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sábado, 30 de novembro de 2024

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Projeto NBA Europa


"A hipótese da liga norte-americana vir a organizar uma competição na Europa começa a dar passos cada vez mais certos e irá fazer concorrência à EuroLiga, onde existe descontentamento de vários clubes. O objetivo é fazer crescer o negócio do basquetebol no Velho Continente e acabar com clubes que dão prejuízo, a grande maioria se não tiverem apoios do futebol, das cidades ou do Estado. Donos de equipas da NBA a quererem entrar no plano europeu, alguns já têm investimentos em clubes de futebol.

NBA tem intenção de criar um campeonato no velho continente. O tema não é novo, escrevi aqui sobre ele no verão, e os próprios responsáveis da Liga não o escondem e comentam-no regularmente, com maior ou menor profundidade.
A diferença é que, entretanto, tal poderá estar mais perto de ser realidade e a Liga já não andará muito ralada com o que divide Euroliga e FIBA, pois a má relação entre os dois organismos mantém-se praticamente desde que a primeira passou a existir em 2000/01 e levou os principais clubes da Liga dos Campeões.
A NBA acredita que o modelo competitivo na Europa pode ser alterado para que isso traga ainda mais emoção, público, oportunidades e lucros. Sem ter clubes a perder dinheiro todas as épocas como acontece, impensável para os donos das equipas norte-americanas. Afinal, vários estão interessados em investir na Europa, como já fazem em clubes de futebol de que são donos ou coproprietários.
Mas têm noção de que a paixão clubística europeia, mesmo no basquetebol, é diferente e que isso também será importante para o sucesso do negócio, que deverá entrar em concorrência direta com a EuroLiga.
Dificilmente a FIBA, com quem têm tido regulares conversações, será totalmente afastada. Ela é parceira na BAL (Basketball Africa League), criada pela NBA em 2019 e lançada em 2021, envolvendo as principais formações africanas.
Mas essa aproximação também poderia ajudar noutro aspeto: evitar que as federações nacionais ou ligas profissionais ameaçassem os clubes dos seus países em proibi-los de competir internamente, como aconteceu no futebol com a Superliga Europeia, e que os jogadores destes não fossem às seleções. Algo que para um basquetebolista europeu, habituado a representar o país desde jovem, tem um peso maior do que para um norte-americano.
Numa recente conferência em que tive oportunidade de participar, Mark Tatum, deputy commissioner da NBA, vice-presidente mas responsável pelas operações comerciais e relações internacionais, quando questionado acerca deste assunto referiu que, podendo o basquetebol ser a segunda modalidade na Europa, e acreditando haver grande margem de crescimento, é mau quando se olha para as hipóteses comerciais existentes e se vê que são menos de um por cento do mercado comercial. Presidente do Comité Olímpico considerou que o nadador Diogo Ribeiro, que considera ser de excelência e eleição, «tem alguns pequenos pormenores que devem ser afinados» e há um acompanhamento a ser feito. Mas até sabe que quando foi, duas vezes, campeão do mundo apenas o foi porque havia outros que estavam mais focados nos Jogos, para os quais ia para tentar chegar à final. Pelos vistos foi o único a falhar em Paris 2024. O que lhe vale é que há quem o continue a fazer.
«Por isso pensamos haver uma oportunidade de existir um melhor modelo para o basquetebol europeu, mas não existe nenhum prazo», salientou.
Assim, este poderá ser o momento ideal para avançar. Afinal vários clubes da EuroLiga terão, brevemente, de renovar contratos com aquela competição. A expectativa é saber quantos colossos do basquete europeu estarão dispostos a mudar-se para o novo projeto, quantos novos clubes surgirão de investidores, e quais serão as reações nacionais.
Mas que tudo pode acontecer em breve parece inevitável, sobretudo após a NBA ter arrumado a multimilionária venda dos direitos de transmissão e saber que terá paz e receitas nos próximos anos."

SportTV: NBA - S03E08 - A NBA é melhor com mais lançamentos de 3 pts? c/ Naany

O mito do Velho Homem reacendeu-se como uma lâmpada


"Bronko Nagurski ultrapassou as barreiras da banalidade humana com a força de uma lenda.

É provável que nenhum de vós tenha ouvido alguma vez falar de Bronko Nagurski. Bronko era o diminutivo de Bronislau e não batia certo com a personagem. De maneira nenhuma um bronco. Bem, adiante. Também é conhecido por ter sido jogador de futebol americano e praticante de luta livre mas isso é redutor para ele. Na verdade foi um fenómeno. Um daqueles fenómenos como o Cometa Halley ou a Nossa Senhora decidir empoleirar-se num espinheiro para espanto de pequenos pastores lorpas. Tinha a volumetria de, digamos, um pequeno iaque. Perto do metro e noventa; mais de cem quilos. Quando pegava naquele melão a que mal se pode chamar de bola (afinal os dicionários não exprimem que o termo bola corresponda a um objeto esférico) e desatava a correr de encontro aos adversários, o melhor era sair da frente como se viesse ali um comboio descontrolado. Os conhecedores deste desporto catalogariam-no como «fullback». Foi profissional pelos Chicago Bears a partir de 1930. E da luta três anos mais tarde. Foi campeão do mundo de pesos-pesados em 1937, batendo num desgraçado chamado Dean Henry Detton, também ele profissional duplo de futebol americano e luta livre e que acabou por se enforcar aos 49 anos, no seu bar, The Turf Club, em Hayword, na Califórnia.
1937: era aqui que eu queria chegar. Já um bocado escalavrado, com os ombros a precisarem de descanso e os músculos ainda mais, Bronko acabou com a dicotomia e abandonou as jardas dos relvados. Tinha vinte e nove anos, assim por extenso, e ganhou tudo o que era possível ganhar. Os companheiros mais novos já o tratavam carinhosamente por ‘The Old Man’. A imprensa foi buscar as sua raízes polacas para lhe encaixar o epíteto de Polish Canon Bolt. Lá está: tudo demasiado pequeno para a dimensão da sua personalidade. Resumo-me a um episódio que o elevou ao estatuto de lenda. OHomem para lá do Homem. Falei no ano de 1937 e insisto. Nagurski estava farto de futebol. Com a camisola do Chicago Bears, que usava desde 1930, acabara de destroçar o grande rival dos Bears dessa altura, os Portsmouth Spartans. Estava tanto frio em Chicago que o jogo teve de ser disputado num recinto fechado. The Old Man marimbou-se para isso. Correu como um louco, derrubou ‘linebackers’ como se fossem barricas vazios, e terminou a faena com um ‘touchdown’ muito contestado pelos adversários mas que o árbitro considerou válido. Em seguida, no balneário, enchendo o peito que era largo e parecia a quilha de um petroleiro, desabafou: «It’s done!». E abandonou o desporto profissional, embora ainda tenha realizado alguns combates de luta durante mais dois anos. Um choque duro para os adeptos dos Bears que tinham Bronko Nagurski como o grande líder da sua equipa, o monstro que usava um capacete tamanho oito e era de assustar ornitorrincos.
Vamos até 1943. Os Chicago Bears estavam com a corda pelo pescoço: a grande maioria dos seus jogadores tinha sido alistada para combater na Europa e no Pacífico em nome dos Aliados na II Grande Guerra. Suplicaram a Nagurski que voltasse da sua reforma. E o mito reacendeu-se como uma lâmpada. Os Chicago Cardinals elevavam-se na sua frente no caminho para a final. E Bronko, já com 35 anos e pai de seis, estava pronto. E de que maneira. Arqueou os braços, agarrou na bola e foi correndo, correndo, correndo. Nem aqueles que tinham menos vinte anos do que ele resistiram à sua passada larga. Aqueles que conseguiam agarrá-lo eram arrastados às suas costas que nem pulgas num cão enraivecido. O ‘touchdown’ que marcou e garantiu a vitória dos bears por 35-24 jamais foi esquecido por aqueles que estiveram no estádio de Wrigley Field. Por todo o lado se falava dele. E de Bronko Nagurski regressado em forma de um Messias. Mas ainda havia uma final para jogar e só os vencedores merecem lugar eterno na História. Wrigley Field, o mais pequeno de todos os estádios da NFL (National Football League), recebeu quase 35 mil pessoas. Bronko liderou os seus companheiros até à vitória por 35-24. Um brado ensurdecedor sublinhou o seu ‘touchdown’ após uma corrida de três jardas. Em seguida, Nagurski regressou à sua quinta. Foi plantar batatas."