"A Crónica: Erros Defensivos Custam Presença Na Final
Foi um jogo muito bem disputado em Leiria entre SC Braga e SL Benfica. A segunda vitória consecutiva de Carvalhal sobre Jesus assentou no talento de Ricardo Horta, assistente que serviu duas bandejas para Abel Ruiz e Tormena construírem o resultado que permitiu vencer um SL Benfica remendado, ainda que com equipa mais do que suficiente para disputar a vitória. Jorge Jesus viu-se confrontado com oito ausências, seis na defesa, inovou na abordagem tática e tentou o encaixe ao sistema híbrido habitual dos arsenalistas. Já se viram exibições piores, mas continua a ser muito pouco para o prometido para esta temporada, que se começa a tornar difícil e… longa.
As equipas acumularam oportunidades suficientes para construir resultado ainda mais dilatado e de acordo com o bom espetáculo a que se assistiu. Realidade impedida por duas boas exibições dos guarda-redes. Helton Leite e Matheus tiveram os seus momentos para a fotografia e foram nota positiva em noite onde os criativos tiveram espaço para explorar – de um lado Galeno e Horta sempre em alta rotação, do outro um Darwin sempre muito interventivo e a dupla Pizzi – Taarabt a pautar ritmos no centro.
Os encarnados entraram pressionantes, empurrando o SC Braga contra a sua própria área e a obrigando a despachar na frente. Porém, os minhotos habituaram-se rapidamente ao papel e notava-se a postura confortável de esperar pelo momento certo para sair. As transições rápidas causaram alguns calafrios à defensiva contrária, mas a boa gestão da posse de bola justificava o ligeiro ascendente encarnado.
O golo nasceu de uma dessas venenosas situações, já na ressaca de lance muito perigoso. Na insistência Ricardo Horta meteu-a em arco para a zona de penalty, não exigindo muito ao espanhol Abel Ruiz para emendar.
O Benfica reagiu bem à desvantagem, Cervi começou a progredir mais com bola e Darwin não teve medo de assumir. Era pelo lado esquerdo que o Benfica ia construindo a maioria das suas oportunidades, e foi o uruguaio que sofreu o penalty em cima do intervalo: que Pizzi, à sua maneira, concluiu com sobriedade.
A segunda metade inicia-se com um lance de fino recorte técnico do inevitável Darwin, assistindo para Pizzi, que obrigou Matheus a grande estirada. Era o aviso dos encarnados e de Jesus, que não resultou porque o Braga é uma equipa adulta, já habituada a estes contextos adversos e ao nível máximo de exigência. Uma série de faltas cirúrgicas e de situações disciplinares travaram o ímpeto benfiquista e arrefeceram os ânimos, a circunstância ideal para rematar com o segundo golo, aos 58’.
Horta descobre Tormena perdido nas costas de Todibo e dá-lhe o golo, que à cabeçada se fez – e cabeçadas foi o que o Benfica andou a restante meia hora a fazer, em tentativas múltiplas de desmontar o castelo arsenalista.
As circunstâncias que a equipa do Benfica vive, devido à pandemia, não permitiram outro tipo de desenvoltura exibicional. As inseguranças defensivas voltaram aos mínimos históricos de 2020, apesar da tentativa inovadora de Jesus, e a equipa nunca conseguiu verdadeiramente soltar a criatividade no último terço, vivendo dos talentos individuais das suas principais figuras.
O SC Braga estudou bem a lição, introduziu Fransérgio na luta do meio-campo e esperou pelos momentos certos para contra-atacar e aproveitar as naturais falhas de comunicação adversárias. Dos cinco objetivos iniciais, já foram três – Champions, Supertaça e Taça da Liga – e os próximos tempos não serão nada fáceis para a equipa, que se viu envolvida noutra frente de batalha muito mais importante, com o COVID.
A Figura
Ricardo Horta – Poderia ser Weigl, mas o craque português esteve sempre em evidência e foi do seu pé direito que saíram os dois passes açucarados para golo, tornando-o na figura da noite e consolidando o seu estatuto de principal fantasista do conjunto arsenalista. Entre linhas, organizando ou insistindo no último passe, foi sempre um dos mais perigosos. Talento imenso.
O Fora de Jogo
Todibo – As boas indicações da Reboleira não tiveram continuidade. Sem ritmo, seria sempre difícil fazer melhor num jogo deste nível. O segundo golo do SC Braga é concretizado nas suas costas, após desatenção. Nunca conseguiu proporcionar a segurança defensiva necessária para libertar Weigl, sendo o elemento mais em foco pela negativa. Ferro, que o substituiu após queixas físicas, não fez melhor.
Análise Tática – SC Braga
O esquema habitual de Carvalhal, o 3-4-3 com Galeno e Esgaio nos corredores. Dependendo dos momentos e dinâmicas, Sequeira assumia a lateral esquerda e transformava a equipa em 4-2-3-1, libertando Galeno e Fransérgio para zonas mais próximas da baliza. Musrati e Castro tiveram noite difícil, com a presença constante de Rafa, Pizzi e Taarabt nas suas proximidades.
Onze Inicial e Pontuações
Matheus (6)
Esgaio (5)
Tormena (6)
David Carmo (5)
Sequeira (5)
Al Musrati (5)
Castro (5)
Galeno (6)
Ricardo Horta (8)
Fransérgio (6)
Abel Ruiz (6)
Suplentes Utilizados
João Novais (5)
Paulinho (5)
Lucas Piazón (-)
Iuri Medeiros (-)
Análise Tática - SL Benfica
Novidade, a introdução do 3-4-3 e a colocação de Julian Weigl como central do meio – tomando conta de Abel Ruiz, enquanto Todibo e Jardel assumiam também eles a marcação individual. Encaixe perfeito na zona central de forma a controlar melhor a largura de que João Ferreira e Cervi eram responsáveis. Esse desenho tático soltou Darwin e Rafa para zonas interiores, próximos Seferovic.
Onze Inicial e Pontuações
Helton Leite (6)
Todibo (4)
Weigl (7)
Jardel (5)
João Ferreira (6)
Pizzi (7)
Taarabt (5)
Cervi (5)
Rafa (6)
Darwin (6)
Seferovic (5)
Suplentes Utilizados
Ferro (3)
Everton (5)
Pedrinho (-)
Chiquinho (-)
Gonçalo Ramos (-)"