Últimas indefectivações

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

As palavras alheias

"Sven-Goran Eriksson, um dos treinadores mais conceituados do mundo, apresentou recentemente a sua biografia. De entre várias revelações, sobressai a constatação do óbvio: «Durante os cinco anos que passei fora de Portugal, o futebol lá tinha-se tornado mais sujo, mais corrupto. Havia muitos escândalos e conversas sobre árbitros.» O sueco confirma o que todos conhecem e que em Portugal se tenta lavar pelo silêncio.
Walter Casagrande, ex-futebolista internacional brasileiro, em Abril deste ano, declarou e repetiu que foi dopado no FCP em quatro ocasiões (tendo feito apenas seis jogos para o campeonato nacional). Em Portugal, e como resposta, antigos colegas garantiram que era mentira e Casagrande passou a ser proscrito. Um destes dias, ainda se arrisca a ser apagado das fotografias oficiais do clube.
Alex Fergusson, que está entre os melhores treinadores de sempre, há uns anos, dizia, a propósito do FCP, que «(…) eles compram o campeonato no Tesco (supermercado). Eles ganham todos os anos. Sempre que compram um pacote de leite somam mais três pontos».
Declan Hill, jornalista e investigador de corrupção no futebol à escala global, denuncia no seu livro ‘The Fix’: «Mencionem a qualquer português o nome de Pinto da Costa e verão no seu rosto uma expressão de resignação, parecida com a que os ingleses assumem quando se lhes fala do tempo horrível que faz em Inglaterra. Ele é um fenómeno português, tão desagradável, tão poderoso e, aparentemente, tão natural ao ambiente.»
Leio o que em Portugal se escreve sobre a corrupção no futebol e nada é concretizado, nada é denunciado, tudo é vago e as frases passam a ter um sujeito algures entre o indefinido e o indeterminado. Entre as loas de uns e o silêncio de outros fica um dobre a finados sobre o futebol português."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Todas as cautelas são poucas

"A vitória sobre o SC Braga no passado sábado foi importante. Pode até dizer-se que quem ganha jogos tão apertados se arrisca a ser campeão. Mas para isso é preciso domingo, frente ao bem treinado Rio Ave, haver uma atitude de extrema aplicação. Tropeçar agora seria fatal e, por isso, o jogo de Vila do Conde é tão decisivo. Chegar ao fim do primeiro terço do campeonato a um ponto da liderança depois de tantos percalços é esperançoso.
É muito improvável o Benfica conseguir o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, mas a verdade é que foi saborosa a vitória em Bruxelas. Primeiro porque se venceu onde nunca se havia vencido, depois porque um jogo de cinco golos com tanta incerteza e uma boa vitória consolidam prestígio. Em matéria europeia estamos entre um apuramento digno para a Liga Europa e um feito heróico na Liga dos Campeões. Aquela táctica de não haver táctica confundiu primeiro os adeptos, mas depois foi muito eficaz com o adversário.
Aos olhos da sua própria massa adepta este FC Porto parece mais perto do ocaso que do zénite. Aos olhos dos seus adversários, que não ignoram o histórico do clube, todas as cautelas são poucas porque o FC Porto renasce a qualquer momento rumo aos seus objectivos. O futebol tem algumas injustiças, o Jackson falha de baliza aberta e a culpa é de Paulo Fonseca, o Helton dá um semi-frango e a culpa é do Paulo Fonseca, o FC Porto vai em primeiro no campeonato e o mérito é da estrutura.
Benfica, FC Porto e Sporting separados por um ponto é no mínimo um campeonato emotivo, mesmo que em sempre (ou quase nunca) bem jogado. Por isso, continuo teimoso, se o Benfica começar a jogar bem tem mais hipóteses que os adversários. Eu acredito que o Benfica tem condições para ser primeiro e chegar primeiro aos seus objectivos."

Sílvio Cervan, in A Bola

Mati...



E aqui, mais uma entrevista.