Últimas indefectivações

sábado, 14 de novembro de 2020

Vitória em Valongo...

Valongo 2 - 8 Benfica

Mesmo com uma equipa do Valongo mais fraca em relação às últimas épocas, um jogo do Benfica em Valongo é sempre uma batalha: protestos, dureza excessiva, mergulhos para a piscina constantes... etc... etc... e no final, quem leva os cartões ou as 'faltas', são quase sempre os jogadores e treinadores do Benfica!!! Hoje, enquanto o marcador estava equilibrado foi mais um espectáculo do apito, depois...!!!
Finalmente uma vitória fora de casa... após uma derrota e um empate!

Esperado...

Benfica 0 - 3 Sporting


Sinceramente já estava à espera de algo parecido: com a equipa a jogar mal praticamente todos os jogos esta época; com algumas lesionadas; com o desinvestimento que houve no orçamento; com várias jogadoras a jogarem adaptadas a posições que não são as suas de origem; com o cansaço das últimas semanas, com jogos a meio da semana; com níveis de concretização habitualmente baixíssimos; e contra um adversário que sabe jogar no 'erro'... o resultado até acaba por ser normal!!! Infelizmente...

Posição ‘6’ | Quem é o dono do lugar no SL Benfica?


"O meio campo do SL Benfica tem sido o setor alvo de mais alterações e onde se sentiu (e continua a sentir) mais incerteza. A posição de número 6 será com certeza a que mais discussão gera entre os adeptos do clube da Luz.
Weigl começou a época a titular, mas perdeu o lugar, após o desaire em Salónica. Gabriel conquistou o lugar, mas não tem convencido. Até o próprio Samaris já teve alguns minutos de utilização, incluindo uma titularidade (absurda) frente ao SC Braga. Afinal, quem deveria ser o dono do lugar?
Este debate transporta-nos para uma discussão que vai muito além dos jogadores e das suas qualidades, focando-se mais naquilo que cada pessoa acredita ser o futebol e o que é exigido nesta posição.
Para uns, um trinco tem de ser um jogador à antiga: fisicamente possante, bom posicionalmente e muito intenso no ataque à bola. Para mim, esta ideia não podia estar mais errada. Um jogador nunca se poderá resumir àquilo que corre. É mais importante saber para onde correr e como do que nunca parar de pressionar.
Muitas vezes, as pessoas esquecem-se de que a bola corre sempre mais rápido do que qualquer jogador. 
Esta falsa ideia que foi construída à volta da ideia de “intensidade”, que fica ligada a uma visão mais conservadora do futebol, prejudicou e continuará a prejudicar muitos em Portugal e por todo o mundo. Óliver Torres, no FC Porto, é um excelente exemplo disto.
As pessoas que se encontram deste lado da barricada são críticos habituais do jogo de Weigl, reclamando quase sempre da falta de intensidade e capacidade física do alemão. Mas, afinal, o que é isto da intensidade? Samaris e Gabriel são jogadores intensos?
Gabriel é um jogador com índices de esforço baixíssimos, apesar da sua forte estrutura física. É inegável que ganha muito mais bolas no ar do que o alemão e é significativamente mais forte nos duelos no solo.
No entanto, qual é a importância desta potência física se o posicionamento nos afasta sempre da bola? É muito por aqui que Gabriel peca, sendo, sobretudo, isto que o impede de jogar nesta posição.
A médio mais adiantado, Gabriel poderia brilhar, mas teria de superar as dificuldades que tem para pensar o jogo. Tem muita qualidade nos passes típicos de quarterback, mas recorre demasiadas vezes a esta solução, quando tem opções mais simples e progressivas.
Andreas Samaris, sim, já caberia na definição tradicional de “jogador intenso”. O grego corre o jogo todo, pressionando sempre o adversário. Mas realiza esta pressão da forma certa? Não. A pressão tem de ser algo coordenada coletivamente. Nunca é positivo ter um jogador a pressionar o adversário sozinho, ou de forma precipitada.
Esta necessidade de estar constantemente em deslocamento para junto da bola demonstra uma má leitura do jogo e má capacidade de posicionamento. Nestas duas áreas, Julian Weigl prospera e é claramente superior aos dois colegas. Tecnicamente, é também melhor. Os seus passes chegam sempre em grandes condições aos seus colegas e raramente perde a bola, ou falha descaradamente uma ação. 
Então, Weigl deveria ser o titular desta equipa? Sim e não. Para mim, é claramente o jogador de futebol superior (atenção à palavra jogador e não atleta), mas o seu jogo dificilmente encaixa naquilo que é o futebol de Jorge Jesus.
O treinador dos encarnados contou, quase sempre, com médios de maior rotação e com uma capacidade de transporte de bola que Weigl não consegue dar à equipa. Estas debilidades ficam ainda mais evidentes perante a falta de apoio de Taarabt ou Gabriel. O marroquino é taticamente anárquico e Gabriel, como já referi, tem índices de esforço muito baixos.
Weigl é um jogador de uma qualidade superlativa, mas que está a ser muito mal aproveitado por Jorge Jesus. Questionar a qualidade do alemão para jogar no SL Benfica é das coisas mais absurdas a que se assiste no mundo desportivo das redes sociais.
Recordar que Busquets foi, facilmente, o melhor médio defensivo da década sem necessitar dessa ideia abstrata da “forte intensidade”.
Uma carta fora do baralho para esta posição poderá ser Gedson. As características do jovem português encaixam muito melhor naquilo que são as ideias de Jorge Jesus. Terá o jovem qualidade para ocupar a posição?"

Benfica: feminino...

Cultivem a inquietação


"Que pena tenho eu de não ser um escritor de fino recorte literário, para poder relatar e arquivar o que vivi, no Arsenal do Alfeite, ou seja, no meio operário, na Direção-Geral dos Desportos, na universidade, no Brasil e noutros lados por onde adiantei o pé. Também me enfronhei em becos e tabernas, onde aprendi uma saborosa linguagem popular, enjeitada por certo pelos filólogos, mas que eu conservo, na forma de saborosas anedotas de má figura. Ainda não conhecia os manes Vieira, Camões, Castilho, Camilo, Quental, Pessoa, que me ensinaram a calcetar o discurso com palavras menos vulgares e que, para entendê-las, precisei do socorro do dicionário. Alturas houve em que descambei mesmo em aventurosas jornadas de que hoje não me arrependo mais porque nunca deixou de rodear-me uma rede inconsútil de ternura e de carinho dos meus saudosos pais e da minha querida mulher. Quando perguntaram a Sir John C. Eccles, um dos mais renomados neurologistas da história da medicina, como definia ele a “pessoa”, o médico recorreu à formulação kantiana: “uma pessoa é um sujeito responsável pelos seus atos”. Ora, porque me sinto um sujeito responsável pelos meus atos, lastimo os meus defeitos, as minhas imperfeições e deles francamente me arrependo. No entanto, ao longo da minha história, sempre dei provas, a quem me conhece, de insubmissão e de inquietude. Nunca deixei de varrer do meu espírito os miasmas de algumas ideias que me eram apresentadas quase como dogmas. No ensino, nunca aceitei, por isso, a autoridade como argumento. Sempre dei lugar primeiro ao questionamento crítico e criativo, um questionamento que procurasse traduzir-se em prática, em emancipação, em inovação histórica e política. Superar as velhas posturas passivas de ensino e de aprendizagem foi trabalho difícil, gerador de incompreensões, de inimizades e de invejas, mas não há outro caminho, em prol da formação de um sujeito histórico, capaz de construir e reconstruir conhecimento e capaz de transformá-lo em política. A vida assim mo ensinou.
Cultivar a inquietação parece atitude imprópria de um velho, como eu, a resvalar para jarrão. Mas, nos meus estudos (que diariamente frequento) nada faço à revelia de um irrestrito questionamento (e autoquestionamento), direi mesmo: de uma constante interdisciplinaridade. Mais de 40 anos andados nesta lida, e posso dizer, sem mentir, que fiz interdisciplinaridade com alguns dos melhores treinadores do futebol português e mesmo com o Mário Moniz Pereira, reconhecido, no seu tempo, como um dos melhores treinadores mundiais de atletismo. Também não escondo a minha simpatia pelo râguebi. Se bem penso, deveria ser modalidade obrigatória em ambiente escolar. Nunca esquecerei os treinos de iniciação ao râguebi do engenheiro Vasco Pinto de Magalhães, no Estádio Universitário. Extasiavam-me aquela galhardia, aquele amor ao desporto de quem sabia pôr a fraternidade humana acima das contingências da competição desportiva. Mas passo a palavra a Hilton Japiassu, no seu livro Interdisciplinaridade e patologia do saber (Imago Editora Ltda, Rio de Janeiro): “De modo mais preciso, podemos dizer que a interdisciplinaridade se nos apresenta, hoje, sob a forma de um tríplice protesto: contra um saber fragmentado, em migalhas, pulverizado numa multiplicidade crescente de especialidades, em que cada uma se fecha como que para fugir ao verdadeiro conhecimento; contra o divórcio crescente, ou esquizofrenia intelectual, entre uma universidade cada vez mais compartimentada, dividida, subdividida, setorizada e subsetorizada, e a sociedade em sua realidade dinâmica e concreta, onde a verdadeira vida sempre é percebida como um todo complexo e indissociável (…); contra o conformismo das situações adquiridas e das ideias recebidas ou impostas” (p. 43). Chegou o momento, diz o mesmo autor, de a ciência em geral procurar em comum as significações humanas, o sentido último do conhecimento. O sentido último do conhecimento é o desenvolvimento humano. Como afinal o sentido último do desporto, como área do conhecimento que é.
O humanismo laico proclamou uma moral autónoma, fundada na liberdade e na responsabilidade. A moral tornou-se então uma disciplina independente da filosofia ou da teologia. Para o “divino” Platão, a verdade e o bem confundiam-se. Quem conhecesse o verdadeiro faria inevitavelmente o bem. A moral jazia submetida ao conhecimento. Numa encruzilhada de inclinações, diante de um feixe de saberes, já que cada um dos filósofos tinha os seus conceitos e primava pela diacronia das fontes, só a revelação divina nos transmitia alguma segurança. Dostoievski viu bem o problema: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. No entanto, não há que negá-lo, a moral de Kant permitiu à humanidade dois séculos de moral laica. Em Kant, o imperativo categórico fundamental determina agir de tal forma que a máxima da nossa ação possa apresentar-se como regra universal. E, na investigação científica, não há progresso, sem interdisciplinaridade. Demais, nas ciências hermenêutico-humanas, hoje, sem conhecimento integrado do humano, não há desenvolvimento possível. Que o mesmo é dizer: sem interdisciplinaridade, não há desenvolvimento possível. Depor objetivamente sobre um tema qualquer da vasta problemática desportiva exige uma conceção de ser humano. Comecemos pela conceção clássica de homem, greco-latina portanto. Nesta, a essência do homem é antropológica. O pensamento medieval foi, acima do mais, teocêntrico. O pensamento moderno não nos deixa indemnes aos postulados antropológicos mas é principalmente, na sua embrenhada polimatia, antropocêntrico. O pensamento hodierno é sistémico e complexo. Por isso, em Martin Buber, o “eu”, mais do que uma substância, é uma relação. E uma relação que se converte em encontro dialógico que envolve a matéria, a vida e o espírito, presentes no ser humano e em toda a natureza. A motricidade humana tem assim (não o digo “ex cathedra”) de fazer interdisciplinaridade no Eu-Tu e no Eu-Isso, quero eu dizer: Eu-Tu, no diálogo entre pessoas; Eu-Isso, no encontro com a natureza, pois que o ser humano é um ser-no-mundo.
Volto a Hilton Japiassu: “os verdadeiros cientistas não se instalam mais em suas especialidades, mas ensinam que o progresso das ciências abre-se cada vez mais a exigências sempre novas (…). Dando um passo à frente, talvez não fosse por demais ousado pretender que a orientação das ciências humanas, no sentido das convergências interdisciplinares, se apresente como um dos únicos caminhos, permitindo-lhes que se tornem verdadeiramente ciências humansas. Porque, para além da fragmentação necessária em que se constituíram as diferentes especialidades, e através das aproximações e das convergências, não devemos renunciar ao esforço de reencontrar a unidade do domínio humano” (op.cit., p. 66). Toda a visão monodisciplinar, sendo embora necessária, é incompleta. E, nas ciências hermenêutico-humanas, ou sociais e humanas, sem o conhecimento do ”homem integral” que faz desporto, o treino é declaradamente errado, pese embora o repúdio das minhas ideias de meia-dúzia de auto-suficientes presunçosos. O que falta a muitos treinadores, seja qual for a modalidade em que trabalham, não é o conhecimento da técnica e da tática da sua especialidade, mas o conhecimento dos seus jogadores, como “ser, consciência e valor”. O atleta de alta competição surge, muitas vezes, como o resultado da falta de sincronia entre a velocidade de mudança, no âmbito da tecnociência, e o desconhecimento de uma noção de pessoa que represente a passagem do monocultural para o multi e o intercultural. O desporto tem que ser lido e vivido como desporto, mas em cuja leitura e vivência não pode prescindir-se da raiz primordial: a pessoa humana, no movimento intencional e solidário da transcendência. E portanto, como sujeito e como praxis e como liberdade. Enfim, cultivemos a inquietação; no desporto, há mais do que desporto – tudo isto, para entendermos o desporto!"

Fever Pitch - João & Patrick... França!

Vitória em São João da Madeira...

Sanjoanense 21 - 32 Benfica
(10-14)

Noite tranquila, com mais uma vitória esperada...

Nota para o reforço brasileiro que chegou nas últimas semanas: Luciano Silva, um lateral-esquerdo, jovem, que vem essencialmente reforçar a nossa defesa, dando centímetros e peso na rotação!

Inesperado


"A estupefacção e a desilusão sentidas por todos os benfiquistas com o desempenho da nossa equipa de futebol nos últimos três jogos são normais, ainda mais no contexto que o Benfica atravessa, caracterizado por cinco títulos nacionais em sete temporadas, pese embora o insucesso da época passada, regresso de um treinador competente e ganhador no clube e avultado investimento no apetrechamento do plantel.
É natural que as expectativas sejam elevadas, pois são-no sempre a partir do momento em que o símbolo do Sport Lisboa e Benfica é carregado ao peito por jogadores num campo de qualquer modalidade. E, no caso do futebol na presente temporada, as sete vitórias consecutivas e o bom nível exibicional na maior parte delas exacerbaram esta característica do benfiquismo.
O que parecia tornar-se num passeio afigura-se agora a subida ao alto do Stelvio na Volta a Itália. E não sabendo nós, em rigor, por falta de experiência nas últimas décadas, não obstante os muitos títulos conquistados recentemente, o que será exactamente um passeio.
Multiplicam-se agora as análises sobre lacunas no plantel ou opções do treinador, sem nunca se questionar como terá sido possível a série de triunfos anterior. Os pessimistas militantes antevêem desgraças de dimensões bíblicas; os optimistas incuráveis nem pestanejam. Prefiro esperar para ver, acreditando que poderemos ser mais agressivos no ataque e que parte dos problemas defensivos se tornaram visíveis devido a acasos infelizes (golos contra a corrente do jogo, expulsão prematura...), em evidente desacordo com a turma do 'eu-bem-avisei', que o tempo, creio e sobretudo defeso, se encarregará de desmentir, para felicidade de todos."

João Tomaz, in O Benfica