Últimas indefectivações

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Anti-hipocrisia...!!!

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Sobre o tema que dominou a actualidade esta semana, é chegado o tempo de esclarecer alguns pontos: 
Primeiro: Em relação à tarja do nosso pavilhão: É lamentável. É injustificável.
Há um processo de investigação em curso para apurar quem foi o responsável. Não há conivência da Direcção do Benfica com gestos desta gravidade, mesmo havendo antecedentes e provocações. Nada justifica aquela tarja.
Lamento o que sucedeu.
Quis ser eu hoje a dizê-lo de viva voz, na minha primeira aparição pública depois do jogo.
Já sei que vão aparecer alguns a dizer que passaram 6 dias. Passaram mais de 3 anos depois do incêndio da Luz e ainda ninguém do Sporting repudiou ou lamentou aquele triste incidente!
Muita gente falou de forma irresponsável esta semana! Falaram do que não sabiam, e isso é sempre perigoso!
Para que fique bem claro para todos: No sábado, depois de ver a tarja e depois de perceber o que lá estava escrito, pedi ao nosso director de segurança que fosse retirada.
Foi entendimento da PSP e do nosso director de segurança que ter uma intervenção imediata para retirar a tarja poderia provocar problemas de segurança bem maiores, não apenas na zona da tarja, mas em todo o Pavilhão.
A tarja está na posse das autoridades e há um processo de investigação a decorrer. Será que podem dizer o mesmo das tarjas de Alvalade?
O Sporting não cortou relações por causa da tarja. A tarja foi um instrumento usado.
Segundo: A tarja do pavilhão da Luz entrou sem autorização e sem nosso conhecimento. Não foi preparada nos nossos Pavilhões, não foi pintada nas nossas garagens!
E as tarjas de Alvalade? Alguém pode explicar? Foram ou não pintadas na garagem do estádio? Foram ou não preparadas nas instalações do estádio de Alvalade? E as camisolas da Juve Leo não merecem condenação? Não foram essas camisolas o rastilho de tudo isto? Ou será que querem branquear uma parte da história deste fim-de-semana?
Para mim, o Sporting é um clube que merece todo o respeito. Por isso é que o Sporting, quando vai jogar ao Estádio da Luz, é tratado pelo nome. É Sporting, não é visitante. É Sporting, não temos esses complexos e não copiamos ninguém!
Quando os dirigentes do Sporting vêm à Tribuna Presidencial do nosso Estádio são bem recebidos, ninguém lhes diz que são “Personas non gratas”. São tratados com a dignidade e o respeito que merecem.
Terceiro: Nada justifica o ambiente, as tarjas e o tratamento dado à Direcção do SL Benfica no estádio de Alvalade. Mas sobre isso parece que alguns jornalistas e muitos comentadores tiveram um ataque de amnésia.
A razão não está do lado de quem grita mais! De quem fala mais, de quem escreve mais!
Não há bons de um lado e maus do outro! Há bons e maus em todo o lado!
A violência é um problema sério. É um problema de todos, mas a violência não se resolve com demagogia! 
As tarjas, as tochas na bancada e no relvado, são um problema que devia ter sido resolvido em dois sítios: Na Liga e na Polícia. Não no facebook, em comunicados, em propaganda!
Quarto:
-Não corto relações com outros clubes por mera gestão de autoridade interna!
-Não processo sócios do Benfica apenas porque discordam de mim!
-Não digo que a bandeira nacional, símbolo do País, tem verde a mais!
-Não minto em relação a uma suposta conversa telefónica que nunca houve!
-Não minto em relação a um acordo que nunca houve!
-Quando dispenso um treinador assumo!!! Não me escondo!
Há pessoas que ainda não perceberam que a mentira tem perna curta e que as palavras têm consequências. 
Quinto: Em Novembro de 2011, um grupo de arruaceiros incendiou-nos o Estádio. Não cortámos relações com ninguém, porque o Clube não pode ser gerido por impulso, tem de ser gerido com responsabilidade, não pode ser gerido com a sensibilidade e o querer de um adepto de bancada.
Desde Novembro de 2011, ninguém do Sporting lamentou ou pediu desculpas pelo acto. Não foi por isso que cortámos relações.
Não foi por isso que pus em causa o repúdio e a discordância daquele acto por parte do presidente Godinho Lopes!
É preciso ter memória, é preciso ter alguma ponderação. Algo que muita gente esta semana não teve. Alguns de forma intencional, outros de forma inconsciente.
Por mim, este assunto acaba aqui. O Sporting, enquanto instituição, merece respeito, e tem o respeito do Benfica, mas as pessoas que dirigem as instituições também devem ser responsáveis pelos seus actos e pelas suas atitudes.
Obrigado a todos e vamos concentrar-nos no que verdadeiramente importa que é o Benfica, os seus sócios e os nossos atletas!
Viva o Benfica!"

Desiludido

"Se é verdade que o empate em Alvalade, nestas circunstâncias pontuais, não seria um mau resultado, a verdade é que fiquei desiludido. Este Sporting é muito limitado, não é, senão no discurso, candidato a nada neste campeonato e vive da qualidade e talento de um excelente treinador.
Marco Silva é a grande figura deste Sporting. O único que os sportinguistas respeitam e estimam. O Benfica foi a Alvalade fazer do Sporting uma equipa grande, mostrou respeito e reverência em demasia. Fica a sensação de que se aquela defesa leonina tivesse sido pressionada o Benfica ganharia com facilidade, sem retirar o muito mérito ao treinador leonino.
Bem sei que o empate conseguido desta forma cria um aspecto anímico muito melhor para o lado encarnado, mas de facto não dá os três pontos na luta contra o único rival que temos, o FC Porto.
Ao Benfica faltaram asas (nas alas) para voar para os três pontos em Alvalade. Ola John não é Gaitán e Salvio ainda não está Salvio, em tudo o resto esteve impecável. Seria para mim uma enorme surpresa, quase uma impossibilidade, ver este Sporting a pontuar no Dragão, mas adorava ser contrariado por uma realidade diferente.
Realidade, essa indesmentível, é que Jorge Jesus qualificou o Benfica para a sua 11.ª final na passada quarta-feira. No campeonato nacional só conhece o primeiro e o segundo lugar. Jorge Jesus não ganha sempre, e não ganha tudo, mas com ele o Benfica passou sempre a lutar por ganhar tudo. Quem está sempre no topo ganha muito mais vezes e com Jorge Jesus o Benfica esteve sempre no topo.
Faltam 14 jogos, seis fora e oito em casa para o objectivo do título e quatro pontos é pouco ou é muito em função da atitude e ambição com que esses jogos forem jogados. A forma como se festejou o golo em Alvalade faz acreditar numa equipa muito crente e direccionada nesse sonho de ser bicampeão."

Sílvio Cervan, in A Bola

Dói, não dói?

"Durante as últimas semanas, assistimos a quase tudo o que o mundo do futebol tem de mau. Começamos a ver o Benfica perder em Paços de Ferreira num jogo em que poderia ter goleado. Um penálti nos momentos finais quase deu origem a festa no Marquês e na Avenida dos Aliados. Parecia que o Campeonato tinha chegado ao fim e que uma derrota no estádio da Capital da Móvel tinha dado três pontos ao Paços, sete ao segundo classificado e oito ao terceiro.
Na semana que se seguiu, não faltaram os profetas da desgraça a anunciar o fim da linha. Para além dos anti-Benfica - aquela tribo primitiva que, na vida como no desporto, fica mais feliz com a desgraça dos outros que com as suas vitórias - logo apareceram os oportunistas. São aqueles adeptos do Benfica - serão? - que sempre saem na comunicação social quando o clube perde. Os seus contactos telefónicos estão sempre à mão para encher páginas e fazer favores.
Depois veio o Boavista, a equipa que chegou à divisão principal por obra e graça dos tribunais depois de ter andado anos envolvida em falcatruas, negócios mal explicados e compadrios que só não deram condenação porque Vigo fica perto da fronteira e Gondomar já foi terra de ninguém.
Para aquecer o dérbi vieram as capas de jornais com as exigências de Jesus e as deficiências de Artur. Da outra equipa, quase não se falava a não ser para elogiar. Esqueciam-se os murais pichados e as tarjas ofensivas, péssimos exemplos de ambos os lados. Quase a terminar o jogo, veio a festa antes da hora. Durou pouco mais de cinco minutos a alegria, o normal para aqueles lados. Olé!"

Ricardo Santos, in O Benfica

Objectivo cumprido

"Veja-se o jogo do último Domingo pela perspectiva que se quiser, a verdade é que o Benfica cumpriu os seus objectivos, evitando perder pontos para o Sporting e arredando os leões (praticamente) da luta pelo título.
Talvez não tenha havido toque de magia, mas houve um pragmatismo latente que, em rigor, condicionou o jogo do Sporting, desgastando os seus jogadores, bloqueando os seus movimentos principais (principalmente de Nani) e evitando momentos perigosos. Venceu a experiência sobre uma certa imaturidade táctica e desportiva. E, claro, venceu a imaginação sobre a habituação, porque na verdade, a única oportunidade verdadeiramente perigosa (para além dos dois golos) foi do Benfica, tal como sublinhou Jorge Jesus no rescaldo do jogo.
Claro que, face a um dérbi destes, tem de ser obrigatoriamente destacada a persistência e a fé do Benfica ao longo de todo o tempo do jogo.
Mesmo estando a perder um jogo com as implicações classificativas daquele, o plantel 'encarnado' soube continuar a criar perigo, transições arriscadas e ousadas, até chegar finalmente à concretização quase ao cair do pano. É por isso que tenho que sublinhar o seguinte, o avançado desde já, como costuma dizer o meu amigo Henrique Monteiro, 'que podem chamar-me o que quiseram': onde muitos analistas e comentadores viram fraqueza e medo de arriscar, eu vi persistência e pragmatismo.
Onde alguns vaticinaram o início da queda do Benfica no Campeonato, eu concluo que uma equipa com esta capacidade de acreditar até ao fim não vai deixar fugir o 34.º Campeonato Nacional."

André Ventura, in O Benfica

Pragmatismo

"Não tivesse eu visto o dérbi com os meus próprios olhos, e a julgar pelos comentários que ouvi e li – alguns dos quais, pela voz e pela pena de distintos benfiquistas –, seria levado a pensar que o Benfica fora massacrado, que o Sporting criara dúzias de oportunidades de golo, e que o resultado justo teria sido uma goleada a favor dos nossos rivais.
A realidade é bem diferente. Assistiu-se a uma partida tacticamente amarrada, na qual as defesas se superiorizaram aos ataques. A iniciativa de jogo foi, naturalmente, da equipa que mais precisava de ganhar. O Benfica, a quem o empate não inquietava, jogou com as cautelas que o pragmatismo aconselha. Podia ter tido o azar de perder com um erro nos últimos minutos, na segunda oportunidade criada pelo Sporting. Teve a sorte de empatar nos últimos segundos, na segunda oportunidade que criou. Com tão poucos lances de perigo junto das balizas, diria que o resultado normal teria sido 0-0. Os golos apimentaram a noite, trazendo, eles sim, sensações de angústia e de euforia que iludem a racionalidade, e enviesam as análises.
Teria o Benfica alguma coisa a ganhar mostrando outra ousadia? Não sei. Na casa de um adversário altamente moralizado, não era prudente entrar em campo com a petulância dos fanfarrões. Prefiro que outros se queixem da nossa sorte, do que sermos nós a queixar-nos do azar.
As críticas mais simplistas à estratégia de Jesus – que também fizeram eco na família benfiquista – ignoram dois aspectos essenciais. O primeiro é que jogar bem, jogar bonito e jogar ao ataque não são necessariamente sinónimos. O segundo é que o Benfica não tem hoje os argumentos técnicos de que dispunha nas últimas temporadas. Sim, acredito que seremos campeões. Mas com uma banda sonora diferente da música que tocavam Aimar, Saviola e Di Maria, ou, mais tarde, Matic, Enzo e Markovic.
Agora o caminho tem de ser outro. E desde que nos leve ao Marquês (onde, aí sim, haverá espectáculo), não vai ser um trinco a mais que nos fará festejar a menos."

Luís Fialho, in O Benfica

Um empate com sabor... a empate

"Fazendo fé no que a generalidade da comunicação social tentou fazer crer ao longo da semana que antecedeu o derby disputado em Alvalade, quase me levando a conferir se o Benfica teria, de facto, sete pontos de avanço do Sporting, a nossa equipa obteve um excelente resultado. Não partilho dessa visão. Dadas as circunstâncias da partida, considero-o satisfatório.
Ao bom desempenho defensivo, os pupilos de Jorge Jesus foram incapazes de aliar o seu reconhecido poderio ofensivo, tendo em Jonas a excepção num colectivo desinspirado nesta vertente do jogo. Por outro lado, ganhar em Alvalade é, para o Benfica, relativamente normal. Em 81 confrontos a contar para o Campeonato Nacional, obtivemos 31 vitórias e 19 empates, demonstrando que, em termos históricos, nem em casa o Sporting é capaz de se nos superiorizar. Acresce que a equipa leonina não é, objectivamente, candidata ao título. Assim o ditam a classificação actual e as últimas quatro décadas do futebol português. É com o F.C. Porto, o segundo classificado, que nos teremos que bater.
Neste contexto, vimos a vantagem da nossa liderança diminuída para quatro pontos. Bem fez Jorge Jesus em desvalorizar a diferença pontual quando há ainda catorze jornadas por disputar. No entanto, o acerto desta abordagem cautelosa não deverá ser sinónimo de uma eventual insegurança relativamente às batalhas que se avizinham. Com oito partidas no conforto da Luz e seis deslocações de dificuldade média, creio que a nossa equipa renovará o título nacional, assim perdurem a solidez defensiva e a eficácia atacante que a têm caracterizado. Afinal de contas, os atributos indispensáveis às equipas que se querem campeãs."

João Tomaz, in O Benfica