Últimas indefectivações

domingo, 1 de setembro de 2024

Calendário


Foi anunciado hoje o Calendário da Champions, e assim já podemos analisar o 'encaixe' com as jornadas da Liga. O destaque vai todo para um 'emparelhamento': Munique à Quarta, e no Domingo seguinte, recepção aos Corruptos na Luz!!! Cuidado também com a deslocação a Arouca, após a viagem ao Mónaco...
Mas para começar, temos este jogo em Belgrado, estranhamente a uma Quinta-feira, o que vai obrigar ao adiamento do jogo do Bessa, para a Segunda ou mesmo para a Terça!!!
Com a 'sorte' que temos nos Sorteios, também é preciso ter cuidado com as 'bolinhas' da Taça de Portugal: a 3.ª eliminatória (jogável por equipas da I Liga), pode obrigar a adiar o jogo do Estoril na Luz, para a Segunda, 23 de Dezembro!

14 de Setembro, Sábado: Benfica - Santa Clara (Liga)
19 de Setembro, Quinta: Estrela Vermelha - Benfica (CL)
23 ou 24 de Setembro. Segunda ou Terça: Boavista - Benfica (Liga)
- Quarta Livre - 
28 de Setembro, Sábado: Benfica - Gil Vicente (Liga)
2 de Outubro, Quarta: Benfica - Atlético Madrid (CL)
6 de Outubro, Domingo: Nacional - Benfica (Liga)
- Seleções - 
19 de Outubro, Sábado: Taça de Portugal (TP)
23 de Outubro, Quarta: Benfica - Feyenoord (CL)
27 de Outubro, Domingo: Benfica - Rio Ave (Liga)
30 de Outubro, Quarta: Benfica - Santa Clara (TL)
2 de Novembro, Sábado: Farense - Benfica (Liga)
6 de Novembro, Quarta: Bayern - Benfica (CL)
10 de Novembro, Domingo: Benfica - Corruptos (Liga)
- Seleções - 
23 de Novembro, Sábado: Taça de Portugal (TP)
27 de Novembro, Quarta: Mónaco - Benfica (Liga)
1 ou 2 de Dezembro, Domingo ou Segunda: Arouca - Benfica (Liga)
- Quarta Livre - 
7 de Dezembro, Sábado: Benfica - Guimarães (Liga)
11 de Dezembro, Quarta: Benfica - Bolonha (CL)
15 de Dezembro, Domingo: AVS - Benfica (Liga)
18 de Dezembro, Quarta: Taça de Portugal (TP)
22 de Dezembro, Domingo: Benfica - Estoril (Liga)
- Quarta Livre - Natal -
29 de Dezembro, Domingo: Sporting - Benfica (Liga)
- Quarta Livre - Ano Novo - 
4 de Janeiro, Sábado: Benfica - Braga (Liga)
7 ou 8 Janeiro, Terça ou Quarta: Taça da Liga(?) (TL)
11 de Janeiro, Sábado: Taça da Liga (?) (TL)
- Quarta Livre -
17 ou 18 de Janeiro, Sexta ou Sábado: Benfica - Famalicão (Liga)
21 de Janeiro, Terça: Benfica - Barcelona (CL)
25 de Janeiro, Sábado: Casa Pia - Benfica (Liga)
29 de Janeiro, Quarta: Juventus - Benfica (CL)
2 de Fevereiro, Domingo: Estrela - Benfica (Liga)

5 minutos: Próximo treinador...

RND - Tamos Juntos...

RND - Era Só Isto...

5 minutos: Despedimento...

Saída de Roger Schmidt...

Andor...

É um facto...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Mercado - Harder, Tammy Abraham, Sterling

Volumetria daltónica!!!

Tabaco a mais!!!

Carta aberta ao presidente


"Caro Rui Costa,
Sei que foi um homem da bola, andou lá dentro, cheirou anos a fio o balneário, viu justiças e injustiças ditadas pela atrocidade dos resultados, chorou e sorriu, vibrou e sofreu, mas agora, já não está lá dentro, o cargo é outro, e o cargo exige punho firme e coração “ao largo”!
Pode gostar muito do Roger, esperou 4 meses por ele e viu 6 meses deslumbrantes dele…mas seriam mesmo dele ou resultado de um atleta fora de série, Enzo Fernandez, e elevou o rendimento geral de todo o plantel catapultando o nosso futebol para um quilate estratosférico?
Eu sou um resistente, defendo intransigentemente os nossos treinadores, mas há limites até para a irracionalidade!
Roger Schmidt neste momento não tem qualquer condição para se manter à frente dos destinos do Benfica, aquilo que “prometeu” naqueles 6 meses já são uma miragem à 18 meses…mudamos tudo e o futebol não mudou, o discurso piorou, a leitura de jogo idem, há horas em que se tem de dizer basta!
A decisão é muito simples!
Despedimento.
Não há defesa possível para tanta inépcia, nem o Benfiquista mais crente acredita neste momento que Roger seja a solução do que quer que seja.
Tem plantel que faz corar todos os adversários, mas é batido por qualquer um com uma facilidade tremenda.
Lamento mas não há mais hipótese de manter Schmidt.
Auf Wiedersehen Herr Schmidt, Obrigado pelo 38…lamento mas não dá mais!"

Roger Schmidt é teimoso, o Moreirense agradece e o Benfica volta a perder pontos


"Mantendo-se fiel a uma ideia que não tem resultado, o Benfica abre as portas à felicidade dos outros. Em Moreira de Cónegos, o empate (1-1) apareceu de penálti e já depois da hora, depois de mais 90 minutos quase sempre desinspirados. Já lá vão cinco pontos perdidos em quatro jogos

À 4.ª jornada, e depois da derrota no primeiro jogo em Famalicão, o Benfica volta a perder pontos no norte. O empate em casa do Moreirense (1-1), arrancado a ferros já bem dentro dos descontos num penálti fortuito, torna num mal menor uma exibição em que mais uma vez a equipa de Roger Schmidt mostrou falta de rotinas, um coletivo sem ideias e uma equipa desesperada quando o parece que vai correr mal, corre efetivamente mal. São cinco pontos perdidos, todos fora de casa, e a sensação quase permanente de que não há evolução neste Benfica é evidente, numa altura em que o plantel ainda está em mudança.
Face à falta de rendimento da equipa, nada que duas vitórias seguidas mascarem, é incompreensível que à 4.ª jornada Roger Schmidt continue com a teimosia do duplo-pivô Leandro Barreiro/Florentino Luís, para mais quando a equipa nem sequer atinge aquilo que seria de esperar com dois jogadores que, na sua essência, são redundantes: seja o controlo do meio-campo ou os equilíbrios. Sem Aursnes, o alemão chamou Di María ao onze e, inexplicavelmente, tirou Tomás Araújo do eixo da defesa, quando o jovem central português até estava a ser um dos poucos oásis dos encarnados neste início de temporada.
Foi com Barreiro e Florentino em campo que o Benfica permitiu uns primeiros 10 minutos em que o Moreirense teve todo o espaço para fisgar o último terço encarnado em ataques rápidos, não poucas vezes consequência de erros na construção da equipa de Schmidt. Madson foi, nesta fase, um quebra-cabeças para o Benfica: logo aos 3 minutos, um erro de António Silva permitiu a cavalgada de Alanzinho, que viu o compatriota sem marcação à direita, mas Trubin antecipou-se. Com grande facilidade de remate, Madson ainda obrigou o Trubin a mais uma defesa atenta, antes do Benfica conseguir, finalmente aos 10 minutos, travar o ímpeto da equipa da casa, com uma pressão, pelo menos, um pouco mais competente.
Daí até ao intervalo, a bola foi do Benfica, mas os encarnados nunca encontraram boas soluções para servir Pavlidis. Kokçu pela esquerda perde preponderância e Prestianni esteve pouco em jogo. Só perto da meia-hora, num remate de Di María na marca de penálti após cruzamento de Carreras, se vislumbrou um qualquer sinal de perigo. Maracás liderava uma defesa bem organizada da equipa da casa, que se colocava atrás mas não deixava de cheirar as suas oportunidades. Já nos descontos da 1.ª parte, a bola entraria mesmo na baliza de Trubin, num lance com origem em mais um passe errado, desta vez de Di Maria. Na transição, Alanzinho encontrou Gabrielzinho, que bateu o guarda-redes ucraniano, mas uma falta anterior salvou, por ora, o Benfica.
Ao intervalo, Schmidt acordou com 45 minutos de atraso e amputou o duplo-pivô, lançando Renato Sanches para o lugar de Florentino. E quando o campeão europeu em 2016 avançou no terreno, houve mais Benfica: os primeiros 15 minutos da 2.ª parte são o melhor período dos encarnados no jogo. Curiosamente, os melhores momentos do Benfica esta época, os últimos 25 minutos frente ao Casa Pia, acontecem quando Schmidt tira Barreiro. Ele há coincidências.
As duas grandes oportunidades dos encarnados, agora mais dinâmicos, com mais presença ao meio, acontecem aqui. E quase seguidas. Aos 51’, um entendimento na zona central, uma miragem no jogo de Benfica, culmina com um calcanhar delicioso de Prestianni, que isola Pavlidis. O remate do grego foi travado por Kewin. Nem dois minutos depois, um lance de Carreras pela esquerda deixou a defesa do Moreirense desequilibrada, com Di María a surgir à direita livre para rematar após um primeiro esforço de Pavlidis. Seria Maracás a cortar uma bola que já seguia para a baliza. O Benfica carregava, o Moreirense ia fechando os caminhos estoicamente, mas o esforço não podia durar para sempre.
Só que o Benfica, ao invés de aproveitar o elã dos primeiros minutos, voltou a esmorecer. Ou melhor, a voltar ao rame-rame da 1.ª parte, muita parra e pouca ou nenhuma uva, uma pobreza de ideias e de atitude. E com isso o Moreirense foi acreditando, agarrando as suas nesgas de oportunidade. Maracás quase marcava aos 62’ após livre lateral e já nos últimos 10 minutos de jogo novo erro de construção dos encarnados deu prémio à equipa de César Peixoto. O passe defeituoso de Carreras, numa transição, deixou a bola para Benny que, brilhante, lançou Ofori de calcanhar. O remate do ganês ainda bateu em António Silva, enganando Trubin.
Se o Benfica já era uma equipa com a cabeça no ar, depois de sofrer tornou-se apenas desesperada. Com Rollheiser já em campo, foi ao banco buscar o único extremo disponível, João Rego, e as intenções estavam ali bem escritas: chuveirinho para a área, confusão, caos, à espera que um santo apareça, um momento de sorte. E esse momento de sorte pareceu, não que o Benfica tivesse trabalhado para ele aparecer, mas apareceu. Aos 90’+7, Marcos Leonardo marcou de penálti, um desses penáltis que só acontecem quando, de facto, o caos reina numa área."

Os mesmos problemas, mais pontos perdidos


"Moreirense 1 - 1 Benfica

> A época passada estive, como quase sempre, em Moreira, foi dos piores jogos a que assisti do Benfica, ao vivo, fora de casa. E olhem que já assisti a centenas, para não dizer milhares. Hoje, acompanho o jogo na Casa do Benfica de Olhão: não dou dinheiro à Sporttv.
> O onze de Schmidt é o mais ofensivo da época até agora: Kökcü, Di María, Prestianni e Pavlidis em simultâneo. Mas o problema têm sido mais as dinâmicas da equipa do que os intérpretes escolhidos por Schmidt para as interpretar.
> António Silva no lugar de Tomás Araújo, uma troca inesperada. Otamendi é intocável? Tomás Araújo é de longe o nosso defesa mais rápido, arma importante para quando se quer jogar em pressão alta.
> 10 min e não estou a gostar de tanto ataque do Moreirense. Acorda Benfica!
> 17 min ao Benfica não se marcam penáltis. Se fosse o Sporting era certinho - é ver o que se passou em Faro. Depois não querem que a gente fale... mas o pior é que não falamos mesmo!
> 25 min o Benfica agora por cima do jogo. Vê-se algum perigo na área do Moreirense. Mas há sempre mais um passe, mais uma volta. Ó Di María, acerta lá uma, crl!
> 40 min e o amarelo? Porrada por trás no Bah. Vale tudo contra nós? E o que esperar de um clube que não se indigna, que aceita todas as tropelias sem reagir? E agora o Tino faz falta por trás? Toma lá amarelo que é para aprenderes.
> 45+1 Golo deles em contra ataque. Não foi no princípio quando ameaçaram, foi agora. Vá que o VAR apanhou, e bem, um pisão no início da jogada. Fica mais um aviso. Alô Schmidt!
> Intervalo: 45 min deitados fora. 0,28 golos esperados no SofaScore. Muito pouco. Um canto a nosso favor. Pouquíssimo. O jogo do Benfica continua igual, afunilado e previsível. A bola não chega ao Pavlidis... Uma defesa do guarda redes deles, outra do Trubin.
> 46 min Renato no lugar do Tino. > 50 min Pavlidis não pede licença, primeira grande oportunidade. Boa defesa do redes deles.
> 55 min agora sim, eles encostados às cordas, perigo a sério na área deles, falta o golo. > 60 min Renato entrou bem e está a mexer com o nosso meio campo.
> 62 min mais um aviso deles. Bela defesa do Trubin. Faz qualquer coisa, Roger!
> 65 min eis o Marcos Leonardo para mostrar aos árabes que 40 milhões não chegam. Vai miúdo!!! Primeiro remate foi pífio.
> 75 min já não estamos a pressionar e a apertar com eles. Agora é um count down muito rápido até ao final.
> 80 min substituições o Schmidt fez a tempo e horas hoje. Mas o problema, insisto, está nas dinâmicas coletivas: não existem!
> 85 min tudo quanto tem que correr mal, corre pior! Um golo deles com tabela no António a enganar o Trubin. Jogamos pouco, é verdade, mas isto também é castigo exagerado.
> 90 min mais 6! É o tempo que temos. Mas a equipa está sem norte, sem cabeça, tudo em esforço, feito à pressa, sem jeito.
> 90+5 penalti! Fdx!!! Marcos Leonardo lá para dentro. Chegámos ao empate. Não chega.
> Empate que pouco nos adianta em jornada de clássico, não aproveitamos os pontos que lá se vão necessariamente perder. Mas dificilmente as mesmas soluções podem conduzir a resultados diferentes."

Águia: Moreirense...

Terceiro Anel: Moreirense...

Vinte e Um - Como eu vi - Moreirense...

Visão: Moreirense...

BI: Moreirense...

Bigodes: Moreirense...

As lições de Sven


"O futebol é um jogo. Não podemos pensar que jogamos contra alguém, se antes não tivermos plena consciência de que é necessário jogar com alguém.
O rival é isso mesmo: um oponente, um adversário durante o tempo de jogo, mas um aliado na promoção do espetáculo, da indústria, dos empregos, dos ideais, do jogo no que de mais genuíno tem.
Talvez esta pareça, à partida, uma ideia romântica, mas logo o deixará de ser para assumir uma perspetiva de total realismo, se tivermos em consideração a dimensão verdadeiramente global da modalidade mais marcante para o planeta.
Esta ideia de jogo, de partilha de conhecimento, de inovação técnica e de gestão, de comunicação circular, de comunhão de objetivos muito para além de noventa minutos, foi, desde o início da sua carreira, a ideia de Sven. E, na realidade, a sua primeira grande lição.
Lembro o espanto do mundo do futebol quando o IFK Gotemburgo venceu, com estrondo, a Taça UEFA. Depois de 1-0, na Suécia, frente ao Hamburgo, a equipa escandinava bateu os alemães, no segundo jogo, por 3-0. Futebol prático, alegre, total, móvel, olhando a equipa como um todo e o todo como a soma da qualidade individual de cada um.
Sven ganhava assim a confiança pela competência, que redundava em resultados inimagináveis, ainda que a equipa de Gotemburgo fosse, à altura, um dos principais emblemas do seu país, porém longe de assumir protagonismo no cotejo continental europeu. Era a sua segunda imensa lição, feita do mérito que as conquistas levitimam, mas que os processos provocam e constroem.
A carreira do predestinado de Torsby, para lá de ascensional, quase meteórica na sua evolução, trouxe a Portugal uma perspetiva única de ver e pensar o jogo. A sua contratação pelo Benfica representou uma lança extraordinária do clube português, mas projetou, sobretudo, uma nova forma de ver e transmitir a simplicidade e a dignidade das funções que desempenhava.
Sven passou por Portugal (e pelos encarnados), por duas vezes, totalizando 222 jogos, ao longo de cinco anos, à frente da equipa da Luz. A sua influência foi muito superior a todos esses encontros, estendendo-se ao modo como organizou departamentos e respeitou as suas hierararquias, como trabalhou com planeamento e definição de objetivos de médio e longo prazo, como soube gerir os recursos humanos como poucos, alicerçando o seu consulado em equipas muito coesas, nas quais sempre pontificou Toni, que Sven soube aproveitar e respeitar no universo benfiquista e como representante da história do clube.
Será muito difícil em Portugal, e na história dos campeonatos lusos, encontrar alguém com a classe e o savoir faire deste homem. Terminando a carreira há apenas cinco anos, como selecionador das Filipinas (ele que também orientou os combinados nacionais do México, da Costa do Marfim e de Inglaterra), Sven deixou um rasto de competência que nunca necessitou de gritos, de gestos obscenos, de discussões com árbitros, de aproveitamento mediático para soundbites sem sentido, de proteção incoerente dos órgãos de comunicação social. E ainda viveu na era da globalização, das tecnologias de massas e das redes sociais vorazes.
As suas conferências de imprensa terminavam quase sempre com um sorriso e com um cumprimento especial aos profissionais dos “media”, independentemente dos resultados, da posição pontual da sua equipa ou das questões mais ou menos estruturantes e inteligentes colocadas pelos jornalistas.
Dir-se-á que, ao contrário do que se poderia pensar, o verdadeiro media training era lecionado por Sven, ao invés de o receber de um qualquer assessor (que, na realidade, aprenderia muito mais do que ensinaria, ao lidar com o treinador sueco)…
Na disrupção e no entendimento global do jogo, na componente científica agregada ao treino e aos diversos momentos da gestão de uma equipa profissional de futebol, vejo Sven equiparado a um português de exceção (e talvez por isso tão vilipendiado no seu país): Carlos Queiroz, o homem que, verdadeiramente, virou a bissetriz de entendimento de uma equipa de futebol para um plano avançado, global, interdependente, científico, agregado.
Em 2024 é fácil perceber o quão dependentes estão todos os setores a montante e a jusante do processo competitivo. Há vinte ou trinta anos essa era uma tarefa para visionários. E implementar os modelos adequados, apenas para alguns atrevidos.
Estas foram as diversas lições de Sven, o escandinavo razoavelmente emotivo que deixou uma áurea de muito mais sucesso fora do retângulo de jogo, nos bastidores dos clubes e seleções por onde passou, do que propriamente dentro dele. E esse é o maior elogio que lhe podemos fazer e reconhecer.
Alguém que não olhou para recordes individuais, mas para o interesse do coletivo em face dos desafios que se lhe colocavam.
Alguém que esteve sempre à frente do seu tempo, não necessitando de holofotes para provar o que valia, a consistência das suas ideias ou a bonomia do seu caráter.
Um Senhor, o Sven.
No timbre de voz, no sorrido tímido, na imensa sabedoria, na intensa vontade de viver. Essa é a sua última lição. E que ficará para sempre.

Cartão branco
Sabemos bem o que são as Galas de início de temporada. Uma passerelle de algumas vaidades, uma oportunidade para aparecer e dar lustro aos sapatos mais brilhantes.
Mas são, igualmente, ocasiões para aproveitar bem, em face do desmesurado interesse mediático que provocam.
Rubem Amorim fê-lo da melhor forma, com um discurso invulgar (porem aguardado, porque o técnico campeão nacional é um dos dois ou três efetivamente bons comunicadores no panorama do futebol nacional).
Ao ser inclusivo, ao envolver toda a equipa, ao motivar, ao reconhecer, ao dar força e forma ao sentimento coletivo que legitimou o seu prémio, Amorim destacou-se, deixou uma mensagem de qualidade no discurso e no conteúdo, e mostrou que o domínio transversal de várias facetas colaterais ao jogo é tanto (ou às vezes mais…) importante do que os três pontos no retângulo…

Cartão amarelo
Quase, quase vermelho.
Abel, o que foi aquilo?…
Que resposta desmesurada, viciada, inquinada, com laivos de misogenia, foi aquela à jornalista brasileira?…
Percebo a pressão que o Brasil provoca. Já vivi no país, sei o que sofrem os profissionais de futebol estrangeiros às mãos e às críticas da comunicação social brasileira.
Mas exatamente por isso, e pelo hábito de anos a vencer, o técnico português terá cometido a maior imprudência do seu consulado de sucesso à frente do Palmeiras.
A jamais repetir."

A linha da água


"No dia 20, o Grêmio foi eliminado pelo Fluminense da Taça dos Libertadores da América. Duas semanas antes caíra para o Corinthians na Copa do Brasil. Já o Internacional disse adeus às duas provas num intervalo de 10 dias, afastado de uma pelo Rosario Central e de outra pelo Juventude, ainda no mês de julho. Na metade de baixo da tabela do Brasileirão, resta-lhes a ingrata tarefa de lutar, até ao fim do ano, pela permanência na Série A. Uma vergonha para os dois gigantes de Porto Alegre? Nem tanto.
Grêmio e Internacional, com torcidas fanáticas que se estendem a todos os cantos do estado do Rio Grande do Sul, cruzam as fronteiras de Santa Catarina e Paraná e chegam ao Mato Grosso e ao Mato Grosso do Sul, são protagonistas daquela que é considerada a maior rivalidade do país, o popular Grenal, já vocábulo na maioria dos dicionários.
Os adeptos de Atlético Mineiro e Cruzeiro, em Belo Horizonte, até podem discordar mas é pacífico que Grenal é Grenal – e vice versa. Os antagonismos entre paulistas e cariocas podem, por sua vez, ser mais mediáticos mas estão dispersos em rivalidades cruzadas entre os quatro grandes das megalópoles São Paulo e Rio de Janeiro e não concentrados numa dupla.
E o Grenal é mais relevante, claro, do que o Ba-Vi baiano, do que o Atletiba paranaense e do qualquer outra das outras rivalidades Brasil afora pelo impressionante palmarés de ambos: o tricolor foi campeão intercontinental uma vez e da Liberta três, campeão brasileiro num par de oportunidades e da Copa do Brasil em cinco, fora 43 edições do Gauchão; já o colorado, vencedor do mundial de clubes numa ocasião e da América Sul em duas, ganhou por três vezes o Brasileirão, a Copa por uma e soma 45 estaduais gaúchos.
Mas este ano sobra-lhes então lutar, como se diz (ou dizia) em Portugal, por «ficar acima da linha de água». Uma expressão que ganha, entretanto, um dramático duplo sentido: por mais que a época medíocre se deva, também, a erros próprios da dupla, a imponente Arena Grêmio e o grandioso Beira-Rio estavam, literalmente, abaixo da linha de água há meros três meses.
Enquanto os rivais se preparavam, se reforçavam, se treinavam, atletas do Grêmio e do Inter circulavam em barcos de borracha por Porto Alegre, entre os estádios submersos e as zonas de doação de alimentos, de balde – e coração – na mão, durante a tragédia das enchentes do Rio Grande do Sul que matou 173 pessoas, deixou 38 desaparecidas, feriu 806 e desalojou perto de 500 mil.
Não, este ano, para a dupla Grenal lutar apenas para ficar acima da linha de água não é vergonha – é proeza."