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sábado, 30 de novembro de 2024
Promete!
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— SL Benfica (@SLBenfica) November 28, 2024
A Tramóia
"O que dizem, e quais as medidas propostas pelos candidatos às próximas eleições do Benfica, sobre estes desafios cruciais para o presente e futuro do Benfica?
A Tramóia, cujo testa-de-ferro é o que está à frente da Liga; o mandante, o dragão-de-ouro do tempo do apito-dourado que está à frente da Federação; e o financiador, a SportTV que domina os direitos TV.
Uma espécie de «Fruta 2.0» legal. O Objetivo da ‘Federação+Liga’ é controlarem e dominarem todo o Futebol Português e os Clubes através do seu gigantismo Institucional. Isso condicionaria os resultados desportivos e o desenvolvimento dos Clubes. Com isso, escolheriam quem queriam para ter a supremacia.
A ‘Federação+Liga’ em vez de se remeterem à organização e administração dos interesses dos Clubes, querem ser um Clube como os seus Associados. E até desejam ser um Clube maior do que eles. Adquirem estádios (Jamor), fazem Cidades Desportivas, constroem instalações sumptuosas, querem ficar com os Direitos TV dos Clubes, contratam dezenas de técnicos.
A Solução. Em Espanha, Itália e Reino Unido as ‘Federações+Ligas’ também quiseram fazer isso. Porém, o Real Madrid, cujo Presidente não é incompetente, lançou imediatamente as bases jurídicas e económicas para uma Federação Alternativa, que conta com cada vez mais Clubes e financiadores apoiantes.
O BENFICA não terá de se preparar para essa ‘Alternativa’?
Em relação à ‘Centralização dos Direitos Televisivos’, o 23.º Governo Constitucional publicou, em 22 de março de 2012, o ‘Decreto-Lei nº 22-B/2021’. O estudo económico sobre essa obrigatoriedade imposta pelo Estado (a mando da Federação + Liga + Sport TV), coordenado pelo professor de economia Pedro Brinca, mostra que o Benfica será o clube, dos três grandes, que será mais prejudicado. Pois os três irão perder anualmente cerca de 20 milhões de euros, mas o Benfica tem metade desse prejuízo por lucrar o dobro dos seus dois rivais diretos.
O que dizem, e quais as medidas propostas pelos candidatos às próximas eleições do Benfica, sobre estes desafios cruciais para o presente e futuro do Benfica?"
O Segredo
"“Aqui não há príncipes nem princesas, aqui é o Benfica do povo que marca." O que é ser do "clube do povo"? Ainda faz sentido dizer isso quando ir ao futebol é caro e o Benfica é, realmente, transversal a segmentações económicas e sociais?
Muito se fala da aparente disparidade entre o ambiente na Luz e nos jogos por essa N1904 fora e, talvez haja algo diferente. Falo por mim, a vantagem de ver o Benfica regularmente é inebriante — em vários sentidos — , e acabamos por desvalorizar o cerimonial de ir ao mais belo estádio do mundo. Atenção, não digo que o prazer seja menor nas bancadas, mas tendemos a perder rituais. E o sentido da vida está muito — demasiado? — assente no papel dos ritos.
Todavia, sinto que há algo ainda mais especial. O jogo no estrangeiro é, cada vez mais, uma viagem a outro mundo. É quase anacrónico. Nestes jogos fora há algo de transcendental. As cores são mais vividas, os sons mais intensos, as emoções mais avassaladoras. E só melhora. Juro.
Sei que sou um privilegiado e já acompanhei o nosso clube algumas vezes, mas uso essa vantagem para evangelizar. E ao fim de 12 jogos, garanto que cada deslocação é uma lição sobre locais, pessoas e afetos. Aprendemos com quem nos acompanha e com quem nos cruzamos, com conhecidos e anónimos. Sobretudo, descobrimos outros mundos.
Da ladainha de quem reza aos impropérios, das unhas roídas ao aparente blasé, do urro gutural ao abraço sentido, cada jogo é uma carrinho de choque de onde não queremos sair. Sentir é bom, viver - ganhando - melhor.
A Mary não foi a Nice e, por isso, houve menos turismo do que nas últimas viagens. Porém, não imagino outro grupo com que fizesse mais sentido estar. Fomos repetentes, estreantes, ensonados, ansiosos, esbanjadores e comedidos, vespertinos e madrugadores. Fomos nós. Simples, como o Benfica permite.
Então, qual o segredo destes aways? Não sei. Enganei-vos. Ou melhor, acho que não há só um e cada pessoa tem que encontrar os seus. É, por isso, que aconselho todos os que gostam de bola a ver um jogo fora. (E até é indiferente do clube.) Neste jogo, guardo a fragilidade que se torna força. O cansaço que esconde energia. O silêncio que guarda palavras. Foi isso em campo, nas bancadas, na viagem.
Juntos, sempre."
O lado oculto da lua (para Benfica e FC Porto)
"O que dizer da espiral positiva nos encarnados e da negativa para os dragões, depois de duas exibições longe da perfeição, porém com resultados bem diferentes?
E o resto é futebol. Ou o futebol é isto mesmo. Expressões que se atiram com frequência e que nunca caem em desuso quando se trata de tentar explicar o que é inexplicável através de táticas, sistemas, dinâmicas, raça, atitude e desiguais doses de talento. No fim de tudo isto, ainda costuma aparecer o raio do futebol, que na verdade, nesse contexto, é intangível e imprevisível. Disruptivo.
É nesses momentos que se fala de sorte e azar, em que só mesmo o rigor pode diminuir a expressão de ambos, sem nunca conseguir eliminá-los. Mas evitemos o conceito. Digamos que se trata do que há de aleatório e incontrolável num jogo de futebol. E o lado oculto da vitória do Benfica no Mónaco, que muitos titularam como épica e que terá levado uma franja dos adeptos mais sonhadores a voltar a tocar na lua, conta com muito de fortuito, de acaso. Até uma percentagem bem superior à habitual.
É claro que há talento – basta olhar para as assistências de Ángel Di María, que parece ter uma definição que chega para ele e todos os que o rodeiam – e uma força emocional cada vez mais presente, a acumular desde a reentrada de Bruno Lage. Não haja dúvida alguma disso.
Não é, todavia, racional associar o adjetivo épico à forma como os jogadores encarnados se colocaram em campo e abordaram a jogada do 2-1 perante a inferioridade numérica do adversário. Ou em vários outros momentos consentidos à jovem e talentosa frente de ataque monegasca.
Houve o golo do empate caído do céu ou da falta de entendimento entre Caio Henrique e o guarda-redes Radoslaw Majecki, o critério aparentemente desigual na gestão dos segundos amarelos por parte da equipa de arbitragem e ainda dois golos em efeito espelho, após cruzamentos de Di María, por um Arthur Cabral a provar que os minutos a mais dados por Lage diante do Estrela da Amadora valeram a pena, e Amdouni, cada vez mais o suplente de luxo das águias.
É precisamente do incontrolável que os treinadores não gostam, sobretudo aqueles mais obcecados com o pormenor. Pretendem ter tudo antecipado, previsto e respondido nas suas cabeças antes de acontecer. Mesmo que não seja possível, há que tentá-lo. Claro que a reviravolta moraliza, faz crescer a confiança dos jogadores no processo e permite-lhes que, da próxima vez, acreditem ainda mais no talento que têm e que gostariam de ter.
O acumular de vitórias é o outro caminho, paralelo, que acrescenta camadas a um modelo que teve o ónus de esconder o pior e potenciar o melhor de um Di María também mais fresco agora, menos transatlântico, por ter abandonado a seleção.
Olha-se para o que aconteceu no Principado e a exibição do Benfica fica aquém do resultado. Havia um bom Mónaco do outro lado, com talentos como Golovin, Akliouche e Ben Seghir a alimentar Embolo e a si próprios, sustentados pela dimensão física de Camara e Zakaria, e organizados pela argúcia de Adi Hütter, porém foram erros a mais para um 2.º classificado da Ligue 1 francesa. E, mesmo com esses erros, mesmo com a expulsão de Singo a mais de meia-hora do fim, os encarnados estiveram demasiado perto de perder. Ou de não ganhar.
Debaixo da ideia-feita de ter sido um jogo de duas equipas que gostam de atacar (o que não deixa de ser verdade), estiveram, sobretudo, dois conjuntos permeáveis aos ataques contrários, o que torna qualquer partida ingovernável. É esse o passo rumo ao controlo que este Benfica ainda não conseguiu dar na plenitude.
Dragão tenta escapar ao redemoinho
Otávio voltou do nada para o onze do FC Porto, remetendo agora Tiago Djaló para o banco. Não terá sido só isso, porém Vítor Bruno quis melhorias na construção perante um Anderlecht que não foi de pressionar de forma constante, esperando que surgisse à vista desarmada o gatilho certo, como aconteceu no erro de Pepê no empate.
Mas nem foi por aí. Otávio desta vez escondeu os erros num qualquer buraco esquecido no balneário de Bruxelas, porque no inesperado 2-2, assinado por Amuzu, e que contou com desvio do infeliz central brasileiro, ficou mais uma vez à vista a incapacidade da defesa de encurtar e roubar espaço ao avançado.
Ao quarto jogo, depois de três derrotas, surgiu um empate que sabe a desaire numa exibição sem qualquer tipo de controlo. Não iguala recordes negativos com mais de 60 anos, porém estende o momento difícil. Porque estar duas vezes a vencer e deixar-se empatar não é nada comum nos dragões, sobretudo diante um adversário, que mesmo perante o seu público, é inferior. E já não há como negar que é preciso estancar o mau momento rapidamente. No próximo encontro já será tarde.
Villas-Boas arriscou com Vítor Bruno, sobretudo pelo rótulo que dificilmente não lhe colocariam em cima. Numa pré-temporada cheia de dificuldades financeiras, teve de vender para poder comprar, viu-se obrigado a abdicar do seu melhor jogador na temporada anterior por ser filho do treinador que se considerou traído, optou por não renovar com o capitão e, mesmo assim, não geriu as expetativas. A conquista da Supertaça e os primeiros resultados pareciam dar-lhe razão, contudo, agora assumem-se uma precipitação, sobretudo a partir da goleada da Luz. O que poderia ser um ano zero e uma almofada para si e para a equipa se fosse vendido dessa maneira, acaba agora por não criar qualquer barreira a uma contestação sistémica, que não desaparecerá tão cedo e que ganhará reforços se as coisas continuarem como até aqui.
Olhando de uma forma ainda fria, os dragões perderam mais uma vez qualidade no Verão, já depois de terem terminado na terceira posição na Liga. Numa análise que admito que possa ser simplista, Samu, Nehuén Pérez e Francisco Moura não conseguiram anular as perdas e, ao mesmo tempo, colocar o FC Porto ao nível de Sporting e Benfica. E, depois, há dificuldades nas duplas da defesa e do meio-campo, ainda por estabilizar, antes mesmo de se pensar na profundidade que falta ao plantel. Como poderia não ser um ano zero?"
Denúncia...
É preciso começar a apontar o dedo à Comunicação Social em Portugal que não gosta de desporto e muito menos respeita o Benfica. pic.twitter.com/tnS7xGSSmt
— vespadoeliseu (@vespadoeliseu) November 29, 2024
Vitórias europeias
"São vários os temas nesta edição da BNews, com destaque para dois triunfos europeus conseguidos ontem, a antevisão do fim de semana e um projeto singular no domínio internacional.
1. Nomeação para onze do ano
O capitão do Benfica, Otamendi, faz parte da lista de defesas selecionados para uma das categorias dos prémios The Best, atribuídos pela FIFA.
2. Ecos de uma grande jornada
A comunicação social estrangeira não ficou indiferente à vitória à Benfica alcançada no Mónaco.
3. Projeto inovador
Conheça o Benfica Residential Academy, a dar os primeiros passos, com inauguração oficial em 2025. Localizado em Tampa, no estado norte-americano da Florida, trata-se de um projeto único, com modelo criado de raiz no Sport Lisboa e Benfica.
4. Nova goleada
O Benfica soma e segue na WSE Champions League de hóquei em patins. Na 2.ª jornada voltou a ganhar com cinco golos marcados sem resposta, desta feita no rinque do HC Quévert.
5. Eliminatória bem encaminhada
A equipa feminina de voleibol do Benfica venceu, por 0-3, na Grécia frente ao ASP Thetis, na 1.ª mão dos oitavos de final da CEV Challenge Cup.
6. Empate no dérbi
Nos Iniciados, o Benfica visitou o Sporting e empatou a duas bolas.
7. Agenda para sábado
Na Luz há jogos das equipas masculinas de andebol e de basquetebol, frente ao Vitória SC (17h00) e à Oliveirense (19h00), respetivamente. No futebol de formação, os Juniores recebem o Casa Pia (15h00).
São várias as deslocações de equipas do Benfica: no futsal, Ferreira do Zêzere nos masculinos (17h30) e Gondomar nos femininos (18h00); em hóquei em patins, Marinhense nos masculinos (18h00) e CRIAR-T nos femininos (15h00); a equipa masculina de voleibol jogo em Guimarães frente ao Vitória (17h15); as equipas femininas de râguebi e de polo aquático têm embates, respetivamente, no campo do SC Porto/CRAV (15h00) e na piscina do Fluvial Portuense (17h30).
Em Odivelas disputa-se o Campeonato Nacional de equipas seniores de judo.
8. Agenda para domingo
Às 18h00, o Benfica visita o Arouca na 12.ª jornada da Liga Betclic. A equipa B atua no reduto do Marítimo (15h30). Os Juvenis recebem o Sacavenense (11h00). Os Iniciados jogam no Campo do Olival (Águas de Moura) frente ao Vitória de Setúbal (11h00).
Quanto a equipas femininas, visita ao CAB Madeira em basquetebol (15h00), e receções ao Vitória SC em voleibol (17h00) e Turquel em hóquei em patins (19h00).
9. Presença significativa nas seleções jovens
Ao longo do último mês foram 41 os futebolistas dos escalões de formação do Benfica ao serviço das várias seleções nacionais.
E a seleção feminina sub-19 contou, na quarta-feira, com oito jogadoras do Benfica no triunfo, por 0-2, frente à Eslováquia.
10. Casa Benfica Arouca
Com a presença do Presidente do Sport Lisboa e Benfica, esta embaixada do benfiquismo inaugura oficialmente as novas instalações, com começo agendado para as 12h30."
Nada para ver aqui
Nada para ver aqui.
— O Fura-Redes (@OFuraRedes) November 29, 2024
Entretanto no Futebol da W52 a equipa deixou misteriosamente de conseguir responder fisicamente a ciclos de jogos de 3 em 3 dias.
Nada para ver aqui. pic.twitter.com/XTy48y0xaz
Projeto NBA Europa
"A hipótese da liga norte-americana vir a organizar uma competição na Europa começa a dar passos cada vez mais certos e irá fazer concorrência à EuroLiga, onde existe descontentamento de vários clubes. O objetivo é fazer crescer o negócio do basquetebol no Velho Continente e acabar com clubes que dão prejuízo, a grande maioria se não tiverem apoios do futebol, das cidades ou do Estado. Donos de equipas da NBA a quererem entrar no plano europeu, alguns já têm investimentos em clubes de futebol.
NBA tem intenção de criar um campeonato no velho continente. O tema não é novo, escrevi aqui sobre ele no verão, e os próprios responsáveis da Liga não o escondem e comentam-no regularmente, com maior ou menor profundidade.
A diferença é que, entretanto, tal poderá estar mais perto de ser realidade e a Liga já não andará muito ralada com o que divide Euroliga e FIBA, pois a má relação entre os dois organismos mantém-se praticamente desde que a primeira passou a existir em 2000/01 e levou os principais clubes da Liga dos Campeões.
A NBA acredita que o modelo competitivo na Europa pode ser alterado para que isso traga ainda mais emoção, público, oportunidades e lucros. Sem ter clubes a perder dinheiro todas as épocas como acontece, impensável para os donos das equipas norte-americanas. Afinal, vários estão interessados em investir na Europa, como já fazem em clubes de futebol de que são donos ou coproprietários.
Mas têm noção de que a paixão clubística europeia, mesmo no basquetebol, é diferente e que isso também será importante para o sucesso do negócio, que deverá entrar em concorrência direta com a EuroLiga.
Dificilmente a FIBA, com quem têm tido regulares conversações, será totalmente afastada. Ela é parceira na BAL (Basketball Africa League), criada pela NBA em 2019 e lançada em 2021, envolvendo as principais formações africanas.
Mas essa aproximação também poderia ajudar noutro aspeto: evitar que as federações nacionais ou ligas profissionais ameaçassem os clubes dos seus países em proibi-los de competir internamente, como aconteceu no futebol com a Superliga Europeia, e que os jogadores destes não fossem às seleções. Algo que para um basquetebolista europeu, habituado a representar o país desde jovem, tem um peso maior do que para um norte-americano.
Numa recente conferência em que tive oportunidade de participar, Mark Tatum, deputy commissioner da NBA, vice-presidente mas responsável pelas operações comerciais e relações internacionais, quando questionado acerca deste assunto referiu que, podendo o basquetebol ser a segunda modalidade na Europa, e acreditando haver grande margem de crescimento, é mau quando se olha para as hipóteses comerciais existentes e se vê que são menos de um por cento do mercado comercial.
Presidente do Comité Olímpico considerou que o nadador Diogo Ribeiro, que considera ser de excelência e eleição, «tem alguns pequenos pormenores que devem ser afinados» e há um acompanhamento a ser feito. Mas até sabe que quando foi, duas vezes, campeão do mundo apenas o foi porque havia outros que estavam mais focados nos Jogos, para os quais ia para tentar chegar à final. Pelos vistos foi o único a falhar em Paris 2024. O que lhe vale é que há quem o continue a fazer.
«Por isso pensamos haver uma oportunidade de existir um melhor modelo para o basquetebol europeu, mas não existe nenhum prazo», salientou.
Assim, este poderá ser o momento ideal para avançar. Afinal vários clubes da EuroLiga terão, brevemente, de renovar contratos com aquela competição. A expectativa é saber quantos colossos do basquete europeu estarão dispostos a mudar-se para o novo projeto, quantos novos clubes surgirão de investidores, e quais serão as reações nacionais.
Mas que tudo pode acontecer em breve parece inevitável, sobretudo após a NBA ter arrumado a multimilionária venda dos direitos de transmissão e saber que terá paz e receitas nos próximos anos."
O mito do Velho Homem reacendeu-se como uma lâmpada
"Bronko Nagurski ultrapassou as barreiras da banalidade humana com a força de uma lenda.
É provável que nenhum de vós tenha ouvido alguma vez falar de Bronko Nagurski. Bronko era o diminutivo de Bronislau e não batia certo com a personagem. De maneira nenhuma um bronco. Bem, adiante. Também é conhecido por ter sido jogador de futebol americano e praticante de luta livre mas isso é redutor para ele. Na verdade foi um fenómeno. Um daqueles fenómenos como o Cometa Halley ou a Nossa Senhora decidir empoleirar-se num espinheiro para espanto de pequenos pastores lorpas. Tinha a volumetria de, digamos, um pequeno iaque. Perto do metro e noventa; mais de cem quilos. Quando pegava naquele melão a que mal se pode chamar de bola (afinal os dicionários não exprimem que o termo bola corresponda a um objeto esférico) e desatava a correr de encontro aos adversários, o melhor era sair da frente como se viesse ali um comboio descontrolado. Os conhecedores deste desporto catalogariam-no como «fullback». Foi profissional pelos Chicago Bears a partir de 1930. E da luta três anos mais tarde. Foi campeão do mundo de pesos-pesados em 1937, batendo num desgraçado chamado Dean Henry Detton, também ele profissional duplo de futebol americano e luta livre e que acabou por se enforcar aos 49 anos, no seu bar, The Turf Club, em Hayword, na Califórnia.
1937: era aqui que eu queria chegar. Já um bocado escalavrado, com os ombros a precisarem de descanso e os músculos ainda mais, Bronko acabou com a dicotomia e abandonou as jardas dos relvados. Tinha vinte e nove anos, assim por extenso, e ganhou tudo o que era possível ganhar. Os companheiros mais novos já o tratavam carinhosamente por ‘The Old Man’. A imprensa foi buscar as sua raízes polacas para lhe encaixar o epíteto de Polish Canon Bolt. Lá está: tudo demasiado pequeno para a dimensão da sua personalidade.
Resumo-me a um episódio que o elevou ao estatuto de lenda. OHomem para lá do Homem. Falei no ano de 1937 e insisto. Nagurski estava farto de futebol. Com a camisola do Chicago Bears, que usava desde 1930, acabara de destroçar o grande rival dos Bears dessa altura, os Portsmouth Spartans. Estava tanto frio em Chicago que o jogo teve de ser disputado num recinto fechado. The Old Man marimbou-se para isso. Correu como um louco, derrubou ‘linebackers’ como se fossem barricas vazios, e terminou a faena com um ‘touchdown’ muito contestado pelos adversários mas que o árbitro considerou válido. Em seguida, no balneário, enchendo o peito que era largo e parecia a quilha de um petroleiro, desabafou: «It’s done!». E abandonou o desporto profissional, embora ainda tenha realizado alguns combates de luta durante mais dois anos.
Um choque duro para os adeptos dos Bears que tinham Bronko Nagurski como o grande líder da sua equipa, o monstro que usava um capacete tamanho oito e era de assustar ornitorrincos.
Vamos até 1943. Os Chicago Bears estavam com a corda pelo pescoço: a grande maioria dos seus jogadores tinha sido alistada para combater na Europa e no Pacífico em nome dos Aliados na II Grande Guerra. Suplicaram a Nagurski que voltasse da sua reforma. E o mito reacendeu-se como uma lâmpada. Os Chicago Cardinals elevavam-se na sua frente no caminho para a final. E Bronko, já com 35 anos e pai de seis, estava pronto. E de que maneira. Arqueou os braços, agarrou na bola e foi correndo, correndo, correndo. Nem aqueles que tinham menos vinte anos do que ele resistiram à sua passada larga. Aqueles que conseguiam agarrá-lo eram arrastados às suas costas que nem pulgas num cão enraivecido. O ‘touchdown’ que marcou e garantiu a vitória dos bears por 35-24 jamais foi esquecido por aqueles que estiveram no estádio de Wrigley Field. Por todo o lado se falava dele. E de Bronko Nagurski regressado em forma de um Messias. Mas ainda havia uma final para jogar e só os vencedores merecem lugar eterno na História. Wrigley Field, o mais pequeno de todos os estádios da NFL (National Football League), recebeu quase 35 mil pessoas. Bronko liderou os seus companheiros até à vitória por 35-24. Um brado ensurdecedor sublinhou o seu ‘touchdown’ após uma corrida de três jardas. Em seguida, Nagurski regressou à sua quinta. Foi plantar batatas."
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