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Vantagem curta...
Falar Benfica #200

quarta-feira, 26 de março de 2025

Vantagem curta...

Benfica 33 - 31 GOG
17-15

Excelente vitória, sobre uma equipa conceituada, que acaba por pecar por ser curta! Evolução tremenda do Cavalcanti Júnior!
Começamos muito bem... mas no início do 2.º tempo, permitimos a reviravolta, mas ainda fomos a tempo de recuperar e vencer!
Os dois golos de vantagem parecem-me pouco, para o 2.º jogo na Dinamarca, mas...

Falar Benfica #200

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

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3x4x3


1 Minuto


- Minuto...

No Princípio Era a Bola - Sem coerência e ignorando o rendimento, Portugal passou na Liga das Nações. Mas pouco se construiu para o futuro

Terceiro Anel: Dinamarca...

Seleção Nacional: sempre futuro


"1 — A Seleção Nacional apurou-se neste último domingo para a final four da Liga das Nações. Sabendo-se que as demais seleções apuradas são a Alemanha (4 vezes campeã do Mundo e 3 vezes campeã da Europa), a França (2 vezes campeã do Mundo e 2 vezes campeã da Europa) e a Espanha (1 vez campeã do Mundo e 2 vezes campeã da Europa), diríamos que Portugal está finalmente no nível de elite que achámos ser o seu. E efetivamente está, essa apreciação é objetiva.
E nestas coisas do futebol, já aprendemos o suficiente para saber que a objetividade supera sempre a subjetividade. A subjetividade, contudo, não pode ser ignorada, e essa leva-nos à análise do que se passou em campo na eliminatória contra a Dinamarca. Acabámos por vencer 5-2, mas a verdade é que no final dos 180 minutos estávamos empatados. Mais uma vez, a objetividade recorda-nos que acabámos por vencer de forma categórica quando a França e a Espanha se apuraram apenas nos penáltis, mas penso que não custa reconhecer que o futebol produzido pela Seleção Nacional esteve muito aquém do que todos sabemos poder ser aquela equipa capaz. Vem isto também a propósito da estratégia de base que, em minha opinião, deve presidir à estratégia de formação do jogador português. E em duas dimensões complementares, uma mais relativa à Seleção Nacional propriamente dita, e a outra mais relativa à formação.

2 — Na dimensão relativa à estratégia em torno Seleção Nacional, não surpreendentemente alinho pelo diapasão que vi publicado este domingo por José João Torrinha, n’O JOGO. Ele recordava como há uns anos era dada a possibilidade de vários atletas que integram o lote dos, digamos, 40 selecionáveis, poderem ser convocados com maior frequência. Seja em amigáveis, seja em jogos oficiais com adversários de menor expressão, era permitido a mais jogadores poderem integrar convocatórias, ser valorizados, pressionar as primeiras opções.
Desde que a Seleção Nacional adotou o registo de clube, são invariavelmente convocados sempre os mesmos, afunilando opções e tornando aquele lugar inacessível. Ainda este domingo pudemos ver o jogo a ser resolvido por um atleta, Francisco Trincão, que raramente tem feito parte das opções do selecionador nacional (tem apenas 10 internacionalizações); no entanto, ainda que não tão entrosado no clube Portugal, foi ele que resolveu o jogo e nos colocou na final four. É evidente que o futebol pós-Bosman mudou imenso o figurino e a contratação em massa de jogadores portugueses pelos principais emblemas do Mundo faz com que seja cada vez mais difícil aos clubes portugueses terem jogadores na Seleção Nacional.
Mas pegando no meu clube, podemos ver que o Vitória tem, ao longo da sua História, 32 atletas que foram internacionais A por Portugal enquanto jogadores do Vitória. O número é de facto impressionante. Desde 1966(a primeira internacionalização de um jogador do Vitória foi de Mendes pé de canhão) até à recente chamada de Jota Silva, é com orgulho que este clube tem fornecido muitos quadros para a equipa de todos nós. E este hábito devia ser não apenas mantido como impulsionado; é por exemplo para mim incompreensível como Ricardo Velho (Farense) foi chamado apenas por uma vez à Seleção Nacional.

3 — Na dimensão relativa à formação, entendo desenvolver essa ideia num outro artigo, que lhe seja especialmente dedicado. Porque é assunto que merece uma abordagem mais científica. Mas posso adiantar que, sumariamente, defendo uma alteração regulamentar que imponha que aos clubes a partir de determinado escalão (ex.: Campeonato de Portugal) apenas seja possível utilizar jogadores da sua formação. O futebol português precisa muito de incentivar a dimensão clube-cidade, a vertente de envolvimento comunitário aos clubes das diferentes terras, como sendo delas representativos, promover o sentido de pertença com que batizei este espaço e que, numa frase, descreve esse sentimento.
É importante envolver as famílias, os amigos, voltar às origens do futebol de bairro, que deslocava as pessoas para verem os seus. O jogador português tem uma qualidade que permite que isto se possa fazer sem qualquer receio de perda de qualidade ou competitividade. A desenvolver.

4 — Uma última palavra para manifestar a minha satisfação pela eleição de Fernando Gomes para a presidência do Comité Olímpico de Portugal. Como tive oportunidade de aqui escrever, aquando da sua saída da FPF «é absolutamente inequívoco que Fernando Gomes mudou em absoluto a face e a imagem do futebol português e a própria imagem da Federação. A FPF está ao nível das melhores do Mundo e isso deve-se sobretudo ao trabalho tão discreto quão eficiente que Fernando Gomes soube desenvolver». Aquilo que todos esperámos é que saiba trazer a sua determinação e a sua competência para a coordenação das demais modalidades desportivas, promovendo o ecletismo e potenciando a organização e estruturação que é tão necessária no programa olímpico nacional. As minhas felicitações a Fernando Gomes, acompanhadas de uma enorme dimensão de expectativa."

A profissão de Roberto Martínez e a competência


"Se não foi Fernando Santos também não será, provavelmente, o espanhol a conseguir extrair o melhor de uma Seleção carregada de talento. Há sinais de alerta, apesar do apuramento

Defendi a contratação de Roberto Martínez, mais do que tardio substituto de Fernando Santos, contra duas ideias que ganhavam forma: a do fracasso à frente da 3.ª classificada do Mundial de 2018, a geração de ouro belga que uniu um país dividido para lá das quatro linhas; e a alegada existência de uma casta de portugueses de qualidade superior, máscara em alguns casos para triste xenofobia.
Em teoria, o espanhol encaixava na nova filosofia procurada na Cidade do Futebol, a querer explorar a crescente massa crítica, a chegar em fornadas sucessivas aos clubes e a bater à porta do selecionador. O mesmo não se passava com os congéneres portugueses, entre eles Mourinho, num namoro projetado pelo eterno desejo de juntar os melhores atletas ao treinador mais bem sucedido e que andará sempre no nosso inconsciente coletivo, mesmo que o Special One esteja hoje mais próximo de Fernando Santos do que de Martínez na abordagem.
Alertei que Martínez trazia um senão. Era homem de consensos e não de roturas, o que poderia não servir os interesses da Seleção (embora cumprisse os federativos). Tal como tinha acontecido com os veteranos da Bélgica, o treinador quis agradar a todos: foi assim com a cega manutenção de Ronaldo ou a resistência a jogadores fora do núcleo duro. Trazia ainda de Bruxelas outra dúvida: nem sempre o ataque posicional funcionara.
O que Martínez apresentou nos primeiros tempos foi radical e nem sempre funcional, apesar dos resultados. Faltou-lhe semear dinâmicas. Um selecionador deve aproveitar o trabalho dos clubes, porém não chega. E, dois anos depois e com uma fase final pelo meio, já não se pode queixar do tempo de treino.
A procura de consensos políticos impediu o coletivo. O jogo posicional é estático, sem que os jogadores se complementem e sem movimentos sem bola, o que resulta numa posse pára-brisas. Depois, a coesão desmorona entre os que devem defender e os que não o fazem. Colocar Bernardo para os duelos, em vez de distribuir a despesa por todos é crime. Tapar Jota ou Ramos outro. É uma Seleção de concessões, não a melhor possível!
A Liga das Nações diz-me pouco, mas os jogos com a Dinamarca avisam-me que Portugal não está bem e se perdeu no rumo. A resposta desproporcionada de Martínez ao jornalista confirma-o. Sei que estou a ser duro, porém se o espanhol não conseguir fazer da Seleção uma equipa, então talvez deva ouvir o próprio conselho e experimentar outro ofício."

O regresso aos estádios e (mais) agressões


"1 — No domingo voltei a ver um jogo ao vivo, algo que não acontecia desde 2018, quando assisti ao Vitória FC-Sporting da final da Taça da Liga. Naturalmente que há razões para isso só ter acontecido duas vezes desde que terminei a carreira.
A primeira foi por opção profissional. Como sabem, analiso arbitragens de FC Porto, Benfica e Sporting, o mesmo se aplicando às partidas da Seleção Nacional. Ora esse compromisso obriga-me a basear o trabalho em imagens televisivas, o que só acontece em ambientes propícios à máxima concentração.
A segunda é por sensatez. Por incrível que pareça, ainda não é seguro a um árbitro ou ex-árbitro irem a estádios, sobretudo em jogos onde estejam muitos adeptos. Há sempre o risco de alguém mais exaltado dizer (ou fazer) o que não quer ou contagiar outros no mesmo sentido. Há sempre o risco de levar uma cuspidela na cara, um empurrão sem querer, um coro de insultos ou um chega para lá, ao jeito de pequena agressão disfarçada de encontrão casual.
O futebol é para todos, menos para quem optou pela arbitragem. Esse atrevimento raramente é perdoado pela franja de gente mais delirante ou predisposta ao conflito. É precisamente para evitar cenários constrangedores que escolho não fazer o que tanto gosto. Naturalmente que em muitas situações, na maioria até, ir à bola é seguro, mas enquanto existir a probabilidade de algo correr mal, escolho não me sujeitar (nem sujeitar os meus) a essa provação.
2 — Lembram-se de na semana passada ter regressado ao tema das agressões a árbitros? Nem sete dias passaram para o cenário repetir-se com gravidade, em vários pontos do país.
Penso que está na altura de ser ainda mais claro nesta matéria: quem bate ou tenta bater, quem magoa ou tenta magoar, quem coage, insulta e ameaça recorrentemente terceiros, nunca mais devia pôr um pé que fosse num campo, pavilhão, ringue ou pista. Para grandes males, grandes remédios. Banimento definitivo, sem apelo nem agravo. Infelizmente a nossa Constituição não permite sanções vitalícias. Felizmente permite temporárias e longas. Infelizmente raramente há coragem institucional para as aplicar com celeridade e pujança. E é porque a maioria das sanções são inferiores ao expectável que muitos desses bárbaros, ora mascarados de adeptos, ora de outra coisa qualquer, continuam a regressar aos recintos desportivos.
O que aconteceu este fim de semana em vários recintos foi mais uma vez inenarrável e devia merecer forte repressão. Em vez disso, temos jogadores/agressores a dizerem «eu não agredi ninguém, porque tentativa de agressão não é agressão» e presidentes de clubes a justificarem cenas de pancadaria horríveis com um surreal: «A culpa foi das arbitragens desastrosas.» É melhor rir para não chorar. E é aqui, neste cenário de comédia barata e desculpabilização apalhaçada que esta gente se passeia por aí, sem vergonha nenhuma na cara.
A arbitragem, as associações de futebol, a FPF, a Liga, as autarquias, as escolas e sobretudo os clubes têm o dever e a obrigação moral de educarem as suas pessoas com ações de sensibilização constantes. Quem cria leis civis e quem propõe regulamentação desportiva devia estar obrigado a proteger todos os agentes desportivos, prevendo penas excecionais para quem repetidamente colocasse em causa a sua segurança física.
Por enquanto este continua a ser um problema chato, mas apenas isso. Alguns (nem todos) condenam, aqui e ali há revolta verbal e apelos à serenidade, mas ninguém prioriza, ninguém dá a atenção devida, ninguém se assume a sério, ninguém grita «Basta!!!!» E na verdade, basta.
Não consigo aceitar que o meu futebol, o meu país, ainda não tenham conseguido mitigar este flagelo que ameaça uma das mais nobres atividades que temos."

O Futebol Dói!


"O número de atletas que procura ajuda, nos nossos consultórios, está a crescer drasticamente! Percebem, cada vez melhor, que as abordagens superficiais, que visam resultados imediatos, à la longue, não funcionam. X, 23 anos, refere, numa das nossas primeiras sessões de Psicoterapia: «Estava sentado no balneário, os gritos dos meus colegas à volta. Um dos jogos mais importantes da temporada. Sentia a adrenalina disparar, mas a ansiedade comia-me. E se não conseguir jogar como espero? O peso das expectativas sufoca. A expectativa do treinador é alta. A do meu pai ainda maior. Querem que joguemos com garra, que mostremos uma performance que justifique as horas de treino. E nós também, claro! Quem não quer?! Sentia a pressão crescer a cada segundo. Um nó na garganta, o coração disparado... doía-me o peito. Quase não tinha pregado olho. O que acontece se não cumpro? O medo de desapontar a equipa e os adeptos rebenta comigo! Eles acreditam em mim... e se eu falhar? E se não renovo? A imagem do túnel, depois aquela gente toda a olhar para mim.... Tinha que me concentrar, mas os pensamentos intrusivos invadiam-me, a insegurança aumentava. A imagem de errar um passe crucial, falhar uma finalização perfeita, sempre a bater. Só a ideia de ser o motivo de uma derrota.... é absurdo como um mero erro destrói, nas redes sociais e na imprensa. Lembrei-me do que vamos falando, das nossas sessões. A importância da rigidez do meu pai, para mim... o quanto já consegui atingir... o colo da minha namorada... e o seu.... Lá fui acalmando, aos bocadinhos...»
Da nossa experiência, mais de metade das jovens esperanças falham o seu caminho por, como se diz no desporto, falta de força mental. Tudo começa com um desenraizamento do seu ambiente familiar, ainda criança, mudando todo o seu modus vivendi para ingressar nas escolas de formação dos grandes clubes. Longe do colo da mãe, da família (por vezes, ela própria, desestruturada) há um longo caminho a percorrer. Às exigências físicas da profissão soma-se a procura de figuras de identificação e lares provisórios que lhe sirvam de chão. Surgem muitos medos. Medo de uma má apresentação. Medo de uma lesão (outro grande bicho papão). Medo de não corresponder às expectativas. A ansiedade sobe, novo medo de diminuição da performance, ainda mais ansiedade sobre o desempenho futuro, e tudo de novo! Bolas de neve conduzem a avalanches!
O futebolista moderno vive sob uma pressão asfixiante. É um gladiador dos tempos modernos. Lida com expectativas não apenas em relação a si próprio, mas também por parte de treinadores, de familiares, de fãs, dos media, etc. Os verdadeiros exemplos de bullying estão nos comentários demolidores, nas redes sociais. Tudo isto enquanto treina cada vez mais, cada vez mais intensamente. Isolado no seu mundo de pressão constante, cai muitas vezes na solidão e, logo a seguir, na depressão.
A vida de futebolista é uma vida de nómada. Hoje aqui, amanhã acolá. Mudanças de clube, de país, de língua, de clima, de hábitos. Há que adaptar e não chorar. E a Família? O Natal? Treina-se. O aniversário do filho? Há jogo. A escola? Que se adapte o miúdo. O pai que está doente? Terá que esperar pelo fim da época. A avó morreu? Paciência; já estava velhinha! E a reforma, sempre precoce, nestas profissões, lá pelos 30?
Mario Gotze, o homem que deu o título mundial à Alemanha em 2014, sabe do que fala: «É um assunto que raramente é discutido, mas representa um problema sério. Muitas pessoas caem em depressão quando penduram as chuteiras. O mais importante ao se reformar é evitar cair no abismo, num buraco negro; esse deve ser o seu objetivo. E não me refiro apenas ao aspecto económico.»
A patologia mental espreita, mesmo em momentos altos. Andrés Iniesta foi campeão de tudo, mas isso não lhe serviu de muito: «Tinha todas as condições positivas que se possa imaginar, mas começamos a sentir-nos mal, a não sermos nós próprios, a sentir um vazio geral e não sabemos o que se passa porque os testes que fazemos são perfeitos.» Descreve o desalento, o sentimento de vazio e a anedonia, essa incapacidade de sentir prazer e aproveitar as coisas boas, tão comum, nos deprimidos: «Quando estava a lutar contra a depressão, a melhor hora do dia era quando ia para a cama. Perdi a vontade de viver. Abraçava a minha mulher, mas era como abraçar a almofada. Não sentia nada». Nessa altura, o jogador procurou ajuda, que mantém, até aos dias de hoje: «Continuo a ir à terapia porque preciso de me encontrar comigo mesmo.» Repete, insistentemente, que a Psicoterapia lhe salvou a vida.
São inúmeros os atletas com superpoderes, com surpreendentes testemunhos acerca das suas batalhas para se manterem sãos, mentalmente. Tantos, que não cabem neste texto. Atletas em início de carreira, veteranos ou aposentados. Parece quase milagre haver saúde mental, no futebol! É uma área sobre a qual todos — atletas, treinadores, clubes e os seus altos dirigentes, departamentos de formação, etc. — devem reflectir e investir.
Outro enorme perigo espreita! O futebol continua a ser abordado superficialmente, ignorando os processos profundos que determinam a personalidade e a patologia do jogador. Os clubes têm Gabinetes de Psicologia que parecem centrar-se no desempenho, o que é muito insuficiente!
O que sobressai é uma abordagem que se centra no consciente, no que é cognitivo e racional, na aprendizagem. Como se o desempenho se baseasse só na vontade! Não vale de nada dizer a um deprimido: «Anda, anima-te! Vê tudo o que tens de bom na vida e sorri!» Nem tão pouco, a um ansioso: «Visualiza o golo e vais ser capaz!» Proliferam as soluções instantâneas, mágicas e falaciosas, os coaches desportivos fabricados em whorkshops de fim-de-semana.
Vendem-se ilusões, em vez de soluções. Necessitamos de análises profundas que potenciem o crescimento holístico do atleta e do clube. Abordagens superficiais podem funcionar com arranhões. Quando há problemas mais graves, ou se quer potenciar os resultados, é imperioso explorar as motivações internas, traumas e ansiedades que influenciam o desempenho individual e a dinâmica da equipa, rumo a uma melhor coesão do grupo e resiliência emocional.
É enorme, o sucesso da Psicoterapia Psicanalítica/Psicodinâmica em atletas de alto desempenho. Mas é só para gente grande, forte. A Psicoterapia é para gente assim. Com problemas, mas também com capacidade de os ultrapassar! Os relatos dos grandes craques e a evidência clínica que observo no consultório confirmam-no.
O bem-estar que encontram não se limita ao âmbito desportivo, alastrando para todas as áreas das suas vidas. A Psicanálise permite um autoconhecimento que prepara para enfrentar toda e qualquer adversidade. No futebol e na vida. Possibilita a regulação emocional, durante a competição, tornando possível controlar os pensamentos negativos, inibidores de performance. Evita as situações em que o atleta manifesta, com sintomas físicos, a sua dor mental: as psicossomatizações.
As diarreias, as crises de ansiedade e faltas de ar, os vómitos, os ataques de choro, entre outros, desaparecem. Urge, então, a procura de métodos psicoterapêuticos que se foquem na etiologia, que vão à raiz dos problemas, em detrimento de meras operações de cosmética! Porque, sim, o futebol dói, mas não tem que doer para sempre."

Margarida...

Zero: Senhoras - S05E26 - Águia continua a voar: game over para o Sporting?

Rabona: Watching Portugal increased my blood pressure

DAZN: The Premier Pub - "Klopp criou a regra James Milner no meinho"

39 e 27, os números


"1. Campeonato e Taça de Portugal. São estes os objetivos da equipa de futebol do Benfica a pouco mais de dois meses do fecho da época de 2024/25. No que diz respeito ao Campeonato, o Benfica só de si depende. Quanto à Taça de Portugal, passa-se exactamente a mesma coisa, porque o Benfica depende apenas do seu esforço para a conquistar. O campeonato seria o 39.º, a Taça de Portugal, seria a 27.ª Impressionante, não?

2. Em Vila do Conde, sem favores de ninguém - e esta parte do 'sem favores de ninguém' é mesmo importante por ser uma grande verdade - , o Benfica fez o que lhe era suposto fazer, venceu o Rio Ave, somou os 3 pontos, regressou a casa com o seu dever cumprido e com o sabor extra de uma reação categórico e vitoriosa na parte final da partida quando, de repente, se viu empatado e soube 'desempatar-se' com muito querer e acerto. Rio Ave já está.

3. No sábado há dérbi feminino no palco principal da Luz. Quartos de final da Taça de Portugal. Benfica-Sporting, 18 horas. Vamos lá? Vamos, pois. Carrega, Benfica!

4. No Tribunal de São João Novo, na cidade do Porto, iniciou-se o julgamento dos arguidos da chamada Operação Pretoriano. Como é do conhecimento geral, esta operação do Ministério Público visa apurar responsabilidades criminais entre os protagonistas de uma noite da violência por ocasião de uma assembleia geral do FC Porto em Novembro de 2023. Foi, é e vai continuar a ser um assunto do FC Porto e, agora, um assunto dos tribunais, e não cabe dos benfiquistas opinar sobre essas matérias que, felizmente, não nos dizem minimamente respeito. Mas tem sido uma leitura educativa o noticiário sobre as perguntas levantadas pelos juízes e as respostas fornecidas pelos arguidos.

5. Não há necessidade de qualificar o teor e à qualidade do que se tem dito no Tribunal de São João Novo desde que o julgamento começou. E também não se vislumbra o menor interesse em estabelecer qualquer consideração ética sobre as lágrimas derramadas e os choros conclusivos na sala de audiências. Enquanto tiveram 'cobertura', foram todos uns grandes 'valentões' capazes das maiores 'proezas' que a imprensa regional e nacional cobriu durante décadas com palavras cautelosas em prol das curiosidades do 'tipicismo'.

6. Mas foi este bando de delinquentes que, objetivamente, mandou no futebol português durante décadas. Impôs uma ordem, intimidou muita gente e serviu um regime.

7. E foi esta gente que o ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol empossou como claque oficial da seleção nacional na Euro 2016. Foi esta matilha que andou por França a vender bilhetes no mercado negro. O ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol que assume agora a presidência do Comité Olímpico de Portugal. Será possível?"

Leonor Pinhão, in O Benfica

Uma oferta de amizade e reconhecimento


"Nas bodas de ouro do SL Benfica, os clubes portugueses ofereceram-lhe uma águia de granito

O ano de 1954 foi, sem dúvida, o ano da concretização de um sonho para os benfiquistas. No ano em que festejou a suas Bodas de Ouro, o Benfica conseguiu, também, inaugurar o seu estádio. A celeridade com que a obra se concretizou levou mesmo a que a ela se referissem como o 'milagre de Carnide'. Em 8 de Dezembro de 1954, o último dia do festival de inauguração do Estádio da Luz, os benfiquistas davam por encerradas as comemorações do seu cinquentenário. No entanto, para o último ida desse aniversário do Clube estava reservada uma surpresa: a 'Direção do Atlético Clube de Portugal entendeu que o Benfica, no momento mais alto da sua existência, merecia, pelo seu passado do meio século devotado à causa do Desporto'.
Em 27 de Fevereiro de 1955, a encerrar as comemorações do 50.º aniversário do Sport Lisboa e Benfica, foi descerrada, em frente ao portão n.º 1, uma 'formosa e imponente Águias de Granito', esculpida pelo escultor Domingos Soares Branco. A iniciativa foi idealizada pelo Atlético Clube de Portugal, mas rapidamente reuniu o contributo dos clubes portugueses, que, deste modo, quiseram associar-se à comemoração das Bodas de Ouro do Clube.
'Coberta por duas bandeiras, a da Pátria e a do Benfica', a escultura oferecida pelos clubes portugueses ao Benfica, conforme se podia ler na inscrição gravada na placa do pedestal ('Ao Sport Lisboa e Benfica - Homenagem do desporto português (do Minho a Timor) - 1904/1954'), foi descerrada pelo dr. José Pontes, presidente do Comité Olímpico Português, e pelos presidentes do Benfica e do Atlético. A este acto seguiu-se uma 'trovoada de aplausos'. Na cerimónia estiveram presentes várias personalidades: além dos representantes do Comité Olímpico Português, assistiram a este momento representantes de vários clubes, federações e associações.
Ao longo dos anos, a Águia de Granito teve várias localizações, e atualmente localiza-se no átrio de entrada da porta 1-2-3 do Estádio da Luz.
Saiba mais sobre esta e outras esculturas do universo benfiquista na área 16 - Outros Voos, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

Reservado: cheira a penta


"Por muita azia que o pentacampeonato feminino de futebol possa causar a adversários, comentadores e a alguns elementos do canal de televisão da Federação Portuguesa de Futebol, o feito histórico do SL Benfica vai mesmo acontecer. Peço desculpa pelo enorme excesso de confiança, mas cá estarei se for preciso dar o corpo às balas e redimir-me por esta afirmação que é pessoal e intransmissível.
Acompanho a equipa desde o início do projeto feminino de futebol do Glorioso e não posso estar mais orgulhoso por, ainda em Março, estarmos a uma vitória e um empate de sermos pentacampeãs. Não só pode entrar já para a história como garante o acesso direito à nova fase de liga da Liga dos Campeões. Já sei que não há justiça no futebol, mas, quando a conquista do Campeonato for oficial, estaremos perante um caso de justificada comoção e mérito. Depois de tudo o que as Inspiradoras conseguiram alcançar em seis épocas de competição (e da brilhante carreira nas competições europeias), só nós merecemos lá estar com entrada direta. Lamento a falta de modéstia, mas há que ser claro. Em especial quando ainda existe tanta dificuldade em reconhecer o mérito de Filipa Patão e da sua equipa técnica, staff, dirigentes e jogadores. O penta vai ser nosso. Aguentem-se."

Ricardo Santos, in O Benfica

Variações


"A Suécia decidiu não implementar o VAR. Na Noruega discutiu-se a possibilidade de acabar com ele. E também já houve clubes da Premier League e pedirem o seu fim.
Depois de alguns anos, podemos fazer um balanço do que esta tecnologia trouxe ao futebol. Não creio que tenha sido muito.
Se o objetivo era pôr termo à polémica em redor da arbitragem, estamos conversados. Os erros que antes eram desculpáveis, pela velocidade do jogo e pela necessidade de decidir no momento, tornaram-se erros inaceitáveis de quem está longe do estádio e de qualquer responsabilização.
As linhas de fora-de-jogo não passam de uma mentira bem contada. É impossível, com uma câmara a 50 metros de distância dos jogadores, com estes em movimentos opostos, obter uma imagem - que é, no fundo, um conjunto de pixeis - que permita medir em rigor dois ou três centímetros para lá ou para cá. O frame é escolhido arbitrariamente, e os pontos que sustentam a linha também. Tudo seria perfeito se o VAR escrutinasse foras-de-jogo óbvios que tivessem passado despercebidas ao fiscal-de-linha. Não é isso que acontece: em caso de duvida, em vez de se privilegiar o ataque como dizia a regra, coloca-se uma linha num ponto qualquer, de uma imagem qualquer, e dispara-se um palpite. O adepto come e cala.
Inventou-se também um novo tipo de penálti: o vídeopenálti. Ao contrário do que dizem os protocolos (que falam de lances claros), se hoje uma bola raspa no dedo de um defensor, ou alguém tropeça no pé do adversário, temos uma grande penalidade, e um longo período de pausa até que a decisão seja tomada.
Pior do que isso é os adeptos terem sido privados do festejo espontâneo dos golos - agora sujeito a soluços. Ou à angústia, não só no momento do penálti, como em Peter Handke, mas naquele que devia ser o climax do futebol."

Luís Fialho, in O Benfica

Viver em comunidade


"Pertencer a uma comunidade, de verdade e não irrelevantemente, é um delicado e constante exercício de cidadania, que não se herda nem se ensina. É verdade que os que têm a sorte de vir ao mundo no 'lado A' da vida já vão encaminhados à nascença e poderiam focar-se mais na comunidade e um pouco menos em si próprios. É verdade, mas não é garantia, ou não houvesse tanto egoísmo e falta de empatia espalhados por todas as camadas das sociedades ditas desenvolvidas. De igual forma, não é condição de quem nasce humilde, ou mesmo em exclusão, vir apenas a lutar cegamente pelo pão de cada dia sem olhar a meios nem cumprir escrúpulos. Nisto, creio, estamos todos de acordo, porque é o que vemos acontecer no dia a dia.
Então, se assim é, o que faz as pessoas atentarem umas nas outras e, se necessário, proverem as suas necessidades? De onde nos vem este sentido de respeito pelo espaço do outro, de regra e de solidariedade? A resposta é tão complexa como a quisermos fazer e detalhar, mas, na sua versão mais simples, poderíamos dizer que somos de uma espécie gregária e que, portanto, sabemos profundamente no nosso ser que não existimos uns sem os outros e que cada indivíduo, por si só, não tem garantido qualquer sucesso na competição com outras comunidades e espécies que caracteriza a vida no nosso planeta.
Precisamos de comunidades fortes e coesas para sobreviver, mas também para desenvolvimento todo o nosso potencial enquanto pessoas, ascender e legitimar lideranças ou trabalhar em equipa e alcançar objetivos comuns que doutro modo seriam inatingíveis. Para isso, dia a dia, rua a rua, precisamos de construir pontes e ligações entre todos, em total interdependências, sem exclusões ou fronteiras sociais.
Haverá melhor para isso que entrar pelos bairros da cidade, usar a magia do futebol para convocar e capacitar os jovens e ativá-los para serem capazes de pensar e agir por si próprios em beneficio das suas comunidades?"

Jorge Miranda, in O Benfica