Últimas indefectivações

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Já não existe margem de erro

"O Benfica fez na Madeira uma das melhores exibições desta época. Foram quatro e podiam ter sido oito os golos marcados. Jonas é um jogador excepcional. Têm sido ditas coisas sobre o avançado que marcou 50 golos em ano e meio no Benfica que só são possíveis por quem não receia o ridículo. 
Jogando bem é mais fácil ganhar e por isso se espera a mesma linha exibicional amanhã na Amoreira. Já não existe margem de erro, ao contrário do projectado por Lopetegui 80 pontos não chegam para ser campeão, penso mesmo que haverá três equipas com mais do que isso no fim da prova. Abaixo dos 85 vejo difícil o título numa prova com equipas tão desequilibradas.
Custou não ter jogo na quarta-feira. A Taça de Portugal e a Taça da Liga são sempre conquistas importantes. Esta razão faz do derby com o Oriental, na próxima terça-feira, ao mesmo tempo um jogo para visitar a história, e olhar o futuro. Quero ganhar a Taça da Liga. O Benfica quer títulos.
Na Bola de Ouro de segunda-feira foi eleito Luis Enrique como o melhor treinador do Mundo. O técnico ao serviço do Barcelona estava dado como despedido no início de Janeiro de 2015. Que sirva de exemplo para todos aqueles, muitos, que ao primeiro desaire pedem a cabeça do treinador. Os treinadores escolhem-se em Maio/Junho e depois tem que haver estabilidade e confiança.
Paulo Gonçalves mostrou no Dakar o que verdadeiramente é fair play e desportivismo ao parar 11 minutos para socorrer um colega deixando para trás os objectivos desportivos de uma competição. Talvez tenha apenas feito o óbvio e natural, mas já é tão rara a decência que fica a marca do civismo. É bom quando não há uma inversão de valores e é bom para o Benfica estar associado a quem se pode constituir como um exemplo.
Depois do abandono após acidente aparatoso resta dar os parabéns ao campeão pelo testemunho."

Sílvio Cervan, in A Bola

Adidas Best of 2015!

Sporting, Novo Banco BES e a Vida. Justiça - onde?

"Por deliberação do Banco de Portugal tomada em 3 de Agosto de 2014, foi criada uma nova instituição bancária, que ficou designada por Novo Banco SA.
Vários activos e passivos que faziam parte do Banco Espírito Santo foram transferidos para o Novo Banco SA e outros ficaram no Banco Espírito Santo. Em linguagem corrente, o "lixo", ficou no BES e o "caviar", saltou para o Novo Banco. Mas esse "caviar", não poderia ser transferido sem transportar com ele passivos anteriores do BES.
Ficaram também no BES, o valor de disponibilidades no montante de 10 milhões de euros, para permitir à (nova) Administração do Banco Espírito Santo, SA, proceder às diligências necessárias à recuperação do valor dos seus activos, ou seja, uma verba para custos de gestão.
Em 2011, o Banco Comercial Português e o BES, subscreveram 54.833.905 VMOC (Valores Mobiliários Obrigações Convertíveis) em acções, ou seja, 27.416.953 pelo Banco Espírito Santo, SA e 27.416.952 VMOC pelo BCP, as quais se venciam em Janeiro de 2016.
No Balanço da Sporting SAD e em função de um reajustamento contabilístico, figuram 47.925.000, ou seja, quarenta e sete milhões, novecentas e vinte e cinco mil VMOC's.
Mas a Sporting SAD, precisava de reestruturar mais dívida e já sob a égide do Novo Banco SA, tendo emitido então 80 milhões de VMOC's, consistindo na conversão de créditos detidos sobre a Sporting SAD, pelo Novo Banco SA, no montante de Euro 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de euros) e pelo Banco Comercial Português, SA, no montante de Euro 56.000.000,00 (cinquenta e seis milhões de euros), as quais (VMOC's) foram convencionadas com vencimento em 2026.
Temos então duas operações de emissão de Valores Mobiliários Convertíveis, no montante de 135 milhões de euros, contabilisticamente cerca de 127 milhões.
Estes valores mobiliários convertíveis caso não fossem pagos pela Sporting SAD, seriam (são), transformados em acções da SAD do Sporting.
O que a Sporting SAD na prática conseguiu fazer foi (...), chutar para 2026, uma grande dívida que nos custa uma pipa de massa a todos nós, com uma taxa de juro de 4% ao ano, juros que só serão pagos, se a Sporting SAD distribuir dividendos. Mas se formos verificar bem a situação, temos os tais 80 milhões que também já se venciam em 2026.
Numa manobra habilidosa, a Sporting SAD chuta dívidas contabilísticas no montante de 127.925.000€ (cento e vinte e sete milhões, novecentos e vinte e cinco mil euros), (financeiras de 135 milhões), para o longínquo ano de 2026, em que provavelmente já nem estarei cá. Tudo isto utilizando pelo menos uma instituição bancária que teve a história que teve!
Não sabemos como ficará o capital social em 2026, caso nesse ano, não se lembrem de voltar a chutar para 2100 a dívida.
Repare-se que os juros vencidos nessa altura ascenderão a 51.170.000,00€ (cinquenta e um milhões, cento e setenta mil euros).
E a malta do papel comercial continuará no Banco dos suplentes. (...)
Caso a coisa se fizesse como mandam as regras, teríamos já pela primeira vez em Portugal, dois Bancos que seriam quase os accionistas totalitários de uma sociedade anónima desportiva. Seria a eclosão total do clube do Sporting, que certamente viraria uma instituição de crédito, apesar dos constrangimentos que existem hoje em dia. Daí que não seja dispiciendo imaginar a abertura de agências bancárias por toda a zona de Alvalade.
E é caso para perguntar - se o Sporting fez o melhor contrato de direitos de transmissão televisiva como apregoa, PORQUE É QUE NÃO PAGA A DÍVIDA AOS BANCOS EM VEZ DE A EMPURRAR COM A BARRIGA?"

Pragal Colaço, in O Benfica

O tricampeonato é possível

"De pouco adiantará versar sobre o nevoeiro da Choupana, tão denso quanto frequente nesta altura do ano. Numa partida em que, mais uma vez, Jonas foi o protagonista - o hat-trick obtido permitiu-lhe colocar-se, com 50 golos em apenas 61 jogos, na 42.ª melhor posição do ranking dos melhores marcadores de sempre do Benfica em competições oficiais - o Benfica logrou obter a décima vitória em 11 jogos, demonstrando que, não só é o bicampeão em título, como se assume convicta e factualmente enquanto candidato à conquista do tricampeonato, "título" que nos foge há quase quatro décadas. O bom desempenho nas últimas jornadas assenta na veia goleadora de Jonas e, sobretudo, na qualidade colectiva que teimava em surgir. Para tal contribui decisivamente o despontamento de Renato Sanches e a recuperação física de Fejsa, formando uma dupla a meio-campo capaz de recuperar muitas bolas e de sair rapidamente em posse para o ataque. Sem Salvio, Luisão e Nélson Semedo, além de um Gaitán intermitente, Pizzi, Lisandro, André Almeida e Carcela têm dado boa conta do recado, deixando antever um futuro prometedor à nossa equipa, assim tenhamos a fortuna de todos os nossos jogadores estarem aptos a darem o seu contributo.
Compreende-se, portanto, que o Benfica continue a ser, por parte dos seus adversários, o alvo preferencial do jogo falado. Apesar de saídas e lesões de jogadores importantes, do mau início de Campeonato e de sucessivas arbitragens prejudiciais aos nossos interesses (e à verdade desportiva), estamos somente a quatro pontos da liderança já depois de algumas deslocações tradicionalmente difíceis (Guimarães, Braga, Funchal, Porto). Que venha o Estoril!"

João Tomaz, in O Benfica

Jonas, quem mais?

"Com 18 golos em 17 jogos da Liga NOS, Jonas vai à frente da lista dos melhores marcadores do principal Campeonato de Futebol em Portugal. Como se isso não bastasse, o avançado brasileiro do SL Benfica está à frente da corrida para melhor marcador da Europa. E a época ainda vai a meio. O ex-atacante do Valência já ultrapassou os registos alcançados no clube espanhol e promete não ficar por aqui. Já foi titular indiscutível, já passou pelo banco, tal como os seus colegas de ataque Mitroglou e Raúl Jiménez. E já alguém o ouviu reclamar por causa disso?
A resposta é não. Jonas dá as respostas em campo. E mesmo aqueles que o acusam de não fazer muitos golos contra as equipas mais fortes mais cedo ou mais tarde terão que dar o braço a torcer. Jonas é um artista da bola. Joga de cabeça levantada, faz desmarcações preciosas, brilha e faz brilhar os seus colegas. Na Madeira, contra o Nacional, no momento em que marcou o seu terceiro golo na partida, correu para o banco a festejar. O abraço foi colectivo entre jogadores, técnicos e elementos da equipa médica. Uma equipa faz-se destas coisas, destes momentos. Jonas personifica cada vez mais a filosofia deste SL Benfica - ninguém é titular indiscutível, ninguém está afastado da equipa principal. Todos contam, tenham 30 ou 18 anos. É assim que se cria uma equipa campeã, com espírito de vitória e de grupo.
Jonas até pode não acabar a época como melhor marcador da Europa, ninguém está realmente à espera que isso aconteça, mas a meio da procissão é ele quem vai à frente. E ele sabe que deve tudo à sua capacidade de finalização e aos colegas que ajudam a criar oportunidades. É deste tipo de homens que precisamos, os que não usam os cotovelos para agredir os defesas contrários e que nos deixam orgulhosos. Assim, vamos ao tri!"

Ricardo Santos, in O Benfica

O goleador

"Nas brincadeiras de infância e juventude, jogava sempre a avançado. Era alto e forte. Não tinha jeito para fintas. Gostava de rematar. Era perto da baliza adversária que me sentia mais confortável.
A escassez de talento não me permitiu fazer carreira, mas permaneceu uma certa ligação emocional à posição. Embora o grande ídolo da minha infância fosse Fernando Chalana, sempre nutri um carinho muito especial por todos os goleadores, de Nené a Mats Magnusson, de Nuno Gomes a Óscar Cardozo. Mais do que dribles, túneis, passes milimétricos, toques de calcanhar, cabritos, rabonas ou chicuelinas, o que sempre me seduziu no Futebol foi mesmo o golo. O golo, puro e simples. O último toque. O remate. As redes a abanar. Os braços no ar. As bancadas em festa.
São os golos que fazem vibrar o povo da bola. Sem eles, não resta quase nada. Com eles, vem todo o sumo de que o jogo necessita.
Não admira pois que Jonas seja hoje o futebolista que mais admiro no Benfica. Embora não se trate de um ponta-de-lança clássico (como Raúl Jiménez ou Mitroglou), são dele 40% do total de golos da equipa no Campeonato. É ele o goleador. Não só do Benfica como da prova. Acresce que não se limita a marcar. Fá-lo com classe.
Na Choupana, em jogo difícil, foi mais uma vez protagonista. Tem sido assim frequentemente desde que chegou a Portugal - com expectativas não muito altas, diga-se. Luisão é o líder, Nico Gaitán o artista, mas quem mais vezes me faz saltar da cadeira chama-se Jonas Gonçalves Oliveira. É internacional brasileiro, leva 50 golos em época e meia de "águia ao peito", e não se cansa de nos fazer felizes."

Luís Fialho, in O Benfica

Liberdade de expressão

"Durante o Estado Novo tivemos limitações à liberdade de expressão e uma censura na Imprensa condenada pela maioria dos portugueses. A mesma maioria que não se lembra que esta mesma liberdade de opinião foi conseguida ao fim de muitos anos, e com grande sacrifício de alguns. Ter esta liberdade implica respeito pelos outros, salvaguardar as diferenças sem ter receio de defender as nossas posições, mas nunca ultrapassar o espaço de cada um. Quando se trata de um espaço pessoal e privado, as manifestações não têm necessidade de um controlo tão efectivo, contudo, quando se passa para o plano público essas limitações acontecem. É esta diferença entre o público e o privado que os agentes do futebol português têm que entender. E agentes são todos os intervenientes, sejam jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, jornalistas ou adeptos.
O crescente nível de agressividade verbal, que chega facilmente ao insulto, tem sido a imagem mais negativa dos últimos anos no futebol. Apelidem-nos de mind games, mas a verdade é que estamos a atingir um nível baixo de comportamento. Além de ser diferente um jogo psicológico, os designados mind games, do insulto puro e duro. Para os primeiros é necessário inteligência e classe; para os segundos basta não ter vergonha.
São as declarações dos intervenientes directos no jogo, jogadores e treinadores, de dirigentes e ex-dirigentes, nos muitos programas de futebol falado, de jornalistas e adeptos, em comentários permitidos na imprensa e nos referidos programas televisivos, por vezes a coberto do anonimato, que criam um ambiente constantemente conflituoso.
Já era tempo de se perceber que a credibilidade do jogo não se defende pelo insulto, mas quem devia assumir a censura está censurado. Pensa que defende a liberdade de expressão."

José Couceiro, in A Bola