Últimas indefectivações

domingo, 19 de junho de 2022

Juvenis - 9.ª jornada - Fase Final

Benfica 2 - 3 Sporting


Com o título já entregue, sem muita pressão, num jogo marcado por uma dupla expulsão (uma para cada lado) ainda na 1.ª parte, derrota injusta, num jogo que merecia ter terminado empatado, com o Benfica a sofrer um golo perto do fim...

Tínhamos plantel para fazer melhor, nesta fase final. Alguma falta de entrosamento, deficiências na defesa, e curiosamente poucos desiquilíbrios nas Alas... Agora, em relação a este Sporting, a diferença individual é pouca ou nenhuma, excepto na questão física: enquanto o Benfica tem um jogador que permite desconfiar da idade, o Sporting tem vários!!!

Em relação aos Vermelhos, inacreditável a impunidade da Lagartada, constantemente a agarrar, constantemente a fazer faltas, então aquele Arreiol foi um fartote!!! E depois quando nada se marca, os putos abusam... Sendo que na repetição até me parece que o Ussumane entrou na bola (mas com o jogo parado), e só o aparato da situação transformou uma falta normalíssima num Vermelho!

As 5 lacunas a colmatar no SL Benfica


"O Que É Que Mudarias Se Fosses O Presidente Dos Encarnados?

A pré-temporada irá começar na próxima semana e ainda há várias questões por resolver no plantel do SL Benfica.
Da mesma forma que acredito que Roger Schmidt tenha as competências necessárias para mudar o rumo do futebol do Benfica face ao passado recente, também acho que o plantel atual está completamente desajustado às ideias e ao modelo de jogo do treinador alemão, sendo ainda necessário fazer várias mudanças para que este se ajuste e seja capaz de interpretar as ideias e a filosofia de jogo do seu treinador.
Aqui, irei fazer um top de cinco aspectos que precisam de ser melhorados no plantel.

1. Arrumar a casa
Há alguns anos que o SL Benfica tem tido problemas em colocar os jogadores excedentários. Devido a este problema (e não só), o SL Benfica tem vindo a ter uma massa salarial bastante elevada.
Caso não resolva este problema até à pré-eliminatória da Champions, supondo que não consiga a qualificação, poderá ver-se forçado a vender algum jogador nuclear do plantel, tal como aconteceu na época 20/21.

2. Meio Campo
Na minha opinião, é o sector onde há mais ajustes a fazer. Nenhum dos médios do SL Benfica se ajusta às necessidades exigidas no sistema táctico de Roger Schmidt e é necessária uma pequena revolução por aqui.
Para um seis, é necessário um médio com características que se ajustam mais um trinco clássico, com capacidade posicional, capacidade de desarme e que dê uma maior segurança à equipa na transição defensivo.
Para a posição de oito, é necessário alguém com as características de um box-to-box moderno que tenha disponibilidade física, agressividade defensiva, qualidade na construção e capacidade de chegada à área.

3. Dupla de Defesas Centrais
Otamendi e Vertonghen realizaram duas épocas positivas de águia ao peito. No entanto, tendo em conta a idade e as suas características, são defesas-centrais que encaixam melhor numa equipa que privilegie a organização defensiva.
Para o modelo de jogo do Roger Schmidt, são necessários defesas-centrais com outras características. São necessários defesas-centrais mais rápidos, com maior capacidade para controlar a profundidade e para orientar os apoios.

4. Guarda Redes
Uma equipa que quer defender de uma forma agressiva e com as linhas subidas não pode jogar com um guarda-redes que é mau em tudo o que seja trabalho fora dos postes, como as saídas aos cruzamentos, o jogo de pés e sobretudo, o controlo de profundidade.
Odysseas Vlachodimos sempre revelou lacunas nesses aspectos do jogo, não tendo mostrado qualquer evolução nos mesmos.

5. Lateral Esquerdo
O SL Benfica já colmatou neste mercado uma lacuna que existia no plantel há vários anos com a contratação de um lateral-direito para entrar de caras no onze e que tenha um perfil que encaixe perfeitamente no modelo de Roger Schmidt.
No entanto, falta alguém com um perfil idêntico para a lateral-esquerda. Alex Grimaldo não tem a disponibilidade nem a intensidade de jogo que Schmidt exige na posição, para além de ser um jogador pouco comprometido com as tarefas defensivas."

BI: Selecção...

A caminhada...

Mais do mesmo...

Sporting 5 - 4 Benfica

Mais um jogo mal perdido com a Lagartada, com 1-3 no marcador, tivemos várias oportunidades para fazer o 1-4 antes do intervalo... e o jogo poderia ser outro!
Permitindo a recuperação, já sabemos como são os jogos 'apertados' com os inimputáveis!!!

Inacreditável como num lance onde o Sporting faz a 6.ª falta, o Jacaré acaba expulso! Inacreditável como não foi assinalada a 6.ª falta, sobre o Rocha...!!! Estes inacreditáveis, são tão comuns nestes jogos, que já não são inacreditáveis, são a Lei!!!

Espero que a lesão do Romulo, não seja grave. Hoje sem o Robinho já se sentiu problemas na rotação sem o Brasileiro/Russo tudo será mais complicado...
Sendo que o factor decisivo, continua a ser os apitos, enquanto o Benfica continuar a terminar estes jogos às palmadinhas a todos os intervenientes, nada mudará...


Darwin e uma teoria de evolução


"A venda de Darwin (Nuñez) é um excelente negócio para o Benfica. Ponderar não vender um jogador (seja ele quem for), nesta altura de incerteza global, por cerca de 100 milhões de euros, seria uma irresponsabilidade e um amadorismo. Simples. Sem meias palavras. Tudo isto sem trazermos sequer à equação a vontade do jogador ou o passado clínico ao nível do joelho.
Amar o Benfica não pode fazer-nos esquecer o ecossistema pouco atrativo em que estamos inseridos, num campeonato pródigo em situações que comprovam a tacanhez e falta de perspetiva coletiva de muitos dos intervenientes. 
Esta realidade, à qual que podemos juntar as limitações financeiras de país periférico com estádios muitas vezes despidos de público, são cartões de visita que pouco impressionam na atração e/ou retenção de talentos de classe internacional inequívoca, sejam eles formados no Seixal (no caso do Benfica) ou diamantes "colhidos fora" ainda um pouco em bruto, e aqui "polidos" até atingirem esse nível.
Posto isto, é possível Darwin pensar ficar? Tendo a oportunidade de jogar no melhor campeonato do mundo, ganhar cerca de 650 mil euros/mês num clube também fantástico e com um estádio mítico? Entendo a importância da gratidão (e defendo-a) pelo Benfica, mas há que manter algum elementar bom senso.
É evidente que todos queríamos que o Darwin ficasse, mas sabemos não ser possível. Todos queremos manter os bons jogadores, até porque os jogadores "menos bons" não despertam grande interesse.
Em relação ao problema de reter o talento no Benfica (e em Portugal), não existe uma solução fácil, sendo as vendas dos jogadores uma condição de sustentabilidade de qualquer clube nacional na realidade atual.
A este propósito, confesso que gostaria que o Benfica tivesse proposto a Rúben Dias um contrato "vitalício" (não sendo possível tantos anos de contrato, ficava assumido), em que lhe fosse dito: "queremos que sejas o capitão do Benfica durante os próximos 10 anos. Terás sempre uma cláusula de igualdade com o salário mais alto do plantel. Aceitas? Ficar a tua carreira toda a envergar o manto sagrado e a capitanear o Glorioso? E quando terminares a carreira, ficas no Benfica noutras funções?"
Infelizmente, desconfio que nem Rúben Dias seria capaz de aceitar tal repto, tendo uma proposta do Manchester City. E não é "apenas" por dinheiro. A Premier League é o que todos sabemos. Ao invés, a nossa liga, no mínimo, vai colecionando equívocos.
Contudo, voltando ao Rúben, por considerar um "jogador à Benfica", queria acreditar que pudesse dizer "sim". Não por qualquer razão lógica, mas pelo Benfiquismo e mística que não se explica, apenas se sente.
Nesse aspeto o Benfica é um Clube único. Os sócios e adeptos têm uma abnegação e paixão que não conhece limites. E é esse amor (como qualquer amor, também exigente) que tem mesmo de ser passado e estar presente em todos os momentos de Benfica: Seixal, Estádio, estágios, em Portugal ou no estrangeiro, treinos, refeições ou qualquer outra situação.
Tendo isso assente, e do que transparece, parece existir ainda algum afastamento concreto entre esta paixão dos adeptos e o coração do Clube/SAD.
O Benfica precisa reforçar a passagem desta cultura de valores históricos do Clube, tais como a abnegação, a humildade e uma inquietação/agressividade de quem não se contenta e ousa sonhar mais, numa vontade de se superar e sempre com aquele orgulho muito nosso.
A este propósito, destaco assim três áreas onde aparenta ser necessário esse reforço: SAD, Seixal e equipa de futebol.
Na SAD, o sócio/adepto do Benfica não é um cliente e a mentalidade empresarial/corporativa existente (e necessária) tem de ser obrigatoriamente acompanhada por quem entenda esta paixão, sob pena de equívocos que não só afastam os sócios, como desperdiçam relevantes fontes de receitas. Até ver, não existe símbolo de "paixão benfiquista" nas fórmulas de "excel", variável essencial para decidir melhor no Benfica.
No Seixal, faltará a presença de mais antigos jogadores. Daqueles com peso e à Benfica. Nada contra o trabalho científico (com resultados fantásticos em alguns escalões), mas existem sentimentos, experiências e "ratice" das velhas glórias que podem complementar a formação e o treino já existente, reforçando também os laços dos jogadores e o tal "amor" pelo Clube.
Quanto à equipa de futebol, o profissionalismo (inevitável) potencia, contudo, um maior afastamento dos jogadores do "mundo real", fazendo-os perder - em parte - essa noção de Benfica, como que remetidos a uma "redoma" e, assim, parcialmente alheados da responsabilidade (mas sobretudo privilégio) de ter milhões de apaixonados aos ombros. Penso que falta a esta equipa sentir no balneário, exemplos reais e inequívocos de amor pelo Benfica. Para que sintam a importância de envergar o manto sagrado e vencer pelo Benfica.
Em suma, após a venda de Darwin, nada melhor que aproveitar o momento para evocar a teoria da evolução de outro Darwin (Charles), quando há mais de 150 anos, concluiu que é o ambiente, através da seleção natural, que determina a importância da característica do indivíduo, com os mais bem adaptados a terem mais chances de sobreviver e prosperar.
Perante isto, é então essencial que o Benfica se adapte e proporcione um ambiente que permita aos jogadores (mas não só) desenvolver as suas características em prol do Benfica. E isso faz-se com qualidade, mas inevitavelmente potencia-se com mística e amor pelo Benfica.
Quem sabe tal possa ser o início da inversão do paradigma das vendas atualmente inevitáveis…"

Alexander Bah


"Lateral direito, 24 anos, 1.83, internacional dinamarquês. Um REFORÇO. Jogador que vai entusiasmar as bancadas da Luz. Vai entrar no 11 titular de caras. Do ponto de vista físico é um jogador tremendo. Capacidade para fazer todo o corredor a uma grande velocidade. Exactamente dentro do perfil que Roger Schmidt pede a um lateral dentro do seu modelo de jogo. Jogador que no momento ofensivo tem qualidade de cruzamento, a nível técnico não é um portento, tem uma passada muito forte e ganha vantagem muito do ponto de vista físico. Benfica vai deixar muito espaço nas costas, ele com a sua capacidade física consegue alcançar os adversários. Jogador muito reativo e concentrado nas tarefas. Gosto muito da sua mentalidade competitiva. Vai chegar ser uma real mais valia numa posição há muito carenciada na Luz. Jogador muito intenso mesmo no lado defensivo do jogo. Difícil de bater no 1x1 mesmo tendo dificuldades no posicionamento. Tem dificuldades técnico em espaço curto. Um lateral moderno que fará a diferença no Campeonato português."

Convicções!!!


"Vitor Lopes, AF de Viana do Castelo.
A convicção do homem a apontar para a marca de penalti depois de ver uma coisa que não aconteceu.
Ah, isto foi num jogo de Juvenis. Certamente estão lembrados da vergonha no Campeonato de Juniores de um jovem do Calor da Noite a pontapear o relvado e ser assinalado penalti sem hesitação.
O Benfica vai mesmo entrar em competições oficiais no próximo ano com Fontelas, Paulo Costa e Bertino no Conselho de Arbitragem?

Vitor Lopes, Referee from Viana do Castelo, near Porto.
The man's conviction to point for the penalty after seeing something that didn't happen, only to help Futebol Clube do Porto winning this youth game.
One detail, this was at a youth game SUB-17!!! Last month there was a similar shame in the Junior Championship of a young player from Futebol Clube do Porto (FCP) kicking the grass and being awarded a penalty without hesitation.
This is the truth at the Portuguese competitions since 4 years in Portugal. Please help to spread this shameful images all over the world!"

Sexo dos anjos!!!


"Mas querem discutir o quê? O sexo dos anjos? A história está escrita, o Campeonato de Portugal deu origem à Taça de Portugal. Queriam o quê? Reescrever a história e inventar títulos apenas porque não suportam o complexo de inferioridade em relação ao FC Porto e Benfica?

Ridículos. Devolvam mas é o dinheiro a quem comprou o relógio dos 23 campeonatos. É burla vender uma coisa que nunca existiu."

Um salto demasiado alto para Gretel


"Poucos dias antes da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, Margaretha bateu o recorde alemão.

O telefone de Gretel tocou a horas tardias. Estranhou quando ouviu a voz do outro lado do fio falar alemão. Há dois anos que se encontrava a viver em Inglaterra e só o pai ou a mãe é que lhe telefonavam falando a língua materna. Ou, neste caso, é melhor dizer paterna. Não que a mãe não fosse alemã. Era sim, chamava-se Paula Stern de nome de solteira e casara com um comerciante: Edwin Bergman. Mas a política comunicacional na Alemanha insistia no termo Vaterland, Terra-do-Pai, pelo que fazia sentido que a língua também mudasse de género.
Gretel era o diminutivo de Margarethe. Tinha nascido em 1914, numa cidadezinha do Baden-Württemberg que ficava na confluência da estrada que ligava Ulm a Ravensburg; Lauphein. Dedicara-se desde muito miúda ao atletismo, sobretudo ao salto em altura, e conseguiu, pelo Ulmer SV, ser campeã da Alemanha do Sul, saltando 1m51. Isto foi no ano de 1931. Em 1932, voltou a conquistar o mesmo título. Ninguém tinha muitas dúvidas que estávamos perante a melhor saltadora germânica e que esta viria, um dia, a bater o recorde do mundo.
Gretel Bergmann tinha um problema muito grave para quem viva na Alemanha no início dos anos 30: era judia. E quando o Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei subiu ao poder, em Janeiro de 1933, sob a mão de aço de um fulano sem escrúpulos e de bigodinho grotesco, a imitar Charlie Chaplin, a sua vida nunca mais voltou a ser a mesma. O Ulmer SV despachou-a, fechando as portas a todos os atletas judeus. Valia que Edwin atingira um patamar económico bastante satisfatório e conseguiu mandar a filha estudar para Inglaterra. Estudar e saltar: em 1934 tornou-se campeã de salto em altura das Ilhas Britânicas. Elevara a fasquia para 1m55.
Margharetha não gostou do tom de voz ríspido que escutou ao telefone nesse príncipio de noite, em Londres. Mas as instruções eram simples e não davam direito a serem contrariadas. O Ministério do Desporto da Alemanha ordenava-lhe que viajasse até Berlim para se juntar à equipa olímpica alemã que seria a mais completa e numerosa que iria participar nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Gretel limitou-se a engolir em seco. Foi-lhe transmitido explicitamente que a sua não comparência valeria represálias aos pais. Por isso, apanhou um avião e voou.
Adolf Hitler e o seu estratega, Joseph Goebbels, estava determinado a fazer dos Jogos de Berlim uma bandeira que anunciasse a todo o universo a modernidade da nova Alemanha e a força imparável dos atletas de raça ariana. Quando o presidente do Comité Olímpico Americano, Avery Brundage, começou a demonstrar publicamente o seu receio pelo tratamento de que seriam alvo os atletas americanos negros ou judeus, avançando com a ameaça de não comparência da equipa americana em Berlim e lançando a ideia de que os Jogos deveriam ter lugar noutro país sem os preconceitos rácicos da Alemanha nazi, o bigodinho ridículo tremeu de raiva. Adolf ainda não declarara guerra ao mundo inteiro e ainda não estava completamente enlouquecido pela noção (falsa) de a sua vontade ser incontornável. Por conselho de Goebbels, fez com que os principais figurões da organização desportiva alemã convidassem e recebessem Brundage e os seus acólitos para que pudessem ver, ao vivo, as condições excecionais em que as Olimpíadas iriam decorrer, testemunhando que a tão propalada ideia de evicção racial protagonizada pelo seu governo não passava de um tigre de papel. Um grupo de bem-postos senhores americanos deslocou-se a Berlim, ficou satisfeito com o que viu, e até foi informado de que havia atletas judeus na equipa olímpica alemã. Bem, se não havia, não tardaria a haver.
Gretel tornou-se, assim, após um simples telefonema, uma poderosa arma de arremesso para Gobbels. Obedecendo a um programa de treinos preparado para ela ganhou o campeonato de Württemberg em 1935 e, no dia 30 de Junho de 1936, na véspera do início dos Jogos, bateu o recorde alemão do salto em altura atingindo a marca de 1m60, a sua melhor até então. Os serviços de propaganda nazi foram pródigos na forma como fizeram chegar a Inglaterra, a França e, sobretudo, aos Estados Unidos, a sua grande pedra no sapato, os ecos dos êxitos de Margaretha, a rapariga judia que representava a Alemanha talvez, afinal, não tão racista quanto isso.
A quinze dias da cerimónia de abertura, Goebbels entendeu que Gretel era dispensável. Podia ser a melhor saltadora em comprimento do país, com boas hipóteses de ganhar medalhas, mas tinha esse terrível defeito de ser judia. Por isso recebeu uma carta simples e direta: fora banida da equipa por desleixo. Dora Ratjen ficou com a responsabilidade de elevar o nome da Alemanha na modalidade. Infelizmente para ela e para Adolf, veio a descobrir-se mais tarde que era um homem que tinha sido criado como rapariga. O seu nome desapareceu dos arquivos, tal como o de Gretel."

Collina, a prova viva que a educação e personalidade serão sempre mais eficazes do que o grito, a arruaça e o insulto


"Duarte Gomes dá o exemplo do antigo árbitro italiano para pedir uma reflexão sobre certos comportamentos que grassam no futebol português, onde ainda na última temporada se viram gritos e insultos em túneis de acesso, ofensas verbais, pontapés e socos nas portas dos balneários dos árbitros, insinuações sem provas, entre outras situações

Tive o privilégio de participar em vários seminários UEFA, liderados pelo então presidente do Comité de Arbitragem, Pierluigi Collina.
Nessas ações havia sempre qualquer coisa nova para aprender e não era apenas sobre regras do jogo ou tomada de decisão. Com ele, tudo era assimilável, mas em bom. Tudo acrescentava valor.
O ex-internacional italiano, hoje um dos líderes máximos da arbitragem mundial, continua a ser, fora de campo, a extensão de tudo o foi lá dentro: o melhor dos melhores.
Recordo-me que num desses cursos, em Nyon (Suíça), Collina entrou numa sala repleta de árbitros, para lhes dirigir a palavra. Havia algum ruído de fundo, natural em momento de pausa, que se dissipou por completo antes que ele sequer chegasse ao palco.
Era sempre, sempre assim. A sua presença impunha respeito. O olhar, sereno e frio, falava mais do que mil palavras.
Collina nunca precisou dizer "calem-se, por favor", porque toda a sua linguagem corporal falava por ele. A sua atitude, em silêncio, dizia tudo.
Há pessoas assim... carismáticas.
Collina é a prova viva que educação, personalidade e imagem serão sempre mais eficazes do que grito, arruaça e insulto.
Um líder capaz, uma pessoa bem formada e com nível, consegue que todas as outras a respeitem e admirem, ainda que discordem ou censurem.
Não é para quem quer, é só para quem pode.
O exemplo raro do italiano - que, enquanto árbitro, teve a inteligência de utilizar os mesmos trunfos para se tornar no melhor da história (que ainda hoje é) -, podia e devia ser seguido por muitos dos nossos agentes desportivos.
Sem desprimor pela competência e qualidade técnica de muitos deles, é notório que lhes falta, a espaços, mais calma, serenidade e equilíbrio emocional.
Em Portugal continua a haver excessos comportamentais que pessoas de bem nunca podem ter em alta competição, ainda que escudadas na eterna questão da latinidade ou "cabeça quente".
Há condutas que simplesmente não podem acontecer. Têm que acabar, porque não são dignas, não são apropriadas, não são éticas.
Se o futebol é demasiado intenso para algumas pessoas (e eu aceito que seja), a solução é simples: elas têm que abandonar a atividade e dedicar-se a outras, mais anónimas e escondidas, onde não sejam exemplo para milhares e milhares de pessoas.
Quem tem um papel preponderante na formação de opinião, quem é protagonista e dispõe de algum espaço mediático, tem que assumir a responsabilidade inerente a essa notoriedade. Isto é tão básico que quase se torna ridículo escrevê-lo.
Quem está na linha da frente do jogo - seja em que papel for - está moralmente obrigado a vestir o papel de cavalheiro. A ser bom desportista. Errar uma, duas, três vezes, todos erram... errar todas as semanas, todos os meses, todas os anos, não.
Na época que findou, continuámos a assistir a alguns momentos que não se podem repetir numa indústria que luta para se valorizar e transcender.
Gritos e insultos em túneis de acesso (se as pessoas soubessem o que, às vezes, se passa por ali), ofensas verbais entre intervenientes máximos, socos e pontapés em portas de balneários dos árbitros, insinuações reiteradas sobre condutas ilícitas sem provas que as sustentem, comportamentos reprováveis dentro (e ao redor) das quatro linhas, formas de comunicação permanentemente incendiárias... todos estes exemplos (e há mais, como sabem) não podem continuar a fazer parte do espetáculo.
Por muito que pareçam normais, não são.
A sensação de normalidade advém do conformismo vencido com que todos olham para algo que está, na sua génese, muito, muito errado.
O jogo tem que ser disputado, dirigido e supervisionado por pessoas com o quilate de Pierluigi Collina: tecnicamente excelentes, pessoalmente superiores.
Haverá sempre uma diferença entre a eterna desculpabilização para o desnorte e a exigência de passarmos para outro nível, a este nível.
Não é fácil, porque não se consegue mudar pessoas de um dia para outro, mas ter consciência de onde estamos e para onde queremos ir é sempre um bom ponto de partida.
Este é um bom período para que se reflita, a sério, sobre formas de ser e comunicar.
Sobre formas de estar.
Todos os agentes desportivos devem fazê-lo com humildade, procurando a superação.
Não basta sabermos que somos dignos. É preciso mostrar aos outros que, quando a situação o exige, temos mesmo dignidade."