Últimas indefectivações

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

O “bullying” no desporto


"Assinalou-se, no dia 20 de Outubro, o “Dia Mundial de Combate ao Bullying”, data em que se pretende lançar um alerta internacional para um problema com que muitos jovens se debatem no seu dia-a-dia, sobretudo em ambientes escolar e desportivo.
Ciente da importância e das suas consequências nefastas no âmbito desportivo, a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) resolveu associar-se à data e lançar uma campanha nacional contra um “flagelo” que ocorre na prática desportiva, sobretudo entre os mais jovens, sob a forma de violência verbal, física ou psicológica, e é exercida reiteradamente entre pares.
Ainda neste âmbito, importa lembrar, que a CDP, fez recentemente uma parceria com a Escola Superior de Comunicação Social, participando na unidade curricular de Laboratório de Consultoria em Comunicação e lançou o desafio aos estudantes para elaborarem uma campanha para o combate ao “bullying” no desporto. A CDP, foi ainda parceira e co-organizadora do ciclo anual de Conferências e Seminários promovido pelo Curso Profissional Técnico de Apoio à Gestão Desportiva, sobre o mesmo tema.
No desporto, trata-se de um fenómeno essencialmente verbal, que acontece sobretudo dentro do balneário ou em locais menos vigiados, escapando a qualquer tipo de vigilância e incidindo na ridicularização da performance desportiva ou nas características físicas das vítimas, tais como o excesso de peso.
Não podemos hoje ignorar o “bullying” físico, sobretudo nos grupos de atletas mais novos, o “bullying” psicológico/social que tende a excluir, ignorar, espalhar boatos, roubar ou danificar pertences ou a sua forma mais recente, o “cyberbullying” onde são difundidos vídeos, fotografias ou comentários indesejados através de mensagens, emails ou redes sociais.
Recentemente, conscientes desta problemática, e tendo conhecimento do estudo realizado pelo Dr. Miguel Nery, para o seu doutoramento, sobre “O Bullying na formação desportiva”, foi promovido, no Museu do Desporto, um debate sobre “O Bullying no Desporto”, tendo como oradores convidados, os professores da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), Carlos Neto e Miguel Nery.
Aquela faculdade foi uma das pioneiras na abordagem deste tipo de comportamento agressivo no desporto, tendo sido desenvolvido um estudo junto de jovens desportistas masculinos federados com o objectivo principal de conhecer e analisar o fenómeno do “bullying” no contexto da Formação Desportiva em Portugal. Foi utilizada uma amostragem de 1500 atletas, sendo que mais de 10% dos inquiridos se considerou vítima de “bullying”. Foi identificado ainda que 11,2% são agressores e quase 35% assiste impávido a essas agressões.
O inquérito foi feito em todo o país a jovens praticantes de nove modalidades: atletismo, ginástica e natação (modalidades individuais); andebol, futebol, râguebi e voleibol (colectivas) e judo e luta (desportos de combate). Temos consciência que estes valores podem ainda estar mascarados. Existe a percepção que a realidade pode ser ainda mais gravosa, uma vez que este estudo se debruçou unicamente sobre a relação entre atletas e é do conhecimento público que o “bullying” no desporto tem como intervenientes também os treinadores e até mesmo os próprios pais dos atletas envolvidos. 
Devemos acrescentar que todos aqueles que estão envolvidos no fenómeno desportivo, sabem que a cultura de treino extremamente rígida de algumas modalidades faz com que estes comportamentos sejam, por alguns, considerados como parte integrante de um percurso necessário para se atingir o sucesso desportivo. O reverso da medalha é, frequentemente, o abandono da prática desportiva, sem que a causa deste seja assumida a causa, o que também mostra a falta de denúncia desta realidade. 
Infelizmente, os casos que têm vindo a público, como o da basquetebolista Sara Djassi, que recentemente tornou pública a sua história, vêm confirmar a existência deste problema, alertando-nos para a necessidade urgente da sua denúncia, como forma de combate a este flagelo.
O cenário internacional dá-nos conta de inúmeras situações de atletas vítimas de vários tipos de “bullying”. Na última semana foi tornada pública a notícia de abusos sofridos por atletas inglesas da equipa olímpica de ginástica, que motivaram a desistência da modalidade, de uma delas. Várias ginastas britânicas de elite relataram treinos violentos, insultos constantes e outros abusos, alguns deles cometidos quando eram ainda praticamente crianças.
Neste sentido, urge debater, discutir e dar visibilidade a esta problemática, criando condições e estratégias para irradiar o “bullying” do desporto.
Não temos qualquer dúvida de que algo é fundamental ser feito. A forma de eliminar esta praga passa pela prevenção e têm de ser tomadas medidas nesse sentido. Acreditamos que o Plano Nacional de Ética no Desporto poderá ser um dos instrumentos fundamentais para esta acção."

Obrigado, João Almeida


"Este menino com ar de Clark Kent teve a ousadia de levar um país inteiro na sua roda, reacendendo paixões e colando muitos às televisões. Foram dias de uma profunda energia que nos fez transportar através da esperança no final de cada etapa. Este estava destinado a ser o ano em que os desportos de duas rodas fariam as delícias do povo.

Esta quinta-feira foi um dia duro nas aspirações do João no Giro (Volta a Itália em bicicleta). Mas foi um dia duro porque o ciclista português fez nestas quase três semanas aquilo que a todos parecia impossível. Ninguém conseguiria prever, nem nos seus melhores sonhos, que um “miúdo” de 22 anos, virgem em Grandes Voltas (de três semanas) pudesse seguir 15 dias com a camisola rosa (o equivalente à amarela portuguesa e envergada por quem vai na frente). Foi o seu desempenho estoico que colocou as expetativas a um nível inimaginável, que surpreendeu tudo e todos, nacional e internacionalmente, e não há quem não lhe faça uma vénia ou lhe dê o merecido reconhecimento.
Este menino com ar de Clark Kent teve a ousadia de levar um país inteiro na sua roda, reacendendo paixões e colando muitos às televisões. Foram dias de uma profunda energia que nos fez transportar através da esperança no final de cada etapa. Este estava destinado a ser o ano em que os desportos de duas rodas fariam as delícias do povo. Primeiro, Miguel Oliveira na principal categoria do MotoGP, e agora, para além da nossa pantera cor-de-rosa, a fantástica conquista da camisola azul pelo Rúben Guerreiro. É a história dos próximos 50 anos do desporto em Portugal a ser escrita em letras douradas e, ao contrário do que muitos velhos do Restelo muitas vezes vaticinam, são gerações de portugueses desempoeirados e sem medo de competir com os favoritos a darem cartas um pouco por toda a parte. 
Esta prestação, independentemente do lugar em que João Almeida terminar (relembro que a prova ainda não acabou), é já um motivo de orgulho para todos nós e deve ser encarada como uma pedrada no charco da monotonia onde se encontrava o ciclismo português. Esperemos que se inicie aqui uma época brilhante e uma página de grandes feitos e conquistas. Todos nós vibrámos com as subidas de montanha, com a classe do português voador no contrarrelógio e com a expetativa que nos foi criada dia após dia. O que João Almeida fez na sua primeira Grande Volta foi “só” a melhor prestação portuguesa de sempre com os 15 dias na liderança e colocou os olhos do mundo, uma vez mais, arregalados com a nossa capacidade de sofrimento e com a nossa sede de vitória enquanto povo que nunca vira a cara à luta nem dá nada como perdido.
O Giro ainda não terminou. Ainda faltam etapas que podem ser importantes para o desfecho final. Mas o que João Almeida fez jamais poderá ser esquecido. Não é, por isso, altura de deixarmos de apoiar ou de nos desiludirmos, mas sim de estarmos todos eternamente agradecidos pelo que ele já nos fez viver nestes dias emocionantes. Num desporto tão querido por cá e que durante tantos anos foi seguido com tanto fervor, o ciclista das Caldas da Rainha deu-nos um grande exemplo de como conjugar a humildade com a classe, a capacidade de superação e a magia de acreditarmos nas nossas capacidades mesmo contra todas as apostas. É um exemplo de determinação e de sacrifício que nos deve servir de lição a todos. De como na vida nada pode ser dado como perdido à partida e que somos nós, com o nosso esforço e a nossa resiliência, que determinamos a nossa sorte. Obrigado, Rúben Guerreiro. Obrigado, João Almeida. Pelo exemplo, pela coragem, pela postura, por honrarem a nossa bandeira e nos fazerem sonhar. Que seja o princípio de um grande futuro. Não baixemos os braços e continuemos na sua roda e na roda dos que tanto fazem por elevar Portugal ao ponto mais alto."

O futuro do desporto hipotecado


"O desporto infantojuvenil passa por uma acentuada crise que é o retrato da indiferença política. A coisa não é de agora. Já faz tempo que se vinham registando factos que nos levam a fazer esta afirmação: para este Governo, o desporto é mais um furúnculo que incomoda do que um direito constitucional. Não veem nele uma prática cultural, social, educativa e formativa. Que possui valores construídos em cada dia de treino e em cada competição.
Esta crise pandémica não fez aparecer a liderança política, antes fez com que desaparecesse. Mas a vida não para. É um movimento contínuo que faz espoletar situações de grandes complexidades, como são os casos de muitos treinadores que se encontram sem rendimentos, atravessando este período com uma total ausência de apoio. É uma triste realidade que veio, mais uma vez, pôr a nu a fragilidade das condições de trabalho dos treinadores portugueses. Há que diferenciar entre um reduzido número de treinadores que desempenham as suas funções com vínculo profissional da grande maioria daqueles que trabalham Portugal sem qualquer suporte contratual, o que é, também, responsável pela situação desumana em que caíram. Sem rendimentos e com um Governo totalmente indiferente às dificuldades por que passam as famílias destes treinadores.
O Governo tomou conhecimento desta situação. Recebeu propostas da Confederação dos Treinadores de Portugal, com soluções que permitiam ultrapassar, há muito, esta lamentável e cruel situação. Reinou o silêncio. Continua a prevalecer a indiferença política em relação ao desporto. Entretanto, são cada vez mais as crianças e jovens que abandonam a prática do desporto. Em relação a esta terrível situação continuamos a ouvir profundos silêncios, entrecortados com intervenções repetitivas do Secretário de Estado da Juventude e Desporto, vazias de conteúdo, sem propor soluções, centradas no que foi feito e apenas nos apoios financeiros para o Alto Rendimento. Transparece uma falta de confiança nas funções. Resume a sua ação a atitudes reativas. Não há dinâmica e empenhamento para uma aceleração das soluções necessários a esta fase crítica do Desporto infantojuvenil.
O que está em causa é a urgência de soluções para que a juventude possa regressar aos treinos e às competições. A lentidão da Direção-Geral da Saúde é, em muito, responsável por este progressivo abandono do desporto que urge estancar. A verdade é que alguns Dirigentes têm tomado posições públicas alertando para a crise social e desportiva que está a instalar-se no nosso desporto. De entre poucos, podemos reconhecer as posições claras, com suporte de saber, experiência e competência reconhecida pela comunidade da Desporto e projetadas nas palavras e documentos produzidos pelo Presidente do COP, José Manuel Constantino, e pelo Presidente da Confederação dos Treinadores, Pedro Sequeira. Têm posto o dedo na ferida. Têm chamado à atenção de múltiplos problemas. Têm feito muito para que o nosso desporto não fique, neste momento, com o futuro hipotecado."

Arranque positivo


"A nossa equipa entrou da melhor maneira na fase de grupos da Liga Europa, alcançando um triunfo expressivo, por 2-4, na deslocação à Polónia ante um adversário que soube criar dificuldades e que nunca se deu por vencido.
O pendor ofensivo da nossa equipa fez-se notar ao longo de toda a partida, sucedendo-se as oportunidades de golo criadas e verificando-se aproveitamento assinalável, com destaque, naturalmente, para Darwin, autor de um hat-trick. É preciso recuar a 1992 para se encontrar um jogador do Benfica, na condição de visitante nas provas da UEFA, autor de três golos num jogo.
O jovem avançado uruguaio já merecia estrear-se a marcar, depois de quatro partidas em que fizera cinco assistências para golo, revelando-se participante decisivo na forte dinâmica ofensiva da equipa (três golos por jogo nas seis partidas disputadas desde o início da época), aliando eficácia ao alto rendimento demonstrado.
Na base deste feito esteve o coletivo, que foi sempre suportando o bom trabalho do colega e também, obviamente, do treinador, que nunca retirou a confiança ao jogador, apesar de ter estado sem marcar até ontem.
O triunfo foi dedicado, pela equipa, a André Almeida, gravemente lesionado na última partida. O André é inexcedível no empenho em prol da equipa, oferecendo sempre o melhor de si para que os objetivos coletivos sejam atingidos. É um campeão, merecedor de enorme admiração e incondicional apreço, um jogador à Benfica essencial nos muitos títulos conquistados. Todos acreditamos que voltará mais forte!
Nota ainda para o regresso de Taarabt, que se exibiu em bom plano após ter estado ausente mais de um mês. Trata-se de mais uma opção à disposição de Jorge Jesus para o ciclo exigente de cinco jogos que aí vem.
O primeiro desses desafios será já na próxima segunda-feira, dia 26, às 20h15, frente ao Belenenses, SAD, no estádio da Luz. O objetivo, como sempre, será ganhar e somar mais três pontos, com a nossa equipa a procurar dar continuidade à sucessão de triunfos consecutivos e, se possível, com mais uma boa exibição.

P.S.: Inqualificável o tom insultuoso e ameaçador do líder da claque portista Super Dragões em resposta a um comentário do nosso ex-jogador Bernardo Silva. Este comportamento, sempre a roçar a delinquência, é aceite com uma passividade chocante e indigna pelas autoridades e os media. Fica um forte abraço solidário dos benfiquistas e, estamos certos, de todos os desportistas ao Bernardo Silva."

Cadomblé do Vata (Polónia)


"1. Pronto e é isto um jogador em quem o SLB investiu 26 milhões de euros... 90 minutos na Liga Europa e nem uma assistência para golo.
2. Foi uma noite de bonitas dedicatórias dos marcadores dos golos aos Almeidas... No 0-1 Pizzi puxou da camisola com o 34 para homenagear o André e no 1-2 Darwin subiu ao alto do Stelvio para honrar o João.
3. Jogo de grande dinâmica ofensiva mas grandes dificuldades no controlo da profundidade defensiva... levamos com tantas bolas nas costas que até parecia que estávamos a defrontar o Lech Reinaldo.
4. Otamendi capitão ao 3° jogo, 24 dias após ter assinado pelo SLB... tudo normal, nada para ver aqui, está a dispersar, está a dispersar...
5. Resumindo e concluindo, acabou por ser uma noite cheia de boas notícias... O SLB ganhou, Darwin estreou-se a marcar com um hat trick e o Jardel jogou 5 minutos sem se lesionar."

Qual é a melhor forma de desbloquear um jogo? Ctrl + A + Del. Percebem? Pronto, foi um gosto ver Darwin saltar três metros acima do polaco


"Vlachodimos
Ainda bem que temos uma defesa experiente na alta roda do futebol europeu”, terá pensado ironicamente Vlachodimos após o nono remate à baliza dos jogadores do Lech Poznan.

Gilberto
A atacar todos os santos ajudam. Gilberto integra a manobra ofensiva com a alegria e a verticalidade de um lateral moderno que acabou de ser chamado ao recreio de Jorge Jesus. Já o seu desempenho a defender é a de um rapaz que precisa de uma temporada no Colégio Militar, também sob a gestão de Jorge Jesus.

Otamendi
Não deixa de ser curioso que um indivíduo tenha que esperar 25 anos após a maioridade para se candidatar a presidente da maior instituição portuguesa, mas possa capitanear a equipa de futebol sénior ao fim de 3 semanas no Seixal. Felizmente Jorge Jesus já explicou o sucedido, esclarecendo desde logo que se está nas tintas para a opinião de muitos benfiquistas. Foi isto ou percebi mal?

Vertonghen
Houve ali um outro lance em que pareceu ter sido encontrada a kryptonita do nosso Super Jan: indivíduos destemidos a correr com uma bola junto aos pés.

Grimaldo
Esteve especialmente forte na transição defesa-banco de suplentes.

Pizzi
Que saltinho foi aquele à Bruno Fernandes? Não gostei e espero ver outro marcador de penáltis já no próximo jogo.

Gabriel
Enquanto se discute quem e quantos devem estar no centro do terreno, Gabriel prossegue mais ou menos indiferente à controvérsia. É segurar as pontas na organização defensiva, é distribuir jogo pelos colegas, é aparecer no carrossel da frente sempre que pode. Contem com ele para ir a todas.

Taarabt
Sabem qual é a melhor maneira de desbloquear processos? Ctrl + A + Del. E pronto. Foi um gosto escrever estes textos ao longo de 4 anos e meio. Até um dia.

Everton
O diagnóstico está feito. Enquanto o Caneira explicava na transmissão da SIC que faltava verticalidade ao jogo de Everton, eu próprio fui ouvido a dizer “ARRANCA PRA CIMA DELES ****LHO”. Sempre que isso acontece, e hoje acabou por acontecer algumas vezes, o jogo da equipa melhora e a magia acontecer. Mas ainda me sinto algo dividido quando vejo o Everton em campo. Por um lado, penso que ele ainda só mostrou 10% do se real valor e dá-me aqui uma coisa no peito que aparenta ser ansiedade. Por outro lado, penso que ele ainda só mostrou 10% do se real valor e dá-me aqui uma coisa no coração que aparenta ser otimismo.

Waldschmidt
Calma. Não precisas de exagerar no altruísmo. Daqui a pouco o uruguaio tem mais golos do que tu.

Darwin
Um hat-trick para matar a fome de golos, uma exibição estupenda e um momento impressionante quando se elevou 3 metros acima de um pobre polaco. Mais um bocadinho e, como nos explicou Jorge Jesus, desata a voar daqui para fora. Apesar do estouro de exibição, Darwin guardou o melhor momento da noite para a flash interview quando dedicou a vitória ao André Almeida. Numa só noite mostrou que sabe jogar com os dois pés, com a cabeça e com o coração. É assim mesmo, miúdo.

Rafa
lhe faltou a toalha num braço enquanto entregava o quarto golo numa bandeja. Há muito empregado da restauração neste país que podia aprender com o Rafa.

Weigl
Entrou para o lugar de Taarabt e depressa se percebeu que as perdas em fogosidade seriam compensadas pela monotonia da organização defensiva. Foi decisivo a garantir que não saíamos de uma cidade chamada Poznan com um empate e 3 golos no bucho.

Pedrinho
Bom movimento na área a estender a passadeira para Gilberto e Rafa construírem o meio golo confirmado por Darwin. Ainda não sabemos exactamente quanto vale Pedrinho, mas há aqui potencial. Quando percebermos melhor logo vemos se o pagamos ou não.

Nuno Tavares
Entrou para estabilizar um flanco fragilizado pela noite menos feliz do Grimaldo, mas curiosamente a minha tensão arterial subiu.

Jardel
Entrou para segurar a defesa, o que diz muito do estado periclitante em que esta se encontrava."

Se um avançado vive de golos, Darwin já tem vida


"Darwin Núñez, o jogador mais caro da história do Benfica, já fizera quatro assistências e até golos anulados tivera, mas, na Polónia, por fim se estreou a marcar e logo com três golos (dois de cabeça, outro com técnica aplicada na área, pela relva). O uruguaio muito contribuiu para o Benfica ganhar por 2-4 na estreia na Liga Europa, em que o Lech Poznan lhe causou bastantes problemas - e Otamendi acabou o jogo como capitão

Entre Poznan e Gdansk cabem uns trezentos e pouco quilómetros rodoviários, é ir do interior à costa norte da Polónia, de onde faz muito frio para onde, quando a Terra se aproxima do sol, o frio dá tréguas e os polacos ganham um lugar de praia. Também de Poznan, mas uns trezentos e muitos quilómetros para sul, fica Chorzów, cidade onde se estreou Jorge Jesus na Europa, já lá vão 22 anos.
Poznan é apenas um sítio, fica a meio caminho de Chorzów e Gdansk, mas temporalmente é um interlúdio. Um é o lugar onde o treinador se estreou, com o Estrela da Amadora, o outro é onde assumidamente quer estar, daqui por uns meses, a ganhar a Liga Europa com Benfica que tem uns primeiros 10 minutos à Benfica de JJ, cheio de combinações de passes em espaços centrais, nas costas dos médios polacos, para deixar alguém de frente para a baliza com a bola.
Um tricotar de passes deixou Waldschmidt a receber na área e um penálti, por mão na bola, aparecer para Pizzi, saltando antes de bater na bola, transformar em 0-1. O Benfica pressionava na área do Lech, saberia já que os polacos se atrevem nas saídas da bola e tentava condicioná-los para recuperar bolas ali nas redondezas. Mas era isso que o anfitriões queriam.
As construções rasteiras dos polacos, com os dois centrais na área, atraíam a pressão adversária, mas depois pareciam nem quererem tentar colocar passes nos médios, ao centro. Chamavam sempre os apertos de espaço dos jogadores do Benfica para saírem pelos laterais e, de um deles, tentar levar a jogada para alguém que atacava o espaço entre Grimaldo ou Gilberto e o central do seu lado. Depois, sim, aceleravam as jogadas ou abrandavam para deixar as rédeas em Pedro Tiba ou Jakub Moder, os médios.
Esse polaco rematou à entrada da área, para Vlachodimos se esticar, e dentro do retângulo e num canto, para o guarda-redes grego ver a bola a ir contra a barra. Remates que aconteceram antes e depois de Mikael Ishak rematar o 1-1 no final de uma das tais jogadas em que aproveitou o espaço nas costas de Grimaldo. Evitando a pressão ao centro, era assim que o Lech conseguia levar as jogadas até à área do Benfica e criava “os problemas” que Jesus antevira.
A pressão agressiva dos polacos, muito rápidos a aproximarem-se de qualquer adversário - mesmo que deixando crateras de relva entre os médios e os defesas - entupiu os passes de Gabriel para Waldschmidt, viram-se menos apoios frontais para alguém ficar de frente com a bola e, durante muito tempo, só raides com bola de Taarabt e Everton foram superando as linhas do Lech.
Quase no intervalo, o Benfica segurou uma jogada até à beira da área, libertou Gilberto para cruzar e Darwin, antecipando o tempo de salto, cabeceou o 1-2 com potência. Foi a única jogada ligada que logrou após o golo, mas montaria outro logo no arranque da segunda parte, com médios, extremos e avançados juntos, a atraírem adversários e tocarem no homem livre até Taarabt picar a bola para cair sobre Darwin na área.
O uruguaio hesitou, deixou-a cair na relva, quando a tentou rematar mal lhe acertou, uma oportunidade perdeu-se. Na posse de bola seguinte, o Lech nem a acelerou, manteve-a controlada pela direita até se aproximar da baliza, virá-la para a esquerda, uma tabela ser feita e a passividade coletiva do Benfica ficar a ver Vlachodimos desviar o remate de Kaminski, mas Ishak fazer o 2-2 com a sobra.
Estranho não era o desperdício de Darwin, acontece; nem a atitude passiva do Benfica quando defende perto da área, já acontecera. Era de estranhar a braçadeira estar com Otamendi, nem com um mês de clube feito: a 30 de setembro fez o primeiro treino com a equipa e neste 22 de outubro ficou como capitão após Pizzi sair e entrar Rafa.
O Benfica já era capitaneado pelo jogador com menos minutos de Benfica em campo quando, aproveitando a falência, aos poucos, da pressão do Lech, a equipa trocou passes à beira da área polaca até dar um passe rasteiro em Darwin. E o uruguaio decidir em três tempos: a receção puxou o central que o marcava, o segundo toque fez-lhe um túnel e o terceiro passou a bola para a baliza. O 2-3 evidenciava a técnica fina na área que ainda não se vira nos cinco jogos e 501 minutos anteriores de Darwin.
Na meia hora seguinte, mesmo com Weigl em campo, o Benfica nunca logrou controlar o jogo tendo a bola, acalmando o ritmo e tentando fazer os polacos correrem atrás de passes. A equipa encolhia-se junto à sua última linha, as tentativas de pressionar eram desgarradas e o jogo virou um pingue-pongue de transições rápidas, cheias de espaço para cavalgadas com bola. Darwin, Pedrinho e Everton rematariam, mas Pedro Tiba e Kacharava também. O Benfica recuava até à área, resguarda-se num bloco baixo e dava espaço ao Lech para jogar até lá.
E acabaria com três centrais, o socorro de Jardel chamado para os últimos minutos e a equipa a defender-se de cruzamentos na área, com Darwin lá na frente, a acudir a bolas longas e esperançosas que fosse capaz de aguentar para, depois, virem Rafa, Pedrinho e talvez Gabriel. Já nos descontos, resultou: o matulão segurou a bola, deu tempo para uma jogada se criar para, na área, voltar a marcar à cabeçada com um cruzamento de Gilberto.
O Benfica ganhou 2-4, o uruguaio dos €24 milhões estreou-se a marcar com três golos ao sexto jogo, já não é apenas o tipo de avançado que ganha espaço para a equipa (como Jesus disse, há dois meses) e consegue dar o melhor de si quanto tem muitos metros de relva para correr, nem se limita a assistir para outros marcarem (já tem quatro desses passes).
Darwin Núñez já tem golo, mas o Benfica não teve a pressão organizada, constância com bola e o acerto a lidar com os espaços em campo próprio - sobretudo na última linha - que mostrara no fim de semana, contra o Rio Ave."

Um, dois, três diga lá outra vez – Por trás dos golos de Darwin e a mudança de Jorge Jesus


"No “Futebol Total” do Canal 11, o Pedro Bouças analisou o detalhe comum a cada um dos três golos do poderoso Darwin que lhe garantiram mais possibilidades de ser eficaz. Também a mudança tática de Jorge Jesus foi analisada."

KKS Lech Poznan SSA 2-4 SL Benfica: Mau na prática, bom na Teoria (de Darwin)


"A Crónica: Emoção Para Quê e Para Quem?
Não havia público nem havia necessidade. Num jogo desnecessariamente equilibrado, o SL Benfica entra a vencer na presente edição da Liga Europa. Na Polónia, frente ao KKS Lech Poznan SSA, os encarnados triunfaram por 4-2, com um hat-trick de Darwin. Segue-se o Standard Liége e, pelo meio, o B-SAD e segue-se a crónica com as incidências da partida.
Aos oito minutos de jogo, surge o primeiro lance capital. Grande penalidade assinalada a favor das águias, por mão na área polaca, após cruzamento rasteiro de Waldschmidt. Pizzi assume a marcação e, ao estilo de Bruno Fernandes, dá pela primeira vez na partida trabalho ao encarregado do placar eletrónico do City of Poznan. Vantagem encarnada e dedicatória a André Almeida.
Dobrado o tempo do golo inaugural, o Lech Poznan chega ao empate. Como? Como se esperava: fazendo bom proveito do bloco alto das águias e procurando e encontrando a profundidade nas costas da linha defensiva encarnada, pela esquerda. Czerwinski é quem encontra essa profundidade e quem serve Ishak para o encosto.
Aos 24 minutos, quase dilata a vantagem… o Lech. Na sequência de um canto, Moder remata em vólei de cima para baixo com o esférico a beijar a relva e de seguida a trave da baliza de Vlachodimos. Grimaldo a marcar o adversário com os olhos da nuca e por muito pouco não se consuma a reviravolta polaca.
42 minutos e mais uma inauguração: o marcador já o tinha sido, desta feita é o frasco de Ketchup de Darwin que é inaugurado. Bom trabalho coletivo da turma de Jorge jesus que culmina com um cruzamento milimétrico de Gilberto – talvez o seu ponto mais forte – para um grande golpe de cabeça do uruguaio.
Boa elevação e suspensão a suportarem um bom gesto técnico na estreia a marcar do “9” das águias e vantagem (mínima) no marcador favorável aos visitantes na saída para o intervalo.
Boa entrada do SL Benfica na segunda metade, melhor entrada ainda do Lech Poznan. Aos três minutos, Ishak bisa na partida em recarga no corredor central, após uma interessante jogada combinativa pela esquerda e pelo centro do ataque polaco. Antes, Darwin e Waldschmidt haviam desperdiçado uma dupla oportunidade para dilatar a vantagem das águias.
Quem marca um, marca dois. Uma vez aberto o frasco de Ketchup, eis os golos de Darwin, que, à hora de jogo, bisa na partida. Bem servido por Everton, que encontrou espaço no corredor central vindo da “sua” ala esquerda, trabalha bem – e com classe – e finaliza cara a cara com Bednarek.
O golo parece congelar a equipa de Poznan até aos 70 minutos. Dos 70 aos 80´, a partida é toda – mas toda – dos polacos. Vale Odysseas. Dos 80 minutos em diante, o SL Benfica equilibra a partida – mais ou menos – e, em período de descontos, Darwin muda a sua Teoria para um provérbio: “não há duas sem três”.
Hat-trick consumado e vitória sofrida assegurada. Valeu pelos três pontos e pelos três golos do uruguaio.

A Figura
Darwin NúñezTrês golos e muito trabalho. É este o resumo da exibição do avançado uruguaio que, na estreia a marcar, apontou logo um (tão necessário) hat-trick, exibindo uma capacidade prolífica, técnica e aérea até então pouco vislumbrada. Respondeu à seca de golos pessoal e ao bis de Ishak e granjeou a importante distinção de Figura do Jogo Bola na Rede.

O Fora de Jogo
GrimaldoDefende mal e ataca bem. Isto é o que costuma definir Grimaldo. Hoje não foi. Hoje, defendeu mal e atacou da mesma forma. Foi o elo mais fraco da equipa até ser substituído por Nuno Tavares. O lugar vai continuar a ser seu, mas Nuno Tavares (que não esteve muito melhor) vai estar à espreita de mais exibições como a de Poznan.

Análise Tática – KKS Lech Poznan SSA
Os polacos defendiam com uma linha de cinco, uma de quatro e Ishak na frente a pressionar com o olhar. As três linhas não deixavam muito espaço entre si, apesar das tentativas de as penetrar de Taarabt e Pizzi (este na primeira parte), sobretudo e o bloco era, regra geral, baixo.
Em ataque posicional e numa prova de coragem, a equipa polaca trocava a bola em zonas bem próximas da sua baliza para obrigar o bloco adversário a subir o mais possível. Nessa troca de bola, para obrigar os homens da pressão encarnada a correrem, os centrais abriam bastante, dando os laterais a restante largura – até aos limites laterais do terreno de jogo.
Moder e Tiba preenchiam o meio campo polaco para prender Gabriel e Taarabt e os alas juntavam-se aos elementos mais avançados para formar uma linha de quatro que se colava à linha defensiva encarnada. No momento certo, a bola era por fim lançada em profundidade.
Alheia às movimentações do marcador, a turma de Dariusz Zuraw não perdeu nunca a sua forma e o seu conteúdo, alterando apenas os intervenientes. Ainda assim, há que registar que nos últimos quinze minutos o Lech Poznan apostou numa dupla de ataque mais clara e destacada do que até então.

XI Inicial e Pontuações
Bednarek (6)
Czerwinski (5)
Crnomarkovic (5)
Puchacz (5)
Dejewski (5)
Moder (5)
Ramírez (5)
Pedro Tiba (5)
Skoras (5)
Ishak (7)
Kaminski (6)
Subs Utilizados
Marchwinski (5)
Muhar (5)
Kravets (5)
Katcharava (6)
Awaed (-)

Análise Táctica – SL Benfica
Jorge Jesus não fugiu muito ao XI titular e ao sistema cada vez mais “tipo” ou padrão, apostando num 4-2-3-1 assente na mobilidade e intercâmbio de corredores de Waldschimdt e Pizzi – na primeira parte, Rafa na segunda -, pelo centro e pela direita, respetivamente, com a regular intervenção de Everton na manobra ofensiva que passava muito também pelo quarto elemento da frente ofensiva encarnada, Darwin.
Gabriel e Taarabt alinhavam num duplo pivô de meio campo que funcionava como um sistema de duas estrelas, orbitando-se mutuamente, ainda que não com o brilho necessário. Assim, ambos descaíam para ambas as alas, consoante as necessidades de equilíbrio requeriam.
Em ataque posicional, Pizzi funcionava como médio, abrindo alas – no caso, a direita – para Gilberto. Grimaldo subia como sempre e a construção a três ficava a cargo dos centrais e de Gabriel, com Taarabt e Pizzi a permear a (relativamente) boa organização defensiva polaca.
No momento defensivo, Darwin e Waldschmidt pressionavam alto – um pouco “a pedido” do Lech Poznan – os alas e a dupla de médios tentavam fazer o mesmo e a linha de quatro defesas não se desmanchava fruto dos vários jogadores de azul que procuravam a profundidade.
A defesa à zona imperava nas bolas paradas, não tendo estado suficientemente oleada para travar as ofensivas aéreas – sobretudo – da equipa polaca, que tem precisamente no jogo pelo ar uma das maiores virtudes.
Na segunda parte, notaram-se algumas nuances táticas nos encarnados, fruto da troca de Pizzi por Rafa. Apesar de também aparecer regularmente no meio, Rafa alinhava mais pela ala do que Pizzi e tornava mais evidente o 4-2-3-1/4-4-1-1 do SL Benfica.
Para os últimos cinco minutos, JJ lançou Jardel e passou a jogar com três centrais para tentar por fim dar conta do enorme e árduo recado que se havia revelado, desde a sua entrada em campo, Katcharava. 

XI Inicial e Pontuações
Vlachodimos (7)
Gilberto (5)
Otamendi (5)
Vertonghen (5)
Grimaldo (4)
Gabriel (6)
Taarabt (5)
Pizzi (7)
Everton (5)
Waldschmidt (5)
Darwin (8)
Subs Utilizados
Rafa (5)
Weigl (5)
Pedrinho (5)
Nuno Tavares (5)
Jardel (-)"

Um Lech para Darwin


"Relativizar pode nem sempre ser solução, mas a verdade é que se nos lembrarmos que daqui a 300 anos tudo o que conhecemos hoje será tido como primitivo e rudimentar, talvez a análise futebolística que hoje nos enche olhos e ouvidos arranjasse um balanço menos impiedoso e cheio de si. Não diria que o SL Benfica de Jorge Jesus precise de 300 anos para deixar de fazer coisas primitivas e rudimentares (como ficou bem patente esta quinta-feira na Polónia) mas ganhariam os adeptos e paineleiros se à ambição lhe somassem o tempo necessário a que elementos de qualidade inquestionável se possam mesclar com elementos de rendimento, por agora, extremamente duvidoso. É que se nos lembrarmos também que a juntar-se à falta de apetência defensiva de Grimaldo estão hoje Otamendi (que parece ter desaprendido todas as referências para comandar uma linha defensiva), Vertonghen (não propriamente conhecido por acabar jogos com imaculado registo defensivo) e Gilberto (mais preocupado em não ouvir Jorge Jesus do que jogar futebol) rapidamente nos lembraremos também que a ambição desmedida que faz sombra a este novo Benfica é, para já, totalmente desfasada da realidade. E se culpas no cartório houve para Jorge Jesus na sua inebriante apresentação, o técnico não se tem cansado de meter agora água na fervura, mesmo depois de resultados e goleadas entusiasmantes e que noutras eras serviriam para lhe inchar o ego. Este ainda não é o Benfica que quero, ecoou por todo o vazio INEA Stadium quando o Lech explorou várias das incapacidades actuais dos encarnados. E se ao princípio o futuro parecia risonho para as águias foi porque, lá está, nos esquecemos de relativizar. E se à passada incrível de Luca Waldschmidt, à matreirice talentosa de Everton Cebolinha e aos serviços visionários de Taarabt, será impossível não augurar uma demolidora transição ofensiva, do lado inverso estão momentos de jogo que tirarão o sono a um técnico com dificuldades em mesclar o seu discurso entre o realista e o inatingível e que, ainda por cima, tem de ver responder a sua equipa em campo em tempo record e quase sem mácula.

Lance do 2-2 e momento da variação de flanco que foi imagem de marca do Lech neste jogo. Do lado de fora, extremos ou laterais iriam ferir um Benfica que se viu várias vezes descompensado

E talvez por fé inamovível na sua ideia, ajustar estará fora de hipótese. Sendo que as referências, por exemplo, da linha defensiva demoram tempo a construir, e que a capacidade dos cinco centrais que tem disponíveis para perceberem todos os timings e triggers que a levam a subir e a descer é deveras questionável (sendo já questionada pelo próprio Jorge Jesus) mandaria a prudência que Jesus arranjasse outra forma de se defender neste exigente início de época. Porém, com toda a experiência acumulada, como por exemplo no seu último trabalho, Jesus sabe que só jogando e errando essa mesma linha se consolidará – não fazendo assim sentido procurar fazer algo diferente daquilo que idealiza como potencial máximo. Mas tal como no início da sua aventura no Fla se nota uma inaptidão gritante que se junta às já conhecidas (mas convenientemente esquecidas na altura da euforia) dificuldades de alguns elementos do plantel.

Extremos do lado da bola tentaram sempre proteger lateral. Com todas as lacunas que foram evidentes tal não foi solução em boa parte dos casos

Não foi assim à toa que o plano do Lech Poznan se centrou em dois pontos fundamentais: nas costas da linha defensiva e no espaço exterior do bloco do Benfica. E se Jesus ainda tentou que Everton protegesse Grimaldo no momento das saídas polacas, foram demasiadas vezes que Grimaldo, Vertonghen, Otamendi&cia não conseguiram perceber o momento de subir ou o momento de descer, ficando expostos em várias situações (como no lance do 1-1, em que Ishak respondeu ao golo de penálti marcado por Pizzi). Já do outro lado, Gilberto (sempre com as orelhas a ferver) foi fustigado com as rápidas viragens de flanco que o deixavam várias vezes no um-para-um ou até um-para-dois – algo que convenhamos deixará por esta altura o brasileiro totalmente exposto.
Ainda assim não falamos de um plano totalmente perfeito por parte de Dariusz Zuraw. Isto porque à realmente impressionante rotatividade do nosso Pedro Tiba e de Moder (e à ganância de quererem estar presentes em todos os momentos ofensivos) libertou-se um espaço importantíssimo para um jogo tremido nunca escapar totalmente das asas da águia. Foi no já citado momento de transição que o Benfica deixou perfume e que poderia, com outra confiança e segurança, partir para outro tipo de exibição mais segura. Mas como Jorge Jesus sempre nos lembrou: o jogo tem quatro momentos mais um. E assim sendo nem o golo de Darwin, ao cair do pano da primeira metade, poderia sossegar um Benfica que ainda coxeia em vários momentos considerados nucleares pelo seu técnico.

Luca impressionante a ligar o jogo da águia descobriu um Gilberto com missão facilitada para cruzar. Superioridade numérica no coração da área

Não será preciso pois sublinhar que a toada da etapa complementar começou de forma semelhante, com os polacos a explorarem superioridades nos corredores, pouco preocupados com a nova vanguarda do jogo interior e corredor central, castigando o Benfica com superioridades exteriores que os seus laterais não conseguiam travar e que os seus centrais não conseguiam acompanhar. Sem surpresa surgiu o bis de Ishak que, ainda assim, acabou por ser uma benesse para a equipa de Jorge Jesus. Isto porque ao esforço assinalável do Lech seguiu-se uma quebra que permitiu levar o jogo para um registo que agradará mais a Jorge Jesus. Benfica em organização ofensiva, com o adversário mais longe de Odysseas e um ritmo que faz sobressair a técnica de Rafa (entrou por Pizzi ao intervalo), Everton e do impressionante pêndulo germânico Luca Waldschmidt. No entanto, com alguns lances para nos deixar em dúvida, o momento Bergkamp da noite pertenceu ao às vezes trapalhão, às vezes contundente Darwin Nuñez, algo que pôde repetir para sossegar as hostes já no fim da contenda e depois do Lech Poznan forçar, desalinhar de novo a defesa do Benfica e criar algum arrepio do qual Jorge Jesus fará questão de lembrar a equipa no regresso ao Seixal."

Benfica After 90 - Lech...

Visão Vermelha S2E06 - Rio Ave, Lech...

Rescaldo...

Bistrot - [FR] After Match Europa League - J1 Lech Poznan

Semanada...


"1. Gedson Fernandes. Luís Filipe Vieira foi à RTP dar uma entrevista no fim-de-semana passado e disse que era possível que Gedson Fernandes voltasse em Janeiro visto que não parece contar no Tottenham. Entretanto já saíram outras notícias a dizer que provavelmente poderia ser de novo emprestado. Acho que por acaso o Gedson poderia ser um bom reforço de Inverno. É um médio com características idênticas a outro médio que Jorge Jesus tanto pediu: o Gerson - curiosamente com um nome muito parecido. Mas mais uma vez, para o Gedson poder entrar é urgente que o Benfica comece a diminuir o número de jogadores.
2. Época de André Almeida terminou. André Almeida rompeu dois ligamentos no joelho direito e é provável que a sua época tenha terminado. André Almeida fez 30 anos no mês passado. Já vimos alguns jogadores recuperar desta lesão, já vimos outros que nunca chegaram a recuperar os mesmos níveis. Para piorar tudo, André Almeida já na época passada teve problemas com lesões. No curto prazo vamos apostar em Gilberto e talvez no Diogo Gonçalves. Mas se ainda fazia parte dos planos do Benfica continuar com André Almeida por mais três-quatro anos, talvez seja melhor antecipar um cenário onde isso possa não acontecer. Eu teria posto o Filipe Cruz a treinar e jogar com a equipa B já a partir destes fim de semana, pois parece-me o lateral direito mais promissor que temos nos nossos quadros e que pode ser uma boa solução a médio-longo prazo.
3. Darwin Nuñez. A exibição de Darwin ontem contra o Lech Poznan foi completamente surreal. Eu já ia escrever sobre o Darwin antes porque apesar de não ter marcado para o Campeonato, tenho gostado muito das suas exibições. Todos jogadores dizem que o importante é que a equipa marque, mas quando chegam a um 2vs0 só com o guarda-redes, muitos rematam em vez de passarem para o lado. Darwin não. Darwin pode ter apenas um jogador à sua frente e passa sempre para o colega que está melhor colocado. Darwin tem apenas 21 anos mas já percebeu que mais importante que os golos individuais são os golos marcados pela equipa. Nesse aspecto é um ponta de lança à frente do seu tempo. Ele já percebeu que as estatísticas também contam quem cria golos e quem faz assistências, e que apesar de não marcar, continua a beneficiar porque da maneira como jogo a sua equipa acaba por marcar mais por tê-lo em campo. E a partir de ontem também marca. Finalmente acertámos num ponta de lança. Espero que fique por cá muitos anos. E estou curioso para ver se não senta o Cavani no Mundial de 2022.
4. Nicolás Otamendi. Uma das surpresas da noite passada ficou reservada para a segunda parte quando Nicolás Otamendi ficou com a braçadeira de capitão. Aquilo fez impressão a muita gente. Eu por acaso até gostei. O capitão é muito mais do que o jogador com mais jogos do clube (ou pelo menos devia ser). Há até coisas que o capitão pode fazer que os outros jogadores não podem. Nomeadamente falar com o árbitro sobre alguma decisão. A correlação ‘capitão-número de jogos disputados’ também existe, como é o caso do Luisão ou do Jardel, mas nem sempre o jogador com mais jogos é um líder de balneário. Via-se dentro do relvado que o Rúben era o verdadeiro capitão de equipa no último ano, mas não era o capitão (e devia ter sido). Tem esse perfil de líder. Nenhum dos jogadores com mais jogos que estava em campo (Vlachodimos, Grimaldo, Gabriel ou Rafa) tem esse perfil. Acho que nem Pizz ou André Almeida têm esse perfil. O Otamendi tem. E é jogador do Benfica.
5. Previsão para as Eleições. Desde que Luís Filipe Vieira se tornou Presidente do Benfica, as eleições com maior participação dos sócios foram as eleições de 2012 entre Luís Filipe Vieira e Rui Rangel. Nessas eleições houve um pouco menos de 23 mil votantes que tinham no total 450 mil votos. Notem que 23 mil votantes significa uma taxa de abstenção na casa dos 80-90%. Acredito que as próximas eleições a taxa de abstenção não vá ser tão grande. Se a participação for o dobro dos votantes, ou seja 46 mil votantes - que ainda significaria uma abstenção na casa dos 70-80% - talvez o vencedor precise de mais de 500 mil votos para se conseguir tornar Presidente do Benfica. Eu neste momento estaria a fazer as contas para ter um número de votos nessa casa dos 500 mil para conseguir ganhar as eleições. Nota também para um possível adiamento das eleições. O Governo português limitou movimentações no próximo fim de semana o que quase de certeza irá obrigar o adiamento das eleições.
6. Modalidades. Tem tudo para ser um fim-de-semana tranquilo nas Modalidades. Os únicos jogos onde entramos em campo sem grande favoritismo é um dos dois jogos do Voleibol Feminino (contra o Porto Volei) e o jogo da equipa de Basquetebol Feminino (contra a GDESSA) que nos irá permitir ver o que esta equipa de facto é capaz. Todas as outras equipas têm obrigação de vencer os seus jogos. Nota também para o Hóquei que na semana passada perdeu contra o Riba d’Ave. O Campeonato termina em playoff e como tal estes jogos pouco importarão. Mas este tipo de falhanços não pode ser admissível."

#Pelé80. Biografia selecionada do homem que é Edson e é Pelé e anda há uma vida a tentar separar um do outro


"O grande Pelé faz esta sexta-feira 80 anos e esta é uma coleção de histórias conhecidas e outras nem tanto assim sobre um dos maiores mitos vivos da contemporaneidade. Aqui dentro cabem Garrincha, Eusébio, Maradona, Beckenbauer ou Romário que, algures na vida deles, se cruzaram com o Rei Pelé. Longa vida.

Pelé, Bilé e o Guarda-redes Que Virou Maior de Todos
Talvez o motivo de Pelé ter tido tanta facilidade para marcar golos é por conhecer bem seus adversários. O maior inimigo dos guarda-redes teve as suas primeiras experiências no relvado exatamente sob os postes. Mais, Pelé virou Pelé em homenagem a um guarda-redes, e não gostou muito do nome nas primeiras vezes em que foi chamado por ele..
Edson Arantes do Nascimento, conhecido como Dico durante a sua infância na pequena cidade de Três Corações, vestia uma simbólica camisola número 1 nas brincadeiras com os amigos. O homem que um dia tornou-se aquele que mais balançou as redes na história do futebol nutria uma verdadeira paixão pela posição, tanto que um de seus primeiros ídolos foi um guarda-redes. Os amigos contam que o jovem Dico gritava o nome “Bilé”, guarda-redes o pequeno Vasco de São Lourenço.
Porquê a idolatria tão incomum? O futebol corre no sangue da família. Dondinho, pai do Rei, era futebolista da pequena equipa, que contava também com o curioso Bilé. Os amigos da cidade não conheciam este homem de uma desconhecida equipa do Estado de Minas Gerais, então os gritos de Bilé aos poucos foram interpretados como Pelé.
Edson não gostou, então os amigos insistiam em chamá-lo pelo nome que seria maior do que Edson nos anos seguintes.
“Eu não queria esse nome. Pelé soa infantil em português. Edson é mais como Thomas Edison, o homem que inventou a lâmpada”, disse Pelé em entrevista para o jornal alemão “Bild” em 2006.
Com o tempo, Dico aprendeu a abraçar o nome Pelé, mas a paixão pela posição de guarda-redes nunca desapareceu. O Rei era o suplente extraoficial do Santos para proteger os postes. Numa era que eram proibidas alterações durante a partida, era Pelé quem assumia a camisola número 1 em caso de lesão do titular.
A curiosa mudança tática ocorreu quatro vezes na carreira de Pelé. A mais famosa em 1969. O Rei estava próximo do seu milésimo golo quando o Santos foi jogar na cidade de João Pessoa. Pelé marcou um, o que deixo-o com 999 golos.
O Santos notou que a equipa rival, o Botafogo-PB, estava a facilitar o jogo para que a capital do Estado da Paraíba, então com pouca expressão no futebol brasileiro, ganhasse fama. O guarda-redes Jairzão então alegou uma lesão, obrigando Pelé a substituí-lo. O golo mil então ocorreu duas partidas depois, contra o Vasco, no templo sagrado do Maracanã.

Os Portugueses Que Conheceram Pelé Antes de Ser Rei
Waldemar de Brito foi um grande futebolista. Jogou em algumas das maiores equipas brasileiras e na seleção nacional, mas o seu feito mais conhecido é o de se ter em 1953, quando já era treinador, encantado com um miúdo que jogava nas divisões de base da equipa do Bauru.
Waldemar foi o primeiro mentor de Pelé, que rapidamente chamou a atenção do Brasil pelo seu talento extraordinário. Em 1956, Waldemar usou seus contactos no mundo do futebol para então miúdo de 15 anos se tornar profissional. Uma proposta do Bangu, tradicional equipa do futebol carioca era sedutora, mas a mãe de Pelé temia que o filho caísse nas inúmeras tentações da então capital brasileira.
Foi decidido então levá-lo para Santos, cidade litoral, próxima de São Paulo. A história da cidade, da equipa e de Pelé nunca mais iriam separar.
O Santos Futebol Clube já era uma das mais fortes equipas do Brasil em 1956. Pelé chegou em uma equipa bicampeã do Campeonato Paulista, numa época em que o torneio regional era um dos mais importantes do país devido a falta de um campeonato nacional. A equipa já tinha em seu balneário atletas que viraram lendas com a camisola alvinegra, como Zito e Pepe.
Isso não assustou Pelé. Logo no seu primeiro dia de treinamento surpreendeu colegas de equipa e os jornalistas presentes, como mostra o artigo do jornal “A Tribuna”.
“Nos 40 minutos de atividades dos profissionais, destacou-se sobremaneira, o meia-direita que formou na equipe de suplentes, com um trabalho sóbrio, porém de boas qualidades técnicas, impressionando a direção técnica do campeão paulista de 1955.
Após o coletivo, a reportagem se movimentou e apurou tratar-se do "jovem Edson Arantes do Nascimento, com 15 anos de idade. [...]. O diretor do Departamento Profissional do Santos iniciou entendimentos com seu progenitor e ainda com o famoso jogador do passado, Valdemar de Brito, que é o orientador intelectual da grande promessa futebolística, presente nossa reportagem. Tudo assentado, Edson Arantes do Nascimento (conhecido por Pelé), foi contratado pelo campeão paulista de 1955.”
O Santos não queria perder o talento que tinha em mãos. Menos de um mês depois do primeiro dia de treinamento, o miúdo estreava com a camisola santista, com golo. Pelé participou de 30 jogos, com 18 golos, antes de assinar o seu primeiro contrato profissional, em 1957.
Foi neste momento que Portugal encontrou Pelé pela primeira vez. Em 1957, o Santos cedeu alguns atletas para o Vasco jogar um torneio amigável, entre eles Pelé. Uma das primeiras equipas internacionais a ser vítima do Rei foi o Belenenses. O terceiro colocado da Liga Portuguesa daquele ano viu o Vasco vencê-lo por 6 a 1. Pelé marcou três golos.
Pelo resto da vida, Pelé contou que aqueles jogos pelo Vasco que projetaram-o para o Brasil. O ano de 1957, o primeiro como profissional, é de uma ascenção meteórica. Ele termina o ano campeão paulista e maior goleador do campeonato. As boas atuações fazem ele ser aos 16 anos titular da Seleção Brasileira. Uma que está na história.

O Mundial de Pelé e a Coroação do Rei
O Mundial de 1958 tornou imortais diversos futebolistas brasileiros: Garrincha, Didi, Nilton Santos. Ari Clemente, lateral-esquerdo do Corinthians, também quase entrou na história mesmo sem nunca ter ido para o país escandinavo.
Pelé já era titular absoluto da equipa “canarinho”, mas uma entrada dura do defensor durante um amigável tirou o miúdo de 17 anos do relvado com uma lesão no joelho direito. Com apenas alguns dias até o embarque para a Europa e com a certeza que o avançado não jogará as primeiras jornadas do Mundial, o técnico Vicente Feola pensou em tirar Pelé da viagem e dar lugar para Almir Pernambuquinho, atleta do Vasco da Gama conhecido pelos grandes golos e grandes brigas.
O camisola número 10 só foi para a Suécia por pedido de Didi, Nilton Santos, os líderes da equipa, e Pepe, eterno companheiro do Rei no Santos. Pelé era jovem, capaz de mostrar boa forma física rapidamente e seu talento era impossível de subestimar.
Foi o que ocorreu. Pelé estreou em mundiais diante da União Soviética. Após um empate contra a Inglaterra, Feola decidiu colocar Pelé, Garrincha e Vavá para jogar, e fazer história. O primeiro golo de Pelé em mundiais foi no jogo seguinte, contra o País de Gales nos quartos de final, que deu a vitória para a equipa “canarinho”.
Nas meias-finais, superou a lenda francesa Just Fontaine. Fontaine, maior goleador de uma única edição de Mundial, marcou uma vez na derrota francesa por 5-2. Pelé fez três golos naquele dia.
Na final contra a Suécia, Pelé marca um dos golos mais bonitos da história. O avançado recebe uma bola erguida com o peito. O central adversário tenta tomá-la antes que Pelé tenha o controlo com os pés, mas o camisola 10 dá um leve toque para passá-la por cima do marcador. Sem deixá-la cair no chão, chuta-a para as redes.
Pelé ainda marcou mais um golo na vitória brasileira por 5 a 2. Ele aproveitou um cruzamento da esquerda e encobriu o guarda-redes de cabeça. O árbitro encerrou o jogo ali. A história estava feita, tanto para o Brasil quanto para Pelé. O miúdo de 17 anos caiu no relvado após o último golo, precisou ser erguido pelo companheiros, pois não conseguia levantar de tanta emoção.
Foi neste momento que Pelé foi “coroado” rei, diz a história, mas talvez já tenha viajado para a Suécia com sangue real. A história original é que o jornal francês “L´Équipe”, encantado com as atuações do camisola 10, usou em sua capa uma foto de Pelé a ser cumprimentado pelo Rei Gustavo VI da Suécia com a manchete “O Rei do Futebol”.
É possível que o nome se tenha popularizado antes, pelo menos no Brasil. Nelson Rodrigues, um dos grandes escritores brasileiros do século XX e apaixonado por futebol, escreveu pela primeira vez sobre Pelé em março de 1958, meses antes do Mundial.
“Verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em redor.
O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias”.

A Maior Equipa Brasileira da História, o Golo Mil e o Duelo de Reis Com o Pantera
Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. A tirar Pelé, e possível que não conheça nenhum dos outros futebolistas, mas este é considerado o melhor ataque da história do futebol brasileiro. O Santos da década de 60 é a equipa mais vencedora da história do futebol brasileiro, e a que fez Pelé unanimidade internacional.
A equipa do Santos era conhecida pelos toques rápidos, muitos golos feitos e muitos sofridos. Não era incomum um jogo da equipa alvinegra terminar 5 a 2 ou 6 a 3. Dos dez maiores goleadores da história do Santos, oito jogaram pelo menos parte de sua trajetória na histórica equipa da década de 60.o. 
Curiosamente, era na defesa em que estavam os internacionais mais conhecidos daquela equipa, além de, obviamente, Pelé. Gylmar foi o guarda-redes nos títulos mundiais de 1958 e 1962, acompanhado pelo médio defensivo Zito. O central Mauro Ramos de Oliveira foi o responsável por erguer a Taça Jules Rimet em 1962. Com o passar do tempo, os nomes mudaram, mas foram sucedidos por outras lendas, como Clodoaldo e Carlos Alberto Torres, campeões mundiais em 1970.
A equipa colecionava títulos assim como golos. Foram 23 títulos na década, com os mais importantes a serem cinco da Taça Brasil, um Roberto Gomes Pedrosa (ambas as competições foram reconhecidas como campeonatos nacionais no Brasil em 2010), duas Taças Libertadores da América e duas Taças Intercontinentais. Foi neste último em que ocorreu o que é considerada uma das melhores atuações daquela equipa, e foi contra o lendário Benfica de Eusébio.
Benfica e Santos eram as melhores equipas do mundo em 1962. Como campeões da Liga dos Campeões e da Libertadores, encontraram-se para dois jogos históricos. No Maracanã, os Encarnados fizeram grande partida, com dois golos de Joaquim Santana, mas acabaram derrotados por 3 a 2.
Havia ainda a decisão na Luz. Para a dor de 70 mil benfiquistas, este foi um dos maiores jogos daquele Santos e de Pelé. O Rei marcou três golos e deu uma assistência. No final, 5 a 2 para o Santos.
Em 2012, Eusébio relembrou a atuação do camisola 10 na Luz para a rádio brasileira “Paiquerê”:
“Em Portugal, tivemos um dia para esquecer e perdemos por cinco. Foi a primeira vez que vi o Pelé a jogar a bola. Aliás, eu disse a ele: se jogasse os dois jogos normal como estava a jogar, nunca ganhava do Benfica naquela noite. Foi sem dúvida um grande jogador ali”, disse o ”Pantera”.

O Golo Mil
Com tantos títulos e golos, foi uma questão de tempo até Pelé ficar próximo da marca dos mil. Ele veio em 11969, mas não de forma fácil. Para alguém tão acostumado balançar as redes, Pelé teve dificuldades para marcar após o golo 999. Primeiro foi obrigado a jogar como guarda-redes (ou preferiu ir, como contamos). No jogo seguinte, na Bahia, viu o central adversário salvar o golo em cima da linha, e por isso levar uma grande vaia dos próprios adeptos.
O palco então foi o Maracanã. O árbitro assinalou penálti aos 78 minutos de jogo durante a partida contra o Vasco da Gama, para delírio dos dos adeptos, inclusive da equipa do Rio de Janeiro, Pelé foi cobrar.
Apesar de ser o principal jogador do Santos, o camisola 10 nunca gostou de bater penáltis, Pepe era o jogador designado para a função. Pelé admitiu que sentiu medo antes de fazer história.
“Não é fácil. Quando coloquei a bola na marca, o Maracanã inteiro começar a gritar ‘Pelé, Pelé’. Eu só pensei: ‘meu Deus! Se eu perder esse golo. Eu tremi a perna”, contou Pelé durante um evento em 2016. 
Ele não perdeu. O jogo foi interrompido por causa da invasão dos repórteres que queriam registar as primeiras palavras após o golo mil. Pelé não tinha discurso preparado, então, espontaneamente, pediu apenas para que fosse dada maior atenção aos miúdos brasileiros. “Pensem no Natal, pensem nas criancinhas”.
No Livro “Pelé, Minha vida em Imagens”, o Rei conta que a ideia de dedicar o golo às crianças brasileiras surgiu pela lembrança de ter testemunhado um grupo de miúdos a roubar um carro enquanto saía de um treinamento do Santos semanas antes.

A Dor Nos Mundiais Que Levaram ao Sonho de 70
Se pensarmos no sucesso do Santos e da seleção brasileira na década de 60, é fácil imaginar que também é o período das maiores glórias de Pelé com a camisola amarela. Não foi.
Os mundiais do Chile e Inglaterra foram marcados por lesões e uma das piores participações brasileiras no torneio, mas motivou Pelé a participar do Mundial de 70, com uma das equipas mais celebradas da história.
Apesar de o Brasil ter-se sagrado bicampeão mundial em 1962 e Pelé ter oficialmente participado da conquista, ele pouco pode fazer no Chile. Pelé era titular absoluto e candidato a melhor jogador da competição, mas uma lesão na virilha ainda na terceira jornada tirou-o do resto do torneio. Coube a Garrincha mais uma vez brilhar e ser o herói brasileiro.
Em 1966, o Brasil era bicampeão, Pelé estava no auge e tudo indicava que o Rei do Futebol como o futebolista a brilhar em Wembley sob os olhares da rainha Isabel II. A violência rival, uma nova lesão e a falta de organização brasileira antes do mundial impediram isso.
Os problemas começaram antes mesmo da viagem para a Inglaterra. O Brasil chegou a ter 49 atletas a treinar, sendo que apenas 22 foram para o Mundial. No relvado, Pelé machucou-se ainda no primeiro jogo, diante da Bulgária, voltou apenas na terceira jornada, diante de Portugal. Eusébio, com dois golos, e António Simões, fizeram com que o Brasil não avançasse de fase e tivesse a sua segunda pior participação na história de um Mundial. Pelé, e os brasileiros, nunca perdoaram uma suposta violência dos Búlgaros e portugueses. Pelé chegou a dizer que nunca mais disputará um Mundial, dada a violência sofrida. Ao analisar o jogo contra Portugal, as acusações não sustentam-se. Foram 12 faltas de portuguesa contra 21 do Brasil.
Os relatos da época citam um golpe violento de Morais, mas apenas esta. Pelé revidou no fim do jogo , o que iniciou uma pequena briga no relvado.
O facto é que não foi a violência rival que eliminou o Brasil, mas sim a falta de organização de uma equipa que sofreu para aliar jogadores campeões mundiais, mas longe do auge, como Garrincha, com outros novos demais, como Tostão e Jairzinho. Diante deles, estava Portugal com Eusébio em sua melhor forma, naquela que é a melhor equipa portuguesa na história dos mundiais. Apesar da ameaça de retirar-se, a frustração com o desempenho na Inglaterra é o que motivou-o a jogar em 1970.
“Foi uma deceção, uma coisa triste. Tinha sido campeão em 58 e em 62. Em 66, seria a minha despedida. Eu ia me despedir. Aliás, ganhamos em 70 porque eu queria ter me despedido como campeão (em 1966) e não deu, porque me machuquei”, disse Pelé, em entrevista para o canal brasileiro “Sportv” em 2018.
Sorte do futebol. No México, os miúdos de 1966 eram líderes de suas respetivas equipas. Carlos Alberto Torres, Gérson, Rivelino, Jairzinho, junto com Pelé, lideraram aquela que para muitos é a melhor equipa da história dos mundiais. Se a camisola 10 é sinónimo de grande jogador, a “canarinho” de 1970 é exemplo que há espaço para muitos. Cinco titulares vestiam a famosa camisola em suas equipas no Brasil. A 10, obviamente, ficou com Pelé.
Naquele que foi o primeiro Mundial transmitido à cores, e em direto pela primeira vez em muitos lugares do mundo, o imaginário de gerações foi preenchido pelo futebol técnico e de toques calmos da camisola amarela brasileira. Foram seis vitórias, 19 golos marcados e sete sofridos. A Taça Jules Rimet foi erguida pela terceira vez pelo Brasil, desta vez em definitivo.
Curiosamente, Pelé é lembrado por jogadas espetaculares, mas golos perdidos. Contra a Checoslováquia, quase surpreende o guarda-redes com um chute do seu próprio campo de defesa. Nas meias-finais diante do Uruguai, faz um dos lances mais famosos de sua carreira. Pelé recebe passe em diagonal de Tostão, e corre para a esquerda, mas deixa a bola passar pela direita, um drible no guarda-redes sem tocar na bola. Com os postes vazios, Pelé chuta cruzado, para fora.
Ele marca o primeiro na vitória por 4-1 na final contra a Itália, mas seu lance mais famoso é o último golo. A bola passa por quase todos os brasileiros desde a defesa sem nenhum italiano tomá-la. Pelé a recebe próximo da área, mas ao invés do chute, toca para Carlos Alberto Torres marcar o golo do título. A jogada que tornou-se símbolo do jogo coletivo daquela equipa.

Depois do Mundo, o Cosmos
Com o Mundial em mãos, Pelé foi rápido na decisão de que não estará na Alemanha quatro anos depois. Já em 1971 retirou-se da seleção brasileira, em uma amigável diante da Jugoslávia. Jogou ainda mais três anos com a camisola do Santos. Em 2 de outubro de 1974, fez a última partida oficial no Brasil, aos 33 anos.
É possível dizer que foi apenas uma férias. Oito meses depois, Pelé tirava fotos com a camisola do New York Cosmos. O futebol estava a começar a ter a sua primeira liga profissional nos EUA, e o plano era atrair as maiores estrelas do mundo para que as finais do soccer atraíssem tanta atenção quanto os espetáculos do “Super Bowl”, do futebol jogado com a bola oval.
Pelé publicamente disse que a ideia de popularizar o desporto mais famoso do mundo também nos EUA é o que motivou-o a vestir novamente as chuteiras, mas é difícil também descartar o lado financeiro. No final da década de 60 descobriu que a maior parte do dinheiro recebido do Santos e de contratos de publicidade desapareceu devido a ação de seu empresário e estava basicamente falido. Os U$ 2,8 milhões por ano durante três épocas foram sedutores.
Independente do motivo, Pelé ajudou, pelo menos por um breve período de tempo, a fazer o americano gostar desse estanho desporto com apenas um ou dois pontos por jogo. Em 15 de junho de 1975, cinco dias depois de desembarcar nos EUA, ele fez sua primeira partida nos EUA, um amigável contra o Dallas Tornado que terminou empatado 2-2. Pelé fez um golo e deu passe para outro. Se o objetivo era esquentar o coração americano para o futebol, o primeiro jogo mostrou que a aposta podia dar certo.
“A atmosfera sobrecarregada lembrou as digressões americanas dos Beatles e do Papa - especialmente do último. Pelé não é uma figura imponente, com menos de 1,76 m, com cabelo bem cortado e olhos arregalados, quase infantis. Mesmo assim, conseguiu manter-se sereno diante do tumulto causado e tinha um senso de propósito quase messiânico. Como disse repetidamente: ‘vim ao seu país pois sei que sou o único que pode ajudar o futebol daqui. Espalhem a notícia de que o futebol finalmente chegou aos EUA’”, escreveu a revista “Sports Illustrated” sobre aquele dia em Nova York.
Pelé foi importante, mas não o único imortal a criar uma estranha geração de adeptos americanos naquele fim de década de 70. O Cosmos, com o dinheiro do conglomerado Warner, trouxe também nomes como Carlos Alberto Torres e o “Kaiser” alemão Franz Beckenbauer para a equipa. Mas não foi apenas o clube da “Grande Maçã” a contratar grandes nomes. Eusébio também aventurou-se na terra do “Tio Sam”.
Os rivais, e amigos, tiveram nos EUA o duelo mais bizarro de suas carreiras. Em junho de 1975, o Cosmos jogou contra o Boston Minutemen, de Eusébio. O estádio da Universidade de Boston tinha apenas 14 mil lugares, mas recebeu 20 mil adeptos naquele dia.
Eusébio marcou primeiro, em um golo de direto. Pelé igualou o placar logo depois, mas o golo foi anulado. Os adeptos não ligaram e invadiram o relvado para saldar o brasileiro. A partida foi interrompida e Pelé substituído por machucar o joelho e tornozelo direito com o ataque da multidão. O jogo terminou empatado. Pela regra na liga americana, era decidido um ponto extra com penalidades, vencida pela equipa de Eusébio. Após protestos do Cosmos, o jogo foi anulado e remarcado. na nova partida, vitória dos Minutemen por 5-0.
Eusébio jogou apenas 11 partidas em Boston, com 11 golos. O Pantera chegou a voltar ao EUA, mas já em outra época do futebol local. Já o Cosmos de Pelé, apesar de grandes nomes, conquistou apenas uma vez a liga com o camisola 10, em 1977. Pelé fez seu último jogo naquele ano, um amigável entre Cosmos e Santos. Ele jogou um tempo em cada equipa.
Apesar da promessa de Pelé, o futebol não conquistou os EUA com o Cosmos. A NASL (Sigla em inglês para Liga Norte-Americana de Futebol) ainda contou com outras lendas nos anos seguintes, com Johan Cruijff, mas perdeu popularidade na década seguinte, tendo o seu fim em 1984. O futebol só voltou aos EUA em 1996, com a atual MLS.

Entre Edson, Gestor da Marca Pelé
Pelé nunca foi um estranho para o marketing. Já quando jogador tinha a maior parte do seu rendimento não como futebolista mas sim por emprestar o seu nome para múltiplas marcas, mas após retirar-se, dedicou-se completamente à publicidade. O sucesso com o Cosmos transformou-o em estrela nos EUA. Em 1982, ao lado de Sylvester Stallone e Michael Caine estrelou no filme ‘Fuga para a Vitória”, do realizador John Huston (outros futebolistas, como Bobby Moore e Osvaldo Ardiles também atuaram no filme).
Uma correção: Edson é que faz tudo isso. Pelé é uma marca, Edson Arantes do Nascimento é quem a gerencia. Ouvir Edson citar “o Pelé” é comum, prática para manter incólume o futebolista que encantou multidões das palavras ditas fora do relvado.
Pelé nunca quis ser treinador. “Não sou louco”, disse uma vez. Talvez seja uma decisão sábia. Entrou para o folclore brasileiro as previsões erradas do rei em mundiais. Em 1994, disse que a Colômbia seria campeã, não passou da primeira fase. Em 2002, disse que o Brasil não avançará para os oitavos de final, foi campeão. Quando sugeriu que o avançado brasileiro Romário deverá retirar-se em 2005 (Romário estava a buscar a marca de mil golos, a contar jogos não-oficiais), recebeu como resposta: “Pelé calado é um poeta”.
Também se envolveu na política, campo onde foi contraditório por toda a vida. Disse que retirou-se da seleção pois estava satisfeito com o título de 70 e infeliz com a violenta ditadura militar brasileira a usar sua imagem para popularizar o regime. Na mesma década, defendeu que o “brasileiro não sabe votar”. Em 2013, grandes protestos dominaram o Brasil, em parte por causa dos grandes gastos com estádios para o Mundial de 2014. Pelé pediu publicamente para que não houvessem protestos contra o a competição e o futebol.
A atuação política mais forte foi durante a década de 90, em defesa a melhores condições para os futebolistas brasileiros. Em entrevista para a revista “Playboy”, criticou a corrupção no futebol brasileiro e a situação dos futebolistas nacionais, presos aos clubes mesmo após o fim do contrato de trabalho. Foi ministro do Desporto entre 1995 e 1998, quando foi redigida a nova lei de transferência para os futebolistas, a “Lei Pelé”. Ele criticou o facto que o texto final retirou diversas medidas da lei original, e chegou a pedir que retirassem seu nome dela.
Todas as contradições são parte de um Edson que responde perguntas com o mesmo improviso e espontaneidade que Pelé com a bola, mas sem o mesmo talento. É o homem que passou décadas a trocar provocações públicas com Diego Maradona por este ser considerado por alguns o melhor jogador da história, mas apareceu em 2005 a trocar passes com o rival, que entrevistou-o em seu programa de televisão.
A espontaneidade e desejo de agradar é que fazem Pelé ser o homem ideal para a publicidade. Já aceitou fazer comerciais de sandes, refrigerantes e até do medicamento Viagra, e recebe hoje milhões a mais do que quando futebolista. Nas inúmeras homenagens que recebeu, mostrou reverência ao futebol e a próprio mito. Conta as histórias da bola sempre a sorrir, e a referir-se na terceira pessoa.
“Tento sempre separar o Pelé do Edson. O Edson é uma pessoa normal de carne e osso, e o Pelé é eterno”, disse ao promover o documentário de sua vida, lançado em 2004, sem perder o senso de publicidade, já que a obra é chamada “Pelé Eterno”.
O número de aparições reduziu-se com o tempo. Uma série de cirurgias no quadril dificultaram a sua locomoção. No sorteio do grupos para o Mundial de 2018, participou em uma cadeira e rodas. Em um evento no Rio de Janeiro em 2018, usou um andador para chegar até o palco.
“Discutíamos ali atrás. mas decidi entrar assim. Deus me deu essa chuteira nova e decidi mostrar”, brincou Pelé, ao seu estilo. Talvez haja um pouco de futebolista no publicitário."

Que modelo económico para os clubes, Associações e Federações desportivas?


"Os recursos financeiros dos clubes, das associações e das federações desportivos(as) são constituídos, essencialmente, por:
· Quotizações: trata-se da adesão dos membros relativamente ao funcionamento das estruturas. São muitas vezes necessárias para poder beneficiar dos serviços propostos.
· Receitas: podem vender produtos, serviços ou propor atividades. Essas receitas são muitas vezes de origem privada, mas podem ser também dos serviços públicos.
· Financiamento público: o Estado (e outras instituições estatais) apoia, concedendo subvenções públicas. São atribuídas para financiar ações e projetos.
· Mecenato e dons: as empresas, como os particulares, apoiam. Os incentivos fiscais contribuem para desenvolver o modo de financiamento.
Em Portugal, não existe um estudo técnico-científico sobre o modelo económico dos clubes, das associações e das federações desportivas. O mesmo se passa para se saber o número de trabalhadores que empregam oficialmente. Estes estudos eram necessários para se ter uma ideia da evolução do modelo económico no desporto no seu conjunto, colocando em evidência as grandes tendências existentes. Numa crónica de jornal (Negócios, 13.10.2020), o Presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino (JMC), sublinha que “o financiamento público ao desporto é garantido em cerca de 70% pelos municípios. Em Portugal (dados de 2018) é ligeiramente superior (73%). Se nos municípios o apoio cresce, existe “um desinvestimento das políticas governamentais”, explica JMC.
O setor desportivo oferece uma resposta única a uma necessidade social. A necessidade é claramente identificada: praticar desporto, e as atividades dos clubes e das associações respondem a esta necessidade. No entanto, a diversificação crescente das atividades destas estruturas organizacionais pode colocar em causa esta questão. O modelo de financiamento através dos fundos públicos e privados leva a uma certa autonomia, à capacidade de projeção e uma liberdade de ação, mas tende também para o sentido da esfera mercantil, o que leva a algumas fraquezas: risco de enfraquecimento do compromisso voluntário, risco de fiscalização, afastamento das pessoas, etc. Um inquérito eletrónico deveria ser colocado em prática para todos os clubes, associações e federações desportivos(as), procurando as suas respostas relativamente ao seu modelo económico, na esperança de que as respostas pudessem ser válidas para efeitos de tratamento estatístico. Claro que uma amostra nacional representativa poderia facilitar o trabalho. Nesta altura de pandemia pela Covid-19, um estudo desta natureza era bem-vindo."