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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Somos nós!

"O futebol, tal como o mundo, está longe de ser aquilo que queríamos. É o que é. E neste futebol, como neste mundo, há que fazer contas, pois os salários não se pagam com feijões, nem com juras de amor eterno.
Neste futebol ninguém joga pela camisola. Gente de diferentes latitudes procura que a cada passo na carreira corresponda gordura na conta bancária. Os empresários, os fundos e os passes repartidos, acrescentam vinagre a um prato já de si indigesto. E temos o mercado de transferências sobre a mesa. Temos o futebol moderno, de costas voltadas para tudo o que o popularizou. Lamento, mas não existe outro. Só há este, e, com os seus vícios e virtudes, continuamos a amá-lo. Por enquanto. O Benfica não lhe está imune. Terão sido cometidos erros nesta pré-temporada? Porventura sim, na forma de comunicar com uma massa adepta jovem, cada vez mais instruída, que exige perceber como, de que forma, e porque razão, são tomadas determinadas decisões. De resto, lutar contra a voragem dos tempos, e dos dinheiros, é como lutar contra a chuva. Lamento, mas é esta a verdade.
Quanto a jogadores, prevalece a velha máxima segundo a qual só fazem falta os que cá estão. Já vimos sair Di Maria, David Luíz, Ramires, Fábio Coentrão, Witsel, Javi Garcia e Matic, todos eles, a seu tempo, insubstituíveis. Sem eles, em Maio ganhámos tudo.
Agora sairão outros. Sem eles, teremos de voltar a ganhar. Iremos voltar a ganhar.
Insubstituíveis somos nós. E nós, sócios, jamais poderemos falhar com o apoio à equipa, ao clube, e a todos aqueles que o servem - compreendendo que é fácil criticar (a quem está de fora), sendo bem mais difícil decidir (a quem está de dentro). No dia em que o Campeonato tiver início, entraremos em campo com onze jogadores. Essa será a nossa equipa. Com ela, faremos a longa caminhada até ao 34.º título.
Depois virão outros, e mais outros, e mais outros. Mas nós…, nós estaremos sempre cá. Nós é que somos o Benfica. E o Benfica será tão forte quanto a união que demonstrarmos em seu redor."

Luís Fialho, in O Benfica

Bebé

Mais uma contratação anunciada pelo Benfica: Bebé.
É um jogador com atributos físicos acima da média: velocidade, força e técnica individual... mas, e é um grande mas, falta-lhe capacidade de decisão. Podem pensar que é só um pormenor, e que o Jesus pode solucionar o problema, mas muitas vezes a diferença entre um bom jogador, e um grande jogador, é exactamente essa capacidade: decidir bem, definir as jogadas, os passes, os remates... E se tecnicamente, tacticamente, e fisicamente os treinadores podem ajudar muito, esta capacidade de 'decidir' é muito mais complicado...
Também ainda não sabemos qual vai ser a posição que o Jesus vai escolher para ele. Pode jogar a extremo, ou a Segundo Ponta-de-Lança (o tal 9,5)!!! Pessoalmente, preferia vê-lo jogar no 'lugar' Rodrigo, pois a extremo, fica muito longe da área, e normalmente com vários defesas pela frente; no meio, perto dos Centrais, se conseguir passar por eles, em velocidade 1 ou 2 vezes por jogo, criará sempre grande perigo... Aliás, será nos jogos onde o Benfica vai jogar em contra-ataque, que o Bebé será mais útil...

A sua saída prematura para o Manchester United, foi um erro. Nunca se conseguiu afirmar em Inglaterra... as suas recentes passagens pelo Rio Ave, e o Paços de Ferreira, parece que o ajudaram a evoluir... marcou alguns grandes golos, fez alguns bons jogos... mas não deixa de ser uma aposta arriscada, que se fosse eu a decidir, não faria... mas, a partir da agora, terá todo o meu apoio...


Interessa é vencer no próximo dia 10

"Durante esta pré-época querem convencer-nos que o Benfica anda a vencer acima das suas possibilidades, e fazem todo o tipo de troikas para tal não continue a suceder. Mas dia 10, contra o Rio Ave chegaremos com a mesma vontade de vencer, disso estou inteiramente convencido.
Resultados menos conseguidos na pré-época têm uma grande virtude, não alimentam euforias e colocam adeptos e plantel no único caminho capaz de trilhar algum êxito, o do trabalho. De facto se há um inimigo do Benfica é a sua própria capacidade de se deixar levar pelas euforias que alimentam os inícios de temporada.
Nos últimos anos as nossas melhores épocas foram quase sempre conseguidas com discretos e trabalhosos inícios de temporada.
É sempre melhor ganhar, é sempre melhor jogar bem, mas o essencial é chegar aos jogos oficiais com a capacidade de não falhar.
Injusto seria não referir o talento do jovem João Teixeira: aquele 97 tem muito para apreender, muito para melhorar, mas não engana vai ser fera, crack a sério transpira classe e intui o jogo.
Até à Supertaça de Aveiro apenas desejo que Jorge Jesus e a SAD tirem as suas conclusões, façam as suas escolhas e projectem a nova época. No Benfica a luta é por títulos e os treinos servem para lá chegar melhor.
Eliseu que se falou vir para o Benfica quase tantas vezes, como Beto sair do Sporting para o Real Madrid, acabou por chegar com declarações em Espanha para agradar aos espanhóis e em Portugal para agradar aos benfiquistas. Desnecessário.
Eusébio Cup e Emirates Cup são palcos de prestígio nacional e internacional, mas o objectivo é mesmo ganhar dia 10 frente ao Rio Ave (que leva uma pré-época muito mais avançada), mais um título para continuar a... vencer."

Sílvio Cervan, in A Bola

Muito trabalho

"No ano passado, o Benfica conseguiu manter o essencial do plantel do ano anterior e com base na rodagem adquirida criar uma equipa vencedora, que ganhou tudo o que um ano antes não tinha ganho. Esta época, e como observou o próprio treinador do Benfica, «saíram mais jogadores do que o normal». Vi os novos jogadores do plantel, nos jogos da Taça de Honra, e fiquei com a convicção do que Jorge Jesus tem muito trabalho entre as mãos. A questão é que as saídas do plantel - até agora - não foram só em quantidade mas também em qualidade. Somos um pequeno País em crise permanente e nem a grandeza do Benfica pode resistir aos assaltos dos tubarões da alta finança futebolística.
O trabalho a fazer é, no essencial, o de construir uma equipa. O Benfica tem diversas hipóteses para cada posição, com algum défice de qualidade em relação ao plantel do ano passado, mas acima de tudo com um imenso trabalho de integração por fazer. E não seria de esperar que estivesse feito em 15 dias. Como não seria de prever que os novos jogadores tivessem assimilado as ideias, os objectivos, os métodos, a táctica do treinador Jorge Jesus. Vi o Benfica a jogar com Luís Filipe no lugar do Maxi, César e Benito nas vezes de Garay e Siqueira, Talisca, a fazer de Enzo, etc.
Vi e tranquilizou-me um tanto ouvir, no final, Jorge Jesus a comentar que tinha recolhido «boas indicações» das prestações dos reforços chegados à Luz como também dos jogadores da equipa B convocados para a pré-temporada de 2014/15.

Muito trabalho, muita afinação, muita insistência, muita preparação física, muito sacrifício, muita entrega, muita concentração. E muito mais do que tudo isto, em doses ilimitadas, muito respeito e muito amor por aquelas camisolas."


João Paulo Guerra, in O Benfica

Uma pré-época diferente na Luz

"Pela primeira vez desde que Luís Filipe Vieira manda no futebol do Benfica, o clube da Luz inicia uma temporada sob o signo do baixo astral. Houve épocas, especialmente antes de Jesus, em que o plantel não correspondia e qualidade - as equipas-maravilha, lembram-se? - e, mesmo assim, nunca faltou optimismo na casa encarnada. Hoje, por razões várias, a nação benfiquista vive a angústia de, no day after de uma temporada quase perfeita, não saber exactamente com que vai contar em 2014/15. Duas coisas, porém, parecem-me certas: A) O Benfica vai reduzir em muito a folha salarial; B) Vai realizar em encaixe sem precedentes.
E se toma estas medidas não será porque assim o deseja, mas porque a tal é obrigado...
Louve-se a lucidez de não querer viver acima das possibilidades, podendo hipotecar o futuro; assuma-se o desmantelamento de uma equipa que fica na história do clube; e, acima de tudo, pense-se no que falta para que o Benfica encare de frente a responsabilidade desportiva de estar no Pote 1 da Liga dos Campeões.
Os encarnados, se Gaitán e Enzo continuarem na Luz, precisam ainda, pelo menos, de um guarda-redes, um seis e um nove de nível internacional. Se os argentinos (o alguns deles) saírem, o estado de necessidade aumenta exponencialmente, uma vez que estamos a falar de duas unidades nucleares no conjunto de Jesus.
Para estas aquisições - de qualidade - o Benfica precisa de encontrar meios, sob pena de não só aprofundar a depressão colectiva dos adeptos, mas também de deixar o FC Porto - que está a praticar uma política de curtíssimo prazo, tão ousada quanto arriscada - fugir, e permitir a aproximação qualitativa do Sporting."

José Manuel Delgado, in A Bola

O estatuto

"Agora que chegou aos 60 anos, Jorge Jesus pode orgulhar-se de ter como treinador o que poucos treinadores têm: estatuto!

Jorge Jesus chega aos 60 anos com a fantástica felicidade como treinador de futebol de poder exigir que lhe seja reconhecida competência. Jesus é um grande treinador de futebol e um profissional de mão cheia. É determinado e apaixonado. Ambicioso e obcecado.
Podemos - e devemos - discutir o feitio, a personalidade, alguns comportamentos e algum discurso de Jesus. Mas não o , talento.
Jesus comete erros? Claro que comete. Cometeu-os e voltará, certamente, a cometê-los. Jesus toma sempre boas decisões? Claro que não. Escolhe sempre os melhores jogadores? Nem sempre. Acerta em cheio nas contratações? Às vezes.
Mas o talento de Jesus como treinador, esse é indiscutível.
Pode e deve Jesus reclamar, pois, louros. E mais do que os títulos que já conquistou na Luz, Jesus pode e deve reclamar, sobretudo, o louro de ter devolvido ao Benfica e aos adeptos o orgulho de ver bom futebol.
Os títulos são o essencial, pois claro, e no futebol quem não vence acaba, normalmente, esmagado.
Jesus já ganhou duas vezes o campeonato, mais uma Taça de Portugal, mais quatro Taças da Liga e ainda chegou a duas finais da Liga Europa, e isso ninguém lhe tira.
Mas fez, realmente, mais do que isso. Valorizou jogadores, potenciou-os, ensinou-os, tirou deles o que outros treinadores não conseguem e levou o Benfica a fazer, nos últimos cinco anos, mais de 250 milhões de euros de receitas em transferências.
Mais: Jesus nunca tirou os olhos do futebol de ataque e de construir equipas que só fazem bem ao futebol porque jogam o que os adeptos gostam.
E o futebol são quem o jogo e que o vê.
Jorge Jesus já deu, pois, muito ao Benfica, mas deve reconhecer que o Benfica não lhe deu menos. E deu-lhe, talvez, aquilo que mais raro é na vida de um treinador, sobretudo em Portugal: estatuto!
Em termos de resultados, a vida de Jesus tem sido na Luz uma montanha-russa. Campeão no primeiro ano, desaires sucessivos nas três Ligas seguintes, e o memoravelmente negro final de época de Maio de 2013 são dados suficientes para se perceber que o percurso esteve longe de ser cor de rosa.
O habitual no futebol é ver o treinador ser afastado após a queda, e é por isso que todos reconhecemos hoje o fantástico mérito do presidente do Benfica ao segurar Jesus.
É isso que dá estatuto a um treinador.
Ser reconhecido por ganhar é normal, como se sabe, dificílimo é o contrário. E Jesus pode orgulhar-se de ser dos poucos treinadores da história do futebol português a ver reconhecida a sua capacidade mesmo na hora de perder tudo.
Em Portugal, ninguém está cinco anos no mesmo clube e muito menos num dos grandes clubes.
Também ninguém renova o contrato de um treinador que tudo esteve para vencer e tudo perdeu.
É por isso que Jesus pode, hoje, afirmar convenientemente o seu estatuto de grande treinador e grande líder.
Que jogador chega hoje à Luz e se atreve a questionar o treinador?
Nenhum.
O presidente do Benfica não confiou apenas no treinador; deu-lhe condições de trabalho excepcionais; recrutou-lhe profissionais para todos as áreas técnico-científicas; contratou-lhe jogadores, e pagou-lhe um salário a condizer.
Além disso, ainda lhe deu tempo.
E no futebol, talvez o tempo seja o mais importante para um treinador.
Pôde Jesus criar raízes e pôde a raiz dar-lhe estatuto. O tal estatuto decisivo para o líder de qualquer equipa, muito mais de uma equipa de futebol.
No Benfica, e graças ao presidente, o treinador ganha ao nível de um grande jogador.
E bem.
No Benfica, o automóvel do treinador não deslustra no parque de estacionamento, bem pelo contrário.
É tudo isso que confere ao treinador o tal estatuto! Jesus pode ter nascido - e nasceu - para ser treinador de futebol mas também reconhecerá que é hoje melhor treinador do que era quando chegou à Luz. Mas não é só melhor treinador e um treinador com enorme talento; é um treinador com estatuto.
Isso é raro e deve saber bem.
Merece Jesus o estatuto que tem? Claro que merece, não apenas pela competência mas talvez até em particular pelo profissional rigoroso e dedicado que é.
Agora que vai enfrentar o maior desafio desde que chegou à Luz, o de reconstruir a equipa, mais do que nunca Jesus precisa da sua melhor receita, podendo, ao mesmo tempo, trabalhar desta vez sob a menor das exigências (sem tantas das estrelas do passado).
Está num clube que precisou manifestamente de inverter o caminho do investimento e deve apenas explicá-lo aos adeptos se não quer perder apoio.
Continuará com o objectivo de ganhar.
Vai ter muito trabalho, como ele gosta, precisa de ser audaz, estratega e de uma pontinha de sorte.
Mas sabe, mais do que nunca, que pode fazer valer o que poucos têm: o estatuto!"

João Bonzinho, in A Bola

Diz por aí... (plantéis)

"Disse Jorge Jesus, após o dérbi, que 'apenas trabalho não bastá, é preciso qualidade'. Frase certeira no momento apropriado, não apenas enquanto expressão do resultado frente ao rival, que tem de ser relativizado, mas sobretudo enquanto panorama realista do mercado de transferências e, em especial, das profundas alterações e turbulências que se abatem sobre os clubes mal a época termina.
Vivemos num tempo em que poucos são os clubes com sucesso no palco europeu que conseguem manter as suas equipas intactas. Quer se goste ou não, é uma realidade que nos ultrapassa e, como Luís Filipe Vieira tem reconhecido bem, devemos saber lidar com ela, sem complexos, quer do ponto de vista desportivo, quer financeiro. Penso, no entanto, que os clubes de sucesso - como indiscutivelmente o é o Benfica - que não se enquadram na restrita oligarquia de clubes europeus a quem o dinheiro nunca acaba, terão no futuro de encontrar mecanismos jurídicos, económicos e desportivos que permitam um grau razoável de continuidade face às épocas em que obtêm sucesso. Aliás, uma das razões para a prestação coerente do Sporting na final da Taça de Honra, tal como apontado pelo próprio Jorge Jesus, foi a escassa relevância das alterações face ao plantel da época anterior. Como é que isto pode ser feito? Que mecanismos poderão ser encontrados? A resposta não é fácil de ser dada, mas deverá ser encontrada algures entre formas jurídicas consistentes de acordo entre as federações de futebol ou os clubes - e não apenas dentro da tal oligarquia - e com a aplicação rigorosa de regras de fair play financeiro, tal como tem sido defendido aos quatro ventos pela própria FIFA mas posto em prática de forma muito pouco visível. O futebol precisa de livre concorrência, é certo. Mas precisa igualmente de integridade, justiça, transparência e fair play! É aí que a maravilha do trabalho realizado se casa com o sucesso desportivo."

André Ventura, in O Benfica

Hienas

"1. Há dez anos que as hienas rosnavam na sombra. Esperavam ver Scolari cair para lhe morderem as canelas até ao osso. As hienas do nosso futebol são curiosas. Barricam-se por detrás dos ecrãs de televisão, de páginas de jornal. São médicos, bêbados, cançonetistas desafinados, velhacos da má lingua, copiadores de livros alheios, cabeçudos sem escrúpulos. Há de tudo. Menos honestidade intelectual porque isso não lhes vale os cobres com que alimentam os luxos. É giro vê-los. À mais pequena amostra de sangue saltaram para a arena na perseguição da sua vítima. Cheios de coragem, agora que ela não pode dar-lhes pontapés nos focinhos babosos.

2. Por falar em focinhos: a fidelidade humana consegue por vezes ser maior do que a canina. Ao folhear um jornal, deparei com o curioso personagem chamado António dos Santos Reis, presidente da junta de freguesia de Ramalde, presidente da Beneficência Familiar e também da Cooperativa de Ramalde, entre outras minharias. Recusou-se o senhor em causa a receber um galardão que lhe foi atribuído pela Câmara Municipal do Porto, vá lá a gente saber a que título. E justificou a atitude como solidariedade com o presidente do FC Porto, dando-se ao luxo de assinar uma missiva em que dizia o seguinte pelo meio de várias babugeiras: «Os altos valores, princípios morais e ideológicos que me são inatos, não me permitem aceitá-la (...)». Isto dos altos valores e dos princípios morais e ideológicos é como água-benta: cada um toma a que quer. Mas que já vi altos valores e princípios morais e ideológicos mais altos e mais bem empregues, isso já vi. E menos caninos."

Afonso de Melo, in O Benfica