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domingo, 23 de março de 2025

Vitória, a caminho do potencial triplete!!!


Benfica 3 - 2 Sporting


Voltou a não ser fácil... também por culpa nossa!
Demos demasiado espaço na 1.ª parte, a Christy tem que marcar sempre a adversária mais decisiva, e fisicamente mais forte!
No 2.º tempo, melhorámos, só após o 2-2 da Nycole, tivemos uma fase má, mas durou pouco tempo...

Gostava de ver a Jody neste tipo de jogos... e a Rakel!!!

Depois da Taça da Liga, com uma vantagem 'agradável' no campeonato, temos o caminho aberto para o Jamor... mas ainda temos de jogar a meia-final!

Goleada...


Benfica 6 - 0 Corruptos

Esperava uma vitória apertada, mas fomos brincado com uma goleada! A lesão do Roby deixou-me preocupado, mas a equipa acabou por compensar a ausência do francês!
Jogo com pouca história... com o Pedrão a engatar, o Pau a assistir, o Martim a entrar, e desta vez fomos eficazes, algo que nem sempre acontece!

Péssimo jogo... e eliminação da Taça


Corruptos 94 - 84 Benfica
19-24, 35-18, 20-19, 20-23

Nova derrota contra um adversário inferior...
A época tem sido marcada pelas lesões constantes, hoje o Stone voltou a ficar de fora, mas ainda temos vários jogadores longe da sua melhor forma devido à dificuldade em fazer uma série de jogos consecutiva sem se lesionarem!
Mas além disso, voltámos a ter uma estratégia ofensiva parva (Broussard contra o mundo), que não aproveita os pontos fracos do adversário... sendo que hoje, somámos uma percentagem ridícula!!!

PS: No feminino, vencemos o GDESSA nas meias-finais, mas mais uma vez, desperdiçamos uma boa vantagem (como aconteceu recentemente com o Imortal), permitimos o prolongamento, onde felizmente ganhámos (75-70)... amanhã, vamos jogar a Final contra a Quinta dos Lombos!

Eliminação...


Sporting 41 - 36 Benfica
21-17

O Sporting não estava na máxima força, mas nós perdemos o nosso melhor guarda-redes esta semana! Até tivemos oportunidades de nos aproximar na fase final, mas erros não forçados... e a habitual inclinação dos apitadeiros não deixou!

PS: Nota para a vitória importantíssima da nossa secção feminina na Madeira (26-31), dando um enorme passo para a revalidação do título máximo...

Kanal - Tamos Juntos...

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Comunicado


"O Sport Lisboa e Benfica informa que o atleta Kristóf Palasics vai regressar ao Veszprém por imposição expressa da EHF - European Handball Federation.

O Sport Lisboa e Benfica não se conforma com esta decisão arbitrária e injustificada por parte da EHF que, desrespeitando os direitos do Clube e do atleta, beneficia de forma direta o rival húngaro, pelo que vai recorrer às instâncias internacionais superiores.
O Sport Lisboa e Benfica vai até às últimas consequências na defesa dos seus interesses e agradece à Federação de Andebol de Portugal todos os esforços na defesa da integridade de todo este processo, bem como ao jogador, que já não fará parte dos próximos compromissos da equipa."

Mais uma vez de regresso


"NÃO PRECISA SER O RENATO DE 2016 PRECISA É TER CONDIÇÕES... 

... físicas e mentais para jogar continuadamente.
1. Foi muito criticado o facto de o Benfica ter recebido no início da época o Renato Sanches por empréstimo do PSG. Pelo histórico de lesões e paragens do Renato e pelo histórico dos empréstimos do PSG.
2. Defendi a opção do empréstimo quando ela foi anunciada. Porque se há clube onde o jogador podia, por fim, recuperar, esse clube era o Benfica, a sua casa.
3. Por seu lado, o Benfica tinha a "obrigação" de o receber: no pouco tempo que jogou na primeira equipa foi decisivo para um título importantíssimo - o de 2015-16 - e meteu-nos no fim dessa época 40 milhões nos cofres. Acresce que o Benfica o recebeu em condições razoáveis, pagando só em função da utilização e ficando com opção de compra para o caso de o conseguir recuperar e querer ficar com ele.
4. Infelizmente, o Renato tem mostrado que os problemas que o fazem parar frequentemente não parecem fáceis de ser ultrapassados - e deu involuntariamente razão aos críticos do seu regresso por empréstimo. Houve até quem defendesse que o jogador devia ter sido devolvido ao PSG em janeiro.
5. Entretanto, o Renato está mais uma vez de regresso de uma paragem e o Bruno Lage tem-lhe vindo a dar minutos. E ele tem mostrado, mais do que das outras vezes, ares do Renato que todos conhecemos e que todos ambicionamos ver jogar.
6. O Benfica não é uma Santa Casa da Misericórdia que esteja obrigado a fazer "caridade" para com os seus ex-jogadores. Mas tem agora condições únicas, ao fim destes meses de trabalho diário com o jogador, para poder avaliar o risco da sua eventual contratação no final da época.
7. Para nos ser útil, para nos ajudar como transportador de jogo que não temos, o Renato nem precisa de estar ao altíssimo nível de 2016. Mas precisa ter os seus problemas físicos de vez ultrapassados, a ponto de lhe permitirem jogar com regularidade.
8. Será desta? Que importante poderia ser um Renato em condições para a reta final da Liga, para a conquista do 39. A ver vamos. Eu, em se tratando do Benfica, acredito sempre.
CARREGA, RENATO!"

O primeiro grande desafio de Pedro Proença


"Pedro Proença foi árbitro de elite durante anos. Nesse período, coube-lhe garantir que as equipas reuniam as mesmas condições formais de chegar à vitória, em função das leis do jogo e da respetiva aplicação.
Na Liga Portugal, durante os últimos quase dez anos, coube-lhe garantir que todos os clubes reuniam condições formais para lutar pelos seus objetivos em condições paritárias.
Agora, Pedro Proença dirige uma instituição cujas (dezenas de) equipas têm de ganhar contra outras. A fasquia começa alta, com a Seleção a ter de virar a eliminatória frente à Dinamarca. O desafio seguinte será perceber se Roberto Martínez é o seu treinador ou se irá por outro caminho.

De chorar por mais
O discurso de Hjulmand sobre a visita a Alvalade como visitante prova que é um grande capitão para o Sporting.

No ponto
Os turcos do Benfica estão em alta. Kokçu e Akturkoglu deram excelentes cartas no jogo frente à Hungria.

Insosso
Muito pobre a exibição de Portugal frente à Dinamarca. Amanhã, em Alvalade, é hora de redenção.

Incomestível
O julgamento da Operação Pretoriano traz à superfície o pior do que o futebol pode gerar. Ou ser pretexto para..."

As eleições na Liga e o impacto na centralização de direitos TV em 2028


"É até 30 de junho de 2026 que a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional têm de entregar ao Governo e à Autoridade da Concorrência uma proposta de comercialização centralizada dos direitos televisivos das competições profissionais (Primeira e Segunda Liga).
30 de junho de 2026, esta data tem passado despercebida, mas é a chave em todo o processo.
Desde fevereiro de 2021, quando o governo aprovou o decreto-lei n.º 22-B/2021, ficou estabelecido que a partir de 2028/29 os direitos de transmissão de TV dos campeonatos profissionais seriam objeto de venda centralizada. Este longuíssimo período (7 anos e meio) visava assegurar o respeito pelos contratos que estavam em vigor — FC Porto, Sporting, Vitória de Guimarães e SC Braga, 4 das 5 SAD com mais adeptos, tinham, desde 2015, contrato assinado até junho de 2028. Mas não deve ter sido também indiferente ao governo intuir que estes 7 anos e meio também garantiam que o risco de o decreto-lei ser polémico era zero.
Ao fim de 4 anos, e a apenas 15 meses da data-limite de entrega desta proposta, o primeiro passo, o mais difícil e decisivo, parece mais distante — que todas as SAD acreditem na centralização e que todas juntas trabalhem e encontrem uma proposta única e consensual.
A divisão das SAD em duas listas nas eleições da Liga a 11 de abril pode ser revés inultrapassável para o cumprimento do prazo de 30 de junho de 2026.
O equilíbrio previsível do resultado das eleições (com a vitória tangencial a poder cair para qualquer candidato) e o facto de serem intercalares, com as próximas já marcadas para 2027, podem inviabilizar um consenso em junho de 2026.
Imaginemos então que, na data de 30/06/2026, a FPF e a LPFP não conseguem apresentar uma proposta ao Governo.
Do decreto-lei, resulta que os termos de modelo serão unilateralmente definidos pelo Governo — o que vai resultar das eleições legislativas de 18 de maio. Neste cenário, qualquer que seja o Governo (mesmo que resulte da maioria absoluta de um só partido), a decisão seria adiar a centralização, mantendo cada clube a possibilidade de negociar individualmente.
Nunca um governo irá definir unilateralmente uma chave de repartição, que será sempre polémica e controversa. Muito menos tem conhecimento e competências para definir modelos competitivos (que têm impreterivelmente de ser alterados), calendário das competições, horários dos jogos e pacotes de transmissão.
Neste provável cenário, haverá dois caminhos possíveis:
A - Todos os clubes negoceiam individualmente;
B - Benfica, FC Porto e Sporting negoceiam individualmente e todos os outros se juntam e vendem centralizadamente.
Se os 3 maiores não se entenderem com os outros, a probabilidade de se entenderem entre si é zero, pelo que venderiam 17 jogos da I Liga cada um (5,5% do número total de jogos).
Já o pacote que 15 sociedades desportivas da I Liga e 16 da II Liga venderiam centralizadamente teria 255 dos 306 jogos da I Liga (83% do total) e 272 dos 306 da II Liga (88,8%) — é muito mais valioso.
SC Braga, Vitória de Guimarães, Famalicão, Santa Clara, Rio Ave e Estoril são 6 dos 18 clubes da I Liga. Têm 102 dos 306 jogos (33% do total) e devem receber 15% do total da receita de direitos TV. O que os impediria de se juntarem e fazerem uma venda centralizada? Mesmo sem os 3 maiores, o que impediria que 31 sociedades desportivas conduzissem um processo centralizado até ao fim?
A evolução dos clubes para SAD, resultou em que várias têm proprietários muito mais fortes economicamente que os 3 maiores — são totalmente independentes. O facto destes proprietários serem estrangeiros, na sua esmagadora maioria, e participem em outras competições que há muito fazem a venda centralizada de direitos TV, torna esta hipótese muito provável.
Para os 3 maiores, venderem individualmente e permitirem aos outros 31 venderem centralizadamente, é um risco cujo impacto desconhecem. Mesmo que não fosse pela receita, não estariam no centro da decisão do modelo competitivo e da definição do calendário. E as 31 sociedades desportivas sabem que um processo com os 3 maiores é muito mais seguro, sólido e lucrativo.
A proposta de centralização dos direitos TV tem de ser entregue em junho de 2026, e ser aprovada por unanimidade por todas as sociedades desportivas — para todas ganharem mais. Quanto mais rápido todos se convencerem disso, mais tempo poderão dedicar ao que vai fazer a diferença e permitir a sua sustentabilidade — e sobrevivência.
A centralização será mesmo melhor para todos? Até para o Benfica?
O Benfica é, de longe, o clube que tem mais adeptos e gere a Benfica TV há mais de 15 anos. Em 2028, até pode vender o seu canal próprio em streaming (como a Netflix, por exemplo) e não através de operadores de telecomunicações — já não precisam deles. Esta solução seria o princípio de uma terrível perda de receita dos operadores de telecomunicações, que passariam a correr o risco do mercado evoluir vertiginosamente e passarem a ser apenas vendedores de banda larga.
O Benfica não precisa da centralização, mas pode beneficiar dela, até porque também tem desvantagens em continuar a vender isoladamente, como por exemplo:
A - Os adeptos do SLB, atualmente, pagam mais que todos os outros adeptos para assistirem aos jogos da sua equipa (têm de subscrever a Sport TV para ver os jogos fora de casa). A diferença do que o Benfica recebe dos operadores compensa o custo acrescido aos seus adeptos? Estarão eles, na verdade, a subsidiar o que se paga às outras SAD?
B - Com 300 mil clientes, a BTV tem uma audiência potencialmente muito mais limitada que os canais do FC Porto e Sporting que estão no pacote básico, com 4,5 milhões de casas. E isso é uma grande limitação na comunicação, como foi visível quando durou a guerra dos emails com o FC Porto.
C - Não são só os jogos da principal equipa masculina que estão na BTV. Seria melhor, e mais valioso, ter os jogos do futebol feminino, da equipa B na II Liga, dos sub-23, dos escalões de formação, das modalidades (andebol e hóquei em patins, por exemplo) num dos 9 primeiros canais do pacote básico? Aumentariam as audiências e as receitas comerciais. E, institucionalmente, beneficiaria de poder distribuir todos estes conteúdos pelos vários canais.
Cada uma das sociedades desportivas beneficiará com a centralização. Valorizando, na justa medida, a importância e os interesses de cada um.
O futebol português precisa de uma discussão intensa e participada, para que se consiga o consenso necessário. Vale a pena jogar em janeiro, ao frio e chuva, mas também o mês em que as famílias têm menos dinheiro, em vez de jogar mais nos meses com bom tempo? Faz sentido, em cada fim de semana, o interminável arrastar de jogos sem interesse de sexta até segunda à noite?
A alteração dos modelos competitivos tem sido sinónimo de tentativas de redução do número de equipas na I Liga, das atuais 18 para 16.
A acontecer, teria várias péssimas consequências, sendo que três sobressairiam:
1 - O número de jogos da I Liga reduziria de 306 para 240 (menos 21%do total). O número de jornadas passaria de 34 para 30 e o número de jogos por jornada de 9 para 8. A esta redução do número de jogos corresponderia uma inerente redução na receita da venda (mais de 21%, provavelmente).
2 - Aumentaria o desemprego (menos 2 equipas técnicas, menos 60 jogadores, menos dezenas de trabalhadores de staff, menos árbitros, etc...);
3 - Haveria perda de valor na venda de jogadores — com menos 4 jogos, e com equipas teoricamente mais acessíveis, haveria menos golos (e menos assistências). Gyokeres, por exemplo, marcou 4 golos aos dois últimos classificados, em apenas 2 jogos. 
Os modelos competitivos têm de ser alterados, mas reduzir o número de equipas na I Liga é um erro crasso, diminui a receita, que é o contrário do que se pretende.
Em 2025, o futebol português já não tem a atenção exclusiva dos portugueses, como há apenas 30 anos.
Agora, disputa a atenção dos adeptos com as melhores competições de futebol do mundo, às quais também têm acesso em direto. Mas os adeptos também têm tempo e dinheiro limitados, o que os obriga a fazer escolhas. Gostam de viajar, ir a restaurantes, assistir a concertos e festivais — o que fazem em família. Os mais jovens têm mais cultura desportiva e seguem fervorosamente a NBA, o Rugby e a NFL.
Como vamos atrair mais adeptos ao estádios e vamos aumentar as audiências dos jogos das competições profissionais de futebol?
Nos últimos 10 anos, as SAD ultrapassaram três momentos em que estavam a aproximar-se do abismo, e sempre através do diálogo franco e aberto entre todos, o que permitiu chegar-se a consensos, em que todos ganharam.
A - Em 2014, evitou-se a bancarrota da Liga e a paragem das competições;
B - Em 2018, as equipas B mantiveram-se a participar na II Liga, o que esteve iminente deixar de acontecer;
C - Em 2020, poucos meses após ter sido decretado o isolamento devido à pandemia de Covid, conseguiram a retoma da I Liga, aceitando os clubes da Liga 2 não recomeçar e sendo compensados por isso — praticamente todos os setores económicos estavam parados.
Nestes 3 momentos, havia presidentes que não se falavam, e sentaram-se na mesma mesa.
Cada SAD tem de fazer a sua parte, mas quanto mais rapidamente começarem a trabalhar na centralização de direitos TV em conjunto, melhor.
Faltam 15 meses para o dia 30 de junho de 2026, as SAD estão a tempo. Se não conseguirem apresentar uma proposta consensual, vai incorrer em custos, e problemas, irrecuperáveis."

Até amanhã, Roberto?


"Ponto prévio: não há segredos no modo como as equipas de clube ou as seleções nacionais se apresentam. Tudo se sabe, tudo se conhece, os planeamentos estratégicos resultam de observações de pormenor, de rigor e com caráter científico.
Sobretudo as representações nacionais — cujo calendário é muito mais espaçado e, nos prós e nos contras da atividade de selecionador, permitem uma respiração e uma profundidade bem maiores no tratamento da informação, embora tudo resulte numa aplicação cirúrgica de microciclos mesmo micro de estágios e treinos — refletem a notoriedade e o talento de gerações, sempre alicerçados em grande capacidade de motivação, de agregação, de renovação, de transmissão de mística e de encontro de interesses e paixões, muito para lá do retângulo, bem para lá do jogo.
Esta osmose, que em Portugal tem, seguramente, um expoente provocado, desde o início do século XXI, pelo maior nível organizativo, pelo apelo ao público para «vestir uma camisola» que também (ou essencialmente…) é sua, e pelo surgimento de algumas referências incontornáveis no planeta futebol (de que Cristiano Ronaldo é o maior exemplo, embora não o único), é uma osmose cujo retorno se serve com magia, com envolvimento, com compromisso, com intensidade. Em suma, com a demonstração exigível de qualidade que jogadores profissionais de topo, engajados em clubes onde o grau permanente de foco e de desafio faz deles dos profissionais mais expostos, responsáveis e requisitados.
Do ponto prévio passámos já, evidentemente, ao essencial: a exibição da Seleção de Portugal, anteontem, em Copenhaga, foi pungente, insuficiente, sôfrega e quase a cortar o tal cordão umbilical com adeptos que nela se revêem, justamente, como exemplo permanente de representação e superação.
Muito pior do que o resultado negativo (pela contingência da competição ele é absolutamente reversível amanhã, no estádio José Alvalade), foi a sensação passada, a imagem deixada e a desfaçatez revelada.
A sensação passada de impotência e impreparação perante uma equipa que, naturalmente, fez pela vida (e muito bem!), mas não apresentou em campo nenhuma surpresa, nem ao nível tático, nem no nome dos protagonistas no relvado. Quer dizer, a Dinamarca foi o que é sempre: aguerrida, vertical, física, determinada e empolgada.
Foi uma equipa a fazer do 12.º jogador uma arma fundamental, criando um clima excelente para quem gosta de futebol mas que não foi, em nada, surpreendente. A formação nórdica jogou como gosta de fazer, à vontade, pressionante, a responder bem aos apelos do jogo e a contornar melhor as dificuldades colocadas pela equipa adversária.
Pela frente encontrou um grupo de aristocratas da bola. Gente muito bem paga, com a vida feita muito para além do tempo útil nos relvados, e que jamais pareceu estar concentrada, focada, motivada como uma representação portuguesa tem de estar. O pior da mentalidade lusa («como há segundo jogo, vamos lá tentar controlar danos e esperar que tudo se resolva no nosso cantinho») surgiu em pleno no relvado de Copenhaga.
E é este o dado inadmissível da questão, ademais porque não é a primeira vez, no consulado de Roberto Martínez, que tal sucede. Com rigidez tática, com opções a montante e durante o jogo muito discutíveis, com a manutenção teimosa e quase inqualificável de Cristiano Ronaldo, aos 40 anos, como titular durante 90 minutos.
A geração maravilhosa de jogadores que se assumem como determinantes nos seus clubes, ao longo de onze meses por ano, corre o sério risco de passar ao lado de conquistas importantes com a camisola portuguesa, mas, acima de tudo, parece toldada por uma espécie de alergia de grupo que, necessariamente, terá de ser objeto de análise, independentemente da conquista do principal objetivo desta fase competitiva (o apuramento para as meias-finais da Liga das Nações).
Há uma espécie de montanha russa nos desafios colocados às seleções mais cotadas. Por um lado, fases de qualificação muito facilitadas para Europeus e Mundiais. Aliás, com o aumento do número de seleções finalistas em 2026 (embora a Europa seja o continente que menos lucra, passando de 13 para 16 equipas qualificadas), essa facilidade ainda mais se acentuará.
Curiosamente, é na Liga das Nações (pelo sistema de disputa da prova, nivelado por escalões de mérito) que o equilíbrio é mais patente e que o desafio é mais equilibrado.
Compete, em face dos momentos em que as representações nacionais estão reunidas ao longo de um ano desportivo, aos responsáveis técnicos aproveitar o que de melhor tem cada país, o que melhor pode oferecer cada jogador, independentemente do clube de origem, do seu peso institucional, do seu empresário ou das receitas de publicidade que gere. Não é do foro de um selecionador profissional a proteção a este ou aquele jogador.
Lembro-me do tempo em que, para o treinador nacional, era inconcebível convocar para os trabalhos da equipa das Quinas alguém que não fosse titular no seu clube, sob a velha questão: «Se não tem qualidade para se impor semanalmente no clube, como é que vai jogar na seleção?»…
Divagações de memória à parte, concluamos o raciocínio: nenhum português que goste do jogo e o veja com alguma equidistância e equilíbrio se pode sentir satisfeito com a (in)capacidade da representação nacional na Dinamarca.
E muito menos se pode sentir seguro ao perceber, ao longo de vários desafios e convocatórias, as tibiezas e explicações pouco convincentes do seu máximo responsável.

Cartão branco
Escreveu-se uma página inédita e extraordinária na história do desporto esta semana. A eleição de Kirsty Coventry para a Presidência do Comité Olímpico Internacional é muito mais do que a simples legitimação de uma candidata. Porque é a primeira mulher a assumir o cargo, e porque é a primeira africana em tais responsabilidades, Coventry entrou para a história, e promete democratizar e humanizar o movimento olímpico nos próximos quatro anos de mandato. A atual Ministra da Juventude, Desporto e Cultura do Governo do Zimbabwe foi recordista olímpica de natação e é a mais medalhada desportista do continente africano. Talvez não imaginem a importância desta eleição (com início do mandato a 24 de junho), mas a sua verdadeira dimensão virá com o tempo e com a História. Alguma coisa está a mudar no movimento olímpico, que vê em Kirsty o farol inclusivo, agregador e distintivo da honorabilidade e da ética do olimpismo mundial."

Caro selecionador: isto é crónico, e não sobrecarga


"Resultado na Dinamarca deixa tudo em aberto para a segunda mão, mas a primeira voltou a confirmar os piores receios de quem exige muito mais a esta Seleção recheada de estrelas

A Seleção Nacional entrou em campo na Dinamarca com Diogo Costa no melhor momento da época, três jogadores do PSG que andam a brilhar na Champions, meia dúzia de craques do Man. City, Man. United, Milan, Chelsea e Juventus, e com Cristiano Ronaldo. Com matéria-prima desta é difícil não ambicionar grandes voos, mas não é a primeira vez que Roberto Martínez faz questão de nos amarrar à pista com um futebol enfadonho, substituições conservadoras e uma falta de qualidade chocante.
A exibição de Portugal foi má, mas o resultado até podemos concluir que foi agradável, pois permite que tudo seja resolvido na segunda mão, amanhã, em Alvalade. É o copo meio cheio. Mas ver Vitinha e João Neves (a dupla que o selecionador agora reivindica porque a juntou num amigável, mas da qual se esqueceu no Euro...) a andar às aranhas, ou ver um Bruno Fernandes que tem estado magnífico em Inglaterra desaparecido, ou assistir a 90 minutos de um ponta de lança de 40 anos com lugar cativo, só pode resultar num copo muito vazio.
É verdade que a tarefa de um selecionador pode ser várias vezes ingrata. Desde a lista de convocados ao apito final do árbitro, todos temos opinião de quem falta ou está a mais, de quem deve entrar ou sair. Juntar estes jogadores em estágios poucas vezes por ano não permitirá grandes teorias, mas ignorar o desperdício de uma das melhores gerações de sempre também não será grande prática.
Roberto Martínez assumiu que este «foi o pior jogo dos últimos dois anos», o que não é coisa pouca, porque os últimos dois anos têm deixado demasiadas vezes a sensação de que Portugal devia estar a fazer jogos muito melhores. Em declarações após a partida, Diogo Costa e João Neves transmitiram esperança na reviravolta na segunda mão. Já Bruno Fernandes e Rúben Dias foram mais acutilantes e atacaram os problemas crónicos (e não de sobrecarga): «pouca agressividade nos momentos de perda de bola», «faltou sermos mais inteligentes», «sem cumprirmos com deveres básicos, fica difícil», «faltou encarar este jogo com uma seriedade diferente». Depois de uma noite daquelas, é algo reconfortante ouvir jogadores deste calibre, líderes de balneários tão relevantes, confirmarem as nossas piores perceções.
Já o capitão não falou, partilhou um post nas redes sociais: «Temos 90 minutos para dar a volta. Vamos com tudo, Portugal!» É um facto seguido de uma promessa. Amanhã, a partir das 19h45, aguardemos por tudo, já que Copenhaga foi um nada."

Flamengo e Corinthians em fuga


"Se o ranking dos clubes de futebol brasileiro com mais adeptos fosse uma etapa da, digamos, Volta ao Brasil em bicicleta, o Flamengo e o Corinthians estariam, quais Tadej Pogacar ou Jonas Vingegaard, numa fuga inalcançável. Os dois gigantes, juntos, somam 44,2% das preferências dos torcedores locais — os rubro-negros cariocas com 24,8%, umas curvas à frente do alvinegro paulista, com 19,4%, segundo estudo da TM20 Branding e da Brazil Panels publicados pelo site Infomoney.
Lá atrás, à frente do pelotão mas a distância considerável dos fugitivos, outra dupla: Palmeiras e São Paulo, com 8,1 e 7,7%, respetivamente. O Verdão à frente do Tricolor é uma tendência recente — já detectada noutra pesquisa, do instituto da Datafolha, em novembro de 2024 — muito provavelmente baseada em resultados desportivos, uma vez que o primeiro tem ganho muito, duas Libertadores incluídas, e o segundo vê o seu auge, anos 90 do século passado e década inaugural do novo milénio, afastarem-se no tempo. Abel Ferreira tem, pois, responsabilidade na ultrapassagem.
Os resultados, ou a falta deles no século XXI, explicam ainda porque o Vasco da Gama, por tradição sempre colado a Palmeiras e São Paulo, descolou do par paulista e já está ao alcance do pelotão, com 4,8%.
Na frente desse pelotão, o Grêmio (4,4%), que já há muitas sondagens se vem destacando do rival Internacional (2,9%), na origem um clube mais popular, e o Atlético Mineiro (4%), com uma Libertadores, um Brasileirão e duas Copas do Brasil nos últimos anos, a pedalar mais depressa do que a sua nemésis, o Cruzeiro (2,7%). Pelo meio, o Santos (3,1%), último dos grandes de São Paulo, prejudicado por não ter sede na capital estadual, ao contrário do trio de ferro Corinthians-Palmeiras-São Paulo.
Depois, o dado mais relevante é a chegada ao pelotão principal dos clubes do Nordeste, que sempre foram enormes mas sofriam, por terem menos conquistas do que os clubes dos centros tradicionais, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, da síndrome da dupla camisa. Isto é, muitos adeptos do Bahia, Sport, Vitória, Ceará ou Fortaleza, que se declaravam flamenguistas, vascaínos ou corintianos em primeiro lugar, agora priorizam o apoio aos locais, todos na Série A do Brasileirão.
Com isso, atiram para a cauda do pelotão os dois grandes cariocas por norma menos apoiados, o Fluminense e o Botafogo, apenas 14.º clube com mais adeptos mas, ainda assim, orgulhoso campeão nacional e continental em título.
Eis a classificação da etapa:
1.º, Flamengo, 24,8%;
2.º, Corinthians, 19,4%;
3.º, Palmeiras, 8,1%;
4.º, São Paulo, 7,7%;
5.º, Vasco, 4,8%;
6.º, Grêmio, 4,4%;
7.º, Atlético-MG, 4%;
8.º, Santos, 3,1%;
9.º, Internacional, 2,9%;
10.º, Cruzeiro, 2,7%;
11.º, Sport, 2,7%;
12.º, Bahia, 2,5%;
13.º, Fluminense, 2,4%;
14.º, Botafogo, 2,1%;
15.º, Vitória, 1,9%;
16.º, Ceará, 1,6%;
17.º, Fortaleza, 1,4%;
18.º, Athletico, 0,8%;
19.º, Coritiba, 0,6%."

Os nossos patrícios


"Camisola vermelha comprada numa feira, um “4” feito à mão e cosido pelo meu Pai nas costas, uns calções verdes, curtos como se fossem cuecas, e umas chuteiras simples. Um bigode postiço, uma cabeleira frondosa. Quando eu corria, fazia aquele compasso de espera enganador, fintava uma pedra, voltava a rodopiar, levantava a cabeça. Arrancava veloz pelo campo. Um pinheiro pedia-me a bola, isolado. Fingia que passava, metia para dentro, corria, olhos no chão, olhos na bola, olhos em frente. Peito feito sobre o ar vespertino, a bola chegando-me aos joelhos. Pai, e se eu fosse o Chalana?
O carro estava estacionado numa clareira com o som do relato das meias-finais do Euro-84 a ressoar por entre os ramos das árvores e os céus de um Sábado de Junho. Portas abertas, todas, bagageira para cima, com bolos, pão, vinho, rissóis, empadas e panos feitos numa máquina Singer que a minha avó rodopiava nas mãos e nos pés feita malabarista no escuro em frente a uma parede com fotografias de gente muito velha a preto e branco. Jazem aqui flores e nomes e cães iguais aos que há agora mas a cinzento e há tanto tempo mortos. Quantos cães tem uma vida?
Há uma voz histriónica que vem do rádio e ressoa por entre os ramos. Anuncia lances perigosos, jogadas de quase-golo, defesas impossíveis. Nós num descampado em Abrantes e os patrícios em Marselha enquanto os cestos de verga abanam no gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolo e nunca mais ninguém sabe de quem é o golo, se é golo, se já foi e alguém vem e pergunta:
- Golo de quem? Golo de quem?
A minha camisola tem o “4” milimetricamente na diagonal - não se vê a um metro de distância, mas está lá, não foi trabalho de fábrica, houve mão de amador, aquele que ama. Na frente, há pescoço porque há decote em redondel verde e o vermelho é um vermelho mais escuro e não se vende nas lojas oficiais, porque as lojas oficiais ainda não existem e porque há coisas que as lojas oficiais não podem vender. Mas há uma espécie de pequeno Genial a correr nos pinheiros. E vários golos porque o golo tanto pode ser imaginário como entrar no meio de dois calhaus que são balizas - o jogador decide, no calor do momento. A distância entre este Chalana e o carro depende dos gritos que ecoam. Claro que os pés não sabem por que razão avançam para os pastéis de bacalhau quando há grito de golo na rádio mas o coração não tem dúvidas: vai à espera do golo da Selecção.
- É agora? Foi golo de Portugal?E aquele som contínuo, não no "g" que demora pouco, mas no "o" - quantos ós e desesperantes - e toda a gente parada, eu, o meu Pai, os meu avós, comensais que se aproximam, as rodas do carro, as folhas, o gesto das febras na grelha, o céu e as nuvens que deixam de construir imagens - tudo parado. É golo, mas de quem? Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolo...
E antes do "l" e muito antes do "o" que o continua olhos não no rádio mas uns nos outros, eu olho o meu Pai que me olha a mim que o olho a ele. O "4" cosido nas costas a olhar para nós e os pedaços de terra saltam e ficam no ar à espera. Diz Portugal, diz Portugal, diz Portugal, o coração aos pulos, diz Portugal, diz Portugal, diz Portugal, as pernas flectidas, joelhos em silêncio, quase dor muita dor, braços à espera, mãos curvas, ouves o som do público?
É indefinível, gritam todos e muitos, não sabemos quem nem por quem nem onde. Há som e ruído, imaginamos bandeiras sob o sol, cachecóis no vento, abraços, gente aos gritos, garrafões tombados. Mas é Portugal ou a França? E o "oooooooooooooooooooooooooooooooooooo" continua, o locutor tem fôlego, não se cala, mantém a surpresa na garganta, a bola junto a uma das rodas do carro, esquecida e adormecida, esperando o movimento. Não há movimento, só um grito que não acaba, e o golo, o golo é de quem?
Há uns sons metálicos de assobio enquanto o rádio canta. Ondas de silvos no meio dos óculos da avó que retira pratos e garfos e facas de plástico do interior de um saco rendilhado a rendas de bilros.O carvão todo junto, negro, colante, uma imagem de um sol sobre a estrada de terra e uma menina que corre, indiferente ao golo, pelos cogumelos e musgo. De quem é o golo?
O vestido às rosinhas não sabe, prefere dançar oblíquo sem rota nem bandeira. O golo, que é de alguém, não chama aquela corrida atrás de uma borboleta que faz desenhos no ar e depois desaparece.
- Deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee… Portugaaaaaaaaaaaaaaaaaaal! Joooooooooooooordão! e os meus olhos abraçam os ombros do meu Pai e depois continuam para o espaço atrás dele com os olhos dele para o espaço atrás de mim e os olhos em chama, ombros em chama, a bola chega a Chalana que faz um passe amanteigado para o ar que o maravilhoso jogador-esférico que é o Jordão, com aquela cabeça de veludo e pernas que nunca mais acabam, suavemente direcciona para o cantinho mais distante da baliza gaulesa.
Dez anos depois da Liberdade, os nossos patrícios podem voltar a sonhar."