Últimas indefectivações

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Vitória na Póvoa...

Azeméis 1 - 11 Benfica

Resolvido rapidamente...

Jorge Jesus em Leiria


"O Benfica esclarece que o seu treinador Jorge Jesus voltou hoje a testar negativo à COVID-19, pelo que estará amanhã, quarta-feira, no banco a orientar a equipa do Benfica na meia-final da Taça da Liga, em Leiria.
A insistência num segundo teste no espaço de 24 horas prendeu-se com aparentes sintomas gripais, sem consequências de maior."

Na Taça da Liga, para Vencer


"O Sport Lisboa e Benfica informa que vai marcar presença na Final Four da Taça da Liga, com a ambição de vencer a prova, à imagem do que acontece em todas as competições que disputa.
Após ter exposto publicamente, de forma cautelar e transparente, o aumento de casos de covid na sua estrutura profissional, não recebeu por parte das autoridades competentes – DGS e Liga de Clubes – qualquer recomendação contrária às regras até agora vigentes nas competições nacionais. Ou seja, proceder ao isolamento dos jogadores que testaram positivo e incluir no lote de atletas à disposição da sua equipa técnica todos aqueles que testaram negativo, 48 horas antes da partida.
Nesse sentido, em mais um testemunho de inabalável espírito de grupo e tenacidade do seu plantel, o Benfica reafirma a intenção de marcar presença amanhã na meia-final da Taça da Liga, com o desígnio de vencer um troféu que já conquistou por 7 vezes.
O Benfica ressalta que ao longo da época realizou mais de 7 mil testes SARS-CoV-2 a todos os elementos da sua estrutura profissional – em média, 82 por cada colaborador – num universo que se situa claramente acima das orientações da DGS e do que se encontra estipulado pela Liga de Clubes, sendo provavelmente a equipa que mais testou em Portugal.
Por fim, importa vincar que o comportamento do seu staff se tem pautado, desde sempre e sem exceções, pelo escrupuloso cumprimento das normas e das recomendações emanadas pelas autoridades competentes no que às equipas profissionais concerne em atual contexto pandémico."

A 'negra' mais brilhante!


"A decisão do campeão nacional de voleibol em 1990/91 sofreu uma reviravolta 'encarnada' a uma jornada do fim

Uma 'enorme emotividade e incógnita' pairava sobre o Benfica e o Sporting que, na Nave de Alvalade, se reuniram para a penúltima jornada do Campeonato Nacional, em 18 de Maio de 1991. As duas equipas estavam obrigadas a vencer, se quisessem ser campeãs.
O ambiente tomou as proporções de uma final. O público, leonino na maioria, exaltava-se nas bancadas, erguendo faixas, onde se liam impropérios dirigidos aos benfiquistas.
Ao começo da partida, o Sporting estava no controlo. A consciência disso limitou ambas as equipas, que fizeram um bom espectáculo, 'mas nem sempre de bom nível técnico', sobretudo 'com um número elevado de serviços e ataques falhados', devido aos nervos.
O Sporting começou por vencer 2-0. O terceiro set parecia quase garantido para o clube leonino, que estava a vencer 13-12. Mas o Benfica dos capitães José Jardim e Luis Quelhas recuperou o fôlego e acabou por vencer o set.
Não desistindo do que lhes parecia garantido, os leões recuperaram a ousadia dos primeiros dois sets. Deram a conhecer o seu bloco 'de betão' e estiveram a vencer por 12-4 no quarto set até que, soltando 'uma «garra» digna as «águias»', o Benfica bateu o anfitrião por 17-16, com uma 'maior eficácia, acompanhada de uma defesa (...) muito mais sólida'.
Na ´negra' decisiva, 'foi evidente a quebra sportinguista'. Houve equilíbrio até aos 8 pontos iguais. A partir daí, o Benfica acelerou em direcção à vitória com 4 pontos de diferença.
No fim, foi uma 'maré de frustração' para os sportinguistas e uma 'explosão de alegria' para o Benfica. O treinador 'encarnado', Luís Sardinha, agradeceu aos seus atletas por 'acreditarem até ao último momento na vitória'.
A festa, antes verde, tornou-se encarnada. A euforia tomou conta dos que assistiam ao vivo e dos 'milhares de espectadores pela RTP'. Quem assistiu 'não deu por mal empregado o seu tempo'. O próprio presidente da Federação pagou bilhete e, 'despercebido' na multidão, assistiu emocionado ao encontro.
A única falha apontada foi a ausência de fiscais de linha, facto que lançou dúvidas em alguns lances, mas que, em geral, não tirou o espectáculo de um emotivo jogo, importante na propaganda do voleibol português. No encontro seguinte, o Benfica sagrou-se campeão nacional, numa vitória esmagadora por 3-0 sobre o Grundig.
Venha conhecer outros momentos de glória do voleibol benfiquista na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

COVID-19: cinco casos no Futebol Profissional


"O Sport Lisboa e Benfica informa que foram detetados cinco casos positivos nos mais recentes testes de diagnóstico COVID-19 realizados aos jogadores do Futebol Profissional.
Waldschmidt (no sábado), Gilberto, Vertonghen, Grimaldo e Diogo Gonçalves (na segunda-feira) testaram positivo ao novo coronavírus."

Nota à Comunicação Social


"O Sport Lisboa e Benfica confirma que o Presidente Luís Filipe Vieira está infetado com COVID-19 e assintomático."

Benfica aguarda decisão da DGS


"O Sport Lisboa e Benfica comunica que, no decurso dos testes realizados desde sábado no Seixal, foram detetados 17 novos casos de COVID-19 entre staff, equipa técnica e jogadores.
Perante estes dados, na defesa da saúde pública e da integridade física dos atletas envolvidos, o Benfica remete para a DGS a decisão de se apresentar em competição nos próximos 14 dias."

Que surpresa


"Após o jogo com o FC Porto, seguiu-se uma debanda imparável de casos positivos por Covid-19 no plantel do SL Benfica.
Estamos todos muito admirados face a esta enorme surpresa.
Aliás, estamos tão admirados que até escrevemos um artigo em 23 de maio de 2020 (!) a alertar para a afinidade entre a Unilabs - empresa que faz os testes à Covid 19 - e o FC Porto. Empresa, essa, liderada pelos filhos de Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e Luís Filipe Menezes, ex-presidente do PSD e da Câmara Municipal de Gaia.

Vamos entrar na máquina do tempo e recuar até à data: 
https://www.facebook.com/354623765132313/posts/612701795991174/
Onde anda o Departamento de Comunicação Oficial do Sport Lisboa e Benfica? Estamos, francamente, cansados de sermos sempre nós a fazer o trabalho de quem é pago a peso de ouro e tem a obrigação moral e profissional de o fazer.
Tudo isto era expectável."

Benfica FM #143 - Corruptos...

Benfica, estás de volta?


""Discordamos do carácter decisivo que alguns atribuem ao jogo, pois haverá ainda muito por disputar na Liga NOS" - Newsletter do Benfica

O pré-clássico começou igual aos últimos, com a comunicação da "estrutura" a ter o habitual discurso de desresponsabilização, já a precaver-se de um eventual mau resultado. Funcionários que trabalham para o Glorioso, convençam-se de uma coisa: nesse clube todos os jogos são decisivos, fundamentais e de carácter prioritário quando está em causa entrar em campo com o manto sagrado e envergar o emblema que apaixona a maioria dos portugueses. Pode parecer coisa menor, mas este é um sinal da falta de identidade e cultura que o Benfica tem nos dias de hoje. Urge mudar esta mentalidade!

"É preciso mudar para mentalidade ganhadora" - Otamendi

Não há desculpas. Não há atenuantes. Não há maneira de aceitar que o Benfica tenha tido quatro derrotas consecutivas para os dragões. É incompreensível a atitude resignada e menorizada com que se abordou esses jogos. O Benfica não é inferior ao FC Porto. O treinador do Benfica não é inferior ao treinador do FC Porto. Os jogadores do Benfica não são inferiores aos jogadores do FC Porto. A equipa tinha que fazer deste encontro o momento de afirmação. Demonstrar a todos, seus apoiantes incluídos, que tem qualidade e garra. Dizer finalmente "Estamos aqui e estamos presentes. Vamos ter atitude e lutar até ao fim!"

"Mostrámos a atitude certa e lutámos por cada bola" - Weigl

Pela primeira vez esta época vimos um grupo aguerrido, disposto a impor-se em campo, a ganhar bolas divididas, a cerrar os dentes, a sorrir pouco, a bater e fazer faltas, a não deixar os jogadores do FC Porto crescerem para o árbitro ou para os colegas de equipa. Onde um estava em confusões ou dificuldades, os outros apareciam, banco de suplentes incluído. Repare-se que quando o Benfica marca o golo, Pizzi insistiu que todos fossem festejar em equipa, nenhum ficava a ver de longe. Pode parecer coisa menor, mas é assim que se recupera a identidade e cultura.

"É inacreditável o Pizzi acabar o jogo" - Pepe

Até o clube do "até os comemos", do "contra tudo e contra todos" ficou surpreendido com esta nova atitude do rival da capital. Habituados a glorificar a agressividade em campo como "jogar à Porto", desta vez terminaram no papel de vítima, a reclamar que os outros foram muito brutos. Aceitemos: desta vez fomos nós os feios, porcos e maus. Quanto à arbitragem, é normal o espanto. Nos últimos 40 anos a jogar em sua casa, o FC Porto beneficiou de 11 penaltis e 16 expulsões de jogadores do Benfica, contra apenas 2 penaltis e 7 expulsões no sentido inverso. Compreende-se que Pepe ache inacreditável que neste jogo tenha sido o seu clube a acabar com menos um elemento.

"Ainda não coloquei esta equipa com os fusíveis todos ligados" - Jorge Jesus

A verdade é que todo o universo Benfiquista terminou o jogo com um sentimento de frustração. Satisfeito por ter visto finalmente uma equipa à Benfica em campo, mas com a clara sensação que se perdeu dois pontos e que mais uma vez tivemos o rival à nossa mercê e deixamo-lo escapar. Quem já viu filmes de zombies sabe que há uma regra de ouro que trespassa todos eles: para neutralizar definitivamente os mortos-vivos, só dando um tiro na cabeça. O problema é que o Benfica nunca dá esse "tiro na cabeça". E então o zombie vai voltar, mais tarde ou mais cedo, para nos pregar mais um susto.

"Merecíamos muito mais, mas este é o caminho a seguir" - Grimaldo

No Benfica não se festeja empates nem se pode dar demasiadas palmadinhas nas costas aos jogadores porque fizeram o que deles se espera: darem tudo em campo até à última gota de suor. E acima de tudo, isto não pode ter sido uma vez sem exemplo. Vamos todos acreditar que não se ganhou o jogo, mas ganhou-se uma equipa e que todo o clube vai continuar a crescer nos próximos tempos para a dimensão que deve ter. Este grupo tem que se convencer que tem todas as condições para ser a melhor equipa em Portugal, mas isso prova-se lutando em todos os jogos e não apenas em alguns.

"Sou de um clube lutador, que na luta com fervor, nunca encontrou rival, neste nosso Portugal" - Hino do Benfica"

Qualidade de jogo. O que é isso? Uma tese que defende a objetividade das diferenças entre o bom e o mau futebol


"A pergunta sempre existiu, e a maior parte das pessoas, para se defender, diz que a qualidade é subjectiva. Sérgio Conceição fez, aliás, na conferência de imprensa antes da Supertaça Cândido de Oliveira, uma comparação com o valor da arte que tem sido amplamente utilizado para rebater a questão da qualidade.
O futebol é um jogo em que se diz demasiadas vezes que existe grande subjectividade naquilo que é a noção de bom ou mau futebol, em defesa de cada forma de jogar. Ou seja, fala-se do futebol como se fosse um jogo sem regras e sem constrangimentos que nos indiquem quais são os caminhos que maior probabilidade de sucesso nos dão em relação a outros. Quando se assume a posição de "esta é a minha opinião, a minha forma de pensar e sentir o jogo, e a minha ideia em relação a esta situação", fala-se como se essa assunção garantisse a maior ou igual validade da ideia em relação a outras.
Isto é, como é óbvio, todos temos formas diferentes de ver, sentir e interpretar. E todos temos o direito à opinião. Porém, tal não implica que essa opinião, essa forma de sentir e interpretar, tenha maior, menor ou igual valor em relação a outras. Desengane-se quem pensa isso do futebol, porque o futebol é um jogo que tem regras, que tem constrangimentos criados por elas, e que por isso tem formas de jogar melhores do que outras. Claro que, por ser um jogo dominado por imponderáveis como nenhum outro, todas as ideias podem resultar em vitórias. Veja-se o Leicester de Ranieri (treinador que nunca ganhou nada de grande relevo, com exceção desse feito extraordinário na Premier League) e o feito de Di Matteo quando vence a Champions pelo Chelsea. Nenhuma forma garante a vitória, mas há que entender que existem formas que mais se aproximam dela. Formas que nos dão indicadores de uma maior probabilidade de sucesso tendo em conta a qualidade dos jogadores e do adversário. Não se trata de jogar bonito, mas sim de jogar bem em cada momento.
Não quero estar aqui a afrontar crenças enraizadas e amplamente difundidas, porque compreendo o valor da democracia, mas há um reparo que precisa de ser feito: um jogo de futebol é bastante objectivo. Tem regras, e as regras levam a determinados constrangimentos e princípios de ação que se consideram mais corretos face a outros. Não há que ter vergonha ou receio de assumir isso. As regras do futebol ditam que determinados caminhos facilitam a tarefa de cumprir com o objetivo do jogo mais do que outros.
Por isso, há jogar bem e jogar mal; há decisões certas e decisões erradas.
Obviamente, tal não significa que jogando mal não se consiga vencer:
1) porque entre dois adversários que jogam mal continuam a existir três resultados possíveis;
2) porque o adversário pode ter jogado pior do que nós;
3) porque existem imponderáveis que ditam o destino de um jogo de pontuações baixas como o futebol, e muitas vezes o acerto numa ação de golo destrói no final uma equipa que acertou muito exceto no momento de finalizar.
Vem isto ao caso de muitos outros jogos que temos assistido na Liga portuguesa. Há justos vencedores? Sim, na maior parte dos jogos. Foram esses vencedores a melhor equipa em campo? Também foram, na maior parte dos jogos. Significa isto que tenham jogado bem? Na maior parte das vezes, não. Jogaram melhor que o adversário, mas não tiveram qualidade de jogo. E não, não é jogar bonito; é jogar bem!
E o que é jogar bem? Jogar bem é atacar o melhor possível e defender o melhor possível. Ter um modelo de jogo, uma identidade, é um começo. Jogar como equipa, reconhecer que comportamentos aplicar em função do treino, é parte essencial de qualquer equipa que se queira vencedora. Mas pode uma equipa que jogue como equipa estar a jogar mal? Claro. Se os princípios coletivos desta equipa forem contra a lógica do jogo, significa que estão a jogar mal, apesar de o fazerem coletivamente. Jogue-se com que modelo se jogar, a atacar mais ou menos, com jogadores de maior ou menor qualidade, as regras do jogo são as que temos. E as regras aplicam-se seja o futebol jogado por galinhas ou por seres humanos. E à partida, por um maior entendimento do jogo ou simplesmente por terem uma fisionomia mais indicada para jogar futebol, os humanos vencerão todos os jogos – jogando bem ou mal. As galinhas podem estar organizadas da forma que entenderem, escondendo as suas fragilidades e tirando partido dos seus pontos fortes, podem jogar como equipa, mas será muito difícil que joguem bem futebol porque lhes faltará capacidade para o jogar de acordo com as regras. Por isso, apesar da equipa estar bem organizada, esconder os seus defeitos e realçar as suas qualidades, apesar da possibilidade de ser forte como equipa, nada disso garante que esteja a jogar futebol de qualidade, porque a única coisa que garante a qualidade é seguir o que dita a lógica do jogo.
O jogo dita, por exemplo, que apenas se jogue com uma bola, dita um espaço de jogo retangular com duas áreas, dita que não se pode usar as mãos para tocar na bola com exceção dos guarda-redes dentro da área que defendem. Diz ainda que ganha a equipa que no final do tempo de jogo conseguir o maior número de golos validados pelo árbitro, e que a forma de marcar um golo é colocar a bola dentro da baliza (que se encontra na linha de fundo, no corredor central) do adversário. Também diz que cada equipa defende uma baliza, e que derrubar um adversário na área dessa baliza, sem tocar na bola, dá direito a um pontapé da marca de grande penalidade, etc, etc, etc.
Nada disto é subjetivo, e tudo isto são guias que nos levam a intuir o que fazer e o que não fazer para se vencer um jogo. Claro que, para tal, é preciso pensar um pouco, e logo percebemos a objetividade do jogo de futebol. Passamos a vida a dizer que o futebol é só um jogo, mas na hora de o avaliar pensamos pouco nas regras que nos deveriam guiar na avaliação do mesmo.
Olhando para o tipo de avaliação generalizada que vou vendo por aí, percebo que a maioria escolhe focar-se no momento defensivo de cada equipa por ser o momento mais fácil de analisar e entender, e as análises à forma de atacar são quase sempre simplistas – é o tema preferido das análises tático-estratégicas. Mas qual é afinal o real valor desse momento tendo em conta o objetivo do jogo? Todo. Mas, nunca podemos valorizar o momento defensivo apenas pelo que ele permite na defesa da baliza, uma vez que é esse mesmo momento que vai permitir depois da recuperação da bola o início do momento ofensivo. Isto é, passa-se a vida a elogiar posicionamentos e estratégias para defender a baliza sem pensar que depois da recuperação da bola é aquele posicionamento que permite de forma melhor ou pior o início do ataque.
Por exemplo: não vejo dizer que defender com 10 homens nos últimos 30 metros vai causar dificuldade na transição ofensiva. Não vejo dizer que os espaços super reduzidos em que a equipa se coloca quando defende por estratégia, ou por modelo, vão possibilitar ao adversário mais facilmente recuperar a bola e voltar a atacar do que a quem defende sair daquele espaço com condições para tentar marcar golo. Não tenho lido que quando vais homem a homem, e deixas que seja o adversário a ditar para onde vão os jogadores da tua equipa, recuperas a bola e os espaços que os teus jogadores ocupam não são uniformes e condizentes com aqueles que trabalhas para eles aparecerem no momento ofensivo. E que essa alteração, do tempo que o jogador tem para chegar a posição que pretendes, é benéfica para quem perdeu a bola voltar a recuperá-la. Não leio que o momento defensivo não é apenas aquele em que a bola está próxima da baliza, e que as opções sobre onde ser agressivo sobre a bola têm peso na hora avaliar a defesa.
Ou seja, o momento defensivo tem sido analisado pela máscara de comportamentos que permitem determinadas coisas e têm sido ignoradas as consequências negativas e os benefícios para o adversário. Como sempre, e com as centenas de ferramentas que temos hoje, continua a ser elevado pela vitória per si. O momento defensivo não pode ser apenas valorizado por aquilo que permite perto da baliza, e de forma redutora pelo que permite na defesa da mesma. O futebol é um jogo onde atacas a defender e defendes a atacar. E custa-me cada vez mais perceber que o jogo está a ser desvalorizado ao jogar-se com apenas uma baliza, e ainda por cima num sentido oposto à sua própria lógica: ganha quem marcar mais golos.
Apesar de todo o crescimento do jogo, do entendimento do jogo, a vitória continua e continuará por certo a ser o principal catalisador de opinião favorável ou desfavorável sobre uma determinada equipa, sobre a ideia que coloca em campo, e sobre o valor dos seus jogadores. Uma equipa que ganhe tenderá a ser sobrevalorizada, e recairá sobre ela a procura de respostas para o resultado daquele jogo. Nós já não vemos os jogos e usamos o resultado como princípio para explorar a nossa análise e formar a nossa opinião sobre o porquê de o jogo ter seguido aquele rumo. Como o nosso ponto de partida já leva o pressuposto de que para ter ganho a equipa deve ter tido pontos de superioridade fundamentais para a outra, a análise já começa viciada. Talvez por isso não seja hoje raro, mesmo nas mais badaladas análises, ver críticas e elogios a comportamentos semelhantes; ver mudanças de opinião radicais sobre o que era e sobre o que foi antes e depois de se olhar para o resultado.
O jogo é simples, de facto. E é no entendimento dessa simplicidade que está complexidade que lhe atribuem. Criar situações de golo, não permitir que o adversário crie. Neste sentido: do ataque para a defesa. E digo neste sentido porque não há (salvo situações em que o empate serve para cumprir o objetivo) outra forma de determinar quem sai vitorioso. E se assim é, como é possível elogiar ou dar mérito a uma equipa que ganhou por ter marcado na única situação que criou e concedeu seis ocasiões de golo ao adversário? O que há afinal para elogiar aí? O de sempre, agora simulado pela sobrevalorização de certos comportamentos táticos e individuais que no fundo não tiveram preponderância nenhuma.
Repare que, no final de uma competição, alguém sairá vencedor... sempre. E desse ponto de partida percebe-se que a condição fundamental para cortar a meta em primeiro lugar é lá estar. Isto é, qualquer um arrisca-se a ganhar desde que esteja inscrito na competição. E, a não ser que se considere um grande mérito estar inserido numa qualquer prova de futebol, o ganhar por si só não revela competência ou qualidade por parte da equipa que sai vitoriosa no final. Nem os jogadores têm mais qualidade do que os outros por terem vencido, nem o treinador tem mais competência por ver a sua equipa coroada no final.
Pode, sem ser absurdo nenhum, uma equipa vencer o campeonato e as provas europeias sem treinador, por ser individualmente muito superior. O principal atalho para uma equipa conquistar os objetivos a que se propõe é o jogador. O grande desequilibrador, à priori, de jogos de futebol, é a diferença de qualidade entre eles. E mais uma vez, a diferença não está em quem sai vitorioso no final do jogo, mas sim na forma como cada um joga. Isto é subjectivo? Não. As regras dizem que, por exemplo, um jogador que esteja constantemente a fazer faltas dentro da grande área é um jogador que está a jogar mal o jogo, por estar a diminuir com as suas ações as probabilidades de êxito da equipa. E é, portanto, um jogador de menos qualidade do que um que não esteja de forma constante a fazer faltas dentro da grande área, quando a equipa não tem a bola.
Se uma equipa quer ganhar consecutivamente, o passo fundamental a dar é ser mais forte do que a concorrência na qualidade individual dos jogadores. São eles que jogam, que fazem a bola rolar, que marcam golos, e que resolvem os problemas do jogo. A aposta incondicional deve ser neles, porque quem tiver os melhores jogadores, com ou sem treinador, será sempre o maior candidato a conquistar as provas em que está inserido.
Há, porém, outros fatores de desequilíbrio no jogo. Fatores externos, que vão influenciar a performance dos jogadores. A forma como o arbitro guia o jogo, o maior ou menor estado de inspiração ou confiança do jogador, o clima, o estado do campo, o ruído exterior dos agentes do clube ou dos meios de comunicação, o público, as relações pessoais do jogador, a sorte, etc. É um jogo que impõe uma interação tal de seres humanos que se tornam incontáveis os imponderáveis que no final influenciam o desfecho de um jogo e de uma competição.
Mas, como vivemos numa sociedade onde todos procuram por justificações – factos - para explicar o sucesso de determinada figura ou de determinado evento, a conclusão é sempre igual. Por exemplo, se um treinador ganha e ninguém percebe exactamente o seu dedo nos padrões de jogo da equipa, ou se esses mesmos padrões não têm qualidade e não deveriam dar resposta aos problemas que o jogo apresenta, então torna-se unânime que a vitória foi da liderança. A conclusão é sempre a mesma, porque andam todos a fazer a mesma pergunta. Como a pergunta já assume que algum mérito de peso há de ter, mais de meio mundo fica incomodado quando aparece alguém a questionar, a dizer que uma equipa pode ganhar independentemente do treinador, ou que o mérito do treinador é tanto quanto o mérito do observador dos adversários, do nutricionista, ou do comportamento do público nos estádios (há mérito, mas não é o fundamental para o sucesso).
Sei que andei o tempo todo a fugir da questão do futebol de qualidade, mas aqui vai nas palavras de Arrigo Sacchi: as grandes equipas da história tiveram uma coisa em comum. Controlavam a bola e o espaço. Isso significa que quando tu tens a bola mandas no jogo, e quando não a tens só controlas o espaço.
Não encontrei melhor do que isto. Atacas a defender e defendes a atacar. É a diferença entre jogar-se com a bola ou apenas em função dela."

2021: mais um ano de pandemia e/ou de pandemónio?


"“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”
Carlos Drummond de Andrade

O ano de 2020 removeu-nos da imaginária “bolha de segurança” onde todos nos tínhamos colocado e acreditávamos estar, ainda que gerindo as nossas vidas (pessoas, instituições e sociedade em geral) com um conjunto de medidas e princípios focados no que pretendemos alcançar, maioritariamente, a curto... curtíssimo prazo.
Como se de uma espécie de “miopia galopante” se tratasse, a realidade é que o nosso “software” (na realidade, os valores base que a nossa cultura nos imprime) não contempla o investimento no tempo necessário para “focar” mais longe... mesmo quando esse “mais longe” se trata apenas de onde (e como pretendemos) chegar no espaço de um ano nas nossas vidas.
Tomamos decisões (reforço: nós como indivíduos, mas também as organizações e instituições que, em alguma medida, poderiam ter o conhecimento necessário para atuar de forma diferente) focadas no retorno imediato: ou no pico de adrenalina que vamos ter (com uma atividade ou, por exemplo uma venda), ou no vazio e anestesia que queremos preencher... ou até no “imaginado” aborrecimento/conflito que queremos evitar.
É que, em boa verdade, as decisões a longo prazo têm este “mas”... temos que saber esperar, muitas vezes gerindo a incerteza associada a não sabermos se foi a decisão certa, porque os “ganhos” (os resultados pretendidos) virão a médio/longo termo – e “isto”, na realidade este processo de regulação emocional, de capacidade em confiar nos recursos que temos e “saber esperar” (por isso mesmo, porque confiamos) que o produto das nossas ações se transforme em “resultado” é já, em boa verdade, demasiado exigente para a parca literacia emocional que possuímos.
E, por isso, aqui estamos... todos nós.
Este ano de pandemia transformou, por isso mesmo, e de uma forma demasiado “fácil”, a nossa vida num autêntico pandemónio – na nossa vida pessoal, familiar, profissional e comunitária – dando nota da fragilidade dos alicerces que construímos e que, outrora, imaginámos robustos.

O Que  Esperar De 2021?
Publicado em 1977, no livro “Discurso de primavera e algumas sombras”, o poema de Carlos Drummond de Andrade, “Receita de ano novo” (em anexo a este artigo), identifica de uma forma muito clara o mecanismo que nos faz, a cada ano, sermos incapazes de atuar as ações necessárias para, de uma forma mais orientada, aumentar não só o controlo efetivo das nossas vidas, mas também consolidar o projeto pessoal e profissional ao qual nos gostaríamos de dedicar.
De facto, gerimos a nossa existência com uma enorme incapacidade em nos questionarmos a nós mesmos (ou às nossas organizações), no sentido de encontrar os padrões (cognitivos, emocionais e comportamentais) de sucesso que nos aproximam do que desejamos e, na sua larga maioria, os padrões de boicote e sabotagem (também eles cognitivos, emocionais e comportamentais) que nos afastam dessa realidade desejada, optando demasiadas vezes, por funcionar ou em “modo wishful thinking” ou a colocar a “culpa” no “outro” (seja ele um indivíduo – colega, chefia, marido/mulher – ou organização)... o que é sempre oportuno porque a responsabilidade fica de “fora”, convencendo-nos que não precisamos mudar nada em nós próprios.
Cingimo-nos, enfim, a rituais tontos e simbolismos ocos de ação que, atuados uma vez por ano – ou quando nos sentimos “à rasca” – dificilmente se transformam num plano de ações concretas que nos consigam remover do conforto conhecido (de que, curiosamente, nos queixamos repetidamente) para a incerteza desconhecida do que poderemos alcançar se nos envolvermos, de facto, de forma inteira, programada e realmente focada no que ambicionamos para nós – afinal, a única possível que nos ajuda a compreender e “escolher escolher” as decisões que, aparentemente mais desafiantes e, por isso, desconfortáveis a curto-prazo, nos podem transportar para o desejado a médio longo prazo.

Em Suma
Mais pandemia e pandemónio será de facto o que nos aguarda se, em boa verdade, não decidirmos (enquanto indivíduos e organizações) que a única via possível será ancorar o curto-prazo no longo prazo desejado, independentemente do desconforto que possa trazer no imediato.
Afinal, tal como Drummond de Andrade refere, a mudança que queremos reside necessariamente nas nossas ações e, por isso mesmo, temos que de facto “merecê-la”.

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo

até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama,
se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."

Fever Pitch - João & Markus... Alemanha!