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sábado, 13 de agosto de 2016

Benfiquismo (CXCII)

Recordar um Bronze Olímpico...

Benfica: a importância do factor pecuário na bola

"Sinto-me obrigado a começar esta crónica com uma dupla declaração de interesses.
Em primeiro lugar, está escrito na minha nota biográfica no sítio electrónico deste jornal que espero conseguir reformar-me no dia em que o Benfica for tetracampeão para poder escrever mais uns livros e dar mais umas voltas pelo país. Logo, dar-me-ia jeito que fosse já este ano...
Em segundo lugar, quando nasci, a minha mãe deu-me à Luz e não às Antas ou a Alvalade, circunstância pela qual não poderia ser outra coisa senão benfiquista. O que não quer dizer sectário, ao ponto de desrespeitar os adversários, muito menos obtuso e incapaz de distinguir o bom do mau futebol.
Estive na bancada em dois jogos que me deixaram indicações contraditórias: a Eusébio Cup, na Luz, e a Supertaça, em Aveiro. Na primeira, um pândego, sentado ao meu lado, dizia para quem o quisesse ouvir, cada vez que o Raúl falhava um remate. “Reparem bem! E demos 22 milhões por ele…” Já no jogo com o Braga, quando Rafa, putativa contratação do Glorioso, falhou aquele golo de baliza escancarada, outro animador de bancada comentou: “Vinte milhões por este gajo? Chiça…”
Ou seja, há sempre risco de conflito entre os objectivos e as finalidades do futebol: o objectivo é encantar a bancada com fintas, desmarcações e remates; a finalidade é meter a bola lá dentro. Nem sempre andam a par.
Que me parece a equipa? Bastante razoável mas ainda um pouco trelemiques na defesa. A tripla segurança Ederson-Lindelöf-Jardel ainda não voltou. O meio-campo tem dias. Pizzi, tanto tira da cartola golos e passes geniais (revejam-se no Youtube os lances do 2-0 e do 3-0), como parece ter medo de disputar os ressaltos. André Horta, tanto entusiasma, como desilude. Fejsa está bom e recomenda-se e Samaris, nem que fosse só pela sua invejável fluência em português, merece um lugar no relvado. Cervi promete e quanto à dupla Mitroglou-Jonas está tudo dito. Não me esqueci do Zivkovic mas continua no estaleiro: houve um “camone” que lhe deu tal sarrafada que, se fosse árvore, o tinha arrancado pela raiz.
Quanto a Carrillo, corre que nem um cristão a fugir dos leões no Coliseu. Não se percebe é se sabe para quê… Chega para o campeonato? Depende de muita coisa, mas é sempre melhor arrancar com alguma dinâmica de vitória e bons sinais em campo do que ao pé-coxinho como no ano passado. Há também o nada despiciendo factor pecuário: se a Vaca da Luz mantiver a pujança do ano passado que se parece ter estendido à Supertaça (os outros falham de baliza aberta e nós marcamos no último minuto) os augúrios não podiam ser melhores.
E quanto aos adversários? O FCP vive uma espécie de Queda do Império Romano que se arrisca ser tão longa e duradoura como a do século V (como é possível terem despachado o Aboubakar sem substituto garantido?). O Sporting é prisioneiro do paradoxo da manta: a equipa é boa mas curta. Dando-se o caso de faltar alguém por castigo, lesão ou transferência (ou cai uma chuva de dinheiro em Alvalade ou duas ou três figuras centrais terão que ser vendidas este mês) pura e simplesmente não funciona, como se viu na pré-época. Das restantes equipas, ou desponta um fenómeno improvável tipo Leicester, ou haverá três campeonatos: o dos primeiros, o dos últimos e o dos outros. 
E pronto, que role o esférico!"

O fel e o mel!

"O quase certo adeus do fantástico Sálvio e a aposta natural em dois jovens que serão revelações no novo campeonato.


Claro que lamentarei se o argentino do Benfica Eduardo Salvio, como é quase certo, vier a deixar a Primeira Liga portuguesa, porque Sálvio é um exemplo de fantástico jogador de alta competição, porque além de muito talentoso Sálvio tem sempre em campo uma atitude e uma determinação que impressionam. É o chamado campeão nato, que discute cada lance como se fosse o último e empenha-se em cada jogada sempre como se fosse a mais importante. Com a partida de Sálvio a Liga deve chorar!
Só mesmo por ser assim, por ser um jogador mentalmente tão forte e ter um carácter tão competitivo é que Sálvio tombou no chão a 23 de Maio de 2015, já perto do fim do último jogo desse campeonato,quando o Benfica fazia apenas a festa do título e já vencia o Marítimo... por 3-1!

Sálvio não precisava realmente nada de discutir aquela bola daquela maneira, com tanta garra e tanta determinação, como se desse dependesse o campeonato.
Era um jogo de festa, o título estava conquistado, o jogo estava praticamente ganho, o jovem argentino podia perfeitamente ter tirado o pé do acelerador, ter baixado o ritmo e a intensidade, podia ter-se dado ao luxo de passar o talento pelo relvado em vez de, como sempre fez e faz em todos os jogos, o pôr permanentemente à prova, com risco de lhe acontecer o que acabou por lhe acontecer, ao contrair grave lesão no joelho que quase lhe roubou toda a última época e tantas dúvidas passou a suscitar quanto à possibilidade de voltar a ser o que era antes do incidente.
A verdade é que Sálvio não sabe tirar o pé do acelerador, nunca soube, e ao mesmo tempo que pagou elevada factura desportiva é na verdade também isso que faz dele um jogador tão excepcional e que tanta saudade deixará a partir do momento - que se aguarda até final do mês - do definitivo adeus à Primeira Liga portuguesa.
Sálvio, está-se mesmo a ver, vai deixar o Benfica após um total de mais de 200 jogos com a camisa encarnada (em cinco épocas, a primeira das quais na qualidade de emprestado pelo Atl. Madrid) e quase 50 golos. Talvez o craque argentino não volte a ser exactamente o mesmo que era antes da grave lesão; mas é o mesmo na classe, na inteligência de jogo, na atitude de furacão com que joga e parece-me que está, agora, realmente mais próximo do que foi.

Merece toda a sorte do mundo!


Com a má notícia da perda definitiva de Sálvio - que já teria deixado a Luz a época passada se não se tivesse lesionado -, mais a má notícia da perda definitiva de Renato Sanches, mais a má notícia da perda momentânea de Ederson, primeiro, e agora Jonas para o arranque do campeonato, já este sábado, em Tondela, o campeão pode, no entanto, ter esperança de vir a promover uma das maiores revelações do campeonato, o jovem André Hora, que ainda por cima tem todo o ar de trazer consigo a mesma mística benfiquista que parecia exibida pelo jovem Renato.
Posso, naturalmente, vir a enganar-me, mas arrisco, para já, em dois nomes que deverão marcar profundamente este novo campeonato: André Horta, na Luz, e André Silva, no Dragão, este último um caso evidente de jogador à Porto, um jovem ponta de lança que tem realmente tudo para se tornar no símbolo da mística azul e branca, na linha de outros grandes nomes que todos conhecem e que (por tão exaustivo que seria), não valerá a pena enumerar.

No caso de André Horta, duas ou três notas mais: corre muito, luta imenso, procura incasavelmente o espaço e a bola, jogo à frente e atrás, sobre a direita e sobre a esquerda. Não fazem sentido as comparações, evidentemente, mas parece-me tecnicamente melhor do que Renato embora Renato seja mais poderoso e intenso e tenha um invulgar impulso com a bola.
É André Horta, para os devidos efeitos, um verdadeiro 8, e aposto que vai dar muito que falar.
E a mística? Pois, a mística... Será que é vulgar um jogador festejar um golo como ele festejou o golo de Cervi, agora, na Supertaça? É impossível não relacionar isso à paixão clubística de André, Um guerreiro!

Do mesmo modo me parece inevitável, sublinho, associar o nome de André Silva à melhor definição de... jogador à Porto! O que surpreende, agora, já nem é tanto isso, mas a qualidade intrínseca de puro atacante que revela o jovem a quem Nuno Espírito Santo quis, simbolicamente, dar a camisa 10.
Somando uma coisa à outra, pode realmente André Silva vir a tornar-se num peso muito pesado neste novo FC Porto e vir a ser muito mais do que um jogador, no sentido em que a sua forma de combater, o espírito de conquista, a ambição de vencer e de ajudar a recolocar o emblema do Dragão na primeira linha seguem as impressões digitais de outras estrelas como Baía, Jorge Costa ou Couto, para citar, como exemplo, apenas alguns dos nascidos e criados na esfera da mais vencedora equipa portuguesa das últimas décadas. O que lamento é que à ascensão do jovem André pareça corresponder o desaparecimento de Aboubakar, fantástico atacante que bem merecia ser mais visto por cá pela qualidade que nele se descobre.
Nem sempre o futebol é justo com os bons.

PS - Aconteça o que acontecer no futebol dos Jogos Olímpicos, Rui Jorge já será o último a rir. Ele tem tudo para suceder a Fernando Santos quando este deixar o comando da principal Selecção portuguesa!"

João Bonzinho, in A Bola

Mais confiança e mais azedume

"A Supertaça não tem um histórico de grande prestígio, foi mesmo durante anos o expoente máximo da aldrabice no futebol, mas foi bom ganhar a um SC Braga de qualidade, por números claros. Em Aveiro, o Benfica não aumentou apenas os índices de confiança, aumentou também os índices de azedume nos rivais. Nove dos últimos 12 títulos disputados em Portugal foram vencidos pelo Benfica, é alguma coisa mais que sorte.
No início de mais um Campeonato Nacional, não vejo que o Benfica seja um claro favorito, todos partem com zero pontos e a mesma vontade de vencer. Este ano, Benfica, Sporting, FC Porto e SC Braga vão disputar os títulos em falso com igualdade de armas. O Sporting promete não vender e tem muita qualidade. Nuno Espírito Santo equilibrou o plantel e promete lutar pelos títulos todos. E por fim José Peseiro mostrou que o SC Braga está muito próximo dos tradicionais candidatos. A grande vantagem do Benfica é estatística, ganhou muito mais vezes que todos os outros, mas essa vantagem carece de nova prova dentro do campo. O Benfica tem um início de Campeonato terrível. Nas primeiras seis jornadas, jogo quatro fora de casa, e recebe o SC Braga. Este inicio é muito importante. Numa altura em que Jonas é operado, o mercado está a 20 dias do fecho, a única ambição é ganhar ao Tondela. O jogo contra o simpático clube será disputado num sucedâneo de estádio de futebol, com poucas condições mas é assim que queremos vender a nossa Liga. O campeão será o mais regular, e prevejo outro campeonato com poucos pontos perdidos pelos candidatos mais fortes.
Telma Monteiro ganhou uma medalha olímpica com determinação, vontade e superação. Telma é uma campeã e tem uma carreira de altíssimo nível, somou êxitos e venceu adversidades de uma forma que enche de orgulho os benfiquistas e os portugueses. Parabéns pela merecida conquista."

Sílvio Cervan, in A Bola

Discretos...

Tinha alguma esperança, numa boa prova da Marta Pen nos 1500m, infelizmente isso não aconteceu.
A Marta fez uma grande época, e a verdade é que o grande 'pico' de forma, foi a Final dos Campeonatos Universitários Americanos (onde ganhou, e fez o mínimo Olímpico), e depois os Campeonatos da Europa... Seria sempre muito complicado, manter a forma, ou 'construir' um novo 'pico' de forma, no Rio.
A prova acabou à poucos minutos, estou curioso para ouvir as declarações da Marta, até pode ter acontecido alguma 'coisa' (lesão...?!!!!), mas pronto, o resultado foi o que foi...
Não deixa de ser frustrante, numa prova lenta, ideal para o estilo de corrida da Marta...
Com este acumular de experiência, no próximo ano, espero que a Marta consiga a marca de qualificação para os Mundiais, com distância suficiente, para preparar os Campeonatos com tempo...

A Carla Salomé Rocha foi a primeira Benfiquista a entrar na Pista do 'Engenhão', e fez uma boa prova de 10000m, ao seu nível, ficou em cima do ser recorde pessoal, com 32.06,05!!! Era a atleta com 31.ª marca, e acabou no 26.º lugar...
E ainda pode dizer, que esteve na pista quando a extra-terrestre Almaz Ayana bateu o recorde do Mundo dos 10000m, com 29.17,45 mim!!!!!!!!!!

Nos 20 Km Marcha, o Sérgio Vieira, ficou no 53.º, com 1.27,39. Tudo normal...

À prova de Capelas

"Conquistámos a Supertaça pela sexta vez. Pouco, tão pouco, que nem parece uma competição oficial. 2 Taças dos Campeões, 1 Taça Latina, 35 Campeonatos Nacionais, 25 Taças de Portugal (mais 3 Campeonatos de Portugal), 7 Taças da Liga (em 9 edições) e 6 Supertaças.
Seis, vá-se lá entender isto.
Menos que o Sporting, chega a parecer uma anedota de péssimo gosto. Com a Supertaça a ser mal parida no final dos anos 70 (devido ao triunfo inédito de duas equipas do Porto, o FC Porto e o Boavista, no campeonato e na taça na mesma temporada), percebe-se a míngua de vitórias benfiquistas. O famigerado 'sistema' contribuiu indelevelmente para o palmarés do troféu, acentuando o declínio do futebol encarnado.
E Capela confirma esta tese. Há 15 ou 20 anos, com uma arbitragem como a que tivemos em Aveiro, não teríamos conquistado a Supertaça. Capela foi considerado, imagine-se, o segundo melhor árbitro em 2015/16, mas o melhor elogio que lhe poderei fazer é o de se tratar de um péssimo árbitro.
Ainda assim, ganhámos brilhantemente a partida porque conseguimos ser superiores aos nossos adversários, tão-só o que nos faltou durante mais de uma década. Ter boa equipa ajuda sempre, não duvidemos. Não por acaso, vencemos nove das 12 últimas competições nacionais disputados e, por isso, os benfiquistas cantam orgulhosamente SLB, GLORIOSO SLB e, convictos, podem à equipa que lhe dê o 36.
O assalto ao 36, ao tetra ou ao dobro, conforme se lhe prefira chamar, está a começar. Rui Vitória afirma que o caminho se faz jogo a jogo e será dessa forma que tentaremos ser novamente campeões. Não será fácil - nunca é - mas o Benfica, no presente, 'não tem medo de ser o Benfica'. O enorme e glorioso Benfica!"

João Tomaz, in O Benfica

Estamos prontos

"É já amanhã que o Tricampeão entra em campo para atacar, o 36.º campeonato, ou o Bi-18, se quisermos provocar o clube do Campo Grande que tenta reescrever a história, já que não consegue ganhar em campo. A conquista da Supertaça Cândido de Oliveira foi um bom incentivo para o jogo em Tondela, mas vale o que vale. Afinal, estamos a falar da menos importante competição nacional, um troféu disputado no fim da pré-época entre o campeão e o vencedor da Taça de Portugal.
Menos importante porque se resume a um jogo, enquanto todas as outras competições nacionais (Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga) implicam vários adversários, várias jornadas; fases de grupos ou jogos a eliminar.
Claro que é sempre bom ganhar - e jogar bem, como foi o caso - mas são as conquistas de Maio que mais me importam. E para isso é preciso entrar sem medos em Tondela, num estádio que vai estar esgotado apesar do aproveitamento que a direcção do clube do distrito de Viseu fez quanto ao preço dos bilhetes. Estamos a falar de valores entre os 35 e os 45 euros para não-sócios e 25 euros para sócios do CD Tondela. A culpa não é do clube, é da Liga, que permite estes abusos ano após ano, jornada após jornada, sempre que o SL Benfica está na mó de cima e a onda vermelha está instalada. O que tem acontecido muitas vezes nos últimos anos, felizmente.
Daquilo que já deu para ver do jogo de Aveiro, há qualidade, há espíito de vitória e dedo de Vitória, o professor Rui, o homem que já conquistou todas as competições nacionais aos 46 anos.
Estamos prontos para a luta!"

Ricardo Santos, in O Benfica

Vício de vencer

"O Benfica iniciou a temporada 2016/17 da mesma forma que terminara a de 2015/16: erguendo troféus.
Num excelente jogo, para mais atendendo às naturais limitações desta fase, superiorizando-nos a um adversário forte e ambicioso, que nos criou dificuldades, e nos obrigou a puxar dos galões. A exibição encarnada foi oscilante - o que também é normal neste período -, mas chegou a encantar nos seus momentos mais afirmativos. Houve destaques individuais (por exemplo, Cervi parece acima de qualquer suspeita), mas ficou já bem patente a força do colectivo, imagem de marca do Benfica de Rui Vitória. O resultado foi expressivo (porventura em demasia), mas a justiça do vencedor não permite contestação.
Eis-nos então já a ganhar, já com um troféu nas mãos, e com um mar de esperança diante de nós.
No sábado começa a luta pelo Tetra. E que luta...
O Campeonato será, sem dúvida, o objectivo maior de todos. Nos próximos nove meses, a palavra 'Tetra' estará à cabeceira de toda a gente, desde a administração até ao mais anónimo dos adeptos. É esse o grande desígnio imediato do Benfica, e é isso que tem de nortear o dia a dia dos que, de alguma forma, se relacionam com o clube - profissional, ou efectivamente. Nunca, em 112 anos de história, e mais de oitenta de campeonatos nacionais, o Benfica alcançou quatro títulos consecutivos. A possibilidade de fazer desta uma temporada histórica está diante de nós.
Em Tondela encontra-se a primeira estação de uma longa caminhada, onde cada jogo será uma final. Onde cada detalhe pode fazer a diferença.

Vamos então entrar marcar desde já posição. O 'Tetra' começa agora."


Luís Fialho, in O Benfica

O videoárbitro não serve para nada

"A primeira experiência em Portugal, mas ainda a brincar (ou seja, sem efeitos práticos no decorrer do jogo e só para ensaio) foi feita no último fim-de-semana, precisamente no jogo que deu o pontapé de saída na época de futebol, a Supertaça entre Benfica e Braga, e que permitiu aos encarnados conquistarem o primeiro troféu da época.
A simulação foi feita por Jorge Sousa, que a partir de uma cabine funcionava como árbitro alternativo, solicitando ao videoárbitro dúvidas em quatro situações concretas: penáltis, validação de golos, expulsões e identificação de jogadores. Quando o esquema estiver a decorrer em pleno, esse pedido de análise é feito directamente pelo árbitro da partida.
A tecnologia, tantas vezes pedida e reclamada, não vai ser usada ainda no campeonato nacional, mas vai ter aplicação ainda este ano na final da Taça CTT (mais conhecida por Taça da Liga), bem como nos quartos de final, meias-finais e final da Taça de Portugal. Mas, mais dia menos dia, a ideia é que a tecnologia seja usada em todas as competições.
Sexta-feira começa mais um campeonato. É tempo de a bola rolar no relvado. E é, como sempre, tempo de começarem as polémicas com as arbitragens. Foi falta! Não foi nada! É penálti! Saltou para a piscina! Amarelo! Qual amarelo, expulsão! Ladrão! É o sistema! Etc, etc, etc.
Para quem segue minimamente o ‘fenómeno futebolístico lusitano’, tornou-se verdade universal que a utilização de novas tecnologias no futebol vai ajudar a que haja maior transparência, maior verdade desportiva e, no final de contas, menor polémica.
Errado. Falso. Mentira.
Passo a explicar.
Imagine o leitor um Sporting-Benfica (pode ser Porto-Sporting, Benfica-Porto ou outra combinação qualquer). A meio do jogo o árbitro tem dúvidas, será ou não penálti? Solicita a ajuda do videoárbitro. Passados uns segundos, e depois de ver as imagens de televisão do lance repetidamente, o vídeo-árbitro decide que afinal não é penálti. O jogo segue.
No mesmo dia, e nos dias que se seguem, esse mesmo lance será visto por imensos ‘videoárbitros’, em repetições sucessivas, nos programas desportivos na televisão. Eu pergunto: alguém acredita que os comentadores de um e outro clube alguma vez estarão de acordo em relação à decisão tomada na véspera? A resposta é fácil. Pois se já agora ao verem e reverem múltiplas vezes o mesmo lance chegam, invariavelmente, a conclusões opostas, por que raio é que com o recurso a um vídeo-árbitro no terreno, em direto, as polémicas cessariam?
Não, o que vai acontecer é outra coisa. É que em vez da suspeita estar toda em cima dos árbitros (e do sistema e dos dirigentes desportivos e dos delegados e dos conselhos de disciplina e arbitragem e outros que existam), a mesma suspeita estará agora sobre os ombros de uma nova entidade culpada de todos os males que fazem com que os clubes não cumpram o seu destino bíblico: ser campeão sempre, todos os anos, e quando tal não acontecer foi porque o mundo conspirou contra as nossas cores.
Que ninguém se engane, podemos pôr quantos videoárbitros quisermos para analisar penáltis e expulsões que as polémicas não vão terminar. Por uma razão simples: a polémica somos nós, está-nos no sangue, é o que faz vender jornais especializados e dá audiência aos programas da bola. Ou melhor, aos programas que se especializaram em falar das polémicas em vez de olharem para o jogo. 
Videoárbitro! Bah. Se querem acabar com as polémicas o melhor é arranjarem outro país."