Últimas indefectivações

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

De avental

Com a decadente classe política em pânico pelas revelações do tráfico de influências no seio de ridículas organizações secretas, a confirmação da importância do lóbi que controla o futebol há mais de 20 anos, pela voz de um dos protagonistas, foi apenas uma coincidência. Os portugueses há muito se habituaram aos critérios de seleção, promoção e apadrinhamento, num país que inventou o provérbio secular de que mais vale cair em graça do que ser engraçado.

António Oliveira não fez qualquer revelação, apesar do espanto de algumas virgens. Limitou-se a confirmar com 20 anos de atraso o que alguns denunciaram insistentemente no tempo devido, em particular neste jornal, malhando a sua coragem em indignos processos judiciais em que figuraram como réus da defesa da verdade.

Dirigentes, treinadores, jogadores e, até, jornalistas convivem há muito com a espiral de dependência que sustenta o sistema – o famoso nome próprio desta extraordinária família. Ser escolhido ou sentir a injustiça do ostracismo, estar na berra ou passar à marginalidade são as consequências evidentes do “modus operandi” a que se referiu o ex-devoto do S. Martinho de Penafiel.

Sob o lema “quem não está por nós é contra nós”, este poder avassalador da indústria da comunicação e do espetáculo futebolístico em nada diferiria do jogo de cadeiras de uma loja maçónica, se os aspirantes também usassem um aventalzinho bordado. Mas quando alguém procura resposta para determinados enigmas, carreiras fulgurantes, sucessos improváveis, milagres de competência, não é difícil descobrir de quem é a mão que segura a ponta da meada.

Noutro contexto e uns bons milhões de euros antes da epifania de sábado à noite, tinha a mesma figura reclamado ao país uma estátua para aquele santo, pela capacidade benemerente de manter vivos vários clubes moribundos que só chegaram ao século 21 porque os direitos de televisão lhes foram generosamente pagos antecipadamente, em troca de participações e controlo societário, desafiando os preceitos da FIFA e do Fair Play.

Tudo isto é conhecido há anos e historiado nos momentos oportunos, mas apenas resultou no afastamento de muita gente de bem do associativismo desportivo, a que António Oliveira agora se junta de baraço ao pescoço. Desse tempo de denúncias improfícuas e batalhas quixotescas subsistiu a crença popular numa “máfia” virtual que está sempre por detrás das derrotas, mas à qual também muitos se comprazem em vangloriar os poderes quando os resultados são positivos.

Colocar um irmão a selecionador nacional ou um amigo a ministro é privilégio de poder, eventualmente abusador da coisa pública e do interesse social, mas não é crime. Criminoso é tirar da boca, da própria e dos filhos, para comprar a ilusão efémera de uma vitória limpa sobre a relva. Criminoso é assistir impávido e resignado ao tráfico de benesses entre a casta dos eleitos. E concluir que não há nada a fazer: com avental à cinta ou charuto nas beiças, este país e este futebol não precisam que lhes digam quem são os donos."


Azeite a ferver

"Os fantasmas que António Oliveira lançou para a arena mediática são graves e merecem ser investigados. Jornalisticamente e talvez judicialmente. Mas o que me move aqui hoje é a essência para lá da substância: irmão ataca irmão quando o sente mais fraco física e negocialmente. Dói.

Se Joaquim Oliveira cerziu a teia que António agora denuncia, este António foi coautor e dos que mais beneficiaram dela. Se os primeiros investimentos vieram do que ganhava como jogador, depois, durante décadas, António viveu do que a teia caçou, enquanto técnico de futebol e sócio.

Quando, no início da década passada, os irmãos se separaram, António recebeu o que acertaram justo. E terá investido onde e como entendeu. Desde então guardou silêncio, que agora quebra em trovoada bíblica.

A Joaquim Oliveira nunca ouvi uma palavra depreciativa sobre o irmão mais novo. Profusamente testemunhei a amargura de Joaquim pelo afastamento afetivo de António, para que ia encontrando desculpas de circunstância.

Na ressaca do Mundial de 2002, quando procurei aprofundar as causas da vergonhosa campanha, encontrei em Joaquim um feroz defensor do irmão enquanto selecionador.

Claro que o monopólio de Joaquim Oliveira não é saudável para o futebol português. Claro que este monopólio dá a Joaquim poderes fácticos, que poderão ir muito para além das denúncias do seu irmão: se Joaquim Oliveira decide mesmo quem é quem na FPF e Liga; logo, poderá decidir carreiras de árbitros, jogos e o desenrolar de campeonatos.

Porém, Joaquim Oliveira é mais um negociador do que um ditador. Pode não ter atribuições para patrão de media, o trajeto do seu grupo de jornais para tal aponta, mas não merece ser credor de tanto ódio fraternal vindo de António. Irmão que deixou financeiramente confortável num amargo virar de página."


Por falar de 2012

"Mesmo sem fazer referências às profecias catastrofistas que apontam todas as desgraças para o final de 2012, é importante que não se perca de vista esta verdade: o ano que começou não podia assentar em previsões mais sombrias e em tão angustiantes incertezas. As coisas são como são e não vale a pena tentar dourar a pílula.

Perante um cenário como este, costuma haver dois tipos de atitudes: a dos pessimistas, que acrescentam sempre sombras às sombras e medos aos medos, e a do optimistas incuráveis que teimam em acreditar que os outros são uns exagerados e que tudo irá correr muito melhor do que se espera. Nesta como noutras áreas da vida humana, não tenho dúvidas de que a virtude é no meio que deve ser encontrada.

Seja como for, embalados nos ciclos tantas vezes inexplicáveis da moda, talvez se possa pedir aos 'chefs' cozinheiros que actualmente infestam o nosso espaço mediático que ajudem a 'cozinhar' algumas soluções e saídas para esta tremenda encruzilhada, já que os economistas falharam rotundamente e os comentadores, grandes especialistas em generalidades, ainda mais. Restam-nos, pois os 'chefs', nas suas batas imaculadamente brancas para, paradoxalmente, gerirem os nossos apetites num tempo de vacas magras, o que significa que as soluções terão de passar em grande parte pelo modelo da 'nouvelle cuisine', que se obstina em encher os olhos com aquilo que não chega nem para encher um terço do estômago. Mas modas são modas e por alguma razão elas pegam de estaca, com a gulosa ajuda dos 'media'.

Por falar de modas, e deixando de lado a das tatuagens (cada um vai cartografando o que muito bem entende, e o pior é que depois não tem borracha para apagar!), convém que não se abuse da que leva a falar do valor das 'compras' e 'vendas' de jogadores com tantos zeros que até a 'troika' deve sentir vertigens. É que a realidade é uma coisa e sua ostentação outra bem pior. E há números que até se tornam obscenos e podem virar o feitiço contra o feiticeiro."


José Jorge Letria, in O Benfica

Objectivamente (Mercado)

"De cada vez que o mercado abre agitam-se freneticamente os que vêem uma boa forma de fazer algum dinheiro o que, em abono da verdade, dá sempre jeito. Pelo menos em tempo de crise tão profunda como a que vivemos. Mas nem sempre se acertam nos negócios e a ansiedade criada à volta dos jogadores e equipa técnica (e até dos adeptos) acaba por ser contraproducente.

No Glorioso há a promessa do presidente de que não há vontade em mudar o que de bom se tem feito desde o início da época. E ainda bem porque as compras foram bem feitas e a melhoria que trouxeram ao plantel é evidente. Desde Artur e Garay, de Witsel a Nolito, Rodrigo, etc. evitam a necessidade urgente de comprar.

Na concorrência a preocupação é grande. fcP, o presidente já veio com a conversa do costume. Não vende ninguém e não precisa de comprar. Não troca Hulk por Cristiano Ronaldo (esqueceu-se de perguntar ao Cristiano se queria...). Mas o «contra-informação», MSTavares, já veio dizer que discurso de PC não é verdadeiro. Tem de comprar urgentemente um avançado porque Kleber não serve (tanta guerra com o Marítimo para nada...) e Walter foi um péssimo negócio. Vai ser emprestado e pagar grande parte do ordenado. Mas o que os deve preocupar é o mau ambiente criado à volta do plantel sempre que abre o mercado! Álvaro Pereira, Rolando, Cristian Rodriguez, Sapunaru, Fernando, João Moutinho, Guarin, Walter e Varela (uf...) reclamam saída urgente. Fazem pressão, criam mau ambiente e já não escondem os desentendimentos com os dirigentes do clube. A começar pelo presidente que, com a sua habitual prosápia vai enganando os adeptos com conversas pouco esclarecedoras!

Só acredita quem quer. Porque é urgente arranjar pelo menos 25 milhões para pôr as contas em dia. Haja algum Chelsea qualquer que ofereça este número pelo Hulk a ver se tem coragem de negar o negócio!


João Diogo, in O Benfica

Lixívia Extra-Forte XIV

Tabela Anti-Lixívia Extra-Forte:
Benfica.......36 ( -2)...38
Corruptos..34 (+1)...33

Sporting......28 (0)...28
Braga........28 ( +4)...24



Semana histórica para a arbitragem Portuguesa!!! Uma semana sem casos é extraordinário, provavelmente único...!!! Só vi o jogo do Glorioso, mas observando os resumos dos restantes jogos, só uma dose elevada de má-fé pode levar alguém a queixar-se dos árbitros!!!



Anexos:

Benfica
1ª-Gil Vicente(f) E(2-2), João Ferreira, Nada a assinalar
2ª-Feirense(c) V(3-1), Hugo Pacheco, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Nacional(f) V(0-2), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4º-Guimarães(c) V(2-1), Duarte Gomes, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Académica(c) E(4-1), Vasco Santos, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
6ª-Corruptos(f) V(2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Paços de Ferreira(c) V(4-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado
8ª-Beira-Mar(f) V(0-1), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
9ª-Olhanense(c) V(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, Sem influência no resultado
10ª-Braga(f) E(1-1), Proença, Prejudicados, (0-2), -2 pontos
11ª-Sporting(c) V(1-0), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
12ª-Marítimo(f) V(0-1), Sousa, Nada a assinalar
13ª-Rio Ave(c) V(5-1), Bruno Esteves, Nada a assinalar
14ª-Leiria(f) V(0-4), Cosme, Nada a assinalar




Corruptos
1º-Guimarães(f) V(0-1), Olegário, Beneficiados, (0-0), +2 pontos
2ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Leiria(f) V(1-4), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
4ª-Setúbal(c) V(3-0), Marco Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Feirense(f) E(0-0), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
6ª-Benfica(c) E(2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Académica(f) V(0-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
8ª-Nacional(c) V(5-0), Cosme Machado, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
9ª-Paços de Ferreira(c) V(3-0), Hugo Miguel, Beneficiados, Sem influência no resultado
10ª-Olhanense(f) E(0-0), Capela, Prejudicados, (0-1), -2 pontos
11ª-Braga(c) V(3-2), Soares Dias, Prejudicados, Sem influência no resultado
12ª-Beira-Mar(f) V(1-2), Xistra, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
13ª-Marítimo(c) V(2-0), Duarte Gomes, Prejudicados, Sem influência no resultado
14ª-Sporting(f), E(0-0), Proença, Nada a assinalar




Sporting
1ª-Olhanense(c) E(1-1), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
2ª-Beira-Mar(f) E(0-0), Fernando Martins, Nada a assinalar
3ª-Marítimo(c) D(2-3), Proença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
4ª-Paços Ferreira(f) V(2-3), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
5ª-Rio Ave(f) V(2-3), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6ª-Setúbal(c) V(3-0), Cosme Machado, Nada a assinalar
7ª-Guimarães(f) V(0-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
8ª-Gil Vicente(c) V(6-1), João Capela, Beneficiados, Sem influência no resultado
9ª-Feirense(f) V(0-2, Gralha, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
10ª-Leiria(c) V(3-1), Manuel Mota, Beneficiados, Impossível contabilizar
11ª-Benfica(f) D(1-0), Capela, Beneficiados, Sem influência do resultado
12ª-Nacional(c) V(1-0), Vasco Santos, Nada a assinalar
13ª-Académica(f) E(1-1), Rui Costa, Nada a assinalar
14ª-Corruptos(c) E(0-0), Proença, Nada a assinalar




Braga
1ª-Rio Ave(f) E(0-0), Duarte Gomes, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
2ª-Marítimo(c) V(2-0), Soares Dias, Beneficiados (1-0), Sem influência
3ª-Setúbal(f) V(0-1), Hugo Miguel, Beneficiados (0-0), +2 pontos
4ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Costa, Nada a assinalar
5ª-Guimarães(f) E(1-1), Pedro Proença, Nada a assinalar
6ª-Nacional(c) V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
7ª-Leiria(f) D(1-o), Marco Ferreira, Nada a assinalar
8ª-Feirense(c) V(3-0), João Ferreira, Nada a assinalar
9ª-Académica(f) E(0-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
10ª-Benfica(c) E(1-1), Proença, Beneficiados, (0-2), +1 ponto
11ª-Corruptos(f) D(3-2), Soares Dias, Beneficiados, Sem influência no resultado
12ª-Paços de Ferreira(c) V(5-2), Marco Ferreira, Nada a assinalar
13ª-Olhanense(f) V(3-4), João Ferreira, Nada a assinalar
14ª-Beira-Mar(f) V(1-2), Rui Costa, Nada a assinalar