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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Derrota em França

Nanterre 80 - 68 Benfica
27-15, 17-19, 18-21, 18-13

Não acompanhei o jogo desta noite. Só posso analisar o jogo pelas estatísticas. O resultado não envergonha, mas parece que o próprio Nanterre após a vantagem inicial também geriu o esforço. Recordo que defrontámos supostamente a equipa mais forte do nosso grupo...
Pela positiva tenho que realçar a subida de forma do Slay, depois de algumas indicações muito negativas, parece que está a ganhar espaço na equipa...
Pela negativa, as percentagens de lançamentos. Todos, começando pelos Lances Livres!!!

Já afirmei anteriormente, que esta participação Europeia é um risco, devido à veterania do nosso plantel. Talvez por isso o Lisboa usou uma estratégia 'estranha' onde o Fonseca e o Carreira, não foram usados, poupando-os para os compromissos internos?! Hoje, até o João Soares, teve poucos minutos... É uma estratégia aceitável, mas não ficará bem ao Benfica uma participação Europeia sem vitórias, ainda por cima após as boas indicações que demos, nesta competição, na última vez que participámos... Hoje chegámos a reduzir para 4 pontos no 3.º período, mas depois aparentemente não aguentámos a pedalada nos últimos minutos, com outra rotação, a história podia ter sido outra...

Nico & Talisca

Duas boas notícias: a renovação do Nico era esperada, seria 'perigoso' ir para o último ano de contrato sem a renovação. Tentaram criar um caso com a nova clausula de rescisão €35 milhões (menos €10 milhões), mas não estou minimamente preocupado, já que dificilmente alguém irá dar esse dinheiro pelo Nico... Suspeito que o Gaitán vai fazer toda a sua carreira Europeia no Benfica, é uma suspeita pessoal, não tenho acesso a informações confidenciais, nem sou adivinho!!! Mas num momento onde muitos se questionam das razões da liderança do Benfica na Liga, mesmo jogando feio, é curioso que Lagartos, Corruptos e analistas supostamente independentes, ninguém, elogie a estabilidade directiva, da equipa técnica, e até no 11 inicial que o Benfica tem conseguido nas últimas épocas, mesmo com algumas vendas milionárias... Jogadores como o Luisão, Maxi, Amorim, Jardel, Gaitán, Salvio... entre outros que caminham a mesma estrada, fazem do balneário do Benfica, um balneário com referências claras... E esse caminho só pode ser trilhado, com renovações de contratos...
Em relação ao Baiano Talisca, foi com surpresa que recebi a noticia da sua convocatória para a Selecção principal Brasileira. O Jesus, pedagogicamente, afirmou recentemente, que o Talisca ainda tinha que melhorar muito, para chegar à selecção A, mas acabou por durar pouco tempo... nos tempos que correm a pressão mediática, acaba por afectar todos os seleccionadores!!! Felizmente em todas as suas declarações públicas o Talisca parece ser um rapaz com 'cabeça', humilde, e trabalhador (ainda antes de assinar pelo Benfica, eram essas as informações off-the-record directamente da Baía!!!), portanto estou confiante que esta convocatória não lhe vai subir à cabeça... Do lado do Benfica, ficamos com um jogador valorizado... portanto Parabéns aos dois.

"Bienvenidos Rey Eusébio y su corte"

"A América foi sempre um dos destinos mágicos do Benfica nas suas viagens em redor do planeta. Colômbia, Paraguai, Brasil, Argentina, Estados Unidos... Não houve céu por onde a águia não voasse.

Vamos lá a mais uma viagem no tempo. E na história do Benfica e das suas viagens pelo planeta. Lá está: «Se Mais Mundo Houvera...» Camões tinha razão.
Estava previsto que o Benfica visitasse a Argentina em Agosto de 1967, para participar no Torneio Internacional de Buenos Aires, mas a viagem ficou adiada um ano. O que não impediu os encarnados de seguirem outra vez para a América do Sul, demandando à Colômbia, segundo o seu dirigente, engenheiro Cavaleiro Madeira, com grandes benefícios financeiros para o clube. O voo é longo, faz escala em Caracas e Maracaíbo. No dia 12 de Agosto, o Benfica aterra em Barranquilla, no norte da Colômbia, junto ao Mar das Caraíbas, um dos portos mais importantes do continente americano, mais uma cidade nova a juntar a tantas que já conhece. «Bienvenidos Rey Eusébio y su corte», pode ler-se num pano desfraldado frente ao Hotel Majestic, onde a equipa se instala.
Mas o tempo não é muito. O Benfica defronta o Deportivo Junior, vence por 2-1, e segue de imediato para o aeroporto. Viaja em direcção a Bogotá onde faz a primeira escala, e depois um «stop over» em Lima, no Peru, antes de partir para Assunção, no Paraguai. Nossa Senhora Santa Maria de Assunção, na margem esquerda do Rio Paraguai. O Benfica desembarca, joga, derrota o Guarani (4-0) frente a mais de 30.000 espectadores, o segundo mais antigo clube do Paraguai, depois do Olmipia, com as suas camisolas de riscas pretas e amarelas inspiradas nessoutro velho conhecido do Benfica, o Peñarol de Montevideo, e retorna à Colômbia, repetindo escalas, para se dirigir, desta vez, a Guayaquil, no Equador, para jogar com o Barcelona Sporting Club, ou Barcelona de Guayaquil, fundado em 1925 por emigrantes catalães, como está bem de ver. 20.000 pessoas enchem o Monumental Pichincha para ver Eusébio. E vêem. Com o resultado em 2-2, Eusébio faz um golo extraordinário de mais de 40 metros que leva os equatorianos ao delírio. Será a sua recordação.

Sempre, sempre em viagem...
De Guayaquil a São Francisco, paragem seguinte, a comitiva benfiquista leva 21 horas ininterruptas. Os jogadores estão cansados, mas não desiludem os muitos portugueses da região, empatando (1-1) com o Boca Juniors. Em Los Angeles repete-se o resultado (1-1) e é tempo de regressar a casa, mesmo em cima da data de jogar a final da Taça de Honra com o Sporting. E partir, pouco depois, para Belfast, e defrontar o Glentoran para a primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus.
O Benfica voa. Poder-se-ia dizer que voa como o Tempo. Não é por acaso que o seu símbolo é uma águia e que a ela cabia percorrer os céus do Mundo.
Nessa época de 1967-68, o Benfica atingirá a sua quinta final da Taça dos Campeões. Perderá em Wembley, para o Manchester United após prolongamento (1-4). Mas entre as eliminatórias com o Saint-Etiènne e com o Vasas de Budapeste, arranja tempo para dar uma saltada a São Paulo e para um particular com o São Paulo (2-3). A América do Sul estava na massa do sangue dos encarnados. No dia 7 de Agosto de 1968 está em Belém do Pará, na Amazónia, provando que não há destino que fique longe demais e visitando assim uma das cidades brasileiras com maior património cultural português do tempo da colónia. Faz um jogo com o Remo, empatando 1-1, e segue finalmente para Buenos Aires, correspondendo ao convite feito no ano anterior. É um torneio de grande fôlego. Um pentagonal que conta com as duas melhores equipas argentinas, River Plate e Boca Juniors, com o Santos de Pelé e com o Nacional de Montevideu. Mas o Benfica não está no seu melhor, Eusébio acaba de ser, mais uma vez, operado ao menisco e encontra-se, positivamente, preso por arames. Durante o torneio vão rebentar discussões, com os organizadores que não querem cumprir com os pagamentos combinados por causa da inferioridade visível de Eusébio que joga com um pano amarrado ao joelho e sacrifica-se até ao suportável da dor para não desiludir os que nele acreditam.
O torneio é um verdadeiro campeonato intercontinental com um pormenor - todos são do mesmo continente menos um, o Benfica. Vai disputar-se entre 11 e 25 de Agosto, com todos jogando contra todos. O Benfica entra em campo dia 11, frente ao Boca Juniors. Otto Glória é novamente treinador, Eusébio não aguenta o jogo inteiro e é substituído por Calado. Para o futuro, ficará a famosa fotografia de Eusébio, de joelho enfaixado, abraçado a Rattin, o grande defesa da selecção argentina. Ao golo de Suñe, de «penalty», aos 74 minutos, responde Jacinto, também de «penalty» quatro minutos depois. Entretanto, o Santos batia o River Plate por 2-1 e o Boca Juniors goleava o Nacional por 5-1.
Depois veio o sempre tão ansiado Santos-Benfica. Mas o Santos tem Pelé e o Benfica só tem algum Eusébio. Mais um vez será substituído por Calado. Os brasileiros fazem 3-0, com três golos de Toninho; Toni reduz, mas logo no início do segundo do tempo Toninho 4-1. O 4-2 é de Calado, a três minutos do fim. O Benfica está desde logo arredado da hipóteses de conquistar o troféu. Mas os seus jogos continuam a ser entusiasmantes, mesmo que Eusébio não possa ser o Eusébio do costume. O Santos empata em seguida com o Nacional (2-2), e o Benfica empata igualmente com o River Plate (3-3), com Eusébio a marcar um golo, de «penalty», e Torres a marcar dois. Os dois clubes argentinos empatam (0-0) e o Benfica soma nova derrota, frente ao Nacional (1-2), golo de Jacinto. Simões e Eusébio não jogam e perdem a possibilidade de reencontrar o guarda-redes brasileiro Manga, que tinham batido no Mundial de 1966, agora a jogar pelos uruguaios. Nacional, 1 - River Plate, 0; e Boca Juniors, 1 - Santos, 1, são os últimos resultados. O Santos leva o troféu. Para o infeliz Eusébio o consolo medíocre de também Pelé não ter marcado mais do que um golo durante o torneio.
Eusébio pode estar lesionado, mas é preciso seguir viagem, seguir sempre viagem. A equipa voa para Caracas, para um amigável com o Botafogo (0-2), para a Colômbia e para Bogotá, para jogar com o Independiente de Santa Fé (0-0), e finalmente para Nova Iorque, no Yankee Stadium, perante mais de 40.000 pessoas, novo Benfica-Santos, desta vez com um espectacular empate (3-3)."

Afonso de Melo, in O Benfica