Últimas indefectivações

domingo, 22 de setembro de 2019

Lage prefere rever. Faz bem...

"O futebol tem destas coisas e foi Seferovic, que tem vivido semanas complicadas - porque não tem marcado, porque mandou calar os adeptos na terça-feira, porque ontem o jogo nem lhe estava a correr bem e já devia estar, outra vez, com as orelhas a arder -, a dar ao Benfica uma vitória suadíssima e Moreira de Cónegos quando, se calhar, já poucos nela acreditariam. Justa? Isso são contas de outro rosário, até porque há os que defendem que há, sempre, justiça no triunfo, encontrando argumentos que sustentem essa máxima. A águia de ontem bastará, por exemplo, puxar da forma como a equipa, a perder aos 85 minutos, se bateu até ao fim, sem inspiração mas com muita raça (e muito Rafa, já agora...), para dizer que sim, os três pontos acabam por ser merecidos. Discutível, sim, mas convenhamos que para a história fica, apenas, o resultado. É o que é.
Não deve, ainda assim, Bruno Lage deixar-se enganar por esta vitória. Aos benfiquistas admite-se a euforia, mas não ao treinador, nem ao Benfica nem de qualquer outra equipa. Disse o técnico encarnado, no fim, que não ia comentar a exibição sem, antes, revê-la. É bom que o faça, com a atenção que se dedica às coisas quando para elas olhamos de forma mais fria e menos emocional. Porque voltou a águia a demonstrar algumas - e preocupantes... - fragilidades defensivas e ainda mais gritantes problemas ofensivos. Não é, percebeu-se em Moreira de Cónegos, uma questão de jogar gente com mais ou menos experiência. A questão é mais profunda. E merece reflexão de Bruno Lage. Porque nem sempre do céu cai um triunfo como o de ontem."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Novidades do Direito do Desporto - A Lei dos Treinadores

"A Lei n.º 40/2012, de 28 de Agosto, que estabelece o regime de acesso e exercício da actividade de treinador de desporto. Destacamos as seguintes alterações: a alteração introduzida ao artigo 6.º da lei alarga os requisitos que permitem obter o título profissional de treinador obter o título profissional de treinador sendo reconhecidos cursos superiores que dão acesso à carreira.
O artigo 10.º, n.º 4 vem introduzir a possibilidade de serem emitidos títulos condicionais em determinadas situações, designadamente, aos treinadores de novas modalidades desportivas que ainda não estejam integradas no sistema de formação de treinadores e que realizem a formação complementar e após a conclusão da formação curricular, previamente à realização do estágio, quando, comprovadamente, não existam treinadores com título profissional em número suficiente para o exercício da actividade, em determinada região. Em ambos os casos, este regime é aplicável apenas ao grau I e por um período máximo de três anos.
Os artigos 11,º, 12.º, 13.º e 14.º visam estabelecer as competências dos treinadores dos graus I, II, III e IV.
O artigo 10.º - A foi aditado à Lei e estabelece os requisitos de acesso aos graus profissionais de treinador, entre eles, a idade mínima, a escolaridade mínima obrigatória, o período mínimo de exercício efectivo da actividade e a posse do título profissional respectivo. Também o artigo 10.º - B foi aditado, estipulando um regime especial de acesso aos praticantes de elevado nível. O novo artigo 10.º - C promove o apoio às carreiras duais.
As alterações entram em vigor em Março de 2020, 180 dias após a entrada em rigor da Lei."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Olheiro BnR – Morato

"No dia 30 de Junho de 2001 (sim, caro leitor, já no século XXI), nascia Felipe Rodrigues da Silva, conhecido no mundo do futebol como Morato. Desde cedo ingressou na prática futebolística ao serviço da Portuguesa, clube de São Paulo, cidade da qual o jogador é natural.
Ainda ao serviço dos iniciados da Portuguesa, era possível detectar qualidades diferenciadas no jogador, qualidades essas que convenceram o São Paulo a recrutar o jovem de apenas 15 anos para os seus escalões de formação.
Já ao serviço do “tricolor paulista”, o jogador começou a destacar-se rapidamente, mas seria na Copa de São Paulo de Futebol Júnior, já em 2019, que o jogador captou a atenção do futebol europeu. Um dos melhores jogadores do torneio, Morato ajudou a sua equipa a chegar ao título, tendo mesmo convertido um dos pontapés de grande penalidade na final, frente ao Vasco da Gama.
A “Copinha” (termo pelo qual este torneio é conhecido no país do samba) tem um longo historial de jogadores revelados: Neymar, Casemiro, Marquinhos, Kaká, Lucas Moura etc. Todos estes jogadores brilharam na “Copinha”, subiram à equipa sénior no ano seguinte e viriam mais tarde a transportar a sua qualidade para os estádios europeus.
No entanto, as boas exibições e o enorme potencial que o jogador demonstra ter, levaram o Benfica a pagar cerca de 6 milhões por 85% do passe do central Brasileiro.
Morato chega à luz sem nunca ter efectuado sequer um minuto no futebol sénior. Contudo, o jogador compensa a falta de experiência com o alargado leque de qualidades do qual dispõe.
Começando logo pela sua morfologia, Morato é um jogador de estatura elevada (1,90m), mas demonstra ser anormalmente ágil para a sua estrutura física. Muito agressivo nas bolas divididas, ganhando a maior parte dos duelos defensivos. A capacidade de antecipação é uma das suas melhores “armas” e esta característica já foi observável no jogo da Youth League frente ao RB Leipzig, onde o jogador esteve muito bem na leitura do jogo.
Já com a bola nos pés, o jovem de 18 anos é igualmente competente e tem muita margem para evoluir. Sem medo de dominar o esférico, Morato é muito forte na tomada de decisão sendo capaz de diferenciar os momentos ofensivos ao longo do jogo e optar por bolas curtas ou mais longas conforme o exigido pelo posicionamento dos colegas, aliando assim a boa decisão à execução positiva. É sem dúvida uma mais-valia na primeira fase de construção.
O ex-tricolor usa preferencialmente (e com qualidade) o pé esquerdo, algo não muito comum num central, mas tem igualmente um bom pé direito. Na equipa de juniores dos paulistas ambos os centrais eram canhotos, mas Morato ocupava o lado direito do setor central da defesa, fruto do bom uso que dá ao seu pé direito. Podemos até considerar Morato um atleta relativamente ambidestro.
O jovem apontou Sérgio Ramos como o seu ídolo na posição. É possível detectar alguma influência do jogador do Real Madrid no jogo do jovem brasileiro, havendo já algumas semelhanças (à escala, obviamente) entre os dois atletas. A capacidade de sair a jogar ou a aptidão para marcar grandes penalidades são as semelhanças mais evidentes.
O grande obstáculo que o jogador terá de ultrapassar será a adaptação ao jogo europeu e sobretudo à sua vertente táctica. Recentemente Renato Paiva, treinador da equipa B dos encarnados, afirmou que Morato ainda tem que compreender melhor a realidade defensiva e táctica do Benfica.
Noções como o controlo da profundidade, o posicionamento defensivo, o controlo do espaço ou a situação dos apoios, são questões que não estão muito presentes no jogo do atleta, terão pois que ser absorvidas.
A contratação de Morato segue um padrão de contratações que o Benfica tem seguido nos últimos defesos. Os responsáveis encarnados identificam a posição de defesa central como uma das mais deficitárias na academia do seixal. De forma a tentar resolver esta lacuna o Benfica tem apostado na contratação de jovens centrais com potencial. Lystov, Kalaica, Bajrami e agora Morato são exemplos dessa política.
Morato chega ao Benfica como um autêntico diamante em bruto, o seu potencial está à vista de todos, mas a inexperiência do central pode levantar algumas questões sobre o seu valor a curto prazo. No entanto, o central conseguiu já, de forma bastante célere, convencer Bruno Lage e poderá mesmo integrar desde já os trabalhos da equipa principal. A sua ética de trabalho tem impressionado a estrutura dos encarnados e a sua primeira exibição de águia ao peito deixou indicações muito positivas sobre o futuro do brasileiro.
Teremos agora que acompanhar a evolução de Morato na equipa B, de Renato Paiva. Não ficaria surpreso com a sua inclusão, a médio prazo, no plantel principal, ultrapassando mesmo Conti e Pedro Álvaro. Tem potencial para tal."

A amplitude de funções numa SAD

"1 - Qualquer pessoa pode exercer funções de administrador ou gerente de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD) ?
A resposta é negativa. De acordo com o preceituado no artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 10/2013, que estabelece o Regime Jurídico das Sociedades Desportivas a que ficam sujeitos os clubes desportivos que pretendem participar em competições desportivas profissionais, os i) titulares de órgãos sociais de federações ou associações desportivas de clubes da mesma modalidade; ii) os praticantes profissionais, os treinadores e árbitros, em exercício, da respectiva modalidade, e iii) quem possua ligação a empresas ou organizações que promovam, negoceiem, organizem, conduzam eventos ou transações relacionadas com apostas desportivas não podem ser administradores ou gerentes de Sociedades Desportivas.

2 - Este apertado regime de incompatibilidades abrange aqueles que exercem funções de administração noutra SAD?
Da interpretação da norma é possível concluir que a mesma não abrange o leque daqueles que exercem funções de administração em SAD diversa. Contudo, por identidade de razão, se existe incompatibilidade quanto aos titulares de órgãos sociais em associações desportivas de clubes da mesma modalidade, o mesmo se verifica quando essa titularidade tenha aplicabilidade em SAD dessa modalidade. Por isso, tem cabimento o recurso à interpretação extensiva do disposto no artigo 16.º, n.º 1, do aludido diploma legal, na medida em que resulta a letra da lei menos do que o seu espírito pretende transmitir. Solução idêntica decorre das regras gerais de direito societário aplicáveis às SADs, à luz do preceituado no artigo 398.º do Código das Sociedades Comerciais, embora se impõe sublinhar que no que concerne às SADs não é admissível que a AG autorize o exercício de funções de administrador em sociedade concorrente."

Paulo Fonseca e Maurizio Sarri transformam a liga italiana

"Qual catenaccio, qual Serie A defensiva, qual 1-0! Essa descrição do campeonato italiano pertence totalmente ao passado e só os mais desatentos ainda não notaram que, esta época, a Serie A promete ser diferente. Promete mais golos e mais emoções e promete desprender-se do seu passado.
Na guerra entre o jogo bonito e o resultado, por enquanto leva vantagem o jogo ofensivo de Sarri, de Fonseca, de Ancelotti e, em parte, até de Conte, que, de todos eles, é o maior apologista do resultado. A revolução da Serie A começou com o afastamento de Massimiliano Allegri, o expoente máximo do resultado e do pragmatismo, que levou a Juventus a cinco vitórias consecutivas no campeonato.
Não é justo criticar Allegri, mas simplesmente tinha chegado o momento de virar a página e transformar o campeonato italiano em algo mais apelativo para os adeptos, num momento histórico em que o futebol é cada vez mais um espectáculo de entretenimento. Se a Premier League está no topo das preferências, por algum motivo é. A Serie A não vai ser a Premier e nem deve perder a sua identidade táctica, mas pelo menos os treinadores começam a perceber a importância de vencer através de uma ideia de jogo. A mentalidade importada por Sarri e por Fonseca.
O arranque desta época foi avassalador no quesito de golos, e a diferença em relação à anterior é enorme. A Roma de Paulo Fonseca já foi apelidada de verdadeiro "parque de diversões" do meio-campo para a frente. Depois de um arranque difícil, os jogos contra o Sassuolo e contra o Basaksehir tiveram oito golos dos romanos.
Ancelotti também meteu a quinta velocidade e o Nápoles não consegue parar de marcar: quatro golos à Fiorentina, três à Juventus, dois à Sampdória e dois ao Liverpool. A equipa de Carleto já soma 11 golos em quatro jogos. A Juventus de Sarri ainda não engrenou no campeonato, mas no jogo em Madrid, para a Champions, ficou evidente que já tem a mão de Sarri.
A média de golos não tem nada a ver com a época passada, o Nápoles lidera com três golos por jogo, enquanto na época anterior tinha apenas 1,9; a Roma aparece logo atrás, com uma média de 2,67 golos, quase o dobro dos 1,7 da época passada. Atalanta, Inter e Sassuolo somam todos uma média superior a dois golos por jogo e pouco importa se, este ano, as equipas também são propensas a sofrerem mais, porque a Serie A está melhor assim.
Não tenham dúvidas de que as trocas de treinadores funcionaram e de que, finalmente, em Itália já perceberam que o futebol é um espectáculo onde não conta só o resultado."

O hipercapitalismo da pós-modernidade

"Ernst Bloch (1885-1977), que deixou rastro perdurável na História da Filosofia, inicia deste modo a sua obra O Princípio-Esperança: “Quem somos nós? Donde viemos? Para onde vamos? Que esperamos? O que nos espera?”. Sem qualquer reparo, posso escrever, no entanto, que tudo se encontra em perene movimento, que tudo é tempo, que tudo é história. Para o Miguel Real, grande pensador, onde perpassam as linhas mestras da cultura portuguesa, “a cultura (…) é o quadro (o modo, a forma) por que o Homo sapiens sapiens tanto se eleva acima do homo habilis e do homo faber e resiste e luta contra a sua ancestral condição de animal. Imagética mas sugestivamente, um peixe fora do aquário que, no entanto, ainda que estrebuche, nunca morre. O estrebuchar é condição de criação de cultura” (Nova Teoria do Pecado, D. Quixote, Lisboa, 2017, p. 144). O futuro é sempre um desafio e, diante deste desafio, ou quedamo-nos na expectativa do que poderá suceder, ou visionamos soluções, para transformar o presente. E, pela “práxis” transformadora, que pode revestir a forma do eclodir de uma guerra civil, ou o preconizar nalgumas “consciências vigilantes”, apoiadas num vasto saber teórico, de uma nova era de normalidade social e jurídica - pela “práxis” transformadora, o ser humano procura dar sentido ao “processo histórico”, faz cultura, é cultura. De facto, a cultura é o trabalho, especificamente humano, de um ser que transforma e, ao transformar, se transforma. No hipercapitalismo da pós-modernidade, um novo evangelho se anuncia: “Procurai, em primeiro lugar, o lucro e tudo mais vos será dado por acréscimo”. A Amazónia, o “pulmão do mundo”, é consumida por incêndios devastadores? Mas, no reino das cifras económicas, não circulam outros valores, para além dos números, para além do lucro. Destruir árvores para, no seu lugar, construir hotéis e mansões de luxo: mais importante que o qualitativo da saúde das populações e do próprio planeta é, para o hipercapitalismo, o quantitativo do dinheiro, de mais dinheiro, de muito dinheiro.
Lembro-me agora de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry: “Os adultos adoram números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, eles nunca se informam do essencial. Não se mostram capazes de perguntar: Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos de que mais gosta? Será que ele coleciona borboletas?... Mas perguntam, com toda a certeza: Que idade tem? E quantos irmãos? E quanto pesa? E quanto ganha o pai? Só assim eles pensam conhecê-lo. Se dizemos aos adultos: Vi uma casa muito bonita, cor-de-rosa, gerânios nas janelas, com pombas nos telhados, olham, para nós, com desinteresse, sem entusiasmo. Mas se lhes dissermos: Vi uma casa de cinco milhões, logo exclamam: Que bela casa!”. De facto, a quantidade permite um mais fácil conhecimento do que a qualidade e pode manipular-se e vender-se, principalmente pela fina flor da burguesia. No reino do lucro, é a quantidade o que mais conta. Há pouco, li no Ensino Magazine, dirigido pela competência e pelo trabalho incansável dos Doutores João Ruivo e João Carrega e por isso um mensário de indiscutíveis méritos, no âmbito da Educação e do Ensino – li, há pouco, no Ensino Magazine (Setembro de 2019), uma entrevista do Prof. Filipe Duarte Santos, o mais prestigiado especialista português em alterações climáticas, que afirma, inflexível e exato: “só uma transição para as energias renováveis, poderá travar o agravamento dos efeitos das alterações climáticas, a nível global”. Os maiores emissores de gases, com efeito de estufa, são a China, seguida pelos Estados Unidos e a Índia. Acontece que os Estados Unidos do Sr. Trump, um reacionário de argumentação desconcertante, rasgaram o “acordo de Paris”. E a quantidade (de dinheiro) ganha, uma vez mais, à qualidade (de vida). Volto à palavra sapiente de Felipe Duarte Santos: “A indústria dos combustíveis fosséis (em particular a do petróleo, mas também a do carvão e do gás natural) é a mais poderosa do mundo”. A mais poderosa e a mais lucrativa. E, porque a mais lucrativa, a própria vida parece valer pouco diante dela…
“Como pensar a cultura, na época do hipercapitalismo cultural? (…) O que caracteriza de imediato este universo é a hipertrofia da oferta mercantil, a superabundância de informação e de imagens, a pletora de marcas, a imensa variedade de produtos alimentares, de restaurantes, de festivais e de músicas, os quais se podem encontrar agora em todo o mundo, em cidades que oferecem as mesmas vitrinas comerciais”. No entanto, “quanto mais os princípios do liberalismo moderno (o indivíduo e o mercado) governam o mundo democrático, mais nos encontramos desamparados com a sua aplicação. Nunca tivemos acesso a tanta informação, nunca o saber pormenorizado sobre o estado do mundo foi tão grande, mas nunca o sentimento de compreensão do mundo, no seu conjunto, pareceu tão frágil e confuso. Eis-nos condenados a uma desorientação inédita, excepcional, mas planetária: esta é uma das grandes características vividas da cultura-mundo” (Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, A Cultura-Mundo, edições 70, Lisboa, 2010, pp. 20 ss.). Assim, a verdadeira luta, em que os mais jovens deverão empenhar-se, será mais cultural do que política? Às interrogações de Ernst Bloch, com que iniciei a minha prosa, sabemos responder, sem uma expressão de ansiedade, com o mínimo de segurança? Corroboramos as opiniões dos que não desejam nem o comunismo ditatorial, nem a insegurança e desorientação do hipercapitalismo? Já disse e escrevi repetidas vezes que “o desporto é o fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo”. Mas o que é o desporto: é a atmosfera tensa dos jogos de altíssimo rendimento? É a Liga dos Campeões? São os que inscrevem os seus nomes, no livro dos recordes, como a norte-americana Sarah Thomas, que completou, quatro vezes sem parar, a travessia do Canal da Mancha? É só isto e nada mais? Afinal, o que é o desporto? É (aí vai uma definição, ao lado doutras, incluindo as de minha autoria) um jogo de regras fixas, em que, em competição e pela transcendência, pretendo alcançar a realização plena de mim mesmo. 
Como todos sabemos, os animais fazem e são o que o passado das suas espécies programou para que fizessem e fossem. Não lhes é permitido criar novas maneiras de ser. As virtualidades do seu futuro nascem na sua história pregressa. Como escreveu Santiago Ramón y Cajal: “no ser humano, o talento é a facilidade e o génio a novidade”. Por isso, o desporto não se confunde com uma actividade meramente física: tudo nele é uma recusa da pura animalidade. A verdade desportiva não reside nos números dos desempenhos espantosos, mas na racionalidade, na vontade e ascese que a informam. E, acrescentemos sem receio, actualmente, no hipercapitalismo que a condiciona. Era criança (ou seja, nas décadas de 30 e 40) e, no futebol e no basquetebol e no andebol de 11 e no râguebi, que contemplava no Estádio das Salésias, um semiamadorismo imperava no futebol e um amadorismo integral dominava as restantes modalidades desportivas. O desenvolvimento surpreendente da dimensão económica da alta competição desportiva, mormente do futebol; métodos sofisticados no treino desportivo; um profissionalismo juridicamente fundamentado; numa palavra só: um hipercapitalismo, motor da mundialização financeira e promotor de uma hipertecnologia, de um hiperindividualismo e de um hiperconsumo, de uma hiperpublicidade mediática, de uma hipercompetição universais não se conheciam, não poderiam conhecer-se. Só que o hipercapitalismo, através do seu hiperindividualismo, da sua hipercompetição, gerou um aumento exponencial das riquezas e um lamentável aumento da pobreza. Metade da população mundial sobrevive, com menos de dois euros diários. O próprio Estado pouco é, diante do poder indiscutível do mercado e do lucro. Ora, porque o espírito da alta competição desportiva se converteu ao espírito do hipercapitalismo, o futebol que nos conformiza e cloroformiza é um dos aspectos do hipercapitalismo da pós-modernidade.
Embora o progresso nalguns países (precisamente os mais desenvolvidos), com o dealbar do século XXI, neles despontaram patologias, mais de origem neuronal do que de origem bacteriana ou viral. “Determinadas doenças neuronais, tais como a depressão, o transtorno por défice de atenção e hiperatividade (TDAH) ou certas perturbações da personalidade (…) descrevem o panorama patológico do início do século XXI. Não estamos já perante infecções, mas principalmente diante de enfartes” (Byung-Chul Han, A Sociedade do Cansaço, Relógio D’Água Editores, Lisboa 2014, p. 9). O hipercapitalismo caminha, em marcha acelerada, para um desenfreado hiperindividualismo e com a ideia, mesmo para alguns pensadores, verdadeiros protótipos de academismo e de afectação, que não há alternativa a este modelo de sociedade. S. Francisco de Assis (por quem o Papa Francisco mostra particular devoção) filho de família abastada, despojou-se da riqueza que lhe cabia por herança e, pobre entre os pobres, assim o dizia: encontrou a felicidade. Mas sem deixar de praticar o primeiro dos imperativos categóricos: “Ama os outros (as outras criaturas de Deus), como a ti mesmo”. As outras criaturas de Deus, ou seja, desde as árvores da grande floresta tropical da Amazónia (que Jair Bolsonaro parece olhar com um olhar lateral e indiferente) até ao mais pequenino dos insectos e à mais escondida das aves; desde as águas dos oceanos e os peixes que os povoam até aos animais que os rodeiam; desde o homem todo a todos os homens. E, pelo amor a todos e cada um dos seres humanos, fazendo da ciência mais do que ciência e da tecnologia mais do que tecnologia e da economia mais do que economia e do desporto mais do que desporto… porque em tudo está a absoluta alteridade de Deus! De facto, o desporto pode ser mais do que desporto!"

Cadomblé do Vata

"1. Antes de mais, uma palavra de apreço para todos os que estiveram 42 minutos a preparar post sobre uma derrota do SL Benfica em Moreira de Cónegos... se acham que o vosso trabalho foi totalmente inútil, lembrem-se: o Raul de Tomas jogou 8 vezes pelo Benfica.
2. Confirma-se que os alertas ambientais estão porque realmente o clima está todo marado... do céu cai chuva, granizo, neve e dois golos nos últimos 5 minutos.
3. Típico jogo em que se aplica a máxima "se fosse fácil não era para nós"... que é a mesma coisa que o cardiologista me vai dizer na sala de recobro horas depois de me ter aberto o peito.
4. Jogo complicadíssimo por mérito do treinador do Moreirense, que fica isento de culpas na derrota... até porque o empate surge de um cruzamento do Rúben para a cabeça do Rafa e como é óbvio, nenhuma equipa no Mundo se prepara para defender uma improbabilidade destas.
5. Apesar do Moreirense equipar de verde e o Benfica de vermelho, ontem defrontamos os Cónegos com o Manto cinzento... já alguém fez o teste do daltonismo ao roupeiro?"

Happy End...

A ferros – Curtas

"- Jogo pouco conseguido e vitória com mais “estrela” que saber – Um banco muito jovem e com pouca rodagem de Liga – David Tavares, Tomás Tavares, Jota, Gedson, Zlobin e Caio Lucas, entre Jardel foi uma novidade – Preocupante?;
- Jogo inacreditavelmente mau de Pizzi – O habitual quando o espaço escasseia – Multiplicam-se as perdas, erros técnicos e incapacidade de criar por pouco que seja;
- RDT e Seferovic novamente a um nível mediano – Desta feita melhor um pouco o Suíço – Apenas porque em duas acções diferentes (passe que isola Pizzi e golo) acrescentou de forma importante – Demasiados erros em todo o restante jogo – Por parte de ambos!;
- Rafa Silva, uma vez mais o jogador mais perigoso – Os seus ataques rápidos foram o que de mais prometedor construíu o Benfica, mas falhou no timing para soltar a bola;
- Benfica foi incapaz de criar de forma sistemática, e foi feliz em dois golos de lances aéreos – Pormenor onde não tem muitos argumentos! E com adversários a fecharem cada vez melhor os espaços de entrada interiores, pode tornar-se uma complicação! E agora imagine se falta Taarabt…; 
- Com as lesões de Chiquinho, Gabriel, Florentino, e até de um potencialmente pouquíssimo utilizado Vinícius, o plantel parece completamente espremido e as dificuldades começam a fazer-se notar de jogo para jogo – A série de jogos teoricamente mais fáceis na Liga chega em boa hora."

Moreirense FC 1-2 SL Benfica: Reviravolta em jogo pouco encarnado

"Este sábado o Sport Lisboa e Benfica deslocou-se a Moreira de Cónegos para retomar o rumo das vitórias após o desaire Europeu contra os alemães do RB Leipzig. Já o Moreirense Futebol Clube procurava reagir à derrota nos Açores e manter o seu registo de zero golos sofridos no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas.
Vítor Campelos apostou num 4-3-3 puro com três médios a preencher o espaço central do terreno, um ponta de lança a aparecer mais junto aos centrais adversários e dois extremos bem abertos na linha.
Já Bruno Lage voltou à sua equipa habitual, retomando André Almeida na lateral direita e o quarteto ofensivo constituído por Pizzi, Rafa, Raúl de Tomás e Seferovic.
Eram 20h30 quando Artur Soares Dias apitou para o começo do jogo e cinco minutos depois já Vítor Campelos tinha o primeiro contratempo: lesão de Djavan que o obrigou a lançar o destro D’Alberto na lateral esquerda.
O arranque do jogo ficou marcado por uma grande luta pela posse de bola. Tanto o Moreirense FC como o SL Benfica tentaram ganhar ascendente na partida mas sem muita clarividência. Foi necessário esperar 20 minutos para ver os jogadores encarnados conseguirem controlar a bola junto ao relvado e progredirem em apoios até à área adversária. Até então foi uma sequência insípida de passes longos para os avançados. Assim que os visitantes conseguiram colocar a bola junto ao relvado surgiram as oportunidades de golo e esse foi o período de melhor qualidade do SL Benfica. Não só a equipa tratou melhor a bola como mostrou maior capacidade de pressionar a defensiva adversária recuperando. Infelizmente só durou 10/15 minutos.
Contudo, rapidamente os cónegos conseguiram fechar os espaços defensivos, preencher o meio-campo, ganhar as bolas divididas e lançar ataques rápidos pelas alas – principalmente pela ala direita explorando o constante desposicionamento defensivo de Grimaldo.
O jogo foi para o intervalo sem muita história. O Moreirense FC não mostrava grande capacidade de chegar à baliza de Vlachodimos e o SL Benfica não mostrava inspiração criativa para causar desconfortos na equipa da casa.
A segunda parte arrancou praticamente com o golo do Moreirense Futebol Clube. Numa jogada de insistência a bola acabou cruzada na esquerda por D’Alberto chegando ao isolado Luther Singh que não desperdiçou e fez o 1-0.
Com praticamente 45 minutos por disputar esperava-se uma reacção por parte do Sport Lisboa e Benfica mas tal não aconteceu.
A equipa de Bruno Lage continuou com grandes dificuldades em ter bola, em construir jogo e em chegar com perigo à baliza de Pasinato.
Com o avançar do relógio do jogo os treinadores foram mexendo no jogo com as suas substituições. Vítor Campelos refrescou as peças do ataque de forma a evitar um ascendente no relvado por parte do adversário. Já Bruno Lage tentou ganhar mais presença na zona de construção central ao colocar o Gedson no lugar do Fejsa – resultou mas sem grande impacto. Tentou meter mais velocidade nas alas com a entrada do Caio mas foi um total desastre.
A verdade é que até ao minuto 85′ o Sport Lisboa e Benfica não mostrou qualquer capacidade de criar oportunidades para sequer empatar o jogo. Contudo, aos 85 minutos um cruzamento do André Almeida acabou por chegar ao Rafa que isolado e de cabeça não desperdiçou a oportunidade para empatar. Os jogadores do Moreirense FC não conseguiram reagir a este “balde de água fria” e com o reforço ofensivo encarnado com Jota, acabou por surgir outro cruzamento que desta vez encostou Seferovic que finalizou de forma exemplar.
E assim o Sport Lisboa e Benfica conquistou mais três pontos no campeonato. O resultado não se pode considerar justo. Os encarnados não jogaram para vencer e os cónegos jogaram mais que o suficiente para não perder.
Este jogo, apesar da vitória, confirma o momento menos bom que passa o jogo da equipa de Bruno Lage. Mais uma vez esta dupla de ataque mostrou-se insuficiente para as necessidades do jogo colectivo da equipa. Uma equipa talhada para jogar pelo centro do terreno não tem quem preencha esse espaço com criatividade e qualidade de passe. Toda a organização do jogo começa a recair no marroquino Taarabt. Com esta incapacidade vemos a equipa a insistir na procura da profundidade, queimando os metros do relvado com bolas pelo ar e cruzamentos sem grande sentido.
Um bom jogo do Moreirense FC. Um jogo fraco do SL Benfica. Uma vitória que deverá servir de lição para os jogos que aí vêm.

Onzes Iniciais e Substituições
Moreirense FC – M. Pasinato, J. Aurélio, S. Vitória, I. Santos, Djavan (D’Alberto 7′), F. Pacheco, F. Soares, A. Soares, Bilel, L. Singh (L. Machado 76′), Nene (F. Abreu 84′).
SL Benfica – Vlachodimos, A. Almeida (Jota 88′), R. Dias, Ferro, Grimaldo, Fejsa (Gedson 66′), Taarabt, Pizzi (Caio 78′), Rafa, Raul de Tomas e Seferovic.

A Figura
Rafa Não só marcou o golo do empate como ao longo de todo o jogo foi o única jogador capaz de ir abanando com a equipa adversária. Ganhou amarelos, livres perigosos e conseguiu ir guiando a bola para o ataque encarnado.

O Fora-de-jogo
Raúl de Tomás Não é que seja o jogador com menor rendimento mas é o espelho da incapacidade desta equipa em praticar o seu futebol nos últimos jogos. Fora-de-posição deixa a equipa carente de um jogador que possa fazer a diferença na posição 10."

Dentro de um McDonalds em chamas, RDT arremessou o extintor mais próximo contra o fogo, apagando assim zero chamas

"Vlachodimos
Muito se dirá nos próximos dias acerca deste incêndio no McDonalds de Moreira de Cónegos, mas a equipa de peritagem dificilmente imputará responsabilidades ao funcionário Vlachodimos que, ignorando o que se passava na sala ao lado, prosseguiu e disse mais uma vez: "Olá, seja bem vindo ao McDonalds, o que vai ser?" A tarefa dificilmente fará dele empregado do mês, mas também não vai levar a casa à falência.

André Almeida
Foi de auricular posto e pleno de coragem que André Almeida organizou os funcionários, mesmo sabendo que podia perder homens e muitos hambúrgueres. Está mais habituado a virar hambúrgueres grelhados na perfeição do que a salvar vidas, mas hoje fez um pouco das duas coisas.

Rúben Dias
Nada como gente comprometida para evitar tragédias. Enquanto alguns passam pela vida da restauração com a arrogância de quem se acha superior ao meu sundae com extra chocolate, o funcionário Rúben trabalha para um dia ser dono de um destes franchises. Não espantou que fosse dele a primeira resposta verdadeiramente eficaz às chamas. Os arcos dourados que esta noite permanecem acesos devem-lhe muito.

Ferro
Apesar do estoicismo com que procurou ajudar os colegas a combater o fogo, houve dois ou três momentos em que pareceu estranhamente deslumbrado com as chamas. Não é um traço de personalidade que se espere encontrar num sub-gerente.

Grimaldo
Estava balanceado noutra zona do restaurante quando se apercebeu da tragédia iminente nas suas costas. Já com o fogo na retranca, ajudou a matar o seu último fôlego com umas toalhas da promoção de verão encharcadas em água.

Fejsa
Apesar de o protocolo ordenar que crianças e idosos sejam os primeiros a abandonar um local em chamas, Ljubomir manteve-se firme no combate, tendo salvo duas tartes de maçãs e um boneco do Ronald McDonald à escala real, apesar de ninguém perceber muito bem para quê.

Taarabt
Está habituado a locais com muito mais fumo do que um restaurante em chamas, mas até ele soçobrou a determinada altura. Foi cambaleando até sair do restaurante e chegar a uma zona segura, mas ninguém percebeu porque é essa a sua forma natural de caminhar.

Rafa
Foi um dos primeiros a dar pelo cheiro a queimado. Foi preciso um cliente gritar "Fogo, Vamos Morrer, Tirem-me Daqui" para finalmente todos perceberem que o restaurante estava a arder. Rafa olhou em redor nesse momento e temeu o pior: três colegas fumavam nas traseiras, dois estavam no instagram a rirem-se de memes do Insónias, e o resto a virar hambúrgueres apaticamente enquanto o fogo se aproximava das fritadeiras. Rafa pegou num balde cheio e água e, antes de começar a apagar o fogo, encharcou os colegas, aproveitando ainda para lhes enfiar o dito balde na testa. Só assim alguns deles reagiram a tempo.

Pizzi
A sua situação é estável, mas continua com respiração assistida. O importante agora é aguardar serenamente pela sua recuperação e esperar que em breve possamos tê-lo novamente a coordenar o restaurante.

RdT
Ainda que não saiba virar hambúrgueres, fritar batatas ou servir gelados, Raúl lá chegou ao restaurante para mais um dia de trabalho. Esteve ele arduamente a servir saladas e sopas quando o alarme soou. Raúl correu na direcção do extintor mais próximo, agarrou-o de forma decidida e, para espanto de todos, arremessou-o na direcção do fogo, assim extinguindo zero chamas. Mais tarde, salvaguardadas as pessoas e uns quantos bens materiais, alguns colegas abraçaram-no, felizes por terem sobrevivido mas nem por isso menos receosos do futuro.

Seferovic
a maioria dos funcionários e clientes do restaurante fugira das chamas temendo pela sua vida quando o suíço reapareceu por entre as chamas segurando um tabuleiro com um Happy Meal e perguntou "Digam Lá Quem é o Empregado do Mês, Ca#$%&$%????"

Gedson
Primeiro dia depois das férias e encontra o restaurante de pantanas. Perante a iminente extinção do seu local de trabalho, o funcionário Gedson nem teve tempo de colocar a touca na cabeça. Foi pegar num balde e para ver se ainda se salvava qualquer coisinha.

Caio Lucas
Numa fase em que o fogo se aproximava dos McMuffins e ameaçava levar tudo e todos, Caio fez o que tinha aprendido no simulacro que uma vez realizou em Araçatuba, terra que o viu nascer. Insultou veementemente as chamas. Os mais crentes dirão que isso foi crucial para impedir o pior. 

Jota
Quem diria que o miúdo que está sempre a dizer aos colegas que nasceu para ser YouTuber e não para grelhar hambúrgueres ia salvar a máquina dos sundaes? Por este andar ainda entra nos quadros."

Moreirense FC - SL Benfica

"O Benfica voltou a entrar com o onze mais habitual. André Almeida, Rafa e Seferovic voltaram à titularidade. A equipa teve uma primeira de bom futebol. Com várias combinações a envolver Rafa, Pizzi, Taarabt e Grimaldo. Na segunda parte entrámos muito mal. Sofremos logo ao início um golo do Luther Singh. Seguiram-se vários minutos de mediocridade. Até que aos 85 minutos Rafa marca o empate e a partir a equipa ressuscitou. Vitória por 1-2. Umas notas sobre o jogo.
1. Rafa. Fartou-se de correr. As nossas melhores oportunidades vieram quase todas a partir dos seus pés. E também ajudou no outro lado do campo. Já na parte final do jogo, o Pizzi perde uma bola à frente da área do Moreirense e o Rafa mandou um sprint de 50 metros para ir buscar a bola. Pouco depois estava a marcar o 1-1. É o melhor jogador do Campeonato.
2. Haris Seferovic. Tanto ele como RDT estão visivelmente afectados psicologicamente. Hoje voltaram a estar muito apagados grande parte do jogo. A bola chega poucas vezes a eles. Quando chega, não costuma ser numa situação favorável. Mas com estes golos Seferovic vai ganhando alguma confiança. Depois deste jogo, espero que a ideia de jogar com dois pontas de lança tenha perdido força. Precisamos de jogar com um segundo avançado e apenas um ponta de lança. E esse ponta de lança chama-se Haris Seferovic.
3. Ljubomir Fejsa. Mais um jogador que não me enche as medidas. Fejsa é um recuperador de bolas nato. Mas num meio campo a dois, Fejsa limita a construção de jogo. Ele era perfeito para fazer de pivot defensivo num 4-3-3 em que construía no meio dos centrais. Neste sistema com estas ideias, não funciona.
4. Pizzi. O Pizzi é um dos nossos melhores jogadores. Fundamental em vários títulos. Mas não está a passar pela melhor fase. Está a complicar muito. Às vezes tem até falhas técnicas que não são nada normais nele. Tal como RDT precisa de um par de jogos no banco para resfriar as ideias.
5. Caio Lucas. Entrou bastante mal. É preciso maior objectividade quando se entra num jogo a perder por 1-0.
6. Jota. Assistência para o golo da vitória. Para mim é o jogador que mais merece uma oportunidade nesta altura, apesar de concordar que o jogo com o Leipzig não correu nada bem.
Desta vez foi por pouco. Os indicadores que a equipa está com problemas a nível de construção não apareceram hoje. Tem sido algo recorrente. Parece cada vez mais óbvio que há jogadores a mais em certas posições e outras posições em há poucas alternativas. O mercado já fechou. Há que trabalhar com o que há. Não podemos continuar a insistir no mesmo sistema que já deu para entender que não resulta."

Seferovic, o empregado da semana

"O Benfica não jogou bem, teve muitos problemas na transição defensiva, foi previsível a atacar e só deu a volta (1-2) ao Moreirense mesmo no fim, com dois golos em seis minutos. O segundo veio da cabeça do suíço, o patinho que volta a ser bonito sem nunca ter sido feio

Éramos adolescentes, putos de secundário, o ano letivo acabou e um de nós chumbou. Ia ficar para trás nas salas de aula e nos colegas, saiu dos eixos, a mãe quis recolocá-lo nos carris e fê-lo trabalhar, durante o verão, num McDonalds. Fomos umas quantas vezes visitá-lo à hora de almoço e não houve uma vez que se tenha queixado de deixar queimar as batatas fritas, de ouvir do ou da chefe, de cair na desgraça e perder a graça aos olhos de quem o empregava.
Nem essa reacção em cadeia seria, factualmente, possível: as fritadeiras, já nessa altura que foi há uns anos valentes, estavam pré-programadas com um tempo definido que, cumprido, parava a fritura, apitava, avisava o funcionário e lá vinha o nosso bom amigo e outros tirá-las, à mão.
Ele ou o metafórico Seferovic, alvo de uma analogia fast-food de Bruno Lage não poderiam perder a reputação de empregado do mês por causa disso.
Mas o suíço perdeu imunidade nos ouvidos, ou julgou perdê-la nos assobios que escutou, marcou contra o Leipzig, pareceu mandar calar os adeptos, fez o treinador ir buscar uma figura de estilo e vê como a argumentação sobre ele é reduzida aos golos que marca e falha.
Ele, o avançado que se dá como referência para receber, tocar e libertar Pizzi, que não marca no remate de pé esquerdo (15’), na área; que volta a ser parede para dar um passe no médio, para ele decidir de frente e dar para o lado, onde Grimaldo, que remata (24’) à figura; que vai de cabeça a uma bola cruzada para trás e consegue fazê-la rasar a barra (44’) da baliza.
As acções de Seferovic são simples, descomplicadas nos toques, têm diagonais em correrias de menor utilidade num campo mais pequeno, onde a profundidade que o faz prosperar neste Benfica é encurtada por uma linha defensiva baixa do Moreirense. O suíço é dos melhores, ou menos erráticos, numa equipa lenta se a bola não rolar até Rafa, previsível em organização atacante, dependente das tabelas com Grimaldo ou dos passes de Taarabt.
Não se vê a reacção em bloco, a cercar as opções próximas de passe no espaço onde perde a bola, muito pressionante, da época passada e da Supertaça ganha há mais de um mês. Vê-se uma equipa lenta a reagir e que se abranda, ainda mais, quando é ultrapassada nessa primeira pressão e tem de correr para trás.
Abre espaços entrelinhas e deixa quem defende em igualdade nos números contra quem ataca, que são Bilel e Luther Singh, os extremos que o Moreirense mais procura em tradições e, na segunda parte, fazem muito mais do que cruzar bolas já quase na linha de fundo. Logo após o intervalo, D’Alberto cruzou, Grimaldo só olhou para a bola e não viu Singh, nas costas, a rematar de primeira (48’) para o 1-0.
A desordem acentuou-se no Benfica, com um jogo atacante imutável, onde Fejsa não se atrevia a ser solução dentro do bloco quando Taarabt recuava para filtrar a bola; Pizzi era anulado facilmente, em mais um jogo, só com coberturas de linhas de passe; Rafa insistia nos sprints com bola; De Tomás não tinha ações com bola eficazes e Seferovic desmarcava-se, na área, para que o servissem.
Perdida a bola, situação repetida pela falta de ideias e pelo trabalho de Filipe e Alex Soares, a transição continuava a ser feita a passo, para o Benfica defender contra-ataques com apenas cinco ou seis jogadores. Nené rematou isolado, na área, teve lá outra bola para tentar fintar e rematar, Vlachodimos foi obrigado a salvar a equipa longe da baliza, a cortar um passe com os pés.
Só nos últimos 20 minutos, sem Fejsa e com Gedson, encostado aos avançados sem bola e com físico para recuperar metros após bolas perdidas, o Benfica melhorou um pouco, sendo que melhorar significa empurrar as linhas do Moreirense para a área, aumentar o número de cruzamentos, puxar Rúben Dias para intervir na bola, forçar que algo acontecesse em vez de o fabricar com ideias.
A primeira verdade hipótese de marcar veio de um cruzamento alto, de bem longe, do central, para a área, onde D’Alberto sofreu do mal de Grimaldo e deixou o pequeno Rafa cabecear o 1-1, com cinco minutos por jogar. Nesse tempo, Jota recebeu uma bola à esquerda, curvou-a para a área com força e jeito para, entre os centrais, o empregado não deixar queimar (90’+1) a única vez que o serviram como deve ser no jogo.
Cabeça, golo, 2-1.
Seferovic desatou a correr em direcção ao banco, deslizou de joelhos, gritou e berrou mais ainda ao último apito, curvado para si, não para o ar ou com um dedo à frente da boca. Ele não pareceu o empregado do mês de um restaurante. Ele foi o melhor que o Benfica teve no meio do pouco que produziu, jogou, mostrou e corrigiu em relação ao que tem sido, nas últimas semanas.
Houve é Seferovic a irromper de entre os erros defensivos, a apatia pós-bolas perdidas e a lentidão nas transições defensivas, tipo de coisas que deixariam queimar muitas batatas se tudo voltasse a ser uma analogia frita e ultra processada."

Benfica After 90 - Moreirense...

Live: Moreirense - Vinte e Um...

Benfiquismo (MCCC)

Poster...

Vermelhão: Vitória de cabeça com o coração!!!

Moreirense 1 - 2 Benfica


Reviravolta sofrida, mais com o coração de com a cabeça (apesar dos dois golos terem sido marcados com a cabeça!!!), mas no final, aquilo que conta são os 3 pontos!!! Numa fase, onde o próximo jogo para a Liga, fora da Luz, será no final de Outubro, era fundamental vencer esta noite! Por todos os motivos e mais alguns!!!

Primeiro é importante reconhecer que voltámos a fazer um jogo fraquinho! Estamos demasiado previsíveis ofensivamente, e os nossos adversários já perceberam como 'parar' os nossos dois desequilibradores:
- Taarabt, marcação 'quase' individual com muita agressividade! O facto do Adel não ser 'piscineiro' facilita o trabalho aos nossos adversários!
- Rafa, porrada! Basicamente resume-se a isto, quando o Rafa 'acelera' vale tudo para o parar... e como tem a 'segurança' que o apitador está lá para os proteger, não existe qualquer tentativa de 'travarem'!!! O facto do Rafa não estar gravemente lesionado, após o que se passou nestas 6 jornadas, é um verdadeiro milagre!!!
A entrada do Fejsa no onze, também acaba por 'empurrar' as marcações para cima do Taarabt!!! Por isso a entrada do Gedson hoje, foi positiva...
O problema 'principal' mantém-se: a dupla de ataque. Continuamos sem criar jogadas de perigo, em jogo 'jogado', com combinações entre os dois! Nem o Seferovic, nem o R.d.T. tem a 'cultura' ou a qualidade técnica, por exemplo, de 'cair' numa das Alas, e fintar, ou centrar, ou mesmo fazer um passe 'decisivo'... Isto faz com que as marcações sobre o Rafa e o Taarabt sejam mais 'apertadas' porque os nossos adversários percebem que dos nossos avançados dificilmente virá perigo! O facto do guarda-redes do Moreirense ter tido uma noite relativamente tranquila, é um sinal preocupante...
O Rafa, mesmo ao pé coxinho em parte do jogo, para mim foi o MVP... Bem o Rúben, até nas 'assistências' finais!!! O Grimaldo subiu de forma nos últimos 3 jogos! O Ody continua a mostrar bastantes melhorias nas 'saídas', principalmente no controle da profundidade!!!
O Almeidinhos está longe da melhor forma física... É estranho, mas o Pizzi na Luz, com um Benfica dominador, com bola, marca, e é quase sempre o MVP, mas em jogos mais rasgadinhos tem muitas dificuldades, a equipa melhorou com o Caio...!!!
Uma nota para o regresso do Gedson... esteve bem, e fez aquilo que até o Taarabt não faz: aparecer na área 'quase' como 2.ª avançado!!!
Quem também deve estar a 'respirar' melhor é o Jota: grande cruzamento, 'meio' golo!!! Depois das criticas do jogo com o Leipzig, fazer uma 'assistência' destas para o golo da vitória, sabe sempre bem!!!
A puta do Soares Dias, deve estar com uma azia tremenda, então dá 3 minutos de compensação, num jogo que está 1-1, quando em circunstâncias iguais, num jogo dos Corruptos, daria sempre mais de 6 minutos, e o Benfica marca o golo a vitória, mal o 4.º árbitro levanta a placa com os 3 minutos!!!
A puta até teve um jogo 'fácil', sem grandes Casos, mas mesmo assim, ainda 'tentou' encontrar alguma coisa na área do Benfica...!!!
Jogo totalmente 'controlado' a meio-campo com faltas e faltinhas absurdas, e muita impunidade disciplinar para o Moreirense...
Existe uma consequência interessante desta falta de vergonha toda: quando o Benfica ganha um jogo destes, mesmo sem deslumbrar, mas com o golo da vitória em cima do apito final, dá para festejar com uma alegria 'honesta', sem empurrões corruptos...!!!
Próxima partida, para a Taça da Liga, contra o Guimarães, uma das equipas que melhor futebol pratica no Tugão!
Com o Guimarães a jogar amanhã em Tondela, depois do jogo na Bélgica na última Quinta-feira, é provável que eles também façam uma 'revolução' no onze (apesar de no fim-de-semana seguinte, tem um jogo supostamente fácil em casa com o Paços). Mas nós, que vamos jogar com o Setúbal na Luz, logo no Sábado, vamos seguramente fazer muitas alterações, se calhar um onze totalmente diferente!!!
É um risco, pode correr mal... mas com a deslocação a São Petersburgo, a ganhar um carácter decisivo, vamos mesmo que 'poupar' jogadores na Taça da Liga!
Zlobin(Svilar); Tomás, Jardel, Ferro, Nuno; Gedson, David, Caio, Cervi; Jota, Seferovic
Este seria o meu onze, com o Gabriel na melhor das hipóteses a ter alguns minutos! O Haris como 'descansou' com o Leipzig entre os dois avançados, é o que está mais folgado...

Ouro para o João Silva !!!

Vitória na Taça do Mundo de Weihai de Triatlo, para o nosso João Silva!
É verdade que faltaram algumas das estrelas da modalidade nesta etapa do circuito Mundial, é verdade que o percurso, com subidas e descidas no ciclismo e na corrida, 'ajudou' o João, mas foi uma vitória na Taça do Mundo, algo que já não acontecia há bastante tempo...
Tudo isto nas vésperas do ano Olímpico!

Bons indicadores...

Benfica 30 - 19 Madeira SAD
(16-6)


Bom jogo, talvez o mais convincente da temporada! A equipa parece estar a melhorar, o que acaba por ser normal, tendo em contra as várias contratações... Destaco ainda a grande exibição do Capdeville na baliza, contra os seus antigos companheiros!
Sem o Belone e o Davide, chegou finalmente o Romé Hebo depois de ter estado ao serviço da sua selecção...

Morno...

Benfica 2 - 1 Académica


Jogo fraquinho, que mais uma valeu pela emoção do golo da vitória obtido nos últimos instantes da partida...
Notou-se algum desgaste nos jogadores que na Terça defrontaram o Leipzig na UEFA!

Antevisão Moreirense x SL Benfica

"⚽ Liga NOS - 6ª Jornada
📅 Sábado, 21 de Setembro de 2019
⏰ 20h:30m
🏟 Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas
📺 SportTV1
E voltamos às lides domésticas, após desaire europeu com o Leipzig.
O Benfica desloca-se hoje a Moreira de Cónegos para mais um jogo em que só os três pontos contam. Numa altura da época em que tanto se questiona e (já) se põe em causa, estamos todos na expectativa de qual será a resposta dada onde deve ser dada, em campo!
Destaques
🔴⚪ Benfica
▶ Rendimento de Taarabt, um, jogador que mostrou nos últimos jogos ser muito importante, principalmente no que diz respeito à qualidade de passe e tomada de decisão;
▶ Perceber qual será a qualidade de jogo apresentada, após jogo europeu;
▶ A importância de Pizzi, com a sua veia goleadora;
▶ O Benfica leva 11 jogos consecutivos fora a vencer, sendo que nas últimas 15 deslocações vencemos 14;
▶ Temos 0 golos sofridos até agora nas deslocações esta época.
Moreirense
▶ Como bem alertou Bruno Lage, o Moreirense ainda não sofreu qualquer golo em casa nesta edição da Liga NOS.
Onze provável do Benfica:
Homero
Grimaldo, Ferro, Rúben Dias, Tomás Tavares
Fejsa, Taarabt, Rafa, Pizzi
Seferovic e Raúl de Tomás
Histórico de Confrontos: 17/03/2019: Moreirense FC 0-4 SL Benfica
07/01/2018: Moreirense FC 0-2 SL Benfica
31/01/2017: Moreirense FC 0-1 SL Benfica
30/11/2016: Moreirense FC 1-4 SL Benfica
21/02/2015: Moreirense FC 1-3 SL Benfica
🔮 Palpite da Magda
Moreirense FC 0-4 SL Benfica
Que seja uma vitória abençoada!"

Outra forma de contar - efeito VAR, parte 2

"Com o VAR, o golo que não foi é, agora, mais do que era o mero golo anulado. O golo anulado não era importante na história de um jogo, mas o golo que não foi, tantas vezes, mais relevante do que o golo efectivo.
Aos jornalistas da área de desporto cabe hoje a estimulante obrigação de melhorar a forma como se conta um jogo de futebol. Notem como um encontro descrito numa estrutura narrativa linear, mecanizada, ordenado personagens, problemas e resoluções até aos momentos de climax que explicavam a história, perdeu interesse e valor. Temos, pelo VAR, regularmente um anticlimax qu se vai atestando como novidade: o tal não golo, que desalenta quem o festejara e alegra quem o sofrera. É um drama que se move agora muito depressa.
Convenhamos que história que se escreve de um jogo, a crónica, com efeito nunca deveria ter-se reduzido, como foi acontecendo, à acessível descrição dos acontecimentos. Era esse um procedimento necessário há meio século, mas tem-se diluído na vulgaridade informativa daquilo que toda a gente já sabe, toda a gente já viu e, ademais, até surge nas edições sob outras formas de análise, como os filmes de jogo, as descrições de golos e lances polémicos ou as avaliações individualizadas dos futebolistas que, dessa forma fácil, a crónica apenas repisa em ramerrame.
O enredo tem então de mobilizar-se, deve passar a seguir com aumentada frequência uma estrutura não-linear, desobedecendo ao tal padrão clássico de cronologias e causalidade. O bom cronista deve dedicar tanto cuidado ao que não foi como ao que foi, e centrar-se no que mais afectou a história, a gradação do jogo, seja o climax ou o tal anticlimax.
Quem diria, no jornalista, que aquilo que afinal não foi poderia um dia tornar-se tão essencial para contar?"

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola