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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Braga mostrou que título é possível

"A vitória do Benfica em Braga foi fantástica por várias razões. Primeiro porque mesmo não tendo os melhores jogadores o SC Braga é das equipas que melhor joga em Portugal. Segundo porque depois de uma longa e cansativa deslocação (mais de seis mil quilómetros), com muitos lesionados e castigados o Benfica chegava a Braga com os ingredientes para não vencer. Terceiro porque a nomeação e o histórico de arbitragens de Hugo Miguel faziam prever o pior, como se viu, entre outros momentos, no minuto 74: como foi possível não marcar aquele penalty? Por fim, os primeiros classificados já haviam ganho com mãos seguras e limpas, e isso faria aumentar a distância do topo para números muito difíceis de recuperar.
Não me custa admitir que houve fases do jogo onde o SC Braga teve alguma infelicidade, mas isso não tira mérito à vitória do Benfica.
Grande jogo de Lisandro López, esquecido por entre os merecidos elogios à prestação de Renato Sanches. É justo elogiar as escolhas difíceis de Rui Vitória com tantas limitações. No entanto o meu maior sublinhado vai para a forma como leu o jogo e substituiu. Todas as substituições foram bem feitas e no tempo exacto. Esta excelente vitória é muito do Rui Vitória! Veremos quem consegue vencer em Braga! Esta saborosa vitória só terá valor se hoje se ganhar a uma Académica que não perde há cinco jogos. Este caminho na luta pelo 35.º campeonato é muito difícil mas é possível. Em Braga ficou mais perto, mais provável e mais merecido.
Em semana europeia é bom saber que apenas se discute o lugar em que nos apuramos. Apurados já estamos, como geralmente acontece aos gigantes europeus. Fazem o trabalho atempadamente. Em termos europeus não peço mais nada, objectivo cumprido porque estou no sorteio da Liga dos Campeões. Para o Benfica isto não é um problema é um orgulho."

Sílvio Cervan, A Bola

Assim, a bola acaba por entrar

"O montante envolvido no contrato assinado entre o Benfica e a NOS é uma pedrada no charco dos direitos televisivos do futebol português. Oxalá estes novos parâmetros possam balizar os dividendos futuros dos restantes clubes, criando uma aproximação àquilo que já era tido como razoável pelos arautos da centralização (que, pelos vistos, Deus tem...).
O Benfica vai chegar, em 2016, à meta de 40 milhões de euros por temporada que tinha há pelo menos dois anos como objectivo; não foi um caminho fácil, mas acabou por sair premiada a ousadia de Luís Filipe Vieira que correu riscos, foi inovador a nível mundial, e acabou por chegar onde queria. O momento em que o Benfica decidiu ser dono do próprio destino, convertendo a BTV num recurso estratégico inestimável, deve ficar gravado na memória do dirigismo desportivo. Ao fazê-lo, os encarnados levaram o jogo para o patamar da independência, e foi desse ponto que puderam negociar com a NOS o contrato que hoje faz sensação.
Muita água correu debaixo das pontes desde que Luís Filipe Vieira chegou ao Benfica. Como o clube estava e onde chegou está à vista de todos e não valerá a pena enumerar todos os feitos do presidente encarnado. Mas há uma dimensão que me parece da mais elementar justiça trazer a estas linhas: mais do que a sagacidade negocial, estou a falar da capacidade de reinvenção, na procura constante de soluções estruturantes. Sem BES e sem PT, entram em campo a Emirates e a NOS, tradução do vigor de um clube que continua no caminho da responsabilidade. Cumprido este desígnio, mais tarde ou mais cedo, a bola acaba sempre por entrar..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Vai buscar!

"Cabeça a prémio, sondagens televisivas, ataques online.
Desde o inicio da temporada, Rui Vitória tem sido um dos alvos preferenciais de sportinguistas, portistas, comentadores especializados em Futebol, anti-benfiquistas e - imagine-se - Benfiquistas. Tudo bem servido para apontar o dedo ao antigo treinador do Vitória Sport Clube. O homem que chegou para levar a cabo o ano de transição no SL Benfica foi olhado com desconfiança desde o dia da apresentação oficial. Rui não deu resposta. Manteve-se fiel aos seus princípios e à política do Clube de aposta nos jogadores da formação. Chamou à equipa principal Gonçalo Guedes, Nélson Semedo e Renato Sanches, deu-lhes minutos e lugar no plantel sem que estes, e outros que já estão na calha, precisassem nascer duas mãos-cheias de vezes para conquistarem vestir a camisola da equipa principal.
Sim, os resultados desportivos nas provas internas não foram os melhores. Sim, perdemos com os principais adversários. Sim, o tom das vozes críticas tornou-se cada vez mais alto. E o que fez Rui Vitória? Continuou a trabalhar, não lhes deu troco.
E na passada segunda-feira serviu o prato que, espero, seja a receita para mais uma época de sucesso. Depois de já ter assegurado a passagem à próxima fase da Liga dos Campeões, Vitória montou uma equipa para ganhar em Braga jogando olhos nos olhos, com profissionalismo e vontade. Está de parabéns, ele e os jogadores. Deram a resposta que precisávamos. Fizeram-nos acreditar que o Tri é mesmo possível. Agora, é esperar que todos, os Benfiquistas, puxemos para o mesmo lado - o da vitória e o de Vitória. Vamos a eles!"

Ricardo Santos, in O Benfica

Segunda-feira gorda

"Saímos, por várias razões, vitoriosos da última jornada. Desde logo pelo triunfo obtido em Braga, por 2-0, num campo em que não será fácil, aos nossos adversários, vencerem. Também pela afirmação de Renato Sanches, ainda júnior, a dar passos seguros na sua evolução e a suprimir algumas carências Benfiquistas no meio-campo. Finalmente pelo fraco nível exibicional patenteado por FC Porto e Sporting, o que poderá revelar algumas limitações das suas equipas, deixando margem, ao Benfica, para procurar a regularidade que lhe tem faltado e, assim, manter as suas aspirações na perseguição do tricampeonato, feito alcançado, pela última vez, em 1977.
Mas a passada 2.ª feira foi também dia de apresentação do Relatório e Contas relativos ao primeiro trimestre da presente temporada. Pela leitura dos R&C das SAD dos três candidatos ao título percebe-se facilmente a opção estratégica tomada por cada uma delas. Neste capítulo, a SAD Benfiquista encontra-se num percurso que, creio, nos será favorável a médio/longo prazo. O FC Porto persiste numa política de investimento desenfreado, contando com eventuais receitas avultadíssimas da Liga dos Campeões e da alienação de passes de atletas para equilibrar as suas contas. O Sporting, antes de saber se obteria apuramento para a LC, se angariaria um patrocinador principal ou se o processo da Doyen será resolvido a seu favor, mais que duplicou os custos com pessoal. O Benfica aumentou as receitas e diminuiu os custos (menos 15% nos gastos com pessoal), assumindo que corre um risco desportivo imediato, mas lançando as bases para a tão desejada e necessária sustentabilidade económica-financeira."

João Tomaz, in O Benfica

O rei vai nu

"Mediante as movimentações ocorridas no defeso, já se antevia uma temporada futebolística marcada pela polémica. Porém, as piores expectativas estão a ser superadas. O Sporting sente a necessidade imperiosa de ser campeão. E parece não olhar a meios para alcançar esse desiderato. O investimento foi gigante, e a estratégia de altíssimo risco. Sem champions, sem patrocínios, e sem vendas de jogadores, um título de campeão é a única possibilidade que resta aos nossos vizinhos para equilibrar os deves e haveres, sem colocar seriamente em causa o equilíbrio futuro - quando não houver perdões bancários que lhes valham. Daí, toda uma campanha de condicionamento da arbitragem nunca antes vista, a qual, há que reconhecer, vai tendo sucesso.
A facilidade com que se marcam penáltis a favorecer o Sporting contrasta com a dificuldade que os juízes encontram em vislumbrar faltas evidentes na sua área, bem como na área dos adversários do Benfica. Os casos vão-se somando. Em Braga, mais um penálti ficou por sancionar, agora sobre Pizzi, desta vez sem consequências.
Nos três dérbis já disputados, e independentemente do futebol que cada equipa jogou, a verdade é que ficou sempre uma grande penalidade por assinalar dentro da área sportinguista (sobre Gaitán no Algarve, sobre Luisão na Luz e em Alvalade). Podemos lembrar também o que se passou nos jogos Tondela-Sporting, Arouca-Sporting, Benfica-Moreirense ou Arouca-Benfica. Qualquer aritmética daria uma classificação bastante diferente da actual. Até podemos fechar a boca. Mas não podemos fechar os olhos. E o que se vai passando não é bonito de se ver."

Luís Fialho, in O Benfica