Últimas indefectivações

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Borrego !!!

Atlético de Madrid 1 - 2 Benfica


Algum dia tinha que ser, 33 anos depois, vitória do Benfica em Espanha (fomos à final nesse ano)!!! Por alguma razão, nunca gostei de confrontos com equipas Espanholas na UEFA (além das Italianas...)!!! Mas houve outras marcas interessantes: primeiro confronto na UEFA com estas duas equipas; além da invencibilidade Europeia do Atlético de Simeone em casa...!!!
É preciso ser competente, é preciso ter talento, é preciso ter qualidade, é preciso trabalhar, é preciso suar, mas também é preciso um bocadinho de sorte. Não foi o nosso melhor jogo de 'sempre', limitámos o estrago na nossa baliza (principalmente na 1.ª parte), e fomos eficazes...
Outro pormenor importante foram as bolas paradas defensivas. O Atlético tem um altíssimo grau de eficácia nestas situações, com o Godin a marcar muitos golos... mas esta noite, estivemos quase sempre bem.
Aqueles minutos, de algumas picardias, discussões com o árbitro e fiscal-de-linha, desconcentraram a equipa, e podíamos ter sofrido mais golos, mas a qualidade do Júlio César e o nosso 'central' Jackson Martinez resolveram o problema!!!
Foi importante, marcar antes do intervalo, deu outra confiança.... e o golo do Guedes fez a equipa acreditar. Recuámos como é óbvio, mas tirando uma dupla-defesa no Imperador, na mesma jogada, mantivemos sempre a cabeça fria... só faltou um contra-ataque letal 'entrar', para matar o jogo!
A estreia a titular do Jiménez era esperada, mas o destaque tem que ir todo para os putos: Nelsinho e Guedes, não acusaram a responsabilidade, e foram decisivos. O Nelsinho quando a equipa recuou, esteve perfeito, evoluiu muito na cobertura aos Centrais.
A Champions é importante, pelo prestígio, pelo dinheiro, pela valorização dos jogadores, pelo ego dos adeptos, e hoje demos um passe de gigante a caminho dos Oitavos, com o empate do Gala no Cazaquistão a ajudar... mas, é sempre bom recordar que o grande objectivo do Benfica, é ser Campeão Nacional. E as ressacas destes jornadas Europeias são sempre difíceis, ainda por cima, com uma viagem à Madeira, contra uma equipa que só sofreu 4 golos, os mesmos que o Benfica, os Corruptos, os Lagartos e o Braga: as melhores defesas do Campeonato.
E foi visível nestes últimos minutos alguns jogadores com bastantes dificuldades físicas, o Gonçalo Guedes é o melhor exemplo. Temos que recuperar bem, e se calhar o treinador deve tomar algumas decisões difíceis...
Uma nota para a arbitragem: os do 'costume', vão dizer que ficou um penalty por marcar contra o Benfica. Numa jogada onde o André Almeida sofre um bloqueio, e ao encolher-se de um remate à 'queima', acabou por tocar a bola com o braço, quando estava a proteger-se, com os braços encostados ao corpo...!!! Alguns (RTPorcos) até já usaram esta boa decisão, para 'compensar' o erro de ontem, que beneficiou os Corruptos... Mas não se pronunciaram sobre o critério disciplinar no resto da partida, por exemplo a falta do Gabi sobre o Jonas, entre outras!!!
O apoio ao Benfica em Madrid voltou a ser fantástico... mas os atrasados mentais do costume voltaram a atacar: atirar tochas para dentro do relvado, e para cima dos adeptos contrários, é uma das coisas mais estúpidas que alguém pode fazer num jogo da UEFA. Vamos ver o que vai acontecer... Para quando a responsabilização individual destes animais?!

Só mais uma...

Benfica 8 - 2 Sarajevo

Vitória esperada, num jogo que durante muito tempo esteve demasiado próximo! Só na parte final, com o risco dos Bósnios, conseguimos tranquilizar... O Juanjo voltou a marcar!!!
Amanhã podemos garantir matematicamente a qualificação para a Ronda de Elite, com o Varna (Bul), que hoje perdeu com o Dobovec (Esl) por 7-2.

Putos a darem o exemplo...

Atlético de Madrid 1 - 2 Benfica

Ferreira; Buta, Ferro, Lima, Yuri; Rodrigues, Sanches, Carvalho; Gonçalves, Berto; Sarkic (Guga, 83')

Foi um Benfica superior, todas as crónicas confirmam... Estivemos a vencer por 0-1, e quando a poucos minutos do fim o Atlético empatou, foi contra a corrente do jogo, num erro individual nosso. Mesmo assim, ainda fomos de rectificar, e marcar o golo da vitória...
Voltámos a 'baixar' muitos jogadores da equipa B, desta vez, até o Renato Sanches. Pessoalmente, concordo. A UEFA Youth League é uma competição importante, com boas equipas (o Astana é a excepção), e este ano é muito importante terminar no 1.º lugar do Grupo. Após garantirmos a qualificação para os Oitavos-de-final, então poderemos gerir o plantel de outra forma... Além disso, a equipa que esta a disputar o nacional de Juniores, não está a conseguir bons resultados, portanto na UEFA não faria melhor... Recordo, que a UEFA Futsal foi remodelada esta época, e além das equipas das Champions, existem mais equipas representadas, que irão disputar uma eliminatória extra, com os 2.ºs classificados de cada Grupo.

PS: Hoje, também faltaram alguns jogadores sub-17, que têm feito parte desta equipa, porque estão na Selecção: Zé Gomes, Jota... que ainda ontem estiveram em destaque na vitória de 7-1. Uma referência, para a absurda não convocação do Filipe Soares para a Selecção!!!

Empate com 10 !!!

Chaves 1 - 1 Benfica


Com muitos jogadores em Madrid a disputar a UEFA Youth Cup, foi um Benfica com muitos jogadores defensivos que se apresentou em Chaves... E pelo relato radiofónico do jogo, foi mesmo um Benfica defensivo que se apresentou...!!!
Tudo ficou mais difícil no início da 2.ª parte com a expulsão do João Teixeira, logo a seguir o Chaves adiantou-se no marcador, mas mesmo em inferioridade numérica, conseguimos empatar...

A síndrome de jogar fora

"Nos dias de hoje e com atletas altamente profissionalizados, custa-me a perceber a diferença entre jogar em casa ou fora dela. Os jogadores são os mesmos, as equipas técnicas também, a relva (embora melhor ou pior tratada) não é muito diferente, o clima e a altitude não divergem, as balizas têm o mesmo tamanho, as medidas do campo, ainda que variando (aspecto bizarro no século XXI), não serão decisivas. O que pode então ter aparentemente alguma, mas não crucial, importância? A assistência e o ambiente à volta de um jogo?
Ao que creio, a diferença fundamental reside na cabeça de quem joga e orienta. Como, aliás, podemos constatar no medo de jogar fora, com que treinadores falam nas agora compulsivas conferências antes dos jogos.
Em tese, contra equipas mais modestas até pode ser mais fácil jogar fora. Os adversários abrem-se mais e não há autocarros tão evidentes.
Vejamos o caso intrigante do Benfica neste início de época. Em casa, o Benfica está intratável: 16 golos em 4 jogos e 4 vitórias. Jogo alegre, compressor, desinibido. Fora de casa, 3 jogos e 3 derrotas (incluindo a Supertaça). Nenhum golo marcado com os mesmíssimos jogadores. Jogo receoso, tolhido, dando a iniciativa aos adversários. E só no Dragão foi num ambiente desportivamente hostil, porque os outros foram em campo neutro ou quase em casa (a incrível derrota contra o Arouca foi numa mini Luz). Na Liga, o Benfica só joga verdadeiramente fora no Dragão e Alvalade e, vá lá, ela por ela, em Braga, Guimarães e na Madeira. Um mistério para mim. Que espero ver contrariado rapidamente."

Bagão Félix, in A Bola

A bipolaridade de Vitória

"O caminho faz-se caminhando, como diz e muito bem Rui Vitória, e o que é certo é que o treinador do Benfica, com mais ou menos dificuldade, mais do que menos dificuldade, para já, tem levado a sua cruz ao calvário. O plano de intenções para a nova época obrigou a cortar a direito porque a realidade é nua e crua, o que contribuiu para que Vieira não tivesse apresentado nomes brilhantes, antes pelo contrário, obrigou-o a um investimento na formação. O Benfica cruzou pois caminhos enviesados na abertura de mais um ano desportivo, logo na sua fase de preparação e por imperativos financeiros, mas aos poucos vai-se endireitando e, por esta altura, não é difícil concluir-se que está a reentrar nos eixos, aliás como os mais recentes resultados o confirmam. A liderança na Liga está só a dois pontos, depois de já ter actuado no Dragão, e o percurso na Liga dos Campeões começou da melhor maneira frente ao Astana.
O jogo de hoje, com o Atlético, em Madrid. poderá contribuir para o reforço desta tendência positiva, tornando-se apenas indispensável que Rui Vitória apresente uma equipa de hábitos e intencionalidades, para além de sentido estratégico e posicional, e, se assim for, não há razões para não se pensar num resultado positivo. Há razões de sobra, obviamente que as há, porque há bons jogadores - Gaitán e Jonas nos apertos têm sido determinantes - e há sobretudo equipa para tal. Haja vontade ganhadora e um treinador mais corajoso na condição de visitante, um dos seus problemas por agora, pois continua a haver uma diferença substantiva entre os jogos na Luz e os jogos fora da Luz.
O que não se compreende e muito menos se aceita numa equipa com perfil alto, que deve jogar sempre em função dos seus princípios e nunca à mercê da vontade do adversário, que deve ser de iniciativa e nunca de expectativa, que deve mandar no jogo sendo, enfim, igual a si própria; ou melhor, que seja como tem sido perante o seu público. É essa a sua matriz e não se vêem razões para que assim não seja sempre. Há indicadores que apontam nesse bom sentido por exemplo, a primeira parte no Dragão - e nada melhor do que um teste de exigência alta, como será este em Madrid, para que a sua bipolaridade tenha os dias contados."

O 'complexo de Bruno'

"Se o presidente leonino não tivesse recorrido à sua fonte principal de inspiração, o Benfica, provavelmente o discurso na assembleia encurtaria aí para metade... 

A família benfiquista não desiste de pensar na conquista do tricampeonato, apesar de se olhar com reticências para o potencial do atual plantel. Registam-se ausências de peças fundamentais na construção do sucesso na última época (Maxi Pereira e Lima desertaram e Salvio só vai regressar em Fevereiro de 2016), além da mudança de rumo na política do futebol orientada a partir de agora, em linhas gerais, por gastos mais baixos e investimentos nos jovens valores da casa mais altos. É este o caminho, não só o da águia, como o dos restantes emblemas, cada qual no seu universo e com a sua ambição. Os adeptos têm pressa e são exigentes e este processo de renovação precisa de tempo, ponderação e saber para dar frutos. O efeito do imediatismo dos resultados é terrível. Culpa dos presidentes dos clubes, os quais, na esmagadora maioria, só navegam à vista da costa, sem ideias nem rumo definido. Fazem promessas voláteis, que arrancam palmas e dão votos, mais nada. Erguem castelos de cartas que se esboroam ao primeiro sopro.
A excepção que confirma a regra chama-se FC Porto, que soube esperar, construir um projecto sólido com sentido de futuro e... recolher os dividendos desportivos, absolutamente espantosos. O Benfica, renascido das cinzas, reergueu os alicerces necessários e suficientes para voltar a projectar a sua grandeza e recuperar o prestígio que foi perdendo no mundo, em consequência de gestões incompetentes e ruinosas.
O Sporting quer impor-se, pela dimensão que reconhecidamente possui e também por mais títulos no futebol, por forma a encurtar a desvantagem que o separa de benfiquistas e portistas. O problema reside, porém, no caminho e na estratégia: dizer mal de tudo e de todos e desdenhar o que se passa nas casas dos outros será um hábito bem português, embora se não se recomende em sociedade moderna e influenciada por gerações cada vez mais arejadas e indisponíveis para encenações canhestras e bafientas.
Li que, na assembleia geral de anteontem, o presidente leonino usou da palavra durante hora e meia, o que colide seguramente com as mais básicas técnicas de comunicação. Falar durante tanto tempo foi meio caminho para entediar a plateia, por mais interessante que fosse o conteúdo da mensagem, sendo certo que se o orador não tivesse recorrido à sua fonte principal de inspiração, o Benfica, provavelmente o discurso encurtaria aí para metade e os sócios ter-lhe-iam ficado agradecidos por duas ordens de razões: mais tempo para discutirem assuntos igualmente pertinentes e não serem massacrados com referências várias sobre o vizinho da Segunda Circular, tradutoras de uma tendência que começa a ser encarada como fraqueza de espírito que a associação vitamínica 'B+C' não supera, nem disfarça sequer, gerando o que se pode designar como 'complexo de Bruno'.
Aparte o longo monólogo interpretado pelo presidente nada de relevante aconteceu: das duas uma, ou a assembleia ficou encantada e esclarecida ou desejosa de se pôr a milhas, mesmo com temas importantes a ficarem guardados no baú das coisas inúteis. A ser verdadeira a segunda hipótese, revelou notável perspicácia táctica por parte de quem a arquitectou, na medida em que quanto mais prolongou a oralidade menos espaço sobrou para abordagem das questões que justificavam ser trazidas à colação, como a situação de Carrillo e o perigo de esboroamento do edifício futebolístico, mais uma vez com o Benfica a funcionar como paliativo eficaz para o resto da época.
Ou seja, no pior dos quadros, a Supertaça chega... Porque a Liga dos Campeões já se foi, a Liga Europa começou mal e não é prioritária e no Campeonato, em seis jornadas, já lá vão quatro pontos perdidos, dois em casa (Paços de Ferreira) e dois fora (Boavista): não está mal, mas podia estar melhor, não? Se a ideia foi eliminar estas e outras questões eventualmente incómodas, então o plano foi brilhante."

Fernando Guerra, in A Bola

O Jonas

"Há sensivelmente um ano, após Jonas se ter estreado, marcando quatro golos nos primeiros 135 minutos com a camisola do Benfica, escrevi aqui que era um erro ver nisso um sinal de que estávamos perante um goleador, até porque o que o brasileiro ia oferecer ao futebol do Benfica não eram tanto os golos, mas acima de tudo muita qualidade na participação no jogo ofensivo. Tendo em conta a avalanche goleadora com que Jonas nos tem brindado, começa a ser difícil defender o meu argumento de há um ano. Ou talvez não.
Por muitos golos que Jonas marque, a sua principal mais-valia continua a ser aquilo que oferece ao futebol do Benfica. Individualmente, Jonas impressiona por ser uma combinação incomum de capacidade individual em espaços curtos, à imagem do que acontece no futebol de salão, com profundidade e verticalidade assim que se liberta do primeiro adversário. Tanto é assim que se torna difícil recordar uma má decisão do brasileiro ao longo de um jogo. A Jonas assenta a definição de grande jogador como alguém que joga bem e coloca os colegas a jogar melhor.
Espanta por isso que, de quando em quando, ainda surjam alusões a que Jonas pode ser um empecilho no sistema táctico do Benfica. Diz-se que com Jonas é impossível jogar em 4X3X3, pois não tem características para jogar como único avançado. Talvez a questão seja outra: a qualidade de Jonas é tal que condiciona de forma positiva todo o sistema do Benfica, na medida em que a dinâmica ofensiva da equipa tem mesmo de ser construída em torno do avançado brasileiro."

FIFpro e a 'casa comum'

"A FIFPro interpôs junto da Comissão Europeia uma acção judicial destinada a pôr fim ao actual sistema de transferências da FIFA. O mandato que recebeu dos jogadores expressa a necessidade de promover um sistema mais justo e equitativo, salvaguardando as condições laborais, a formação e integração dos jovens no mercado.
Não é intenção da FIFPro condicionar ou impedir a transferência de jogadores, mas garantir que estas sejam realizadas de acordo com os interesses dos jogadores e dos clubes independentemente da sua capacidade financeira. O sistema de transferências actual gera 'disparidade competitiva e financeira', ou seja, salvaguarda interesses nefastos ao desporto e à competição, quer por permitir os abusos de agentes e terceiros detentores de direitos económicos quer porque privilegia os interesses dos clubes com maior capacidade financeira.
A intervenção da Comissão Europeia é determinante para a protecção de um dos mais importantes princípios comunitários: a liberdade de circulação de trabalhadores e a tutela dos seus direitos e garantias. 
Enquanto alguns ordenamentos jurídicos tutelam o acesso à justiça desportiva a partir de instâncias nacionais e instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, convocando a FIFA e o TAS como instâncias de recurso, outros recorrem de imediato à FIFA para a resolução de conflitos. Esta situação gera incerteza no acesso, uma justiça díspar, lenta e penosa para os jogadores. Na aplicação de sanções desportivas e financeiras no momento da rescisão unilateral do contrato no 'período protegido' o jogador tem um prejuízo inaceitável. É urgente uniformizar e proteger o jogador como parte contratualmente mais débil. Importa facilitar a rescisão com fundamento na falta de pagamento da retribuição e a respectiva inscrição federativa no novo clube ou a criação de tectos indemnizatórios respeitadores da liberdade de trabalho. Estas restrições à liberdade de desvinculação não evitaram que os clubes mais poderosos utilizem essa capacidade para adquirir os melhores jogadores, prejudicando a competitividade dos clubes mais fracos. 
Pode discutir-se a oportunidade desta acção - face à implosão da FIFA, aguardar seria responsável - mas nunca os argumentos, legítimos e justos, invocados pela FIFPro."

'Fifagate'

"1. Há gente com responsabilidades no futebol - incluindo dirigentes e jornalistas - que têm a língua demasiadamente afiada. E é mau. Desde logo, porque enxovalha a sua própria imagem e mancha o espaço dos média em que colabora; e depois, porque maltrata o futebol que tanto diz amar. Bem pior do que isso, todavia, é o Fifagate que desde há longos meses atormenta a cúpula da modalidade, mas que agora se agudizou ao estender-se à própria Suíça e a atingir não só o boss Blatter no seu próprio país de origem (onde se refugiava e era intocável), mas também Platini. De facto, ao cabo de todos estes meses, Blatter é finalmente investigado criminalmente por «má gestão e apropriação indevida» de milhões, dois dos quais, sabe-se lá como e porquê, foram parar aos bolsos de Platini, o sucessor in pectore do suíço. Falta saber se, depois deste novo escândalo, o continuará a ser. Sabe-se, isso sim, que sempre foram aliados na política da bola e que o que os conduziu à ruptura foi a traição do pai ao filho ao recandidatar-se e ser reeleito para novo mandato. Quando o que estava combinado entre eles era que, desta vez, a sentar-se no cadeirão de comando seria o francês. Agora, com o bliz da Procuradoria de Berna à Fifa House tudo se agravou e ninguém pode prever o que acontecerá no futuro próximo. Até o ex-internacional brasileiro Romário, hoje senador da República, dispara lá de longe: «Platini é igual a Blatter e o nosso seleccionador Dunga faz convocatórias recomendadas em detrimento dos melhores jogadores.»
2. Depois da rotunda vitória de anteontem (4-1) em pleno estádio de San Siro sobre o Inter, Paulo Sousa é hoje o treinador do dia, da semana, do mês e sabe-se lá se do ano em Itália. Confirma assim as lisonjeiras referências que desde o início da época lhe têm vindo a ser feitas. Adoptando o 4x3x2x1 contra o 4x4x2 de Mancini, desbaratou a defesa nerazzura que ao fim de 31' já havia encaixado três golos secos e decidido o destino do jogo. Os golos da Fiore foram marcados por IIicic (1)e Kalinic (3) e não por sul-americanos. Chapeau, Paulo."

Manuel Martins de Sá, in A Bola

Patos-bravos e outras aves

"O futebol sempre foi reduto de mentiras, intrigas, confusões e até crimes, alguns dos quais aguardam intervenção legal, que há de chegar, no ritmo e no tempo que a justiça portuguesa sempre tomou como de sua rara exclusividade.
Os mais experientes nesse mundo armadilhado, entre os quais me incluo, com o peso de mais de três décadas de jornalismo da área do desporto, convivem com esta realidade quase sem se darem conta dela, como se o normal fosse a podridão, o insulto, a refrega, a ameaça e até a ofensa física.
Dizer-se que o futebol deveria ser um campo de meninos de coro, dominado por franciscanos da escola argentina, também não será ideal pelo qual devamos pugnar; mas exigir educação, respeito e alguma nobreza, que aqui pode ser traduzida por fair-play, é imperioso, ecológico e de boa higiene mental. Afastar de cena os patos bravos que por aí andam a contaminar a espécie, alguns deles com tiques de indigência, parece-me, pois, razoável e urgente. Embora difícil.
É claro que podemos sempre dar um desconto por insanidade intelectual a tudo o que essas aves papagueiam ou executam, atirando-as para a lixeira como quem deleta um vírus perigoso do computador. Tudo ficaria assim melhor. Só que não resolveria o problema. Um problema que, aliás, nem o será assim tanto, salvo o desconforto de ter que respirar o ambiente conspurcado por esses novos empreendedores da demagogia.
É que apregoar a asneira para iludir os bem contabilizados milhões de acólitos é metodologia arcaica, que pode ter dado frutos mas que já só colhe por instantes, ainda que com entusiasmo das massas e dos 'share' televisivos. Por que raio subsistem então estes refinados aldrabões que gritam mais alto ao fim de semana?!... Aí teremos que voltar ao início do texto..."

Paulo Montes, in A Bola