperemos que, esta época, os verdadeiros protagonistas do jogo sejam apenas jogadores e treinadores.
Nunca é de mais recordar mas, por vezes, torna-se demasiado fácil esquecer: são eles as estrelas deste espectáculo.
São eles que brilham em campo, que enchem o relvado, que desfilam talento. Talento que seduz, que procura vitórias, que tenta o sucesso.
São deles as jogadas inventadas nos treinos e a magia calçada nas botas.
São eles que fazem as tácticas e que marcam os golos. São eles que planeiam e são eles que executam. São eles que libertam o imaginário do adepto e que alimentam o sonho do menino que quer ser craque.
Os tempos são outros e a velocidade a que a informação circula é vertiginosa. Tudo se diz e tudo se sabe ao segundo, via multiplataformas que moram à distância de um clique.
Tal como tudo o resto, também o futebol está entregue à tecnologia.
Hoje parte considerável do mundo que o dirige, analisa e crítica fá-lo com legitimidade, mas sem nunca o ter sentido ou vivido por dentro, o que é perigoso. E estranho.
Por isso, permitam-me um conselho: pensem antes de agir, reflictam antes de falar. A vossa opinião pesa. Sejam sensatos. Correctos. Educados.
As atitudes e opiniões de quem tem responsabilidade podem e devem ser firmes e críticas, mas nunca falsas. Nunca ameaçadoras. Nunca incendiárias.
A difamação, a leviandade e a malícia contagiam a opinião pública. enervam o adepto. Destroem o trabalho honesto de gente competente, séria e com carácter.
O sucesso desportivo de um clube não deve ser conseguido fora das quatro linhas.
O futebol é uma actividade demasiado valiosa. Não pode dar abrigo a quem, directa ou indirectamente, o usa com agenda própria, para fins menos claros. Menos legais. Desonestos.
Não vale tudo para ganhar. E as justiças desportivas e civis parecem agora saber disso. Felizmente.
Porque o futebol que verdadeiramente interessa não é o dos egos, das ganâncias e da chico-espertice.
É o dos jogadores e treinadores. E mais cedo ou mais tarde voltará a ser. Esperemos que já em 2018/2019.

Duarte Gomes, in A Bola

PS: A utilização das palavras do Sérgio Conceição para 'ilustrar' esta opinião, só pode ter sido uma tentativa de sarcasmo por parte do autor.
Como é que uma pessoa que como jogador e agora como treinador, defende o Clube que é a maior ilustração do 'vale tudo para ganhar', o Clube responsável por todos os crimes possíveis e imaginários... O Clube da difamação, da malícia... Como é que esta pessoa, vem apelar à pacificação do Tugão!!!
Só por ter sido sarcasmo!

Alvorada... do Bernardo

Benfiquismo (CMV)

Jogar à apanhada!!!

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Chama Imensa... Formação, ICC, Alzeimher, Terrorismo, Fake News, Atletismo...

As Regras dos Jogos... Castigos inúteis e Pastéis...

Alvorada... do Gonçalves

A teoria do possível impera em Portugal

"Para os clubes portugueses, por razões diversas, este é, sobretudo, um mercado de verão feito de pequenos negócios

A menos de duas semanas do pontapé de saída da Liga (e antes ainda há a Supertaça Cândido de Oliveira e a entrada em cena do Benfica na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões), os clubes começam a tomar forma, mostrando virtudes e insuficiências que o tempo se encarregará de confirmar ou desmentir. Esta fase do ano é mágico, porque é o tempo de optimismo, da esperança, dos craques planetários que muitas vezes não passam de pés de chumbo, mas que, pelo menos, vão alimentando o imaginário dos adeptos, preenchendo as páginas dos jornais e a antena de rádios e televisões, e enchendo ainda mais os bolsos dos intermediários, públicos ou nem por isso, que funcionam entre clubes e jogadores.
Este defeso, em termos nacionais, fica marcado, sobretudo, pelo volume de pequenos negócios, já que, por razões diversas, os principais emblemas têm tido um mercado atípico.
Para o FC Porto, que tem em Militão um reforço bastante prometedor, a preocupação essencial tem estado em manter as peças mais importantes Marega, Brahimi, Aboubakar e Herrera. A seguir se verá se haverá condições para satisfazer mais alguns desejos de Sérgio Conceição.
Já o Sporting, a tentar recuperar do cataclismo brunista, tem conhecido alguns triunfos - a permanência de Bas Dost e Bruno Fernandes e a contratação de Nani - mas viu partir, em condições longe das ideias, valores com alta cotação de mercado e agora com valor inverto. Trata-se de uma circunstância excepcional, a que a SAD de Sousa Cintra tem dado a melhor resposta possível, mantendo viva, pelo menos, a chama de um futuro competitivo. Mas, se nada disto seria fácil em condições estáveis, num contexto eleitoral que deverá acentuar-se na próxima semana, a função de José Peseiro torna-se quase ingrata.
Quanto ao Benfica, que revelou alguns bons apontamentos nos jogos com Dortmund e Juventus, tem na eliminatória com o Fenerbahçe (e na seguinte, assim passe os turcos), a chave da época, não só em termos desportivos, mas também financeiros. E mesmo quanto a alguns negócios apetecíveis noutras circunstâncias (Rúben Dias, por exemplo), a SAD estará sempre condicionada pela necessidade, premente de aceder à fase de grupos da Champions."

Ás
Geraint Thomas
Depois dos compatriotas Bradley Wiggins e Chris Froome, Thomas tornou-se no terceiro britânico a vencer a Grand Boucle, uma competição que não vê em triunfador francês desde 1985 (Bernard Hinault). Aos 32 anos, o ciclista galês, campeão olímpico de pista em 2008 e 2012, atingiu o olimpo em paris: ganhou o Tour!

Ás
Francisco Trincão
Iniciou-se no Vianense, passou pelo FC Porto, mas acabou por ser na excelente escola do SC Braga que fez o seu desenvolvimento como jogador. Foi um dos jogadores mais importantes na conquista do Europeu de sub-19, cinco golos na fase final, e o seu pé esquerdo poderá fazer história no futebol nacional. Jackpot para o SC Braga!

Rei
João Filipe (Jota)
Tem 18 anos e vai para a décima segunda época ao serviço do Benfica, um dos exemplos mais flagrantes da filosofia made in Seixal. Fez um Europeu de sub-19 fantástico e embora as vitórias sejam das equipas deixou uma marca individual de futebol refinado que há de levá-lo longe. Tem tudo para cumprir carreira de sucesso.

Um 'player'que deve ser levado muito a sério...
«Decidi dar este passo para vencer, como é óbvio. (...) Se acham que era um presidente-sombra, agora passarei a ser às claras»
José Maria Ricciardi, candidato à Presidência do Sporting
José Maria Ricciardi tem sido, ao longo dos anos, uma peça influente no xadrez do Sporting. Porque manteve influência junto de instituições que estabeleceram parcerias com o clube e porque foi a voz ouvida atentamente por vários presidentes. Agora, decidiu ir a jogo e o mínimo que deverá fazer-se é levar a sua candidatura a sério. E ver quem o vai acompanhar nesta aventura...

O fenómeno Sky, seis Tours em sete anos
Até há bem pouco tempo, os ingleses não tinham expressão no Tour de France, onde entre 1903 e 2011 não venceram qualquer edição. De 2012 para cá, tudo mudou: seis triunfos em sete Tours, uma hegemonia da equipa Sky, que procura estar na vanguarda das tecnologias de preparação na alta competição...

Portugal, potência continental
Mais um troféu de campeão da Europa a caminho da Cidade do Futebol, desta feita na categoria de sub-19. Depois de finais perdidas, neste escalão que está em vigor na UEFA desde 2002, em 2003, 2014 e 2017, desta feita, apesar do sofrimento do prolongamento e das sucessivas cambalhotas no marcador, a taça assenta que nem uma luva à equipa de Hélio Sousa, que contou com sete elementos que tinham sido campeões europeus de sub-17 em 2016. Ou seja, há continuidade no trabalho, há talento nos jogadores e há competência nos técnicos. É claro que a FPF não pode ficar de fora neste rol de elogios e, 'last but not least', há que dar os parabéns aos clubes portugueses pelas condições que criaram e que representam a garantia de um futuro risonho."

José Manuel Delgado, in A Bola

Geração de ouro

"Os sub-19 garantiram ontem, na Finlândia, o primeiro título europeu sub-19 para Portugal. Percebe-se, logo pelo facto de dizermos ser o primeiro, que não estamos a falar de uma proeza qualquer, mas sim de um feitio que merece ser amplamente destacado. Até porque, percebe quem acompanhou esta equipa ao longo deste Campeonato da Europa, encontramo-nos perante uma nova geração de ouro, um grupo que há dois anos conquistou também o Europeu de sub-17, colocando ponto final num jejum de 13 anos no que a títulos internacionais ganhos por Selecções jovem diz respeito.
Há, neste conjunto que ontem bateu - de forma justíssima e até mais sofrida do que merecia - a Itália, talento muito acima da média. Bata olhar para jogadores como João Filipe (Benfica), Trincão (SC Braga) ou Rúben Vinagre (Wolverhampton) para sabermos estar perante jogadores capazes de fazer-nos olhar para o futuro com optimismo. Já para não falar que nesta equipa campeã da Europa podiam ainda estar nomes como João Félix, Diogo Dalot, Diogo Leite, Gedson Fernandes ou Rafael Leão. É, de facto, uma geração à parte. Talvez até comparável à que no final da década de 1980 e início da de 1990 garantiu a Portugal os títulos de campeão do Mundo de sub-20. Assim saibam os clubes aproveitar estes jovens, dando-lhes hipóteses de se afirmarem e resistindo pressão de os vender demasiado cedo e, muitas vezes, demasiado barato.
Uma palavra para Hélio Sousa. Um treinador discreto, incapaz de se colocar em bicos de pés mas de uma competência extraordinária. O trabalho que tem feito a FPF merece todos os elogios. Apoiado, claro, por uma estrutura competente que foi capaz de recolocar Portugal no lugar que merece no que aos escalões de formação diz respeito. Estão todos de parabéns."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Quatro nomes que são afinal cinco

"Se o internacional francês Djibril Sidibé se transferir do Mónaco para o Atlético de Madrid, como se espera, as vendas do emblema monegasco nas derradeiras quatro épocas ultrapassarão os 820 milhões de euros, o dobro daquilo que o clube gastou, no mesmo período, a contratar jogadores. Duvido que exista ou tenha existido no passado, no mundo do futebol, um êxito de gestão financeira dessa envergadura, para mais num clube que conseguiu ser campeão e luta em todas as frentes por alcançar títulos. Leonardo Jardim é o grande responsável por esse sucesso e vai ser muito bom poder acompanhar o desenvolvimento da sua carreira. Até onde chegará? Ainda tive uma vaga esperança que ele fosse a escolha do Real Madrid para suceder a Zidane, mas Florentino Pérez preferiu meter-se numa alhada. Azar dele.
Magistral o desempenho da talentosíssima Selecção de sub-19 – mais uma enorme geração de futebolistas que começou a impor-se – e perfeita a liderança de Hélio Sousa, repetindo a conquista do Europeu de sub-17, há dois anos, que não valorizámos o suficiente face ao estrondo da vitória da nossa equipa principal. Curiosamente, foi com a final perdida pelos sub-19, em 2014, primeira de seis alcançadas em quatro anos, que se tornou indiscutível o mérito do trabalho da Federação Portuguesa de Futebol e da presidência de Fernando Gomes. Tal como no caso de Leonardo Jardim, são os resultados – e não as simpatias, os lóbis ou as opiniões – que decidem quem vence e quem é derrotado.
Afinal, Jonas fica ou sai? Se ficar, pode ser um erro, pois o brasileiro é bem capaz de passar boa parte da temporada fisicamente diminuído, uma vez que o corpinho insiste, aos 34 anos, em dar sinais de alerta. Se sair, pode ser um erro porque o Benfica perde golo, garra, lucidez no ataque e um perfume de futebol que só os grandes artistas produzem. Difícil encruzilhada, essa.
E fecho hoje os dois últimos parágrafos a verde e branco, começando pela anedota de há dias, quando se falou que Luís Figo estaria a ponderar uma eventual candidatura à liderança do Sporting. Claro que com a ligeireza com que surgiu, a "ponderação" terminou naquilo que todos nós, veteranos destas guerras, esperávamos: em zero. Figo fez bem porque a sua falta de empatia com os adeptos leoninos levá-lo-ia muito provavelmente à derrota. E foi bom também para o Sporting, já que o risco de o seu antigo jogador poder ganhar existiria sempre e o clube já tem, nesta altura, duas ou três alternativas melhores.
Agora, que se veem tantos candidatos à presidência dos leões, parece-me ser o momento oportuno para recordar aqui os difíceis tempos de há 30 anos, quando o clube estava quase falido e atravessava a maior crise da sua história até então. Os notáveis de Alvalade hesitavam em avançar ou arranjavam desculpas – e Sousa Cintra, chamado a apoiar Carlos Monjardino, não teve outro remédio que não fosse fazer-se à estrada. Na crónica da próxima semana, o actual líder da SAD leonina contará, em discurso directo e ao pormenor, como se candidatou às eleições de 1989, que veio a ganhar, sucedendo a Jorge Gonçalves e salvando o Sporting."

Sub-19: Jota, Trincão e tanto talento para gerir com pinças

"O futuro começa já esta segunda-feira, dia de regresso a Portugal.

O pior que pode acontecer é colarem-lhes rótulos. «Geração de Ouro» no colectivo, «novo Ronaldo», «novos qualquer coisa» no individual. Esqueçam isso.
Já o melhor que pode suceder-lhes é que olhem a sério para eles. Nem todos terão deixado o mesmo rasto, mas todos merecem que, antes que se desbravem terrenos desconhecidos pelo estrangeiro e se encontrem jogadores de qualidade duvidosa, tenham primeiro o seu nome como opção.
Diogo Dalot, lateral. Diogo Leite, central; Gedson, médio; David Tavares, médio; Rafael Leão, extremo; e João Félix, avançado. Estes foram alguns dos que não viajaram, por diversas razões. 
Diogo Costa, guarda-redes. Na véspera. Miguel Luís, médio. No aquecimento. Os dois falharam a final. Jogadores obviamente nucleares, lesionados na pior altura de todas.
No entanto, ainda assim, Portugal foi campeão da Europa. Que enorme prova de qualidade!
João Filipe, o tal Jota, brilhou intensamente. Trincão acompanhou-o de tal maneira que mais parecia um dueto. Mas houve mais. Quina foi sempre um quebra-cabeças com aquele drible curto, Vinagre um lateral disponível para fazer piscina atrás de piscina, José Gomes um pivot fiável, capaz de abrir espaços para os companheiros. Florentino sempre equilibrado, nos dois papéis, o defensivo e o de construção.
Até Pedro Correia voltou a entrar para marcar.
Há ali talento. Trabalho, mas muito talento.
Há ali jogadores a apontar para uma primeira equipa, seja ou não no clube-mãe, e para uma primeira liga. Há nomes óbvios, e o de Jota é ainda mais óbvio pela diferença que teve para todos os outros, portugueses e não só, na Finlândia. A gestão do seu talento, como o de Trincão e o dos colegas, começa amanhã, no dia da chegada.

P.S. Excelente o trabalho de Hélio Sousa, claro. Muito bom o suporte dado pela Federação, que tem a formação cada vez mais bem estruturada, e só assim se mantém no topo. Bem, os clubes na aposta até à idade sénior. Faltará apenas a continuidade, de todas as partes."

Era o que faltava

"Vaga para o troféu referente ao título de sub-19 está, finalmente, preenchida. É tempo de pensar no futuro dos rapazes

Portugal reafirmou-se como potência do futebol de formação. Nas vitrinas da Federação Portuguesa de Futebol deixa de haver troféus em falta, porque este, do escalão sub-19, era o único que tinha a vaga por preencher. Nas ocasiões anteriores escapara-se, a diferença pode ter sido um pontapé de canela que entrou em vez de um remate tecnicamente perfeito esbarrado num poste. Mesmo sendo esta uma idade em que estar presente nas discussões é o mais importante, ganhar é o pormaior, a excelência, e não acontece por acaso. Há uma história e um trabalho.
Como lembrava ontem aqui em O Jogo o professor Jesualdo Ferreira, já lá vão umas décadas desde que "Portugal deixou de ter vagas de jogadores bons para ter equipas consistentes". E eis-nos perante o melhor de dois mundos: uma geração de grandes jogadores que é também uma equipa consistente, solidária, evoluída técnica e tacticamente, tudo quanto se pode sonhar. E se lembrarmos que nesta selecção também poderiam estar também Diogo Dalot, Gedson, Diogo Leite, João Félix e Rafael Leão, percebe-se que o futuro é destes rapazes. E o futuro é já ali ao virar da esquina, para alguns poderá ser já no próximo Europeu, outros ficarão para o Mundial. Também haverá quem passe ao lado, é inevitável.
Na hora de ganhar, é justo lembrar o investimento dos clubes, as boas condições e organização da Federação, bem como o talento dos jogadores, mas também é tempo de cuidar do passo seguinte. As equipas B fizeram muito bem a estes miúdos, a tentação de os vender já por tuta-e-meia poderá fazer muito mal a alguns deles. Quando terminar a festa, é preciso pensar na vida!"

A malta é jovem

"Este triunfo vem confirmar a qualidade dos nossos jovens futebolistas e da formação que lhes é ministrada nos clubes portugueses.

Quem teve ontem a oportunidade de acompanhar a vibrante final do Campeonato da Europa para sub-19 anos disputada na cidade de Seinajoki, na Finlândia, viveu certamente momentos empolgantes sobretudo no período em que os jogadores foram sujeitos a prolongamento.
Vinda de uma copiosa vitória (5-0) sobre a Ucrânia na meia-final, a selecção portuguesa dava a sensação de partir com algum favoritismo frente à Itália, que derrotara por 2-0 a sua congénere da França.
E essa almofada pareceu ganhar maior consistência quando os escolhidos por Hélio chegaram à vantagem de dois golos, deixando aí a sensação de que o mais difícil do caminho estava desbravado. 
Puro engano. Em apenas dois minutos a formação transalpina empatava o jogo e lançava muitas dúvidas sobre o desfecho final do jogo, recuperando memórias tristes já que, na fase de grupos, a Itália já ganhara a Portugal por 3-2.
Na sua segunda presença consecutiva neste Europeu de Sub-19, os jovens portugueses alcançaram finalmente a sua primeira vitória.
Nas três finais anteriores, 2003, 2014 e 2017 haviam saído sempre derrotados.
Ainda com o Europeu de 2016 na memória, este triunfo vem confirmar a qualidade dos nossos jovens futebolistas e da formação que lhes é ministrada nos clubes portugueses.
Juntando todos esses trunfos, o treinador Hélio Sousa, antigo excelente praticante ao serviço do Vitória de Setúbal, tem vindo a consolidar estruturas que permitiram chegar aos melhores resultados, agora esta chegada ao topo de forma justa e consolidada.
E agora não ficamos apenas à espera de outros bons resultados.
Ficamos sobretudo a aguardar que o futebol português abandone a sua loucura de passar ao lado dos nossos jovens talentos trocando-os por produtos estrangeiros tantas vezes de duvidosa qualidade."

A vantagem dos jovens

"É óbvio que jovens com menos de 19 anos têm uma entrega e um desprendimento que não pode pedir-se a um jogador de 30.

A Selecção portuguesa de futebol foi ontem campeã da Europa nos sub--19, depois de há dois anos ter sido campeã nos sub-17.
Vendo raramente jogar as selecções jovens, o que primeiro me impressionou foi a qualidade do futebol praticado: um futebol alegre, virado para a frente, criando sucessivas oportunidades de golo. Marcámos três, mas poderíamos ter marcado sete ou oito.
E aí surge a pergunta: porque não jogamos assim na selecção dos adultos? Porque temos um futebol mastigado, sem chama nem alegria?
A resposta óbvia que ocorre parece estar na personalidade do treinador. Fernando Santos é um homem calculista, que gosta de jogar pelo seguro, que odeia o risco e, portanto, posiciona a equipa com o objectivo principal de não deixar jogar o adversário. Antes de querer jogar, Santos preocupa-se em anular a outra equipa. E isso conduz ao tal jogo negativo, do “nem o pai morre nem a gente almoça”.
Mas há outros factores a ter em conta.
O futebol dos adultos tornou-se muito táctico em todas as selecções nacionais. Muito “resultadista”. Primeiro está o resultado e a exibição só vem no fim. Ora, essa dimensão táctica do futebol tira espontaneidade e alegria ao jogo.
Depois também há a idade dos jogadores. É óbvio que jovens com menos de 19 anos têm uma entrega e um desprendimento que não pode pedir-se a um jogador de 30.
Finalmente, temos o facto de quase todos os jogadores da selecção sénior jogarem em clubes estrangeiros e, por isso, estarem sobrecarregadíssimos de jogos, estarem cansados de matches decisivos, não tendo disponibilidade física nem mental para jogarem daquela forma aberta, atirada para a frente, daqueles miúdos que estiveram ontem na Finlândia com a camisola nacional e venceram a Itália.
Portanto, entre a selecção principal e as selecções jovens há, como vimos, diferenças enormes. Nos sub--19 juntam-se todas as condições para ser possível a prática de um futebol mais bonito e muito mais espectacular.
Quando os jovens passam a seniores, tudo muda. Mudam as preocupações tácticas, mudam os clubes onde jogam – com os adultos a actuarem lá fora –, muda a irreverência.
E há algo que ninguém ainda soube explicar mas é um facto: nos jovens portugueses verifica-se uma dificuldade em dar o salto para as equipas seniores que não se vê nos jovens de outros países. Há muitos jogadores que se perdem, que não conseguem afirmar-se. A passagem para a idade adulta dos nossos jogadores é difícil, torturada, às vezes dramática.
Por isso teremos sempre mais facilidade em ganhar nas selecções jovens do que na equipa principal."

O que significa a chegada de CR7 para o futebol italiano

"Em Itália, é o tema do verão futebolístico. A chegada de Cristiano Ronaldo à Juventus, de tão súbito e inesperado, monopolizou o debate e provocou um choque no ambiente do futebol italiano, que se preparava para viver a primeira época após o desastre da não qualificação para a fase final do Mundial de 2018. Ninguém esperava que o futebolista mais forte do Mundo pudesse aterrar num país em tamanha crise futebolística. Na verdade, quando soaram os primeiros rumores acerca da transferência (reconheça-se o mérito do Tuttosport, diário de Turim, que falou do tema antes de todos os outros), parecia que ia tratar-se de uma ‘boutade’ destinada ao insucesso. Entendia-se que nenhum clube italiano teria a força económica necessária para trazer um futebolista destes para Itália e que o próprio CR7 não acharia atractiva uma Liga que passou a ser a quarta na graduação da competitividade europeia. E, no entanto, o negócio realizou-se. E chega a altura de tentar analisar quais podem ser para as consequências da chegada de Ronaldo para o futebol italiano.
Uma primeira e indiscutível consequência vem dos benefícios que recolherá a Juventus. Que já monopolizava a Serie A e agora pode alargar desmesuradamente a distância para os competidores. A equipa bianconera venceu os últimos sete campeonatos e nos anos mais recentes demonstrou ser a única italiana capaz de competir de forma constante na Liga dos Campeões (duas finais e uma meia-final perdida com o Real Madrid de Cristiano Ronaldo nas últimas quatro edições). A chegada do fora-de-série português teria o efeito de alterar de forma determinante equilíbrios já precários e de provocar um excedente. E na verdade a lógica de um negócio deste género não é a de aumentar a competitividade no âmbito italiano. A perspectiva que torna a aquisição de Ronaldo estratégica é a internacional. Com a chegada do português, a equipa bianconera tenta um upgrade definitivo em direcção à grandeza internacional. O que significa vencer a tal Liga dos Campeões desperdiçada nas últimas temporadas.
Este upgrade internacional, no entanto, não tem a ver apenas com os sucessos no campo. A grande aposta da Juventus é a afirmação da marca nos mercados internacionais, através de um impulso potente na imagem e no merchandising. E neste sentido, a contratação do CR7 é um movimento de um potencial extraordinário. O tempo dirá se os cálculos foram correctos, mas os primeiros dados acerca da venda de camisolas bianconeras com a griffe CR7 dão respostas extremamente confortantes. A competição futebolística global nos tempos modernos joga-se também e sobretudo nestes campos, onde o atraso do futebol italiano é gravíssimo. A Juventus tenta agora anulá-lo, mas fá-lo por si mesma.
Um aspecto da reflexão que ainda não foi feito leva-me a uma segunda consideração, acerca de todo o movimento futebolístico italiano. Trará a chegada do CR7 benefícios neste plano? Aqui, é bom que sejamos mais cépticos. Cristiano Ronaldo chama a atenção para si mesmo e para o clube que o contrata. Os jogos nos quais ele participar chamarão a atenção mediática global, mas serão circunstâncias episódicas. Já que a sua presença, por si só, venha elevar o nível competitivo do produto Serie A, já me parece muito mais complicado. Porque melhor seria que toda a Serie A crescesse, sem dever esperar por um Cristiano Ronaldo. Pelo contrário, a chegada de um fora-de-série desta dimensão pode destacar ainda mais o nanismo do resto do campeonato. É, na verdade, o confronto com o resto da Série A que faz emergir o verdadeiro sentido da chegada do CR7 à Juventus: trata-se de um golpe da Superliga europeia. Bom para fazer entender que alguns clubes já não querem estar nos seus campeonatos nacionais, considerados de fraco apelo em termos de competição e de negócio. Trazendo o jogador da Madeira para Turim, a Juventus manda uma mensagem no sentido da realização da Superliga. Com Jorge Mendes como mestre de cerimónias."

Benfiquismo (CMIV)

Deuses!!!

domingo, 29 de julho de 2018

Jota

Portugal, acabou de sagrar-se Campeão Europeu de Sub-19. Pela primeira vez, uma geração portuguesa é campeã europeia de sub-19!!! Juntando assim o título Europeu de sub-17 com o sub-19 como é óbvio pela primeira vez!!! Sendo que a equipa que venceu hoje a Itália numa épica final, por diversos motivos não teve vários 'titulares' (Félix, Gedson, Leite, Dalot, Leão, David Tavares...) que não foram convocados!!!

Com 'selo' Caixa Futebol Campus (Seixal) temos 9 jogadores nesta equipa: Virgínia, Martelo, Quina e o David Carmo já não são do Benfica, mas passaram por cá... Florentino, Jota, Nuno Santos, Dju e o Zé Gomes são nossos.

Se no caso do Florentino, as suas exibições não são surpresa para ninguém, respira talento e classe... só não está no plantel principal, porque de facto a concorrência para a posição é enorme (empréstimo a equipa da I Liga, ou regresso à B, tenho dúvidas).
No caso do Jota, tenho que admitir que o nível exibicional, do nosso extremo criativo, surpreendeu-me!
A qualidade técnica do Jota não é surpresa para ninguém, mas durante a sua carreira na formação do Benfica, ficou sempre a dúvida, se toda aquela tendência para 'brincar na areia' seria perdida quando chegasse à idade sénior!
Este campeonato da Europa, 'tirou-me' as dúvidas: temos jogador para o Benfica!
E até no aspecto físico impressionou-me: mudança de velocidade muito boa, ganhou músculo (mas não exagerado) e boa reacção à pressão após perda de bola...
Acabou este Europeu como melhor marcador e melhor jogador!!!
Recordo, que o Félix é mais novo do que o Jota... O ano passado o Jota acabou por ter algumas lesões irritantes, e na parte final, acabou por 'descer' aos Juniores, terminando a época com alguns altos e baixos e talvez por isso, nem sequer houve a 'ilusão' de uma possível chamada para fazer a pré-época  com o plantel principal, como aconteceu com o Félix e o Gedson...
Mas vendo como se exibiu neste Europeu, talvez tenha sido um erro!!!!

Ainda por cima o Félix, tem sido usado neste 433 da pré-época, como um extremo, algo que ele não é... O Jota neste 433 da pré-época, estaria completamente à vontade...
Ainda por cima, numa pré-época que tem demonstrado a falta de extremos 'furadoros' no plantel principal... que arriscam o 1x1 sem medos e hesitações!!! E ainda por cima sabe marcar bolas paradas (todo o tipo), como poucos...!!!

O Mundial de sub-20 na Polónia começa a 23 de Maio de 2019, muito provavelmente o Jota nessa altura, já fará parte do plantel principal do Benfica.

PS: Onde anda o 'pessoal' que queria acabar com as equipas B?!!!

Pouco importam os adeptos

"Pode um clube existir sem adeptos? O Belenenses (SAD) parece querer mostrar que sim. Cortada a ligação que restava ao clube e os laços emocionais do Restelo, pouco fica do clube tem nas suas vitrinas um troféu de campeão nacional. No fundo, a Liga NOS 2018/19 terá entre os participantes um clube novo, que veste as mesmas cores do Clube de Futebol Os Belenenses - mas nem sequer o mesmo emblema.
É uma realidade nova no futebol português, mas os sinais há muito que estavam à espreita. A tricefalia que se vive no nosso país foi esmagando os restantes clubes para aquilo que são hoje: pouco representativos em termos sociais, muitas vezes nem sequer localmente. Tornou-se banal ver jogos de Liga com poucas centenas de adeptos no estádio. É, muito provavelmente, aquilo que vai acontecer com este novo Belenenses (SAD), mas o mais triste é que o aspecto das bancadas do Estádio Nacional não será muito diferente daquele que já se vê em grande parte dos outros recintos, mesmo de clubes fundados há quase 100 anos.
No actual modelo de negócio do futebol português, as fontes de receitas para quase todos os clubes são apenas três: direitos de TV, bilheteira dos encontros diante de FC Porto, Benfica e Sporting e transferência de jogadores. Tudo o que seja relacionado com a dimensão do próprio clube, seja venda de bilhetes anuais, quotização ou merchandising, é insignificante para a maioria. Por isso, chame-se Belenenses ou FC Jamor, nada coloca os azuis atrás da concorrência directa no arranque da Liga. Continuará a receber o mesmo da televisão, a ter boas casas nos jogos com os três grandes e a, se a época correr bem, vender os melhores jogadores.
Esta indiferença leva, aos poucos, ao declínio do nosso campeonato. Não é um fenómeno exclusivo de Portugal, mas o desequilíbrio crónico que sempre tivemos (e não só no futebol...) potencia o problema. Actualmente, é mais fácil encontrar um adolescente que tenha o onze do Bayern Munique na ponta da língua do que um que consiga dizer o nome de cinco jogadores de qualquer equipa que tenha acabado a Liga NOS abaixo do sexto lugar. A globalização tem este efeito: aproxima-nos de estrelas que antes só víamos uma vez por semana (e nem sempre), ao domingo à noite.
O Belenenses (SAD), 'clube' sem adeptos, que oferece (sim, de borla) o bilhete de época a quem o teve em épocas anteriores, poderá ser a primeira experiência do género. Mas nada impede que o fenómeno se repita: com o dinheiro certo, é possível 'inventar' um clube, levá-lo à Liga e, depois, montar o negócio no mesmo modelo em que quase todos vivem: TV, receitas de jogos grandes e venda de futebolistas. Basta isto para que os adeptos se tornem definitivamente supérfluos."

Dar o melhor de si

"Quando um estudioso sério faz um exame crítico da cultura ocidental, das suas origens, do seu desenvolvimento, das suas tendências, do seu significado e valor, em todos os momentos da História da Cultura Ocidental o cristianismo está presente como elemento substancial.
Acentuemos, sem receio, que o cristianismo, com as qualidades e os defeitos dos homens que dizem vivê-lo, é uma herança que enforma as instituições do nosso direito, a imaginação dos nossos escritores, o rigor dos nossos cientistas e as raízes da nossa ética. Pode dizer-se mesmo que a Europa, no que de mais autêntico ela tem, nasce da admiração fervorosa pela mensagem cristã. O próprio Augusto Comte e o seu notável discípulo Emílio Littré reconheceram na Idade Média uma “obra política da sabedoria humana”, precisamente pelo monoteísmo da sua mensagem político-religiosa. A meu juízo, para imortalizar a Idade Média, a Divina Comédia, a Canção de Rolando, a Suma de S. Tomás, S. Alberto Magno (físico, botânico e naturalista), a Opus Magnum de Rogério Bacon (1214-1292), os estilos românico e gótico – a meu juízo, para imortalizar a Idade Média, basta citar estes homens e estas obras. Augusto Comte, no seu Cours de Philosophie Positive nota, na Idade Média, “um profundo sentimento de dignidade, de respeito, de elevação, pela pessoa humana” que o introdutor do positivismo filiava no sistema católico de clara distinção entre o poder político e a hierarquia religiosa, proclamando assim uma incontroversa autonomia da moral e da religião, em relação a qualquer sistema político. O conceito de “pessoa humana” é, nitidamente, de origem cristã, pois que defende o respeito e o culto pelo “ser humano”, antes e acima das leis e dos decretos régios e governamentais. À luz do Evangelho, em cada um de nós, há uma vida moral independente do próprio Estado.
O cristianismo é, de facto, a matriz da civilização e da cultura europeias. Não se estranhe por isso que, no Vaticano, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, sob sugestão do Papa Francisco, ocupe uma boa parte da sua reflexão, procurando abrir o desporto à mensagem do Evangelho. Desta reflexão nasceu um documento, Dar o Melhor de Si (Paulinas Editora, Lisboa, 2018) com prefácio, em forma de carta aberta ao Cardeal Kevin J. Farrell, Prefeito do Dicastério acima referido. São palavras do Papa: “O desporto é um lugar de encontro, em que pessoas de todos os níveis e condições sociais se unem para alcançar um objectivo comum. Numa cultura dominada pelo individualismo e pelo descarte das gerações mais jovens e dos mais idosos , o desporto é um âmbito privilegiado, em torno do qual as pessoas se encontram, sem distinção de raça, sexo, religião ou ideologia e onde podemos experimentar a alegria de competir para alcançar juntos uma meta, fazendo parte de uma equipa em que o êxito ou a derrota são partilhados e superados. Isto ajuda-nos a pôr de parte a ideia de conquistar sozinho um objectivo, centrando-se em si mesmo”. Portanto, para o Papa, no desporto, não se desenvolve um indivíduo, para viver uma vida egoísta de paixões, fazendo dos seus interesses o centro de tudo e de todas as coisas e… acabar escravo dos bens passageiros que o “marketing” e a publicidade lhe oferecem, para o manipular. Para o Papa, o desportista não se confunde com um indivíduo, porque é uma pessoa! E aprende isto mesmo, no desporto, que deverá transformar-se num veículo de formação. Escutemos, uma vez mais, o Papa Francisco: “Por isso, é necessária a participação de todos os atletas de qualquer nível e idade, para que os que fazem parte do mundo do desporto sejam um exemplo em virtudes como a generosidade, a humildade, o sacrifício, a constância e a alegria”.
Por fim, o Papa sublinha o papel do desporto como meio de missão e santificação: “O desporto é uma fonte riquíssima de valores e virtudes, que nos ajudam a melhorar como pessoas. Como o atleta durante o treino, a prática desportiva ajuda-nos a dar o melhor de nós, a descobrir sem medo os nossos próprios limites”. Por seu turno, o Documento Dar o melhor de si começa por mostrar o seu tronco original: “Hoje em dia, a universalidade da experiência do desporto, a sua força comunicativa e simbólica, as suas grandes potencialidades educativas e formativas são reconhecidas e evidentes. O desporto tornou-se um fenómeno de civilização, que habita de pleno direito na cultura contemporânea, permeando os estilos e as opções de vida de muita gente. Isso impele-nos a repropor a interrogação retórica de Pio XII: Como poderia a Igreja desinteressar-se dele?” (p. 10). E insiste, na página seguinte: “O magistério da Igreja apela continuamente à necessidade de promover um desporto para a pessoa, capaz de dar sentido e plenitude à vida, capaz de valorizar integralmente a pessoa, o seu crescimento pessoal e moral, social, ético e espiritual. O interesse da Igreja pelo desporto concretiza-se numa presença pastoral variada e difusa, tendo como ponto de partida e como fim o interesse do ser humano”. Por isso, não tem sentido o “desporto pelo desporto”. Sempre que o desporto não é meio e o ser humano não é fim, ou seja, sempre que não se põe o desporto ao serviço da eminente dignidade da pessoa humana, é evidente que a prática desportiva para pouco mais serve do que para adormecer as pessoas à recusa da sociedade injusta estabelecida. A clara noção da dignidade e independência do ser humano deve ressaltar, numa sociedade moderna, ou hipermoderna (Gilles Lipovetsky), da prática desportiva e, afinal, de tudo o mais que seja verdadeiramente humano. Por isso, a Igreja não defende “um desporto cristão, mas uma visão cristã do desporto”, a qual acrescenta à ética desportiva habitual a certeza da filiação divina dos desportistas pois que, enquanto pessoas, são filhos de Deus. E, assim, é o desporto que é ordenado para os interesses eternos da pessoa humana.
É esta a definição de desporto que o Dicastério propõe: “O desporto é uma actividade física em movimento, individual ou de grupo, de carácter lúdico e competitivo, codificado mediante um sistema de regras, que gera uma prestação confrontável com outras, em condições de iguais oportunidades” (p.23). Segundo o que venho estudando, há 40 anos, o desporto é, de facto, um dos aspectos da motricidade humana, com seis elementos essenciais: jogo, movimento, agonismo, transcendência, instituição e projecto. E com duas palavras indispensáveis: movimento e transcendência. José Tolentino Mendonça escreve, com a alma toda, como é seu hábito, no seu último livro, Elogio da Sede (Quetzal, Lisboa, 2018): “Jesus sabe que um simples copo de água não é banal, não é apenas isso. Esse gesto dialoga com dimensões profundas da existência, porque vai ao encontro daquela sede que está presente em todo o ser humano, que é sede de relação, de aceitação e de amor”. Para mim, é evidente que esta sede, esta vontade de transcendência, que em nós habita (transcendência de toda a complexidade humana) é a mais elevada expressão de humanidade, pois que funda a dignidade e valor do homem, na superação dos seus limites, dos seus vícios, das suas imperfeições. Verdadeiramente, fazer desporto deverá ser isto mesmo: uma tentativa, com a ajuda dos colegas e dos adversários, de superação dos nossos limites, dos nossos vícios, das nossas imperfeições. Mas vale a pena voltar ao Papa Francisco: “Quando o desporto é considerado apenas segundo parâmetros económicos, ou de consecução da vitória a todo o custo, corre-se o risco de reduzir os atletas a mera mercadoria lucrativa” (in Elogio da Sede, p. 51). Ora, o Desporto, como Educação, como Saúde, como Espectáculo, como Cultura da Inclusão, do Encontro e da Paz é bem mais, sem as dispensar, do que Economia e Finanças. A Igreja Católica (e daqui, na minha modéstia, a saúdo, por isso) está a ocupar-se, com rara finura, do “fenómeno desportivo”. Vai nascer um desporto novo?"

Benfiquismo (CMIII)

Lá para dentro...

sábado, 28 de julho de 2018

Vermelhão: à Bomba...!!!

Benfica 1 (2) - (4) 1 Juventus


Penúltimo 'treino' competitivo da pré-época, contra os 'eternos' campeões Italianos... Voltámos a fazer uma boa exibição, com alguns problemas a manterem-se!!!
Se 'sem bola', especialmente na pressão alta, temos estado muito bem, com a 'bola no pé' temos demonstrado alguns problemas: falta de velocidade, falta de criatividade e pouca gente em zonas de finalização...
Agora, o nível dos nossos adversários tem sido altíssimo... diria mesmo, que só na Champions poderemos encontrar equipas do mesmo nível... Mesmo sem algumas das suas 'estrelas' que ainda estão de férias, tanto o Sevilha como o Dortmund e esta Juventus estão muito acima dos nossos adversários internos (no que 'toca' a jogo jogado, porque por cá, os jogos são jogados de forma diferente)!!!
O grande destaque acabou por ser mesmo os dois golos: grandes bombas... teleguiadas!!!

Eu tinha poucas dúvidas, mas creio que hoje o Odysseas garantiu a titularidade e não é porque a concorrência é 'fraca'... o jovem Alemão tem de facto muito potencial! Foi ele que 'segurou' o mau início do 2.º tempo do Benfica.
Gostei novamente do Conti (mesmo com um erro semi-grave!)... o Rúben na esquerda perde qualidade na saída de bola... Hoje com mais minutos, voltei a gostar do Ebuehi, e se o maior 'medo' era a falta de capacidade defensiva do jovem nigeriano, creio que tem dado excelentes indicações... O 'teste' Fejsa/Alfa ao mesmo tempo, não correu muito bem, mas creio que foi uma questão de acerto posicional que pode ser rectificada... Chegámos a ter um meio-campo, com o Alfa, Gedson e o Parks! Na frente, as Alas continuam indefinidas, diria que Salvio e Zivo estão ligeiramente na frente com o Cervi a espreitar... mas continua a pensar que precisamos de um 'grande' reforço para as Alas!!! Aparentemente o Ferreyra está bem, foi só um susto... Mas estamos com alguns problemas: o Jonas está claramente com pouco ritmo (suspeito que tenha a ver com o problemas das costas... e não com as especulações sobre o contrato), e o Ferreyra e o Castillo ainda não 'calibraram' as movimentações com os colegas, no jogo jogado...!!!

Não costumo 'falar' de potenciais contratações, mas este Gabriel que se tem falado, na minha opinião 'encaixava' perfeitamente nas nossas necessidades, um médio com capacidade de ter bola, em zonas adiantadas, com criatividade, remate... e até algum caparro para as questões defensivas...!!!
Sinal positivo da digressão Americana, falta somente o jogo com o Lyon na Eusébio Cup, no Algarve. A equipa parece-me com intensidade acima do normal nesta altura da época, o que é bom tendo em conta os objectivos a cumprir em Agosto...

Benfica sem tempo para perder tempo

"Com um programa imponente para o mês de Agosto, o Benfica não tem realmente tempo para perder tempo na pré-temporada ou lá como chamam a este período estival. Por norma, a tal pré-temporada é uma fase única, amplamente consentida pelo patronato, em que os treinadores se vão dedicando a atividades de laboratório em lugares mais ou menos exóticos perante o beneplácito da imprensa, a benevolência dos adeptos e a curiosidade mórbida dos rivais. A estes luxos não se pôde entregar o Benfica este ano. Está a pouco mais de uma semana do seu primeiro jogo oficial da temporada, um desafio de importância maior - trata-se de chegar ou não chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões - e tem por adversário o Fenerbahçe da Turquia, que não sendo, nem de perto nem de longe, um papão do continente europeu é, ainda assim, uma grande e presumível chatice.
O presidente do clube turco chama-se Ali Koç e, usando a prerrogativa do optimismo desmesurado que pertence a todos os presidentes dos clubes de futebol, chamou alegremente à atenção para o facto de "este Benfica" que lhes saiu na rifa já não ser "o velho Benfica". Foi assim que foi entendido por cá, como uma provocaçãozinha, o seu discurso. Mas mal. Não quis o presidente do Fenerbahçe menorizar as capacidades do Benfica, com que se irá brevemente encontrar, só pelo prazer da picardia. O senhor Koç referia-se, e com carradas de razão, ao "velho Benfica" de Shéu, de Nené e Jordão que pespegou 7 golos ao Fenerbahçe numa inspirada quarta-feira europeia do distantíssimo ano de 1975, cabazada essa que, ainda hoje, deve provocar uma comoção, para não lhe chamar trauma, aos numerosos adeptos daquele emblema da cidade de Istambul. A cada um o seu Celta de Vigo.
Destinava-se, assim, a consumo interno a comparação deste Benfica - que não pespegará 7-0 a este Fenerbahçe - com o Benfica de há 43 anos que cometeu precisamente essa proeza. O senhor Koç falava para "dentro" do seu clube mas a verdade é que foram igualmente as suas considerações muito apreciadas no Estádio da Luz, não por reconhecimento da homenagem implícita a Shéu, Nené e Jordão, mas porque uma alfinetada destas, mesmo involuntária, espicaça sempre a equipa e sabe-se como é importante ter a equipa espicaçada nas grandes ocasiões. E nas pequenas também. Por vezes, há presidentes que julgando estar a falar para dentro dos seus clubes nem imaginam como estão, de facto, a falar para fora e com que impacto.
O próprio presidente do Benfica falando esta semana em Newark para uma plateia de benfiquistas afirmou ser o Benfica não um grande clube "mas um gigante". Falava para dentro do Benfica ou falava para fora do Benfica, Luís Filipe Vieira? Na realidade, falou exclusivamente para fora e não foi pelos motivos mais piedosos. Um gigante, pois… Fora, uma coisa destas irrita. Dentro, nem é preciso dizer, já toda a gente sabe disso há séculos."

Estabilidade precisa-se

"Prestes a arrancar os dois campeonatos profissionais do calendário nacional, e bem à portuguesa, há ainda muitas coisas a definir, sobretudo no que à arbitragem diz respeito. Os árbitros já começaram também a sua pré-temporada e preparam-se para lidar cada vez melhor com a ferramenta do VAR, que chegou para ficar, mas alguns temas fundamentais continuam por acertar.
É público que os prémios de jogo dos árbitros não são aumentados desde 2009/10 - há, portanto, nove anos. Na época passada, houve conversações entre a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e a Liga Portugal, no sentido de corrigir esta injustiça. À nossa proposta do início de temporada, a Liga contrapôs com uma oferta ainda aquém das pretensões dos árbitros.
Os árbitros acreditaram que tudo poderia ser diferente este ano, com a passagem de todos os temas relacionados com a arbitragem para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), algo que muito agradava à nossa classe. O problema é que, prestes a entrar em Agosto, a Liga ainda não aceitou a proposta feita pela FPF e que já incluía uma grande parte das pretensões dos árbitros.
Mais uma vez, um tema de cariz decisivo para a estabilidade das competições profissionais é deixado para segundo plano. Mais uma vez, os árbitros são tratados como parentes pobres e distantes do futebol. Mais uma vez, a memória é curta e parece que não aprendemos nada com os erros do passado."

Benfiquismo (CMII)

82-83

Jogo Limpo... Seara & Guerra

Só pode ser um bom augúrio

"Destaques ou críticas individuais são nesta fase da pré-época ao mesmo tempo inevitáveis e potencialmente injustas

Aumentou a exigência e o Benfica cumpriu com razoável qualidade. Não por vencer mais dois jogos, mas por mostrar uma linha de contínua melhoria.
Contra o Sevilha, o Benfica fez um jogo interessante, e contra o Dortmund, num jogo de maior dificuldade, frente a um adversário de alta voltagem, conseguiu um jogo ainda mais conseguido. Este ICC é torneio com qualidade impressionante, são as melhores equipas do mundo e os jogos mais interessantes de pré-época.
O Dortmund, que tinha vencido e convencido (M. City e Liverpool) todos os jogos desta época, teve no Benfica um adversário capaz de lhe criar problemas. Há seguramente detalhes (dois são evidentes) que urge melhorar neste Benfica, mas ter esta qualidade e apresentar este nível competitivo em fase ainda embrionária da época só pode ser um bom augúrio.
Destaques ou críticos individuais são nesta fase da pré-época ao mesmo tempo inevitáveis e potencialmente injustas. Há realidades diferentes, tempos de treino diferentes, origens diferentes, adaptações diferentes e por isso estamos com análises sempre mais perto do erro do que do acerto.
No entanto, é óbvio que ver Jonas tão longe da disponibilidade física que nos habituou é motivo de estranheza. Mas tudo isto é irrelevante, se chegarmos a dia 7, contra os turcos, em bom nível. O sorteio não podia ter sido pior, porque os condicionalismos para o play-off - impossibilidade equipas russas jogarem contra ucranianas, inviabiliza um Kiev - Sparak Moscovo. Por esta razão, em caso de ultrapassar o Fenerbahçe, já sabemos que não temos sorteio, temos quase nomeação de adversário. Uma vergonha para a UEFA. O Benfica tem o melhor ranking de todos os que disputam este fase de eliminatórias e acaba prejudicado por isso. Há uma solução, grandes jogos, grandes exibições, e grandes vitórias do Benfica.
Por falar em vitórias, no atletismo obtivemos o título de campeão nacional pela oitava vez consecutiva. Para quem quer saber o que é dominar uma modalidade, é belo exemplo, merecedor de elogios.
Os sub-19 alcançaram a final do Europeu com brilho, em jogo cheio de destaques individuais, mas que deixam fundadas esperanças de vitória em final latina."

Sílvio Cervan, in A Bola

2.º dia em Newark...

Modelo colaborativo

"Ultimamente tenho trabalhado na concepção de um modelo colaborativo que permitirá a empresas do mesmo sector, logo algumas delas concorrentes, a mitigação de riscos e a consequente potencial diminuição de custos. Sempre que estou envolvido num projecto deste género, penso frustrado no nosso futebol, em que subsiste uma quase total ausência de visão global do negócio, apesar de algumas iniciativas pontuais, embora geralmente enviesadas e assimétricas quanto aos objectivos. a que se propõem as partes.
Foi o caso, por exemplo, da submissão do brunismo, que assolou o Sporting nos últimos anos, à vilipendiação costumeira, por parte da liderança portista da ética desportiva e da sã rivalidade. Se do 'Papa' e seus acólitos já tudo se espera - a este propósito recordo-me sempre daquela ideia de José Cardoso Pires sobre algumas pessoas só serem tão religiosas para que possam pecar - do Sporting nunca se sabe o que esperar.
O Sporting é, por oposição ao seu autoproclamado rival, um projecto de clube falhado por se deixar enredar na sua ambição irrealista (superiorizar-se ao Benfica). É, por conseguinte, propício a que o brunismo e outros ismos prevaleçam frequentemente sobre o que seria consentâneo com a sua grandeza e o seu historial indiscutivelmente assinaláveis. E, assim, o brunismo, enquanto projecto individual de poder e instrumento de validação de um complexo messiânico, dispôs-se a tudo, incluindo a submissão ao FC Porto, para tentar relegar o Benfica para uma posição inferior à sportinguista.
Não é notável, mas há que reconhecer que, neste domínio, houve a partilha de um objectivo comum e uma estratégia concertada de concorrentes (?) no futebol português."

João Tomaz, in O Benfica

sexta-feira, 27 de julho de 2018

O dilema de Jonas

"Nem parecia Verão. É verdade que o tempo até estava a aquecer, e as camisolas da selecção pelas ruas já assinalavam a presença massiva de emigrantes em férias... todavia faltava algo: notícias a darem conta de propostas milionárias pelo Jonas. Devo dizer que ainda não fiz praia este ano pelo medo de chegar perto da costa e aperceber-me repentinamente que estamos no outono. Agora que o Jonas 'está perto de sair' já posso, finalmente, preparar a toalha e o bronzeador convicto de que este sol é mesmo veranil. Os dados são os de sempre. Sabemos que existe o interesse de clubes milionários, oriundos da China e da Arábia Saudita, dispostos a avançar com uma proposta milionária, a oferecer um contrato milionário, o que permitiria ao Jonas, imagine-se, ficar milionário. Qual será a melhor solução para todas as partes? Para os clubes interessados, a resposta é óbvia: contratar o Jonas. Do ponto de vista do Benfica, a decisão está longe de ser simples.
Recordo-me de Bruno de Carvalho revelar que tinha recebido uma proposta de 80 milhões de euros, pagos é pronto, por um jogador que os jornais afirmavam ser Slimani. Tenho por princípio acreditar em tudo aquilo que Bruno de Carvalho diz e, portanto, se havia um clube na China decidido a dar 80 milhões de euros pelo Slimani, suponho que as propostas chinesas pelo Jonas, mais euro, menos euro, devem rondar os 800 milhões. De facto, este parece-me ser o valor justo a pagar por um craque da classe do Jonas.
Se o salário for proporcional, imagino o turbilhão de incertezas que vai na cabeça do Pistolas. Ganhar mais do que Ronaldo, Messi, Neymar e Bruno Fernandes juntos, ou vestir o manto sagrado?
Caramba, até eu ficava na dúvida."

Pedro Soares, in O Benfica

Adversário perigoso

"Não pode dizer-se que o Fenerbahçe tenha deixado más recordações aos benfiquistas. Duas eliminatórias disputadas, e duas passagens - a primeira em 1975-76, com uma expressiva goleada na Luz (7-0) seguida de derrota tangencial na Turquia (0-1), e a segunda, bem mais recente, que valeu a chegada à final da Liga Europa de 2013, repetindo-o então o desaire mínimo em Istambul (0-1), com posterior reviravolta em Lisboa (3-1), em jogo ainda bem vivo na nossa memória. A estatística vale o que vale, e o passado é para a história. Por isso, o resultado do sorteio de segunda-feira que voltou a colocar-nos frente a frente com o emblema turco não permite qualquer tipo de triunfalismo. Pelo contrário, trata-se de um adversário difícil, que obriga a uma viagem longa, e cujo estádio apresenta um ambiente extremamente adverso. É lá que se vai disputar a segunda mão, pois também nesse alinhamento a sorte não esteve connosco.
Do lote de adversários possíveis, creio que poderíamos ter sido bastante mais felizes. Quer Standard de Liège, que, sobretudo, Sparta de Praga eram conjuntos bem mais apetecíveis para esta fase preliminar de acesso. Enfim, agora não adianta chorar. Há que enfrentar aquilo que temos por diante, com confiança e com optimismo, sabendo, porém, que só um Benfica já com andamento forte poderá bater estes turcos.

PS: Parabéns ao nosso atletismo, que conquistou o oitavo título nacional consecutivo; e parabéns igualmente aos juniores do hóquei, que juntaram o seu título aos de futebol, futsal, andebol, atletismo e voleibol em idêntica categoria, mostrando que o futuro é nosso."

Luís Fialho, in O Benfica