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sábado, 1 de agosto de 2020

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João & Patrick... França!

Rumo à 30.ª

"Não perderei uma oportunidade, sempre que assunto surgir, de reiterar que a Taça de Portugal de futebol foi estreada na época 1921/22. Chamou-se Campeonato de Portugal e, em 1938/39, viu a sua designação alterada para Taça de Portugal.
Não é uma questão de opinião ou mesmo de interpretação do que se manteve na competição, apesar do nome diferente nessa temporada e daí em diante. O troféu é o mesmo, as placas dos vencedores continuarem a ser colocadas no troféu original, os moldes de disputa da prova são semelhantes, e a imprensa de então, para lá de passada uma década, continuava a apresentar o palmarés da Taça de Portugal desde o seu início, em 1921/22.
Basta, como argumento irrefutável para demonstrar que a Taça de Portugal se trata do Campeonato de Portugal com designação diferente, utilizar o que a própria Federação Portuguesa de Futebol escreveu no relatório da temporada 1938/39: 'Por virtude da reforma a que se procedeu no Estatuto e Regulamentos da Federação, os Campeonatos da Liga e de Portugal, passaram a designar-se, respectivamente, Campeonatos Nacionais e Taça de Portugal'.
Perante isto, por vezes, é alegado que o vencedor da Taça de Portugal, quando se chamava ainda Campeonato de Portugal, era apelidado, pela imprensa, de campeão de Portugal. O que não deixa de ser verdadeiro. Mas tal não significa que fosse o campeão nacional, pois um campeão nacional, como é evidente, só o é ao vencer um campeonato nacional, e esse só em 1934/35 começou a ser disputado.
Nada impediria, por exemplo, de proclamar o Benfica como o campeão da Supertaça 2019. Assim como nada impediu o jornal do Sporting, em 1964, de declarar, na primeira página, 'somos campeão da Europa na Taça das Taças'. Campeões há muitos, da vida e do que se quiser, mas campeão nacional só o é quem vence um campeonato nacional."

João Tomaz, in O Benfica

Tem de ser nossa

"Falta apenas um jogo para terminar a época futebolística mais estranha de que tenho memória. Em anteriores períodos de guerras e de ditaduras também já se pôde falar de anos extremamente complicados, mas este 2020 tem tido o condão de nos surpreender quase todos os dias. Pela negativa, claro.
Não manter um título de campeão nacional que era nosso, pararem as competições em todas as modalidades sem decisões, o negócio falar mais alto do que a realidade, e tudo aquilo a que assistimos nas últimas semanas - o futebol sem adeptos no estádio - deixa-me triste. Como se isto não fosse suficiente, disputa-se neste fim-de-semana a final de uma Taça de Portugal em Coimbra, para gáudio dos complexados do costume. A seguir a época acaba para regressar semanas depois (com uma fase final de Champions em Lisboa pelo meio) sem quaisquer garantias de os adeptos poderem voltar a estar nas bancadas a apoiar as suas equipas. É este o panorama actual do futebol em Portugal. E é com este peso de o SL Benfica não ter atingido o principal objectivo da sua temporada que a equipa sénior de futebol masculino vai entrar em campo.
Não é salvação de época nenhuma, atenção. Conquistar a Taça de Portugal é nosso dever, é sempre esse o espírito que qualquer equipa ou atleta do Glorioso deve levar para a competição. E deixar lá tudo. Ser mais rápido, mais forte, mais eficaz, mais solidário. Menos do que isso é uma derrota. Esta equipa sabe jogar à bola. Todos já a vimos fazer isso, com estes jogadores. São os mesmos que venceram a Supertaça com goleada, e a maior parte deles sabe o que é festejar títulos no Marquês.

O Benfica, os adeptos, os sócios e os simpatizantes, os dirigentes e as equipas técnicas, todos merecemos esta vitória. Merecemos, sim. E sem discussão."


Ricardo Santos, in O Benfica

Eu queria a final da Taça no Dragão

"Deste vez sou totalmente a favor de não se disputar a final da Taça de Portugal no Jamor. É impossível sentir aquela magia singular sem os cânticos de fundo conduzidos por cerveja e vinho tinto, as bifanas temperadas com pó da mata, e a incerteza se a fila de entrada nos levará para dentro do estádio ou para o hospital mais próximo tendo em conta a confusão que ali se instala quando se aproxima a hora do jogo.
Sem estes aperitivos, mais vale discutir o jogo noutro recinto. Tendo em conta o histórico, acho que o espaço ideal seria o Estádio do Dragão, onde o Benfica apresenta um registo 100% vitorioso em finais da prova-rainha, tendo vencido o FCP por 0-1 na época 1082/83 (Estádio das Antas). Mas a verdade é que jogo não será no Jamor nem no Dragão: vai ser em Coimbra. Assim, em campo neutro, o duelo deverá ser mais equilibrado. O Benfica não tira proveito de jogar no Porto, onde mantém o tal registo imaculado em finais da Taça, e Sérgio Conceição poderá participar na decisão de troféu longe do Jamor - já todos percebemos que o treinador do FCP não nasceu para disputar finais no Estádio Nacional (SC Braga 2-2 Sporting, 2015; Sporting 2-2 FCP, 2019).
Há ainda um dado interessante: o Benfica e o FCP já se encontraram nesta fase da competição em nove ocasiões, e apenas por uma vez o troféu não seguiu para a Luz. Espero que a responsabilidade dos jogadores iguale a exigência dos benfiquistas, recompensando os adeptos pela inexplicável quebra de rendimento na segunda volta da Liga. Neste ano não há festa da Taça, mas pelo menos que haja festa do Benfica - em casa, claro."

Pedro Soares, in O Benfica

Salvar a época

"Em situações normais não aprecio particularmente a expressão que dá título a estas linhas. Entendo que uma conquista é uma conquista, e que cada troféu vale por si próprio, engrandecendo o clube que o alcança. Mas se Ortega y Gasset dizia que um homem é ele próprio e as suas circunstâncias, também não será descabido afirmar que uma Taça é ela própria e as suas circunstâncias. Ora, o Benfica vem de um campeonato traumático, que no início da segunda volta parecia mais ou menos bem encaminhado, e acabou tristemente entregue a um adversário com enormes fragilidades no plano institucional e financeiro. Digamos que, se há campeonatos mal perdidos, este foi um deles. E sejamos honestos: neste contexto, ganhar a Taça de Portugal não significa transformar esta numa época triunfante. Isso infelizmente já ficou fora de causa.
Recordo-me de Taças de Portugal com outra envolvência, que concretizando saborosas 'dobradinha', quer, por exemplo, a de 2004, que festejámos quase como se de um campeonato se tratasse. Então não conquistávamos qualquer troféu havia vários anos (passado de que alguns parecem ter-se já esquecido, o que não deixa de ser bom sinal), e aquela vitória simbolizava muito mais do que uma simples Taça. Não é o caso.
A final de Coimbra será, pois, uma oportunidade de salvação. De salvação de uma época que começou muito bem (com a Supertaça) e que, com mais um troféu, ainda pode acabar em sorrisos. Não de modo triunfal, como felizmente temos sido habituados, mas com a dignidade e a frescura de espírito necessárias para que a próxima temporada venha a ser bem diferente para melhor."

Luís Fialho, in O Benfica