Últimas indefectivações

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

É fartar, vilanagem...

"É à descarada! Poucos dias depois de uma jornada escandalosa, a arbitragem nacional volta a mostrar à cara podre a missão de que está investida: cumprir o porto-ao-colo. No campeonato, até o insuspeito Rui Santos diz que o FCP deveria estar a 8 pontos do Benfica se a verdade desportiva não tivesse sido lesada por erros de arbitragem com influência no resultado. Na Taça, depois de ter afastado o Santa Clara com um golo irregular, o FCP volta a passar uma eliminatória com uma vantagem tangencial resultante de um grosseiro erro de arbitragem que o VAR não quis reverter. É tudo demasiado evidente e reiterado. Até quando?"

Lage deu um safanão no jogo

"Que jogo de Cervi! Parecia que estava em todo o lado, rompendo a defesa do Rio Ave

Dois remates, dois golos
1. Na primeira vez que foi à baliza, o Rio Ave colocou-se em vantagem. Acusou o golpe o Benfica, que pareceu sempre muito lento perante um adversário que em vantagem pouco arriscou, jogando sempre no erro dos encarnados. Mas não tardou que Pizzi e também Chiquinho sentissem que tinham de executar com mais velocidade e não tardou muito a que o empate chegasse, com remate certeiro de Cervi, que se verá mais à frente que foi mesmo o herói deste encontro.
Mesmo com dificuldades em acelerar o jogo, o Benfica parecia que chegaria à vantagem, mas o Rio Ave voltou a surpreender. Que bem que esteve Taremi.

Benfica a dominar
2. Jogo tenso, com o Benfica a não conseguir concretizar as oportunidades que ia criando a um Rio Ave, que se viu em vantagem e a partir desse momento esperou pelo adversário, não arriscou muito e foi resistindo, resistindo, segurando a curta vantagem. E, assim foi para intervalo. Mas a segunda parte trouxe outro Benfica, mais agressivo, mais rápido e com as suas figuras a aparecem. O Rio Ave ia mostrando muito lentidão nas tarefas defensivas e adivinhava-se que o marcador não ficaria assim, tal foi o domínio da formação da casa, que sentiu que tinha de fazer muito mais.

Vitória saiu do banco
3. O Benfica forçava, mas não chegava ao empate. Até que Lage sentiu que tinha de mudar, de dar um safanão no jogo. E mexeu bem, tirando Ferro, lançando Seferovic para dar apoio a Vinícius e com isso ganhou a eliminatória. Weigl recuou para central e o suíço marcou na primeira vez que tocou na bola: estava feito o mais difícil.

As figuras
4. O Rio Ave já pouco força ofensiva tinha e ainda por cima surgiu Pizzi no jogo, desequilibrando, fazendo assistência fantástico para o segundo golo de Seferovic, o da reviravolta. Mas seria injusto não dedicar algumas linhas à actuação de um gigante... Cervi. Que jogo! Sempre em aceleração, parecia que estava em todo o campo, rompendo a defesa do Rio Ave e empurrando toda a equipa, motivando todos os companheiros. E os adeptos não esqueceram que o argentino teve até muito tempo sem jogar e por isso saiu de campo debaixo de uma incrível ovação. E que merecidas foram as palmas, afinal toda aquela gente parecia que estava com ele em campo.
E no Rio Ave destaque para Taremi. Fez sofrer os defesas e fossem os companheiros um pouco mais rápidos e mais estrados teria feito."

Álvaro Magalhães, in A Bola

Benfica x Rio Ave: Jamor mais perto

"Bruno Lage na conferência de imprensa de ante visão ao jogo tinha apontado para um jogo complicado entre duas boas equipas e acertou em cheio. A mini rotação que vimos no jogo contra o Aves deixou a ideia que iríamos levar a sério este difícil adversário. Mas por outro lado, a não convocatória do nosso melhor Guarda Redes atenuou um pouco essa ideia.
Quanto ao jogo, tivemos uma má entrada e talvez tenhamos sido surpreendidos com a boa organização defensiva do Rio Ave com as linhas muito juntas e subidas. Desta forma, anularam o jogo entrelinhas que o Bruno Lage tanto gosta e obrigaram o Benfica a jogar por fora. No capítulo defensivo estivemos francamente mal, a nossa pressão não foi suficiente efectiva para não deixar o Rio Ave sair com qualidade. Na segunda parte os níveis de agressividade aumentaram e aí conseguimos empurrar o adversário para a sua grande área. As substituições de cariz ofensivo também ajudaram o Benfica (mais uma vez) a dar a volta ao resultado.
Acabou por ser um bom jogo de futebol, que merecia muito mais público nas bancadas. O horário do jogo mais uma vez foi de encontro aos interesses de todos menos de quem realmente importa, o adepto de futebol da bancada!

Notas individuais:
Zlobin – 3
Erro tremendo no segundo golo do Rio Ave e deu ideia que podia ter controlado melhor a profundidade no lance da falta do primeiro golo. Tem de crescer e confirmar o seu potencial… Nesta fase da prova devíamos jogar com os melhores.
Tomás Tavares – 7
Deu largura ao ataque do Benfica. Continua a falhar muitos cruzamentos mas participou em muitas jogadas. Cumpriu no capítulo defensivo.
Rúben Dias – 6
Desta vez teve trabalho acrescido com um tal de Taremi. Levou a melhor na maioria dos lances e acabou por ter uma exibição razoável, mas não foi o Rúben que estamos habituados.
Ferro – 4
Revelou algumas falhas de concentração, tanto a defender como a construir. Acabou por ser o escolhido para dar lugar ao Seferovic. Na ressaca do jogo, descobrimos que estava tocado. Esperemos que não seja nada de grave e volte a ser o Ferro que estamos habituados.
Grimaldo – 5
Jogo algo apagado do craque espanhol. Teve uma série de bolas paradas muito mal batidas. Defensivamente não esteve mal, mas o jogo do Benfica sentiu falta das suas diagonais nas costas da defesa e dos seus cruzamentos.
Pizzi – 6
Primeira parte fraca, mas ainda foi a tempo de almejar uma exibição positiva na segunda. Conseguiu assistir para o terceiro golo numa bela jogada desenvolvida pelo flanco direito. Dá ideia que sente mais dificuldades cada vez que joga contra equipas bem organizados com bloco alto. Alem disso, os minutos começam a pesar nas pernas…
Taarabt – 7
Vimos um Taarabt mais uma vez a pegar no jogo do Benfica. A maioria dos passes verticais da nossa construção saíram dos seus pés.
Weigl – 6
Continua a notar-se a falta de entrosamento com os colegas e da ideia de jogo. Aspecto perfeitamente normal dada a falta de tempo que ainda teve para trabalhar. Destacar a prestação a defesa central onde foi muito competente.
Cervi – 8
MVP da noite! Marcou um belo golo, esteve incansável tanto a defender como a atacar. Recuperou imensas bolas e imprimiu velocidade cada vez que pegava na bola. Deu tudo como sempre e tem vindo a subir de rendimento de jogo para jogo. Mereceu o enorme aplauso que a Luz lhe presenteou, já algumas vénias, não posso compactuar com elas.
Chiquinho – 5
Voltou a pecar na finalização e desta vez não conseguiu expor o seu jogo entrelinhas. Mérito do Rio Ave, mas cabe ao Chiquinho procurar alternativas.
Vinicius - 7
Mais uma boa exibição do ponta de lança coroada com duas excelentes assistências. Quando olhamos para os seus números temos de começar a ter em atenção não só aos golos (15) mas também aos passes para golo (7).
Seferovic - 8
Depois de uma péssima exibição contra o Aves em que falhou imensos golos, eis que entra e resolve com dois golos um jogo que estava bastante complicado. Faz parte da magia do futebol, mas atenção! Nem antes era besta, nem agora bestial. Continua a ser um bom jogador de quem o treinador pode esperar sempre máximo empenho.
Samaris – N/A
Penso que devia ter entrado mais cedo, uma vez que a equipa estava muito balanceada para a frente e havia necessidade de controlar a partida. Entra sempre com vontade de dar o melhor pela equipa. 
Rafa – N/A
Bem vindo de volta e não te magoes!
Bruno Lage - 5
A inclusão de um guarda redes secundário numa prova tão importante como a taça de Portugal, numa fase tão avançada, não é do meu agrado e acredito que da maioria dos benfiquistas. Temos um registo fraco nas ultimas décadas nesta prova e há que mudar isso! No ano passado saímos com grandes responsabilidades do guarda redes e este ano tivemos próximos de cometer o mesmo erro. A atitude da equipa na primeira parte não foi à Benfica. Há mérito do Rio Ave, mas temos de arranjar alternativas. Foi o que aconteceu na segunda parte com a entrada de Seferovic. A equipa ficou mais agressiva e objectiva. No fim, conseguimos o objectivo. Venham as meias! Este ano tem de acontecer Jamor!
PS: #BakeronoJamor"

Os 5 melhores dérbis do SL Benfica na última década

"A rivalidade entre o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal é centenária, tendo brindado os adeptos com vários momentos marcantes ao longo dos anos. Da serenata à chuva em Alvalade ao mítico golo de Luisão na era Trapattoni – que permitiu aos encarnados regressar aos títulos após uma seca de 11 anos -, o dérbi da Segunda Circular é sempre um dos jogos mais aguardados da temporada. Em semana de dérbi, decidimos recordar cinco jogos marcantes entre “águias” e “leões” na década que findou, em que o SL Benfica levou a melhor.
1. Sporting CP 0-1 SL Benfica (5 de março de 2016) – E chegamos ao dérbi da década. Não pelo resultado ou pela exibição das duas equipas, mas por aquilo que este jogo representou. O SL Benfica chegava a este jogo um ponto atrás do Sporting CP de Jorge Jesus – após estes terem empatado na jornada anterior, em Guimarães. A equipa de Rui Vitória tinha perdido todos os confrontos directos contra os verde e brancos – sendo a derrota por 0-3 na primeira volta a mais expressiva -, pelo que os homens de Jorge Jesus eram visto como favoritos à entrada para a 25ª jornada. No entanto, os encarnados adiantaram-se na frente do marcador através de Kostantinos Mitroglou, aos 20 minutos, e, apesar do massacre leonino durante o resto do jogo, conseguiram manter a vantagem mínima até ao fim da partida. As “águias” passavam, assim, para a liderança da Primeira Liga e de lá não saíram até à conquista do tricampeonato.
2. Sporting CP 2-4 SL Benfica (3 de Fevereiro de 2019) – A (Re)conquista dos adeptos. Numa fase de retoma quer a nível exibicional, quer a nível pontual para o primeiro classificado, o FC Porto, este dérbi dissipou quaisquer que fossem as dúvidas em relação à força do “novo” Benfica de Bruno Lage. As “águias” tomaram Alvalade de assalto, acabando por ganhar o jogo por quatro bolas a duas.
3. SL Benfica 5-0 Sporting CP (4 de Agosto de 2019) – Uma data que ficará para sempre marcada na memória dos benfiquistas. Após uma época em que o impossível se transformou na Reconquista, os encarnados dissiparam as dúvidas que pairavam antes da Supertaça. Dúvidas essas que se focavam, maioritariamente, na seguinte questão: será que o fosso de qualidade entre “águias” e “leões” se mantinha? Os homens de Bruno Lage responderam paulatinamente dentro das quatro linhas, ao ganhar por 5-0.
4. SL Benfica 2-0 Sporting CP (11 de Fevereiro de 2014) – Após uma época desastrosa, em que os encarnados “morreram na praia” em praticamente todas as competições que disputaram – perderam a UEFA Europa League contra o Chelsea FC, a Taça de Portugal contra o Vitória SC e a liderança da Primeira Liga para o FC Porto, no fatídico minuto 92 -, os comandados de Jorge Jesus dizimaram a concorrência na época seguinte, no que ao panorama nacional diz respeito. Exemplo dessa enorme superioridade face aos rivais foi notória no jogo a contar para a 18ª jornada da Primeira Liga, onde os encarnados venceram os eternos rivais por duas bolas a zero, com golos de Nico Gaitán e Enzo Peréz 
5. Sporting CP 1-1 SL Benfica (8 de fevereiro de 2015) – 20ª jornada da Primeira Liga. Numa altura em que já eram audíveis “olés” nas bancadas de Alvalade, Jardel, após ganhar um ressalto na área dos “leões”, disfere um remate rasteiro fortíssimo, que acaba por fazer estremecer as redes defendidas por Rui Patrício, já em tempo de compensação. Os encarnados garantiam, assim, um ponto valioso na corrida ao título contra o FC Porto."

A história do "O meu roubo é maior que o teu..."

"Nascer nos anos setenta e começar a ver a bola a rolar nos asas do Liverpool do Rush ou do Benfica do Stromberg tem algumas vantagens.
Viver o Vietname nas bancadas de cimento da velha luz, sempre com 300 km para baixo e uma viagem tenebrosa para cima, foi uma experiência que nos catapulta para uma dimensão muito pouco humana do que é "ser do Benfica".
Ver o Salgueiros do Nandinho ganhar na luz ou o até o Boavista do Ayew são sensações traumáticas, mas nada se compara a Vigo - um marco na vida de um Benfiquista do Grande Porto. 
Eu estive lá. 
Tudo o que se seguiu foi fugir à realidade nos golos do Jardel, o outro, que não o nosso. Que tempos aqueles!
Sofrimento em estado puro, mas Nós acreditávamos sempre!
Sempre!
E só era possível acreditar porque eu não via o Baía a dar mão fora da área ou, alguns anos depois, a tirar a bola de dentro da baliza Grande da Catedral. Era a condição.
Acreditar sempre e ignorar o estado mafioso que os meus vizinhos tinham montado e acreditar! E assim fui, um ano atrás do outro.
É verdade que tinham as melhores equipas, eram melhores, mas nem por isso deixavam de fazer uso de métodos menos simpáticos para esmagar a nossa incompetência.
E, dando um salto no tempo, viajei até aos dias de hoje e vejo um discurso dominante contra o Sport Lisboa e Benfica que até assusta.
Confesso que fico surpreendido todos os dias com o ódio que vejo.
Viver a norte e ser do Benfica é um desafio permanente. Há sempre o comentário, a boca, às vezes o insulto. Só há uma forma de resistir - não falar "de bola" com nenhum adversário, na medida em que para eles, somos inimigos.
O Sul. O império! A capital.
Como se as viagens do Benfica ao Bessa ou a Guimarães se tivessem tornado vencedoras apenas nos braços de quem chega de Lisboa.
Eles não sabem, nem tão pouco compreendem e daí o nosso silêncio.
Um silêncio longo de um deserto vivido com dor, agora interrompido para neste projecto trazer a voz de um sócio do Benfica que vive no Topo Norte!"

Sport Red Bull e Benfica


"Custa ler isto, não custa? E custa porque mexer no nosso nome só se for para escrever Sport Passado-Presente-Futuro e Benfica. O que torna o nosso clube tão especial para cada um de nós, adeptos, é a ligação emotiva que criamos com as memórias e vivências. Todos temos uma história que, de alguma forma, se liga com a História do Sport Lisboa Benfica.
Felizmente, há sempre um benfiquista que viu o golo do Julinho; a estreia do Eusébio; a afirmação do Humberto Coelho; as fintas do Chalana; a chegada de Eriksson e dos seus suecos; a mão de Vata; o deambular do João Vieira Pinto; o Vietname - sim, ter memória dos momentos negros também é fundamental -; a frieza de Trapattoni e do seu fiel escudeiro Simão Sabrosa; a experiência de Jorge Jesus; os mágicos Pablo Aimar ou Jonas. E, mais recentemente, vimos momentos marcantos como o toque de André Gomes; os 10-0 vindos directamente do século passado; a estreia regular de miúdos-Benfica. Ser benfiquista é conseguir juntar mais dez mil momentos a esta breve lista, e consegue-se pensar e juntar porque o nosso Benfica faz-se de memórias partilhadas, porque o Benfica é adjectivo plural.
Esta semana deu-se a conhecer nas redes sociais, grupos Whatsapp, e conversas de amigos, uma iniciativa muito valorosa para o que é a nossa História colectiva. Podem ver mais informações sobre o Mural da Glória aqui. E este monumento é importante porque obriga-nos a parar para pensar um pouco quem são, realmente, os nomes que fazem o Sport Lisboa e Benfica. O mural ainda vai a meio mas já temos ali muitas certezas, há ali indiscutíveis, temos ali jogadores com lugar cativo no nosso 11 de sonho.
Inevitavelmente, os problemas começam com o aproximar do presente. E todos temos mais dúvidas porque os jogadores já não ficam no clube para a vida, porque talvez haja mais juras de amor eterno desfeitas, porque o tempo está mais rápido. Actualmente, uma época é uma eternidade. Não se compreende como é que um jogador fica no plantel, como é que é vendido, como é que joga, como é que fica no banco ou na bancada, como marca, como falha. Tudo é incompreensível. E tudo é ilógico porque o tempo passa mais rápido. Os mesmos que enalteceram os golos do Seferović no passado, optam hoje por humilhá-lo nas redes sociais - e isso não é o meu Benfica -; os mesmos que desprezavam o Cervi na pré-época fazem hoje vénias - e isso também não é o meu Benfica -, ao veloz e aguerrido argentino. Tudo é efémero, tudo é fugaz, nenhuma opinião dura mais do que uma bola na barra, um corte falhado ou um frango.
Da próxima vez que forem ao Estádio da Luz vão ao Mural da Glória e, qual passagem de nível, parem, olhem e escutem. Sintam a nossa História, compreendam que o Sport Lisboa e Benfica tem-se feito de grandes Homens, que nunca negámos uma vénia a nenhum jogador, que há tempo para escolher quem merece ficar na nossa História. Termino com um apelo sentido, dêem tempo ao tempo e receberemos todos um pouco mais de Sport Lisboa e Benfica."

Uma luz negra acendeu em Ebbets Field

"Jack Roosevelt Robinson cruzou a ‘color line’ no dia 15 de abril de 1947. ‘Baseball’s finest moment!’, escreveu Dick Young

Se havia algo que amofinasse Jackie, isso era a mania que alguns branquelas pascácios tinham de lhe atirar amendoins no tempo em que ia para o complexo desportivo da John Muir High School, em Pasadena, na Califórnia, dedicar-se à prática de qualquer desporto que lhe desse na gana, do ténis ao basquete, do futebol americano ao salto em comprimento e, sobretudo, ao basebol. Quinto filho de uma equipa de agricultores, Jack Roosevelt Robinson tinha um fortíssimo sentido de dignidade. Tal como Theodore Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos do qual ganhara o nome do meio e que morrera precisamente 25 dias antes de Jackie vir ao mundo, a 31 de Janeiro de 1919.
A verdade é que a história do racismo na América não se reduz, como eles gostam de dizer, a ‘peanuts’. Há pouco mais de 50 anos ainda os motins, os assassinatos, as revoltas e os ataques repugnantes de uns biltres escondidos cobardemente debaixo de capuzes e que se autodenominavam Ku Kux Klan, eram tão banais que não mereciam mais do que notas de rodapé.
Não é espantar que, em Julho de 1944, Robinson tenha recebido uma ordem brusca de um condutor de autocarro: tinha de abandonar imediatamente o lugar fronteiro onde se tinha sentado e ir para o fundo do veículo, para o assento dos pretos. Abespinhou-se com a vileza. Recusou-se a obedecer e a tranquibérnia rebentou à medida da sua paciência.
Nessa altura, Jackie era segundo-tenente do 761st Black Panthers Tank Battalion estacionado em Fort Hood, no Texas. A Polícia Militar meteu-se ao barulho. Foi acusado de insubordinação e levado a Tribunal Marcial carregado de imputações, entre as quais a de embriaguez, coisa infame para quem nunca tocara numa gota de álcool. Do mal o menos: o processo manteve-o detido enquanto os seus companheiros de batalhão foram dar com os costados nas praias da Normandia. Safou-se com uma condenação leve: foi colocado em Camp Breckinridge, no Kentucky, como treinador de atletismo de um grupo de jovens soldados.
Toda a prole do casal Jerry e Mallie Robinson teve queda para o desporto. Matthew McKenzie, que todos conheciam por Mack, irmão de Jackie, ganhou a medalha de prata dos 200 metros nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, só superado por Jesse Owens.. O ultimogénito tinha jeito para tudo e mais um par de botas mas escolheu os sapatos de gáspeas ao contrário do basebol. E manteve-se suficientemente agressivo com todas as atitudes que considerava racistas, o que lhe valeu uma série de chatices com as autoridades. 
Os Dodgers de Brooklyn têm um nome irónico. No início chamavam-se Brooklyn Grays, mas quando os velhos trolleys puxados a cavalos passaram à história e foram substituídos pelos eléctricos, que deslizavam excitantemente pelos carris da cidade, ganharam a alcunha de Trolley Dodgers, os esquivos, ou os enganadores. A equipa de basebol foi-lhes na peugada.
Wesley Branch Rickey era um dirigente com coragem. Resolveu ir buscar Jackie ao Kansas City Monarchs, que jogava nas ‘negro leagues’, às quais os jogadores de pele escura estavam confinados, e dar-lhe o posto de primeiro-base dos Dodgers. Conhecendo o seu feitio espalha-brasas, sentou-o na sua frente e perguntou-lhe se estava preparado para enfrentar as provocações de um público essencialmente branco capaz, até, de lhe atirar amendoins. Robinson amofinou-se mais uma vez: «Are you looking for a Negro who is afraid to fight back?». E ouviu uma resposta serena: «No, I want a Negro with guts enough not to fight back». Apertaram as mãos e assinaram contrato.
Jack Roosevelt Robinson cruzou a ‘baseball color line’ no dia 15 de Abril de 1947, tornando-se no primeiro afro-americano a jogar na Major League Baseball. Aguentou como pôde toda a raiva que lhe era dirigida, sobretudo quando os Dodgers tinham de se deslocar aos estados sulistas e ouvia os próprios adversários mandarem-no de volta para os campos de algodão. Manteve-se satisfatoriamente contido para atingir uma qualidade incomum. Em 1950 foi convidado a fazer de si mesmo no filme de Alfred E. Green, The Jackie Robinson Story, com Ruby Dee, a poetisa, e o incansável Miner Watson. Entretanto, Buddy Johnson já tinha feito sucesso com uma canção que seria, em seguida, gravada por Count Basie:
«Did you see Jackie Robinson hit that ball?
It went zoomin’ cross the left field wall
Yeah boy!
Yes, yes. Jackie hits that ball». 
Parece que a vaidade lhe subiu à cabeça. Tornou-se cada vez menos sociável. Dick Young, famoso jornalista do New York Daily News escreveu: «O problema de Jackie é que sente que tudo o que lhe acontece de mau acontece por ser negro». O mesmo Dick que assistiu à sua estreia pelos Dodgers e se deixou emocionar até às lágrimas: ‘Baseball’s finest moment’. Uma luz escura acendera-se essa tarde no estádio de Ebbets Field."

O Brinco do Baptista #25 - Caleidoscópio

MicroEstruturas – A bola de Bernardo Silva


"Na simplificação do jogo é determinante criar-se relações conjuntas em micro estruturas que se entendam e movam de forma complementar. O portador da bola é sempre o dono do jogo, mas quem o rodeia também tem de trabalhar para que o dono possa definir com clareza aproximando a sua equipa do sucesso.
A três é determinante a formação de triângulos, ficando o portador da bola com opções distintas – Uma sobre o seu lado direito, e outra sobre o seu lado esquerdo, aumentando então a imprevisibilidade da sua acção.
Os movimentos não apenas garantem opções diferentes, como dependendo da abordagem defensiva adversária, podem abrir espaços de entrada quer da bola, quer do colega.
Foi bastante simples a forma como o City chegou ao segundo golo em Old Trafford, mas por trás teve um trabalho perfeito de uma microestrutura de três: Portador ataca corredor central, Movimento para a direita para garantir opção, que acabou por gerar espaço de entrada ao elemento do vértice esquerdo do triângulo."

Objectivo cumprido

"Previam-se dificuldades criadas pelo Rio Ave, fruto da qualidade que os vila-condenses têm vindo a apresentar ao longo da época, e essas verificaram-se, sendo acentuadas pelas incidências da partida: um golo madrugador que nos colocou em desvantagem; e outro precedido, no início da jogada, por uma grande penalidade evidente que ficou por assinalar, resultando em nova desvantagem para a nossa equipa e que só na segunda parte foi anulada e revertida.
Infelizmente, temos de referir que é incompreensível que a referida grande penalidade tenha ficado por assinalar (e que, frisamos, anularia o segundo golo do Rio Ave). Apesar da acção faltosa evidente do jogador vila-condense, julgamos que se deverá conceder o benefício da dúvida ao árbitro devido às características do lance, reconhecendo-se a dificuldade em ajuizar a falta em bola corrida. No entanto, consideramos inexplicável que sendo as imagens tão claras e tão óbvias, o VAR não tenha intervindo em prol da verdade desportiva.
O VAR, neste caso, foi Tiago Martins, o que nos leva questionar com compreensível ironia se, no caso em questão, estaria distraído à procura de moedas de cinco cêntimos para alegar escoriações, hematomas ou sabe-se lá que outras maleitas no peito. Porém, distraído não estaria certamente passados alguns minutos, em que se percebeu, pela rápida decisão de Artur Soares Dias em rever o lance no monitor, que Tiago Martins pronta e solicitamente indicou um possível erro de análise numa grande penalidade assinalada... a favor do Benfica. Parabéns pela decisão acertada! Só é pena que acerte mais nuns casos que noutros.
Em virtude de todas estas contrariedades, devemos ainda mais enaltecer a capacidade que a nossa equipa teve em encetar a reviravolta no resultado, fruto do aproveitamento de duas das várias oportunidades de golo criadas ao longo da segunda parte. Bruno Lage referiu que o Benfica dominou durante todo o segundo tempo, anulando os pontos fortes do adversário e exibindo-se em muito bom plano a nível ofensivo, o que se revelou determinante para o apuramento para as meias-finais, onde defrontaremos Paços de Ferreira ou Famalicão.
Resta-nos assinalar o regresso de Rafa, após paragem devido a lesão, novo golo de Cervi e o bis de Seferovic, que atingiu os 40 golos em competições oficiais ao serviço do Benfica, uma marca conseguida por apenas 56 jogadores ao longo da nossa história.
Agora o foco está totalmente direccionado para a sempre difícil deslocação a Alvalade a contar para o Campeonato Nacional, que se realizará já na sexta-feira, às 21h15. Ou seja, menos de 72 horas após o final da partida com o Rio Ave, facto que deve merecer uma reflexão e análise profundas da parte de todos."

Cadomblé do Vata

"1. O Benfica uma vez mais a mostrar que respeita a memória dos seus... o nosso primeiro golo só podia ser marcado pelo Speedy Cervi, a acelerar nas dunas da relva.
2. Em Dezembro Carlos Carvalhal demitiu-se do Rio Ave devido a erros de arbitragem num jogo de Taça da Liga... imagino que depois do lance que resultou no 2° golo vilacondense, o presidente do Rio Ave tenha começado logo à procura de treinador.
3. Vamos lá a ver: quem vilipendiou Rúben Dias e a respectiva mãe no momento em que ele bateu o pirolito para área no lance do 2-2, que ponha a mão no ar... este ponto foi escrito só com uma mão.
4. Na sexta levamos uma bolacha do iraniano Mohamadi; hoje foi uma bomboca do persa Taremi... será que em farsi SLB lê-se USA?
5. Na temporada passada, comecei-me a despedir de João Félix em Abril... com o ritmo que o rapaz leva, em Fevereiro começo a dizer adeus ao Tomás Tavares."

Vontade, ânsia, frenesim, intensidade, potência, violência, fúria e robustez não definem Cervi. Há outro substantivo


"Zlobin
Estádio cheio, adeptos galvanizados, ritmo frenético, emoção em ambas as balizas. Foi uma bonita despedida para Zlobin. Felicidades!

Tomás Tavares
Tem quase tudo para vencer o prémio de Melhor Tavares na próxima Gala Cosme Damião. A quantidade de coisas virtuosas que faz ao longo de um jogo não engana. Assim que perder o medo nos cruzamentos tornar-se-á o jovem mais valioso deste plantel.

Rúben Dias
Mohamaddi numa sexta, Taremi a uma terça. Estão a brincar com isto? A sorte do povo iraniano é que Rúben Dias não tem acesso aos códigos nucleares.

Ferro
Louve-se a decisão da realização do jogo ao evitar repetições em câmara lenta dos lances em que Ferro participou. Tendo o jogo começado às 21:15, arriscávamo-nos a esperar pela manhã seguinte para o ver chegar ao Taremi.

Grimaldo
Não sei se já viram a lista de nomeações para os Oscar, mas a categoria de actor secundário tem Tom Hanks, Anthony Hopkins, Al Pacino, Joe Pesci e Brad Pitt. De igual forma, também não deve incomodar Grimaldo quando este passa para um papel secundário e se limita a fazer os possíveis para que Cervi seja feliz.

Weigl
Feitas as apresentações na vitória contra o Aves, impunha-se mais uma etapa formativa. Ontem foi a vez de Weigl descobrir que não pode fazer três passes para o lado sem que isso leve metade do país a questionar a sua contratação. Não obstante ter feito um bom jogo, equilibrado, quase sem passes falhados, quase sempre no sítio certo, é possível que já tenha sido proscrito pela facção mais angustiante do benfiquismo. Felizmente Lage percebeu isso e colocou o rapaz a central, o que lhe permitiu assim fazer alguns passes para a frente e assegurar a sua continuidade no plantel, pelo menos até ao próximo passe para o lado.

Taarabt
Mostrem-lhe um jogador com a mesma vontade de ganhar e é lá que ele vai colocar a bola. Mostrem-lhe um adversário convencido de que esta é a sua noite e será ele a esclarecer o equívoco. Mostrem-lhe um colega de equipa interessado na sua posição e ele apontará para o banco de suplentes. Juro-vos pela minha saúde que vou pagar uma garrafa de Belvedere a este gajo quando me cruzar com ele em meados de Maio.

Pizzi
Não fez grande jogo e mesmo assim foi protagonista do melhor momento da noite. Viva o Benfica. 

Cervi
Sabem o que é que rima com ovação? Tesão. Não sei se este é um termo que dignifica a publicação que há 4 anos me convida a escrever estas baboseiras, mas é aquele que melhor expressa a minha, a nossa, profunda paixão por Franco Cervi neste momento. Há muito que a maioria de nós ultrapassou as questiúnculas sobre se é ou não jogador para nós, se encaixa, se vai segurar o lugar agora que Rafa está de volta. Ele não quer saber disso, e nós cada vez menos. Não foi seguramente esse existencialismo técnico-tático que o fez chegar primeiro àquela bola no Bessa. E, amigos, editores da Tribuna, não há sinónimo que o diga exactamente da mesma forma. Ânimo, entusiasmo, vontade, ânsia, frenesim, frenesi, anelo, força, intensidade, ímpeto, potência, violência, fúria, furor, robustez, vigor. O tanas. Tesão. Os poucos que resistem a Cervi terão sentido ao longo deste jogo o mesmo que George Costanza num episódio em que visita uma casa de massagens recomendada por Jerry Seinfeld. Em vez da massagista amplamente elogiada, é um tipo de 1 metro e 90 chamado Raymond quem recebe George. Este chega a casa angustiado por ter gostado tanto da massagem e partilha com Jerry uma das melhores confissões da história das sitcoms: “i think it moved”. Não se sintam mal por isso.

Chiquinho
que o Benfica manda em tudo no futebol português e nada acontece no relvado a não ser pelos tentáculos longos do polvo encarnado, eu faço um pedido ao dito molusco: convence lá uns adversários a deixarem o Chiquinho marcar uns golos. Não é preciso muito, só uma ou duas desatenções convenientes que permitam desbloquear o poderio evidente do nosso craque. Agradecido desde já.

Vinícius
Responsável pelo grande momento ebony and ivory que permitiu a Seferovic colocar-nos na rota da vitória. Muito inteligente, guardou os golos para sexta-feira.

Seferovic
Ok, já percebi. Seferovic não esteve fora de forma. É uma espécie protegida proveniente da Suíça que hiberna entre Agosto e Dezembro, reaparecendo em Janeiro pleno de energia, crença e pontaria. Está esclarecido, Haris. *autor do texto faz gesto com as mãos em forma de coração*

Samaris
Um exemplo para os mais novos. Há muito que conquistou o direito a passar apenas para o lado ou para trás, e não foi por isso que deixou de ser ídolo. É um capital que se vai construindo. Leva muitos anos, muitos títulos, e algumas pernas atingidas no processo. Aprende, Julian.

Rafa
Expressão compenetrada, barba de náufrago, e duas pernas novamente operacionais. Vamos a eles, Rafael."

Chamem a Polícia...!!!

Chamem-me Seferovic, o Sr. Eficácia

"Entrou já o jogo se jogava há mais de uma hora, rematou três vezes, fez dois golos e teve a eficácia que antes o criticaram por não ter. O avançado suíço deu a vitória (3-2) contra um bom, atacante e perigoso Rio Ave e disfarçou os problemas de passividade e controlo de profundidade do Benfica, que está nas meias-finais da Taça de Portugal

Lucas Piazón pode bem ser um bom menino, simpático no trato, um íntegro amigo do amigo e acumulador de outras qualidades atraentes para a sorte abençoar quem é, ainda e há muitos anos, um jogador ligado ao Chelsea, mas está no Rio Ave, com ar concentrado, à beira da área na Luz, medindo a abordagem à bola parada, a mecânica é de quem muito ensaiou e repetiu, bate-a com a parte de dentro do pé, a rotação top-spin fá-la saltar a barreira, descer e acaba a trajetória dentro da baliza. 
Mehdi Taremi é, lendo os números sociais, um querido e afamado futebolista no Irão, de onde saiu apenas para o endinheirado Qatar, onde, por sua vez, tinha um chorudo salário do qual a persuasão de Carvalhal, a ajuda de Queiroz e a mediação do tradutor entre os dois Carlos o convenceram a abdicar para, na mesma Luz, arrancar uma diagonal das costas para a frente de Ferro e, também à entrada da área, mergulhar de cabeça e fazer sobrevoar um chapéu a Zlobin.
A história dos dois golos do Rio Ave em 45 minutos, mesmo que ricas nas narrativas de quem os marcou, são incontáveis por si só, porque a sofrê-los está o Benfica e os seus comportamentos sem a bola.
Aos 4’, a primeira e a segunda linhas de pressão no meio campo contrário só têm jogadores passivos, que não apertam a condução de Matheus Reis e o deixam correr até à falta necessária de Rúben Dias (antes de os apoios que Zlobin fixa tarde, para saltar em direção ao poste); aos 29’, o mesmo lateral esquerdo nem corre, apenas caminha rápido, tem tempo e espaço para ter a cabeça levantada e levantar o passe para a profundidade atacada por Taremi, que Ferro vê a decidir, arrancar e acelerar o movimento sem ajustar a marcação ou o espaço.
A defender, o Benfica é ultrapassado tanto quando Tarantini separa os centrais e o Rio Ave sai a três, porque Vinícius e Chiquinho se alinham, demasiadas vezes, ou quando opta por sair pelos laterais, sobretudo à direita, onde a equipa espera pelos recuos de Piazón, que dá um terceiro homem e a superioridade em números para as saídas de pressão. Sempre pela relva, com passes curtos e Taremi nunca quieto, a criar dúvidas em Rúben Dias e Ferro.
Não que as posses de bola do Rio Ave sejam rápidas, verticais ou com três e quatro jogadores a romperem espaços, na frente, em simultâneo, mas o Benfica, tão lentamente reactivo em vez de activo a condicionar as jogadas, deixa o portador da bola muitas vezes descoberto e com hipóteses de tentar colocar passes nas costas da defesa. E tudo contrabalança o que o Benfica faz com bola.
Porque Weigl e Taarabt, sempre próximos, desmontam com passes curtos quem os pressiona, juntam-se para tirar a bola dos cercos adversários e, aos poucos, atraem Chiquinho para longe dos centrais. Os três dão ritmo às jogadas e, em 10 minutos, desmontam os bloqueios do Rio Ave ao centro do campo, lançam Vinícius e Cervi - que marca aos 13’, de pé direito, após uma tabela - e dispensam, estranhamente, a influência que PIzzi sempre tem quando o Benfica ataca uma baliza.
Há o golo e remates do português, do brasileiro e do argentino, produtos de uma produção que tem muito volume e presença até à área, mas que se precipita quando falta um passe, uma decisão, um toque para alguém poder rematar à baliza.
Recuando as linhas, esperando mais e tendo os laterais a respeitar os abusos na projeção de Grimaldo e Tomás Tavares, o Rio Ave é empurrado para a área na segunda parte, deixando Weigl - antes de ser improvisado a central - e Taarabt sem incómodos quando têm a bola, de frente para o jogo, a tentar ligar passes entrelinhas.
Um minuto depois de Weigl recuar, o risco avançar e Seferovic entrar, o Benfica opta por inserir o central com menos criação nos pés no ataque, Rúben Dias cruza uma bola, Vinícius desvia-a na área e o suíço, creio que ao primeiro toque no jogo, remata (64’) o custoso empate. Pouco depois, o esforço de Pizzi a perseguir um lançamento lateral acaba em cruzamento e no segundo remate de Seferovic no jogo (71’), que dá golo.
Ficando o Benfica, pela primeira vez, a ganhar, Samaris entrou, a equipa recebeu o sinal, as posses de bola tornaram-se literais e mais possessivas do que atacantes, a equipa olhou mais para os espaços a fechar aos outros do que aqueles a abrir para si e, concluindo, abrandou. O Rio Ave, subjugado até então, soltou-se como o fizeram antes do intervalo e Taremi voltou a rematar, Bruno Moreira imitou-o e Piazón também.
A regressada fragilidade defensiva do Benfica, muito falível a ajustar a linha à profundidade, com uma equipa demasiado lenta a reagir a adversários que recebam a bola de frente para a baliza, não foi aproveitada, de novo, pelo calmo, prático e bem organizado Rio Ave a construir ideias de trás, que já foi tarde para fazer alguma coisa em relação à narrativa de quem mais golos fez no jogo.
Haris Seferovic, o patinho feio que bravo foi a época passada, com 27 motivos de boniteza que não tivera na primeira temporada de Benfica, nem está a ter na atual, em que feio voltou a ser para muita gente que lhe descortina mais as falhas nas receções, nas ações perto da área e na forma como usa o que lhe servem.
Mas, e porque uma raridade não é sinónimo de coisa inédita, o suíço mostrou o que é ser 66% eficaz e, resultado disso, o Rio Ave perdeu, ele sorriu e o Benfica está nas meias-finais da Taça de Portugal."

SL Benfica 3-2 Rio Ave FC: Seferovic “Cervi”u de desbloqueio

"A Crónica: que bonito se jogou na Luz!
A noite estava fria aqui deste lado da bancada, mas felizmente o jogo aqueceu de forma a fazer os adeptos esquecer o inverno que se fazia sentir no Estádio da Luz. E que jogo! Arrisco-me a dizer que esteve pouco longe do nível de um clássico ou de um dérbi. Duas equipas com um futebol ofensivo e bonito onde o Benfica acabou por ser mais feliz. E um jogo que começou, desde logo, com um ritmo diabólico. Tanto é que logo aos quatro minutos já se tinha alterado o marcador.
O Rio Ave FC foi o primeiro a ser feliz. Depois de uma grande jogada iniciada por Matheus Reis que cedeu, e bem, para Taremi, eis que surge uma falta sobre o jogador e que dá origem a um livre perigoso em horas prematuras na Luz. Lucas Piazón carimbou, em formato de livre, o primeiro da noite. O SL Benfica respondeu bem ao golo e conseguiu pressionar ainda mais os vila-condenses. O golo acabou por surgir nem 10 minutos depois (aos 13′) no seguimento de uma excelente jogada entre Cervi e Carlos Vinicius, onde Cervi conseguiu de forma exímia reestabelecer a igualdade.
Estava a ser uma partida irrepreensível, onde ambas as equipas estavam a arriscar e praticar um futebol de se tirar um chapéu. Falei em chapéu? É que foi isso mesmo que aconteceu aos 29 minutos – um chapéu de Taremi sob Zlobin a fazer o 2-1. Taremi muito interventivo durante toda a partida, aproveitou uma desatenção de Zlobin que estava fora dos postes. Depois de uma oportunidade dos encarnados entre Taarabt e Chiquinho, surge então o golo da equipa de Carlos Carvalhal que se colocou novamente à frente do marcador.
O Benfica continuou dominador no jogo, mas havia a clara sensação de que faltavam argumentos ofensivos. A entrada de Seferovic veio causar estragos e as águias conseguiram mesmo igualar o marcador. Nota importante para mais uma assistência de Vinicius que era a segunda na partida e a terceira nos últimos dois jogos. Por esta altura, a 20 minutos do final do duelo, o Rio Ave FC encontrava-se encostado às cordas e acabou mesmo por sofrer o terceiro. Seferovic, que ao que parece saiu do banco inspirado, marca o terceiro da noite e impõe a vantagem para a sua equipa.
O jogo permaneceu assim como decorreu durante os restantes minutos: intenso e bonito. Uma excelente partida onde a superioridade do Benfica acabou por se evidenciar numa altura de maior cansaço da equipa do Rio Ave que fez um jogo de grande esforço e perseverança.

A Figura
CerviQue grande categoria! É só o que tenho a dizer quanto a este jogo de Cervi. Que entrega! Quer em termos defensivos, quer em termos ofensivos. O número 11 pode não ter um lugar garantido na equipa titulas do Benfica, mas a verdade é que a sua entrega esta noite pede por mais oportunidades como a que teve esta noite.

O Fora de jogo
TaarabtNum jogo de alto calibre por parte de ambas as equipas é complicado eleger um fora-de-jogo, mas a escolha desta noite é Taraabt. Esteve um pouco perdido no sistema tático da sua equipa. O facto de estar muito subido no terreno acabou por espelhar algumas debilidades no meio-campo do Benfica que, até certa altura, o Rio Ave FC estava a saber aproveitá-las com saber, arte e engenho. 

Análise Táctica - SL Benfica
O SL Benfica apresentou-se com o seu típico 4-4-2, mas que acabou por apresentar algumas debilidades para segurar o jogo a meio-campo. O centro do terreno encarnado esteve um pouco apático durante a primeira parte. Taraabt esteve algo perdido dentro de campo e muito subido no mesmo. Com isto, Weigl ficou muito exposto a um excelente trio que deu muitas dores de cabeça à equipa de Bruno Lage. A complementar a exímia exibição de Taremi, um autêntico lutador na frente de ataque, o trio Nuno Santos, Piazón e Diego Lopes fizeram uma grande diferença.
Um Benfica sem espaço para sair a jogar, começou por apostar mais num jogo através do corredor central que, ainda assim, não estava a correr da melhor maneira. As águias jogaram bem a níveis ofensivos, mas as lacunas defensivas estavam a ser demasiado evidentes e acabaram mesmo por se traduzir no resultado de 1-2 para o Rio Ave FC.
Com o desenrolar do jogo, a ideia que se formava é que faltava mais gente na área do Benfica para poder concretizar. E Bruno Lage percebeu isso mesmo. Tanto que aos 61′, Ferro sai para a entrada de Seferovic. Weigl ocupa, a partir daqui, a posição de falso central. O Benfica passa então a jogar no seu meio-campo com Chiquinho e Taarabt e na frente de ataque: Vinicius e Seferovic. A estratégia cedo surtiu efeito, uma vez que o empate surge aos 61′ e a vantagem ocorre sensivelmente 10 minutos depois.

11 Inicial e Pontuações
Ivan Zlobin (4)
Grimaldo (4)
Rúben Dias (4)
Franco Cervi (9)
Chiquinho (7)
Pizzi (6)
Weigl (4)
Taarabt (3)
T. Tavares (8)
Vinicius (8)
Ferro (4)
Subs Utilizados
Seferovic (8)
Samaris (-)
Rafa (-)

Análise Táctica - Rio Ave FC
O Rio Ave FC apresentou-se na Luz completamente desinibido num 4-4-2 bastante eficaz. A certa altura começa a apostar num jogo mais reativo devido à preponderância ofensiva benfiquista, mas o apoio no corredor de Nuno Santos, Piazón e Diego Lopes ao homem mais avançado – Taremi – foi o trunfo da noite de Carlos Carvalhal. Esteve muito do jogo empurrado no seu meio-campo, mas soube muito bem gerir os momentos de jogo de forma eficaz.
Para além disso, a sua primeira linha defensiva esteve bastante atenta e uma autêntica muralha que dificultou bastante as manobras ofensivas encarnadas. Apesar de ter perdido este jogo, o Rio Ave FC deu uma lição a todos os que gostam de bom futebol. Fez frente a frente ao seu adversário (e que adversário, diga-se de passagem) e conseguiu manter a sua estratégia avante até ao momento em que Bruno Lage lança as cartas todas ao colocar Seferovic em campo, optando por uma estratégia com dois homens na área.

11 Inicial e Pontuações
Paulo Vítor (6)
Matheus Reis (7)
Filipe Augusto (6)
Borevkovic (8)
Diogo Figueiras (7)
Tarantini (7)
Diego (8)
Nuno Santos (7)
Piazon (7)
Santos (8)
Mehdi (8)
Subs Utilizados
Grabielzinho (-)
Diego Lopes (-)
Pedro Amaral (-)

BnR na conferência de imprensa
Rio Ave FC
Não foi possível fazer perguntas ao treinador do Rio Ave FC, Carlos Carvalhal.

SL Benfica
Não foi possível fazer perguntas ao treinador do SL Benfica, Bruno Lage."

Curtas – Benfica segue em frente na taça

"Ferro novamente associado a um golo adversário e hoje esse erro não foi no duelo individual, mas sim num comportamento. A demonstrar que sem bola tem ainda muitas fragilidades. E voltou a arriscar um sem número de desarmes em situações que apenas deveria ter aguentado na contenção. 
Um luxo ter um meio campo com Weigl e Adel. A forma como pensam e ligam o jogo é delicioso. Se a eles lhe juntarmos Chiquinho, estão reunidas as condições para o Benfica ser muito perigoso em posse e conseguir ligar fases com qualidade.
A importância do sempre enérgico Cervi na forma como defende (seja na ocupação do espaços como no duelo) e na velocidade e verticalidade que oferece ofensivamente. Já Pizzi, hoje menos interventivo no jogo porque o Rio Ave lhe tirou espaço onde pode ser mais importante, ainda assim mais uma assistência para alguém que acumula números directos em golos de uma forma incrível. 
Vinícius é um jogador de apenas um toque, mas não apenas a finalizar. Hoje, em zonas de finalização, ofereceu dois golos. Por sua vez, Seferovic foi o herói num jogo atípico do suíço: 2 remates 2 golos. 
Rio Ave que conseguiu por muitos momentos roubar a bola ao Benfica. Variantes na construção a 3, com Tarantini e Felipe Augusto, e um jogo posicional bem definido e com muitas linhas dentro e fora deram alguma segurança à posse. No entanto, menos forte a entrar em criação e a definir as bolas que aí tiveram. Taremi a demonstrar que é do melhor desta liga extra-grandes."

Vlog: Bello, Rio Ave...

Benfica After 90 - Rio Ave, Taça...

Benfiquismo (MCDXII)

Marcação cerrada!!!

Vermelhão: mais uma derrota do Conselho de Arbitragem da FPF !!!

Benfica 3 - 2 Rio Ave


A estória deste jogo, começa em mais um sorteio, que de sorteio não teve nada; depois uma calendarização absurda: então os Lagartos, não podem jogar Sábado/Terça, e assim altera-se o jogo, para que o Benfica jogue Terça/Sexta!!! E para finalizar, nomeia-se uma dupla de ladrões Soares Dias e Tiago Martins!!! Isto quando na última eliminatória da Taça de Portugal, no Benfica-Braga, já tínhamos levado com o ladrão da confeitaria!!!
A forma como o Benfica assiste a tudo isto sem 'nada' fazer, deixa-me profundamente irritado. Isto não é inclinar o relvado, isto é Crime, um crime continuado, cometido à descarada, à frente de todos, e quando são chamados à atenção, estão-se marimbando, ainda gozam, e voltam a roubar... Dão-se ainda ao requinte, de no pós-jogo, criar repetidamente narrativas falsas, pretendendo passar a ideia que o Benfica foi beneficiado ou na 'pior' da hipóteses, é tão 'beneficiado' como os Corruptos...!!!
Criticar o treinador ou os jogadores do Benfica, depois de apitos destes, é absurdo. O facto do Benfica neste momento estar à frente do Campeonato e nas Meias-finais da Taça de Portugal é um verdadeiro milagre...
Em relação ao jogo, foi aquilo que eu esperava: um Rio Ave chato, com boa posse de bola, na 1.ª fase de construção, mas pouco agressivo perto da nossa área... A única 'novidade' foi a pressão 'forte', feita sobre os nossos Centrais, dificultando em muito, a nossa transição ofensiva... que sem jogadores rápidos nas Alas, depende muito do jogo entre-linhas, e se os 'passadores' estão pressionados...!!!
Além da arbitragem, aquilo que acabou por condicionar a partida, foi a eficácia de praticamente 100% dos vilacondenses, que nos dois primeiros remates (praticamente os únicos da 1.ª parte), marcaram dois golos... Com o Benfica, mesmo lento, mesmo com os tais problemas na pressão sobre a saída de bola dos nossos Centrais, a criar oportunidades suficiente para chegar ao intervalo a ganhar!!!

No 2.º tempo, com o cansaço e que com o Rio Ave a 'defender' a vantagem mais atrás, conseguimos 'acampar' mais tempo, perto da área do adversário, e ao contrário do jogo com o Aves, a equipa 'resistiu' à ansiedade, e foi 'balançando' a bola com paciência de um lado para o outro, à procura da superioridade... Eu sei que o 'pessoal' gosta mais do jogo directo, com mais coração do que cabeça (o meu colega do lado é um excelente exemplo dessa tendência...), mas hoje, a nossa jovem equipa demonstrou alguma maturidade na forma como não perdeu a 'cabeça' em desvantagem e a ser 'empurrada' para a eliminação pelo apitadeiro constantemente!
Grande jogo do Tomás Tavares; sem marcar golos o Vinícius, fez duas assistências; o Seferovic finalmente marcou, e logo dois, e logo decisivos; o Taarabt fez muita falta com o Aves, e hoje voltou a ser o nosso principal dínamo...; o Rúben esteve mal no lance do 1.º golo do Rio Ave, ficou com um Amarelo aos 3 minutos, mas acabou por ser um dos melhores... com participação activa no nosso 2.º golo; mas a maior ovação da noite foi para o Cervi, com total justiça...
Chiquinho voltou a ter muitas dificuldades em encontrar espaços enquanto 2.º avançado, bem quando recuou para o meio-campo; o Grimaldo até teve espaço, mas os passes raramente saíram bem...; o Weigl voltou a demonstrar que ainda não está 'adaptado' aos tempos de pressão... quando recuou para Central, esteve bem no um para um, mas teve muitos problemas em 'manter' a linha defensiva, felizmente o Rio Ave nunca aproveitou...
O Zlobin não está a agarrar as oportunidades... se no livre directo, até se pode dar o mérito a quem marcou; no 2.º golo está mal colocado: já tinha hesitado no livre do 1.º golo, resolver 'ficar', e o Rúben levou o Amarelo e no 2.º ficou a meio caminho!
O Ferro está num momento miserável, a defender e até a passar a bola, uma das suas melhores características!!!! E com a lesão do Jardel, não temos mais Centrais!!!



Existiram dois lances exemplares:
- o penalty sobre o Chiquinho é claríssimo, é daqueles que é facílimo de marcar em campo... o facto do VAR não o ter marcado, é a prova provada de premeditação! Ninguém é tão incompetente, que não tenha visto o Chiquinho a ser derrubado, com um toque na perna e um empurrão nas costas!!! E já agora, seria o 2.º Amarelo para o Filipe Augusto!
Como na sequência do lance deu golo do Rio Ave, transformou-se um 2-1 a favor do Benfica, num 1-2 contra!!!!
- o lance sobre o Taarabt, só é assinalado, porque já era o 3.º protesto do Benfica na área do Rio Ave, a coisa estava-se a tornar 'cansativa' e até o Ladrão Dias marcou...!!! Mas inacreditavelmente, o Ladrão Martins, sem perder tempo, avisou que não 'concordava'!!! Suspeito que tenha dito que o Filipe Augusto tocou na bola, o problema é que o toque na perna do Taarabt, é anterior! São milésimos de segundo, é praticamente em simultâneo, mas o toque na perna é evidente! Recordo que o protocolo é claro: as decisões só podem ser revertidas, se a prova video for evidente, algo que neste caso não aconteceu... Mas as Leis ou o protocolo não são empecilho aos Ladrões!!!
Um jogo que deveria ter 3-1 a favor do Benfica, ao intervalo; estava 1-2 com o Benfica a perder, impedindo assim uma gestão do resultado e do plantel, a pensar no jogo importantíssimo para o Campeonato na próxima sexta-feira...
Houve outros lances, na área do Rio Ave fiquei com dúvidas pelo menos em mais duas situações, ambas sobre o Pizzi (mas ainda não vi as imagens); voltámos a ter uma critério disciplinar que permitiu o Rio Ave fazer as faltas que quis; vimos faltas e lançamentos laterais, marcados a 10 metros do local onde deviam ter sido executados... etc... etc...
Isto tudo, quando algumas horas antes, no Dragay, mesmo contra uma equipa da 2.ª Liga, foi preciso o apitadeiro Rui Costa para ganhar o jogo! O 1.º golo dos Corruptos, foi criminoso!!!
Vamos jogar muito provavelmente com o Famalicão nas Meias, serão dois jogos muito duros, com uma das melhores equipas da Liga, no momento onde a Liga e a Liga Europa se vão decidir. Vamos ter que rodar o plantel, e este ano já verificamos que isso dá quase sempre mau resultado... Não podemos ter lesões, e precisamos de mais alguns reforços até ao final de Janeiro...!!!

Agora, temos 72 horas para recuperar, uma equipa bastante desgastada! Não foi só o Cervi que acabou cansado: o Pizzi, o Grimaldo e Chiquinho... Mesmo com o regresso do Gabriel (sem certezas!), o contexto será sempre muito complicado... O próprio Rafa, acabou por ter muito poucos minutos, quando se 'pedia' mais... E para somar a todos os problemas, vamos levar muito provavelmente com um destes três: Macron, Tiago Martins ou o Verdíssimo!!! Venha literalmente o Diabo e escolha!!!