Últimas indefectivações

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Lixívia XVII

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica.............. 46 (+1) = 45
Sporting............ 36 (+6) = 30
Corruptos........ 40 (+11) = 29
Braga............... 31 (+2) = 29


Numa jornada, onde os Corruptos e os Lagartos, marcaram 7 golos, sendo que 5 deles foram obtidos de forma ilegal - directamente, ou indirectamente... -, o tema favorito dos paineleiros e avençados televisivos, ou pasquineiros, é o potencial 'criminoso' 2.º amarelo que foi perdoado ao Talisca!!! Sendo que ainda hoje, na CMTV ouvi, com espanto, uma grande indignação, não pela forma como os Lagartos marcaram os seus golos, mas pela forma como os jogadores e o banco do Rio Ave, protestaram os golos sofridos ilegalmente...!!!
Depois de meses de choradinho, tivemos esta semana, um bom exemplo, do colinho que ambos os nossos principais inimigos beneficiam... mas que a descomunicação social Tuga, branqueia, com enorme convicção, diria mesmo com um fanatismo digno, de qualquer culto...

A roubalheira começou no Sábado em Penafiel, onde um Clube presidido por adeptos Corruptos, treinado por um ex-treinador dos Corruptos, que não fez alinhar um jogador emprestado pelos Corruptos (sem que ninguém tivesse ficado indignado, nem que tivesse sido aberto qualquer processo disciplinar...!!!), é descaradamente roubado... e no final do jogo: silêncio total. Omerta...
1.ª golo - fora de jogo de Casemiro...
2.ª golo - fora-de-jogo de Jackson... admito que as imagens não são totalmente esclarecedoras... mas parece-me que está ligeiramente adiantado em relação à bola.
3.ª golo - fora-de-jogo de Casemiro, que está fora do campo (linha de fundo), quando a bola bate em Herrera, regressando às quatro linhas, e centrando para o Golo... Além disso, no início do lance existe uma cotovelada de Jackson... que foi relatada pelos jornaleiros, como uma brilhante finta do Colombiano!!!
Pelo meio, já com 1-0, ainda houve um potencial penalty contra os Corruptos, num lance onde o jogador do Penafiel sofre uma 'tesourada' nas pernas, ficando com o pé preso, entre as pernas do defesa dos Corruptos... Siga em frente...

No Alvalixo, tivemos um surreal penalty assinalado a favor das Osgas. Mais surreal, só mesmo os 'analistas' a defenderem a decisão do árbitro!!! Nem o piscineiro, do Montero alguma vez pensou que o árbitro alguma vez marcasse penalty... até o Colombiano, especialista em mergulhos, ficou surpreendido!!! Existe contacto, mas só vi penalty's destes, a serem marcados a favor dos Corruptos Tugas, ou algum dos seus 'afiliados' estrangeiros!!!
Não contente com esta empurrão, pouco depois, o Monteiro descobre uma nova maneira de aparecer sozinho na área: rasteirar o defesa!!! Esta foi de génio...!!!
Mas além destes dois lances capitais, no resto do jogo tivemos, várias decisões absurdas, em lançamentos laterais, pontapés de canto... critério disciplinar: que o diga o William e o Tobias logo no início do jogo... Uma festa.
Sobre a falta de 'chá' dos Vilacondeses, após o penalty, só tenho a dizer que o Nuno Almeida só não expulsou os jogadores do Rio Ave, porque tinha a consciência pesada, porque sabia que o penalty não existia... Em Portugal parece que é moda, os Tribunais condenarem as vitimas de assalto (ou os Polícias) a pagarem indemnizações aos Ladrões, quando os apanham em flagrante... neste caso, nem o Nuno Almeida, teve coragem de mandar 'para a rua', as vitimas do assalto!!!

Mas como comecei por afirmar, a grande 'crime' da jornada, foi o 2.º amarelo não mostrado ao Talisca!!! O Porco do Henriques, no directo deu o mote, e os Tarecos nunca mais largaram o osso!!! E logo o Porco Henriques, que quando é conveniente, defende sempre que os árbitros não devem mostrar amarelos para não estragar o jogo... mesmo quando as repetições mostram entradas de Karaté!!! É só consistência..!!!
Vamos lá ver, o Xistra fez uma exibição melhor do que o habitual... incompetente na mesma, mas pelo menos não discriminou!!! Sendo que no critério disciplinar, cometeu o maior número de erros, perdoando vários amarelos, a vários jogadores, das duas equipas... E é aqui, que Tarecos demonstram toda a sua cegueira. Um exemplo: o único Maritimista que levou amarelo foi o Maazou, mas antes já tinha feito um 'carrinho' que merecia cartão...; o Alex Soares fez várias para cartão, o Fernando Ferreira também... entre outros.
Já com o jogo decidido, o Ramsteijn jogou a bola com o braço, para mim, não foi um contacto deliberado, mas em Portugal marca-se penalty's por muito menos...!!!

Não vi o jogo do Braga em Setúbal, houve muitos cartões na parte final, inclusive um Vermelho para o Setúbal, mas parece que as decisões foram boas...

Anexos:
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Cosme, Prejudicados, Sem influência no resultado
2.ª-Boavista(f), V(1-0), Marco Ferreira, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(c), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Setúbal(f), V(0-5), Capela, Nada a assinalar
5.ª-Moreirense(c), V(3-1), Luís Ferreira, Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
6.ª-Estoril(f), V(2-3), Vasco Santos, Nada a assinalar
7.ª-Arouca(c), V(4-0), Hugo Miguel, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Braga(f), D(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, (2-3), (-3 pontos)
9.ª-Rio Ave(c), V(1-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
10.ª-Nacional(f), V(1-2), Bruno Paixão, Prejudicados, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
11.ª-Académica(f), V(0-2), Jorge Ferreira, Beneficiados, (0-1), Sem influência no resultado
12.ª-Belenenses(c), V(3-0), Manuel Oliveira, Nada a assinalar
13.ª-Corruptos(f), V(0-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
14.ª-Gil Vicente(c), V(1-0), Capela, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
15.ª-Penafiel(f), V(0-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
16.ª-Guimarães(c), V(3-0), Rui Costa, Nada a assinalar
17.ª-Marítimo(f), V(0-4), Xistra, Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Académica(f), E(1-1), Soares Dias, Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
2.ª-Arouca(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, (2-0), Sem influência resultado
3.ª-Benfica(f), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Belenenses(c), E(1-1), Cosme Machado, Nada a assinalar
5.ª-Gil Vicente(f), V(0-4), Xistra, Beneficiados, (1-4), Sem influência no resultado
6.ª-Corruptos(c), E(1-1), Benquerença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
7.ª-Penafiel(f), V(0-4), Rui Costa, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Marítimo(c), V(4-2), Manuel Oliveira, Beneficiados, (4-3), Sem influência no resultado
9.ª-Guimarães(f), D(3-0), Hugo Miguel, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
10.ª-Paços de Ferreira(c), E(1-1), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-2), (+1 ponto)
11.ª-Setúbal(c), V(3-0), Soares Dias, Beneficiados, Impossível contabilizar
12.ª-Boavista(f), V(1-3), Jorge Sousa, Nada a assinalar
13.ª-Moreirense(c), E(1-1), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
14.ª-Nacional(f), V(0-1), Duarte Gomes, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
15.ª-Estoril(c), V(3-0), Soares Dias, Nada a assinalar
16.ª-Braga(f), V(0-1), Hugo Miguel, Nada a assinalar
17.ª-Rio Ave(c), V(4-2), Nuno Almeida, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)

Corruptos
1.ª-Marítimo(c), V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
2.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-0), Mota, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
4.ª-Guimarães(f), E(1-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
5.ª-Boavista(c), E(0-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
6.ª-Sporting(f), E(1-1), Benquerença, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Braga(c), V(2-1), Proença, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
8.ª-Arouca(f), V(0-5), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, (1-6), Sem influência no resultado
9.ª-Nacional(c), V(2-0), Nuno Almeida, Nada a assinalar
10.ª-Estoril(f), E(2-2), Soares Dias, Beneficiados, (3-2), (+1 ponto)
11.ª-Rio Ave(c), V(5-0), Benquerença, Beneficiados, (1-2), (+3 pontos)
12.ª-Académica(f), V(0-3), Manuel Mota, Nada a assinalar
13.ª-Benfica(c), D(0-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
14.ª-Setúbal(f), V(4-0), Manuel Oliveira, Beneficiados, (2-0), Sem influência no resultado
15.ª-Gil Vicente(f), V(1-5), Nuno Almeida, Nada a assinalar
16.ª-Belenenses(c), V(3-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
17.ª-Penafiel(f), V(1-3), Soares Dias, Beneficiados, (1-0), (+3 pontos)

Braga
1.ª-Boavista(c), V(3-0), Vasco Santos, Beneficiados, (1-0)?!, Impossível contabilizar
2.ª-Moreirense(f), E(0-0), Paixão, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
3.ª-Estoril(c), V(2-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (3-1), Sem influência no resultado
4.ª-Arouca(f), D(1-0), Proença, Nada a assinalar
5.ª-Nacional(f) E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, Impossível contabilizar
6.ª-Rio Ave(c), V(3-0), Bruno Esteves, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Corruptos(f), D(2-1), Proença, Prejudicados, (2-2), (-1 ponto)
8.ª-Benfica(c), V(2-1), Marco Ferreira, Beneficiados, (2-3), (+3 pontos)
9.ª-Académica(f) E(1-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
10.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Manuel Oliveira, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Penafiel(f), V(1-6), Hugo Miguel, Nada a assinalar
12.ª-Guimarães(c), E(0-0), Xistra, Nada a assinalar
13.ª-Belenenses(f), V(0-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
14.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
15.ª-Marítimo(f), D(2-1), Jorge Sousa, Nada assinalar
16.ª-Sporting(c), D(0-1), Hugo Miguel, Nada a assinalar
17.ª-Setúbal(f), V(1-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar

O Benfica de Eusébio

"Num tempo e lugar já distantes, vi com o João Vaz, meu velho amigo do liceu de Guimarães, aí pelos anos 60, Eusébio a jogar pelo Benfica, pela primeira vez, em Matosinhos. E ficámos, desde logo, espantados com a agilidade e repentismo de um atleta onde o génio do improviso era luminoso. Partimos 'à boleia' de Espinho e tentámos regressar do mesmo modo, no final do jogo, à tarde. Fomos vencendo a distância desde Leixões, pela estrada fora, ao cair da tarde, e no cansaço de uma viagem a pé, interminável, exausta, até Espinho, lugar salvador da casa de meus tios. Eusébio, e esse Benfica, tornaram-se-me inesquecíveis.
Momento ainda único, de contrastes, foi a final da Taça de Portugal em 1969: Benfica-Académica. Tempo de ditadura, de Coimbra em revolta, universidade encerrada e em luta, 'cidade sitiada', uma 'ilha de liberdade', a viver em Portugal. A final do Jamor, considerada o maior comício num campo de futebol contra a ditadura, viveu a singularidade de uma revolta da juventude, de Coimbra e Portugal, tendo a seu lado o povo que gosta de futebol, de todos os clubes. Nas bancadas vermelhas do Benfica, e nas pretas da Académica, viajaram tarjas e dísticos de protesto e liberdade, perante a fúria dos próceres da ditadura. Tomás e a televisão do regime estiveram ausentes da final.
No palco do jogo, a 10 minutos do fim, Manuel António marca um golo da vitória da Académica. Mas o 'destino' ainda não tinha chegado e Eusébio, esse atleta genial, estragou a festa, que finalmente só veio a explodir seis anos mais tarde. Um contrassenso: o Benfica do povo e uma Académica de causas (e de estudantes) ganharam e perderam nesse dia. Eusébio sem o pressentir, tinha marcado um golo na sua própria baliza (e da história).
Aquando da morte de Eusébio, tive oportunidade de rever o filme de uma vida, e das gerações que, como a minha, também por aí passaram. E, por isso, quando a Assembleia da República votou a homenagem a Eusébio, pude dizer, em nome do Grupo Parlamentar Socialista, que esse atleta genial foi, também, exemplo de desportivismo ímpar. E lembrar que nos tempos trágicos da ditadura, que conduziu a uma guerra colonial, racista, Eusébio emergiu como um símbolo de identidade popular e nacional, que se manteve intocável até aos nossos dias.
Eusébio foi um desportista mágico, que concentrou em si as esperanças do povo, na sua capacidade indomável de lutar e vencer, de transformar, de 'mudar o rumo dos acontecimentos', contrariar o destino. Eusébio, natural de Moçambique, tornou-se uma referência universal de Portugal e da lusofonia. Sendo uma glória do Benfica, Eusébio tornou-se um símbolo popular da identidade de Portugal."

Alberto Martins, in Mística

O Eusébio agradecido


"Há 41 anos, o mundo do futebol veio à velha 'catedral' da Luz agradecer a Eusébio o que Eusébio ao mundo deu. Houve jogo de estrelas e o Benfica recebeu a taça d' "o Eusébio agradecido".

Na última edição da Eusébio Cup, a 26 de Julho, foi apresentada ao público esta taça, que o 'Rei' ofereceu ao clube por ocasião da sua festa de consagração, na noite de 25 de Setembro de 1973. Símbolo da gratidão de Eusébio ao emblema que o acolheu em 1960, ainda com 19 anos, para crescer com ele e ser no mundo como Camões ou Amália, nome sinónimo de Portugal.
Naquela noite, milhares de pessoas acorreram à Luz para celebrar a carreira de um futebolista inigualável. Era o tempo de um Benfica tricampeão nacional sem derrotas e de um Eusébio que acabava de conquistar o seu décimo campeonato, a sua sétima Bola de Prata. Banks, Bobby Charlton, Kaiser, Gento e George Best foram algumas das estrelas que formaram a selecção internacional convidada para defrontar o 'Pantera Negra' e companhia, nomeadamente José Henrique, Bento, Artur Correia, Bastos Lopes, Humberto Coelho, Messias, Barros, Vítor Martins, Toni, Rui Rodrigues, Moinhos, Simões, Nené, Jordão, Artur Jorge e Nelinho.
O resultado foi um empate a duas bolas, com Nené a bisar e a ser considerado o homem do encontro. Lá se esperavam, claro, os estragos de Eusébio, que, sem sucesso, não se cansou de atirar ao alvo. Abandonaria o relvado a 15 minutos do final, debaixo de uma estrondosa ovação.
O reconhecimento ao homem e ao desportista por parte do governo português, da direcção do Sport Lisboa e Benfica, da Federação Portuguesa de Futebol, da Associação de Futebol de Lisboa, de clubes nacionais e estrangeiros, de órgãos de imprensa, etc., ficou registada num conjunto de ofertas e distinções sem conta. Eusébio, por seu turno, não quis deixar de retribuir. Ao clube ofertou esta taça em prata com uma inscrição muito simples na base: 'Ao Sport Lisboa e Benfica, o Eusébio agradecido'.
A sua importância como documento de uma memória única fez com que viajasse recentemente até Norte, onde pôde ser vista no Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa. Eusébio - Pantera Negra foi a exposição criada pelo Museu Benfica - Cosme Damião para complementar a exibição do filme Eusébio - A Pantera Negra, de 1973 realizado pelo espanhol Juan de Orduña e que integrou o CINECOA (Festival Internacional de Cinema de Foz Côa).
Ao lado dela estiveram outras memórias da vida desportiva e pessoal do 'Rei', como a camisola da selecção nacional, as chuteiras Puma, as sapatilhas de ginástica de Flora ou o traje de baptismo das filhas. A narrativa emanou da célebre banda desenhada de Eugénio Silva cujo título deu nome à exposição."

Luís Lapão, in Mística

Pela mão de Bastos

"O antecessor de Costa Pereira foi o único guarda-redes português a vencer a Taça Latina, primeiro troféu internacional oficial do futebol português.
José Manuel de Bastos - Nascido em Alquerubim a 17/10/1929 - Fez 11 épocas no Benfica e 169 jogos oficiais. Conquistou três Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e uma Taça Latina

Foi o atletismo que o trouxe ao Benfica, influenciado por um irmão. Mas o futebol era a sua paixão e, aos 17 anos, passou a integrar a equipa de juniores, estreando-se a 15 de Dezembro de 1946, num jogo com o Belenenses para o Campeonato Distrital. Em 1948 foi chamado às reservas, acalentando com mais força, a partir de então, o sonho de saltar para a equipa de honra. Mas teria de esperar, numa altura em que Rogério Contreiras, Pinto Machado e Mário Rosa não lhe davam tréguas.
Em Dezembro de 1949, no Estádio Nacional, em jogo particular frente aos argentinos do San Lorenzo de Almagro, vestiu pela primeira vez a camisola da equipa principal. Mas Rosa estava firme no lugar, e seria preciso aguardar por Março de 1950 para o ver de novo entre os postes.
No dia 12 desse mês, sob o comando do britânico Ted Smith, o Benfica recebia, no Campo Grande, o Lusitano VRSA, em jogo a contar para a 21.ª jornada do 'Nacional'. Bastos equipou-se e só parou na última jornada, depois de se sagrar campeão nacional.
Em Junho viria o auge - a conquista do primeiro troféu internacional oficial do futebol português: a Taça Latina.
Num período em que o Sporting trocava a sua melhor música, gravando o mito dos 'Cinco Violinos', Bastos e companhia teriam de esperar por melhores dias no Campeonato. Mas na Taça de Portugal seriam três de rajada, durante aquele que é o melhor ciclo do Benfica na competição, com quatro vitórias consecutivas, contando a de 1948/1949, ainda com Contreiras entre os postes, e descontando a da época de 1949/1950, na qual a prova não se realizou. As três que foram de Bastos  - 5-1 à Académica, em 1950/1951, 5-4 ao Sporting, em 1951/1952, e 5-0 ao FC Porto, em 1952/1953 - selaram esse ciclo mágico.
Em 1954/1955, a contratação de Costa Pereira remetê-lo-ia para segundo plano. Em 1955/1956 registaria nas provas nacionais uma época à sombra do novo guardião. Mas na Taça Latina seria o eleito de Otto Glória, fazendo em Itália os jogos que deram ao Benfica um terceiro lugar. Na época seguinte, é ele novamente o número um, vencendo o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal. Joga a final da Taça Latina em Espanha, com derrota frente ao colosso Real Madrid.
Em 1957/1958 conserva a titularidade e faz história ao integrar a equipa que realiza em Sevilha, para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, o primeiro jogo benfiquista em provas da UEFA.
Mas Costa Pereira estava por perto... Na época seguinte, nova e definitiva troca, com Bastos a alinhar em apenas dois jogos no Campeonato e quatro na Taça. Valeu-lhe a consolação de ser ele a celebrar no Jamor, pela quinta vez, num encontro selado aos 13 segundos, com um golo de Cavém que derrotou o FC Porto.
Seria este, pelo Benfica, o seu último jogo oficial. Em 1959/1960 faria três encontros pela equipa principal, mas de carácter particular, o último dos quais em Almada, frente ao Belenenses, que defrontara igualmente na sua estreia, ainda júnior, 13 anos antes.
A 17 de Maio de 1961 regressaria à Luz com as cores do Atlético CP. Pela frente tinha um Benfica também de reservas, mas com um miúdo que se estreava para lhe marcar três golos a dar início a uma lenda: Eusébio."

Luís Lapão, in Mística

Com aquela fé que remove montanhas

"Em 1907, o clube esteve à beira de morrer. Três homens, em particular, fizeram jus ao lema da união e garantiram a sobrevivência.

A famosa equipa de segunda categoria de 1906/1907, que subiu à primeira em 1907/1908 e garantiu a sobrevivência do clube. Da esquerda para a direita, em primeiro plano: Luís Vieira, Cosme Damião e Marcolino Bragança; segundo plano: Félix Bermudes, Eduardo Corga, Leopoldo Mocho, A. Meireles e Carlos França; terceiro plano: Henrique Teixeira, João Carvalho Persónio e José Neto.

Será de todo improvável que a equipa B venha algum dia a tornar-se responsável pela sobrevivência do nosso clube. Mas há 107 anos foi o que aconteceu! Poder-se-á afirmar que existimos graças aos hmens que aparecem nesta belíssima fotografia, de Frederico Sena Cardoso. Para além de terem vencido, em 1907, o primeiro torneio interclubes de 'segundas categorias' e dado ao Sport Lisboa o seu primeiro troféu, foram eles que chamaram a si o papel de equipa principal quando aquela que era se desmanchou. Naquele tempo, ainda sediados em Belém, lutávamos com a falta de campo próprio para jogar e dificuldades financeiras. O recém-formado Sporting Clube de Portugal gozava de excelentes infra-estruturas, mas não possuía jogadores de nível para competir. O resultado foi a debandada para o arqui-rival de oito elementos da equipa de honra e a eclosão de uma crise que deixou o jovem Sport Lisboa na iminência de fechar portas.
Perante este cenário, agravado pela partida do guarda-redes Manuel Mora para a Argentina e do 'capitão' Fortunato Levy para Cabo Verde, sobreveio uma inactividade de mau prenúncio. Foi então que alguém propôs a já referida solução histórica.
«Porque não passamos o segundo team a primeiro?» Colocada pelo jovem jogador Marcolino Bragança, esta questão trouxe a resposta sacramental. Cosme Damião, então componente desse grupo secundário, revelaria mais tarde: «Eu, por mim, concordei. Marcolino foi a alma da resistência. Perdeu o ano no liceu. Mas ganhámos todos com a continuação do clube».
Perfilhada a ideia, o 'capitão' Félix Bermudes ofereceu cinco mil réis para a compra de uma bola de futebol, manteve-se a quota de dois tostões mensais, fez-se uma subscrição pública e, «com aquela fé que remove montanhas» (palavras de Cosme Damião), foi inscrita como primeira equipa na Liga de Football a que na época anterior competira no torneio de 'segundas'. Estava garantido o futuro o clube. Foram estes jogadores que se bateram, em 1907/1908, com as fortes equipas do Sporting e do Carcavellos Club, dono e senhor do futebol nacional de então. A obtenção de um terceiro lugar significou o triunfo da união e a tão desejada sobrevivência.
Dois anos volvidos, o Benfica colocaria um ponto final no absolutismo do Carcavellos. Na década que então se iniciava, viria a conquistar oito vezes a prova afirmando-se como o melhor clube português.
Marcolino afastar-se-ia após a época de 1907/1908. Félix, desportista ecléctico e homem de letras, assumiria o cargo de presidente em 1916, 1945 e 1946. Cosme Damião, com a dira 'fé que remove montanhas', afirmar-se-ia como a alma do Sport Lisboa e Benfica."

Luís Lapão, in Mística