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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ignorar a realidade não ajuda

"Que melhor sorteio podia esperar um benfiquista? Na segunda-feira, em Nyon, no sorteio da Liga dos Campeões, foi anunciado: «Benfica, o gigante português, duas vezes vencedor da prova.» Ser assim anunciado é por si só um excelente sorteio. O Zenit é muito forte, será muito difícil, mas seria qualquer adversário que saísse em sorte. Quando se está nas melhores 16 equipas da Europa, a única sorte que interessa é jogar muito bem. Não há alternativa.
O Benfica venceu o Setúbal num jogo em que foi melhor até aos 3-0. O Benfica cumpriu e somou três pontos. Já o mesmo não fez na Madeira. Foi muito mau o jogo, e há muitas culpas próprias no empate. Não se pode entrar, num jogo desta importância com uma apatia confrangedora. O Benfica não tem um Jorge Sousa que decide, mesmo quando joga mal, e por isso não pode fazer exibições tão apagadas. Ao contrário daquilo que tem sido referido, o campeão não irá perder muitos pontos, num campeonato desnivelado.
O Benfica já perdeu onze pontos e isso atira a matemática contra nós. Ignorar a realidade não ajuda, só atrapalha. Perdemos cinco pontos com Arouca e União da Madeira em campo neutro - é a nossa dura realidade. Bem sei que sem erros de arbitragem estávamos colados aos da frente, mas teremos de, ser bem melhores, para denunciar esta vergonha (desde o apito dourado não se via nada igual) com mais moral. 
Ganhar ao Rio Ave é obrigatório, para tentar inverter a aritmética. A Taça da Liga tem de ser encarada como objectivo. Há muitos anos que não ficamos sem ganhar uma competição e não queria voltar a relembrar-me dessa fase.
O Sporting foi eliminado da Taça de Portugal, mas isso não afecta a moral dos sportinguistas, que festejam porque ganham ao Benfica e não por ganhar títulos."

Sílvio Cervan, in A Bola

"No capítulo desportivo, este é um ano de transição"

"Quero começar por agradecer a vossa presença aqui hoje. Agradecer também a todos aqueles que, não podendo estar presentes, tiveram o cuidado de enviar mensagens públicas (como as que tivemos oportunidade de ouvir) ou privadas (como as que tiveram a amabilidade de me fazer chegar).
Este jantar tem um único propósito: deixar bem claro a todos que o Benfica se fez grande na união, construiu-se na diversidade de opiniões, na democracia das ideias, mas foi pelo empenho e pelo esforço de todos os benfiquistas que chegámos aqui.
O Benfica não exclui. No Benfica, ninguém é dispensável. Todos somos necessários.
Os que estão nesta sala servem ou serviram o Benfica. Alguns há muito tempo, outros há menos tempo, mas todos demos e damos o nosso melhor para que o Benfica se torne cada dia mais forte.
Todos nós tivemos de tomar decisões. Nem sempre acertamos, mas há uma garantia que tenho: assumimos sempre que a nossa decisão é aquela que melhor serve o Benfica.
Também já errei, e vou continuar a errar, porque os únicos que não erram são aqueles que nada decidem! 
Quis promover este jantar, porque todos os que aqui estão contribuíram, no seu tempo e a seu modo, para que o Clube hoje seja um Clube admirado, respeitado, seguido a nível internacional, credível, inovador e, acima de tudo, a caminho de livrar-se da sua dependência do sistema financeiro.
Este mérito é de toda a equipa e de todos aqueles que me acompanharam a mim e ao Manuel Vilarinho nos últimos 15 anos, mas é um mérito que não exclui ninguém.
Dentro do Benfica temos direito a divergir, mas os nossos adversários estão lá fora, mais activos do que nunca, o que nos obriga a estar mais unidos do que alguma vez estivemos na defesa do Benfica.
Termos chegado aqui é sucesso e mérito de todos, independentemente da Direcção que serviram, e é precisamente esta palavra que queria deixar.
O Benfica não tem aldeias, não tem facções. O Benfica é só um, e todos nós fazemos parte desta realidade. 
A estabilidade dos últimos 15 anos permitiu-nos recuperar a nossa grandeza, permitiu-nos pensar e planear a médio e longo prazo, permitiu-nos voltar a ser um Clube global.
Em questões estruturais, nunca houve divergências. Foi necessário recuperar a credibilidade do Clube. Foi necessário construir o Estádio, os pavilhões, o Caixa Futebol Campus. Foi necessário pensar e fazer nascer a BTV. Foi necessário, quando houve capacidade, apostar na vertente desportiva.
Foi necessário fazer o Museu. Tudo isto foi feito de forma progressiva, de forma planeada. E nestas questões estivemos sempre em sintonia.
É chegado o tempo de pagar o passivo do Clube, de o recuperar para os seus sócios.
Ganhar é importante, é fundamental, é o que nos move diariamente, mas poder dizer que o Clube voltou a ser nosso, totalmente nosso, que vai poder, finalmente, livrar-se da sua dependência do sistema financeiro, é algo que me enche de orgulho.
No capítulo desportivo, este é um ano de transição.
Mas transição não significa menor ambição, ou menor exigência. Transição significa apenas uma mudança de paradigma, uma maior aposta na Formação, menos compras, mais jovens. É isto que significa a nossa transição.
Esta é a visão que tenho e que desejo implementar para o futuro do Benfica. Mas esta visão não pode ser incompatível com resultados.
Em alguns momentos, temos de ser exigentes, e podem ter a certeza de que essa exigência existe cá dentro. Noutros momentos, temos de ser pacientes.
É este equilíbrio que quero pedir a todos os benfiquistas. Sermos exigentes mas, ao mesmo tempo, compreender que nenhuma mudança se faz de forma instantânea e sem alguns custos.
Quanto ao acordo celebrado com a NOS na semana passada, queria reiterar o que já disse: à medida que as contrapartidas financeiras do acordo se forem cumprindo, vamos libertar o Benfica do seu passivo. 
Permitam-me, a terminar, que destaque três pessoas nesta sala:
- Manuel Vilarinho. Foi pela sua mão que entrei no Benfica. O Manuel assumiu o Clube num momento muito difícil. Contou sempre com o meu apoio e a minha solidariedade nas grandes decisões.
- Mário Dias o “pai” deste Estádio. Sem a sua vontade e o seu empenho possivelmente não haveria novo Estádio.
- E, finalmente, o Domingos Soares Oliveira que lidera a Comissão Executiva e toda a parte operacional do Clube.
No exemplo destas três pessoas quero agradecer a todos nesta sala pelo vosso benfiquismo. 
Independentemente do tempo e da conjuntura em que serviram o Benfica, todos fomos importantes para chegar aqui!
Obrigado pela vossa presença!"

Prémio em Caixa

"No fim deste mês, quando Nuno Gomes receber em nome do Benfica o prémio Globe Soccer para Melhor Academia do Ano, um longo trabalho de equipa atingirá o seu ponto mais alto. É o reconhecimento público e internacional daquilo que é feito no Seixal desde há nove anos. É um tributo a cada jogador, a cada membro da equipa técnica, médica, directiva - a cada pessoa que trabalha no Caixa Futebol Campus. E a cada um dos adeptos que apoia a Formação e que sabe que este é o desígnio do SL Benfica: formar homens e jogadores.
A cerimónia vai decorrer no Dubai a 28 de Dezembro e nesse dia vamos assistir a vários tipos de reacção: o contentamento e o orgulho por parte dos Benfiquistas, a indiferença e a inveja por parte de muitos adeptos de outros clubes e a azia e a falta de nível por parte de muitos adeptos de outros clubes e a azia e a falta de nível por parte dos anti-benfiquistas. Podem dizer que o patrocinador principal das camisolas da equipa de Futebol (nós temos patrocínio, é verdade...) vem do Dubai, que os prémios são pouco conhecidos, podem inventar as desculpas que quiseram, mas não podem fugir à verdade: actualmente, nenhum outro clube em Portugal - e são poucos no mundo assim - trabalha e forma com esta qualidade.
Trabalhem mais, sejam mais sérios, mais competentes, aprendem com os erros dos outros, inovem e poderão ter ou voltar a ter a maioria dos convocados nas selecções nacionais jovens, jogadores de primeira equipa a cada época, acordos milionários com patrocinadores, pavilhões desportivos, Sócios pagantes, uma televisão de clube de qualidade.
Dá-se explicações."

Ricardo Santos, in O Benfica

2015/16 prevísivel

"Mais uma jornada, mais três vitórias dos candidatos ao título, mais um penálti escandalosamente por assinalar a favor do Benfica, mais uma mão de um defesa do FC Porto na sua grande área por marcar, mais umas ajudas a embalar o Sporting para uma 'vitória justa' (dizem os comentadores) e o nevoeiro na Choupana que teima em se fazer notar.
Este campeonato está a tornar-se previsível. A dificuldade em se ajuizar correctamente lances favoráveis ao Benfica na grande área dos seus adversários só encontra paralelo na facilidade com que tem sido feita vista grossa a ilegalidades cometidas por jogadores sportinguistas.
O barulho feito por sportinguistas, injustificado e parte integrante de uma aparente estratégia verde e branca de 'tudo ou nada' em 2015/16, que conta com o silêncio conivente de um conjunto de comentadores supostamente isentos, mais que ensurdece as equipas de arbitragem, cegando-as e incapacitando-as para a função que lhes é atribuída. Lançamentos laterais efectuados dentro de campo, foras-de-jogo evidentes por assinalar, penáltis perdoados aos seus jogadores e inventados a seu favor, bloqueios e faltas diversas tão evidentes quanto ignoradas... Enfim, esta temporada está a assumir, no que às arbitragens diz respeito, contornos de escândalo no favorecimento ao Sporting.
Não em entendam mal.
Mesmo neste contexto adverso, creio que o Benfica poderia estar um pouco melhor na classificação. No entanto, dos nossos males tratemos nós, já que não temos, nem queremos, quem deles trate por nós, como tem acontecido ao Sporting. Por entender fica o silêncio portista. Até parece que o importante, pelas Antas, é o Benfica não ser campeão..."

João Tomaz, in O Benfica

Facilidade: zero!

"Em 13 jogos realizados contra equipas portuguesas, o Zenit venceu 8, empatou 3 e perdeu apenas 2. Com o Benfica, ganhou 3 das 4 partidas que disputou. Quem espera facilidades de uma equipa cujo orçamento é astronomicamente superior ao nosso, cujo principal patrocinador é também um dos grandes parceiros da UEFA (valha isso o que valer), e cujo treinador tão bem conhece o futebol luso, desengane-se: nos Oitavos-de-Final da Liga dos Campeões, o adversário que nos calhou em sorte é favorito a passar a eliminatória. 
Podia ser pior? Sim, muito pior. Se o Zenit ainda nos permite acreditar numa surpresa (sim, numa surpresa), face a equipas como Barcelona, Real Madrid ou Bayern, nem mesmo sonhar nos seria consentido. Há que reconhecer que o Benfica, apesar do peso histórico que detém, é hoje um outsider nesta prova, e, um alvo apetecível para a maioria dos emblemas presentes em qualquer sorteio. Por isso, todo o optimismo deverá ser contido. A Liga dos Campeões é isto mesmo: a partir de determinada fase (sobretudo não se sendo cabeça-de-série), as hipóteses variam entre o extremamente difícil e o quase impossível. Saiu-nos a primeira versão.
É claro que alguma comunicação social, de forma pouco inocente, vai empurrar o Benfica para a pressão de ter de vencer. Não nos deixemos embarcar na cantiga. Vamos jogar, tentar ganhar, mas, no presente contexto do futebol europeu, nenhuma equipa portuguesa está obrigada a ultrapassar este Zenit. Se o conseguirmos, se chegarmos aos Quartos-de-Final, isso sim, será um feito digno de realce. Até porque a obrigação (chegar até aqui) já foi cumprida."

Luís Fialho, in O Benfica