Últimas indefectivações

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Adeptos do Sporting aliviados

"Os resumos do Benfica-Sporting ilustram bem o que se passou. Na RTP o pequeno resumo dá onze claras oportunidades de golo para o Benfica e uma para o Sporting, a TVI mantém o 11-1, na SIC esse resultado baixa para 9-1, com misericórdia dos leoninos. Há razão para os adeptos do Sporting exlamarem: «Podia ter sido uma tragédia». Também é por isso que os adeptos do Benfica saíram preocupados no fim do jogo, sabem que ainda têm de defrontar poderosos adversários esta época, como Hugo Miguel ou o Jorge Sousa, normalmente intransponíveis. Os adeptos do Sporting saíram aliviados da Luz com o resultado dentro do histórico normal. O derby tem este encanto, mesmo muito desequilibrado tem resultados equilibrados. A única especificidade deste ter uma boa arbitragem. O Benfica joga mais e melhor, nesta fase da época muito mais e muito melhor que os adversários, mas isso nem sempre chega para vencer no nosso futebol. A meio da primeira volta distávamos cinco pontos da liderança, a meio da segunda levamos quatro de vantagem. Os nossos adversários reconheceram que o futebol do Benfica foi um vendaval futebolístico, mas nós, experientes nesta matéria, temos receio das tempestades.
Quem é cada vez mais decisivo no FC Porto é Fernando, até agora decisivo no campo, ultimamente importante no departamento jurídico no apuramento na Taça da Liga. É assim mesmo. Um clube tem que explorar todo o potencial dos seus activos. Jorge Jesus sabe que para não entrar pela madeira dentro na Mata Real tem que manter os níveis de exigência competitiva aos seus jogadores. Não se pode pedir mais nada a esta equipa que não seja continuar a fazer igual, ou seja, muito bem. O segundo classificado foi mantido na corrida ao título por uma arbitragem amiga contra o Paços de Ferreira, o que serve para mostrar que o nosso adversário de domingo é melhor do que a classificação que ocupa."

Sílvio Cervan, in A Bola

São Valentim

"Leio no jornal Record a entrevista de Nemanja Matic. Já sabia, por outras leituras, que o sérvio partira «com o Benfica no coração». Fico agora a saber que embarcou no avião a chorar. E mais: que há um pequeno Benfica no Chelsea no qual alinham David Luiz, Ramires e Matic.
Do David Luiz soube, quando o internacional brasileiro veio ao Estádio da Luz torcer pelo Benfica 2 na vitória sobre o Porto o, da sua declaração de «amor por este Clube». E mais. Fiquei a saber que David Luiz foi aqui imensamente feliz e que a sua ideia de felicidade passa pelo anseio de voltar um dia ao Benfica. «Tenho a certeza que um dia vou voltar», disse.
Também Pablo Aimar fez recentemente públicos votos de um dia voltar ao Benfica, revelando que a porta ficou aberta para um regresso pela palavra do presidente Luís Filipe Vieira. «Essas palavras, vindas do presidente, encheram-me de orgulho. Tenho a certeza de que um dia voltarei», disse Pablito César Aimar.
Leio estas declarações de amor ao Benfica vindas de Matic, David Luiz e Aimar e encho-me de orgulho, tanto mais que podia ficar aqui a repetir declarações de amor do meu Emblema, neste Dia de São Valentim, por parte de muitos outros futebolistas de craveira mundial. Sim, que não estou a falar de aves de arribação, dessas que chegam a um clube a jurar que são adeptos desde pequeninos, mesmo sem saberem a cor das camisolas. Estou a falar de grandes atletas que passaram pela Luz, vestiram e suaram a camisola da Águia ao peito e voltar ao Benfica faz parte dos seus planos de felicidade.
Este Glorioso Clube tem isso de muito especial. Faz amigos e inspira amor. Nada mais adequado para trazer a esta coluna neste Dia de São Valentim. Feliz namoro e Viva o Benfica."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Lixívia 18

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica......43 (-9) = 52
Sporting.....38 (-3) = 41
Corruptos...39 (+7) = 32
Braga.........26 (+2) = 24

Depois de rever o jogo na TV, compreendo a razão pela qual, praticamente todos consideram a arbitragem de Marco Ferreira, exemplar. Mas, não concordo. Se fizermos uma comparação directa, com outras arbitragens em derby's ou clássicos, de árbitros 'consagrados', então nesse caso, sem dúvida, assistimos a uma excelente arbitragem... mas o facto de esta, ter sido melhor que as outras, não a faz imaculada... e curiosamente os erros (95%) foram sempre para o mesmo lado. É verdade, que não houve penalty's, foras-de-jogo, golos irregulares, ou golos mal anulados, mas o critério disciplinar foi completamente torto: o primeiro amarelo para o Sporting foi ao minuto 80!!! E tecnicamente, conseguiu marcar mais faltas perigosas contra o Benfica, do que a favor: algo muito estranho já que o domínio do jogo foi do Benfica, o jogo desenrolou-se quase sempre no meio-campo ofensivo do Benfica... e no final dos 90 minutos, tivemos um livre frontal, e zero (posso estar enganado, mas não me recordo de nenhum!!!) livres laterais, enquanto o Sporting beneficiou de vários livres laterais, aliás o Sporting só chegou à área do Benfica 3 ou 4 vezes, em jogo jogado, de resto foi sempre em livres laterais!!!

No Dragay o Cosme Machado, começou por não marcar um penalty a favor dos Corruptos, mas depois compensou marcando um penalty, que para mim, não é. A bola bate na mão do Seri, mas em velocidade normal, é visível o ressalto inesperado que a bola tem... curiosamente o jogador do Paços, não viu amarelo!!! Mais tarde, foi 'amarelado' se tivesse sido expulso não jogava contra o Benfica!!! Faço esta referência porque esta é das raras sequências onde o adversário do Benfica, na jornada anterior defronta os Corruptos, talvez por isso, Cosme Machado tenha optado por um critério 'manso'!!!

Em Braga o Capela não criou problemas, num jogo que não lhe deu muitas dificuldades... mas tenho que evidenciar, mais um vermelho directo, a um dos melhores jogadores do Gil Vicente (César Peixoto), que por acaso, para a semana, defronta os Corruptos!!!

Anexos:
Benfica
1.ª-Marítimo(f), D(2-1), Jorge Sousa, Prejudicados, (2-2), (-1 ponto)
2.ª-Gil Vicente(c), V(2-1), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(f), E(1-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (0-2), (-2 pontos)
4.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-1), Paixão, Nada a assinalar
5.ª-Guimarães(f), V(0-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado
6.ª-Belenenses(c), E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, (2-0), (-2 pontos)
7.ª-Estoril(f), V(1-2), Manuel Mota, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
8.ª-Nacional(c), V(2-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
9.ª-Académica(f), V(0-3), Hugo Pacheco, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Braga(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, Sem influência no resultado
11.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Paixão, Nada a assinalar
12.ª-Arouca(c), E(2-2), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, (3-2), (-2 pontos)
13.ª-Olhanense(f), V(2-3), Vasco Santos, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
14.ª-Setúbal(f), V(0-2), Paulo Baptista, Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
15.ª-Corruptos(c), V(2-0), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
16.ª-Marítimo(c), V(2-0), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
17.ª-Gil Vicente(f), E(1-1), Paixão, Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
18.ª-Sporting(c), V(2-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Arouca(c), V(4-1), Rui Costa, Nada a assinalar
2.ª-Académica(f), V(0-4), Soares Dias, Beneficiados, Sem influência no resultado
3.ª-Benfica(c), E(1-1), Hugo Miguel, Beneficiados, (0-2), (+1 pontos)
4.ª-Olhanense(f), V(0-2), Benquerença, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
5.ª-Rio Ave(c), E(1-1), Xistra, Prejudicados, (2-1), (-2 pontos)
6.ª-Braga(f), V(1-2), Paulo Baptista, Nada a assinalar
7.ª-Setúbal(c), V(4-0), Duarte Gomes, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
8.ª-Corruptos(f), D(3-1), Soares Dias, Nada a assinalar
9.ª-Marítimo(c), V(3-2), Bruno Esteves, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
10.ª-Guimarães(f), V(0-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
11.ª-Paços de Ferreira(c), V(4-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
12.ª-Gil Vicente(f), V(0-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
13.ª-Belenenses(c), V(3-0), Hugo Pacheco, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
14.ª-Nacional(c), E(0-0), Miguel Mota, Nada a assinalar
15.ª-Estoril(f), E(0-0), Proença, Nada a assinalar
16.ª-Arouca(f), V(1-2), Cosme Machado, Beneficiados, Impossível contabilizar
17.ª-Académica(c), E(0-0), Paulo Baptista, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
18.ª-Benfica(f), D(2-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar

Corruptos
1.ª-Setúbal(f), V(1-3), João Capela, Beneficiados, Impossível contabilizar
2.ª-Marítimo(c), V(3-0), Jorge Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
3.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-1), Rui Costa, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
4.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Hugo Pacheco, Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado
5.ª-Estoril(f), E(2-2), Rui Silva, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6.ª-Guimarães(c), V(1-0), Proença, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
7.ª-Arouca(f), V(1-3), Vasco Santos, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Sporting(c), V(3-1), Soares Dias, Nada a assinalar
9.ª-Belenenses(f), E(1-1), Miguel Mota, Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
10.ª-Nacional(c), E(1-1), Xistra, Nada a assinalar
11.ª-Académica(f), D(1-0), Capela, Beneficiados, (2-0), Sem influência no resultado
12.ª-Braga(c), V(2-0), Paulo Baptista, Nada a assinalar
13.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
14.ª-Olhanense(c), V(4-0), Hugo Miguel, Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
15.ª-Benfica(f), D(2-0), Soares Dias, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
16.ª-Setúbal(c), V(3-0), Hugo Pacheco, Nada a assinalar
17.ª-Marítimo(f), D(1-0), Nuno Almeida, Nada a assinalar
18.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-0), Cosme Machado, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado

Braga
1.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-2), Bruno Paixão, Nada a assinalar
2.ª-Belenenses(c), V(2-1), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Gil Vicente(f), D(1-0), Vasco Santos, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Estoril(c), V(3-2), Capela, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Arouca(f), V(0-1), Marco Ferreira, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
6.ª-Sporting(c), D(1-2), Paulo Baptista, Nada a assinalar
7.ª-Nacional(f), D(3-0), Soares Dias, Nada a assinalar
8.ª-Académica(c), D(0-1), Benquerença, Beneficiados, Sem influência no resultado
9.ª-Rio Ave(c), D(0-1), Jorge Tavares, Nada a assinalar
10.ª-Benfica(f), D(0-1), Nuno Almeida, Beneficiados, Sem influência no resultado
11.ª-Olhanense(c), V(4-1), Soares Dias, Nada a assinalar
12.ª-Corruptos(f), D(2-0), Paulo Baptista, Nada a assinalar
13.ª-Setúbal(c), V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
14.ª-Marítimo(f), E(2-2), Rui Costa, Nada a assinalar
15.ª-Guimarães(c), V(3-0), Benquerença, Nada a assinalar
16.ª-Paços de Ferreira(c), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
17.ª-Belenenses(f), D(2-1), Jorge Tavares, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
18.ª-Gil Vicente(c), V(4-1), Capela, Nada a assinalar

Jornadas anteriores:

Épocas anteriores:

Positivo

"1. Ninguém gostou que o Benfica-Sporting marcado para domingo tivesse que ser adiado em cima da hora do jogo. E os grandes prejudicados foram os adeptos que vieram de longe, gastaram tempo e dinheiro e acabaram por não ver o jogo. Mas há que reconhecer que, entre tantos prejuízos (e os do Benfica não serão certamente pequenos, pois toda a despesa de organização do jogo será a dobrar), algo de positivo se registou: a forma rápida, decidida e consensual como tudo se resolveu e o jogo foi adiado, sem que se registassem danos pessoais. O Estádio foi evacuado em escassos minutos (o que seria impossível nos antigos campos) e sem alarmismos, nova data foi combinada entre os clubes, tudo acabou em bem. Para tal - é justo frisar-se - muito contribuiu a postura da actual Direcção do Sporting. Como seria se lá estivesse quem há dois anos incentivou as claques a ponto de colocarem as bancadas a arder ou se em vez de Bruno Carvalho fosse Pinto da Costa o presidente do clube visitante?
Diria logo que a culpa era do Benfica e que a vitória lhes deveria ser atribuída.

2. Infelizmente, o Sporting 'borrou' a pintura com o comunicado do dia seguinte, exigindo nova vistoria e até falando em eventual vitória por falta de condições do Estádio, como se o Benfica tivesse culpa do vendaval. Como têm um calendário 'vazio' de jogos, fava-lhes jeito atrasar o encontro...

3. Face aos 'timings' de fecho deste número, escrevo antes do jogo, esperando que o Benfica-Sporting da passada terça-feira tenha sido bem disputado, sem casos e com uma arbitragem ao nível daquela que o então desconhecido Marco Ferreira realizou no Sporting-Benfica da época passada. Será a melhor resposta à campanha que o Sporting fez ao longo de toda a semana passada (e que até meteu o habitualmente correcto Leonardo Jardim...), tentando pressionar o árbitro e esquecendo a vergonhosa arbitragem de Hugo Miguel no jogo da 1.ª volta, durante o qual o Sporting marcou o golo em posição de fora-de-jogo e Cardozo sofreu indiscutível falta para penálti na área adversária. Só falam no jogo da Taça de Portugal, na Luz..."

Arons de Carvalho, in O Benfica 

Os especializados em tudo

"Foi com surpresa que observei que os opinadores profissionais que pululam pelos órgãos de comunicação a perorar sobre futebol são todos, mas mesmo todos, especialistas em tudo. Já os vira exercer a especialidade de limpadores solícitos da corrupção e abrilhantadores de corruptores. Por vezes, aquando da apresentação dos relatórios e contas dos clubes, mostram-se especialistas em finanças, gestão, contabilidade e administração de sociedades desportivas e conhecimento empírico de gestão de mercearias de bairro. Durante os períodos de aquecimento das equipas, é ouvi-los como sumidades em fisiologia do treino desportivo e da pedagogia do desporto, enquanto momento de exercitação da especulação jornalística. Aquando das lesões de atletas, são sempre os mais habilitados a diagnosticar problemas, sugerir terapias e garantir a incompetência dos departamentos médicos dos clubes.
Nesta semana que passou, vimo-los exercer a ‘supinidade’ excelsa de demonstrarem ao comum mortal a sua sapiência em estruturas metálicas e coberturas de bancadas de estádios. Eles demonstraram que tudo sabem sobre corrosão galvânica, corrosão uniforme, corrosão atmosférica, reacções electroquimícas (anódica e catódica) e tensões residuais. Teorizaram com autoridade académica sobre porcas, arruelas, rebites e parafusos.
Eles, do alto da sua infalibilidade de especialistas em generalidades banais, chegam a passar atestados de incompetência aos aventureiros que sendo especialistas em segurança e protecção civil vêm para a televisão falar de… segurança e protecção civil.
Eles só não sabem como e quando usar o verbo “evacuar”, o que fez com que evacuassem imbecilidades sempre que falaram da evacuação e segurança do Estádio da Luz."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Limpo e sujo

"Sobre o último dérbi, nada de especial há a dizer. O Sporting não jogou um caracol e, entre a festa da espuma de domingo e o jogo de terça, perdeu-se o efeito surpresa de Jardim. Mas nem ele o salvaria. A vitória do Benfica foi limpinha. E não me refiro à ausência de lã de rocha no relvado e de bocados da cobertura nas bancadas. Mas nestes últimos meses ficou clara para mim uma coisa: pelo menos no campo, o campeonato será decidido no confronto entre o Benfica e o Sporting. Quanto ao Porto, que nos tem presenteado com exibições abaixo de deprimentes, lá terá, se ainda souber, de voltar a tentar ganhar no campeonato da secretaria.
E, regresso ao tema, as coisas vão bem encaminhadas numa competição menor: a Taça da Liga. Herculano Lima é juiz jubilado e conhecido amigo do Futebol Clube do Porto. Em pleno processo de investigações do Apito Dourado disse, em declarações públicas, que a montanha iria parir um rato. O experiente obstetra deste mundo pouco salubre da bola viu o seu desejo confirmado. Herculano também é presidente do Conselho de Disciplina da FPF e dissipou todas dívidas logo na primeira audição sobre o caso do atraso do Porto no jogo com o Marítimo. Segundo o Record, o que o juiz queria saber de Fernando, o jogador que só se lembra das dores uma semana depois de as sentir, era se o Porto também teria vencido o jogo caso tivesse entrado em campo na hora marcada. Como a resposta é impossível de dar e a pergunta era para um jogador do FCP, fica a parecer que o objectivo destas inquirições é o convívio. Onde também participou o vogal Ricardo Pereira, que, seguramente imparcial nestas guerras, foi advogado de Lourenço Pinto contra Carolina Salgado.
Não há, portanto, qualquer ansiedade para o Sporting. Ao contrário do dérbi, o resultado é mais do que certo e parece-me que não será “limpinho”. E, no entanto, não há qualquer dúvida que o Porto quis atrasar o jogo para daí obter vantagem. E que os regulamentos punem esse comportamento com derrota. Ficam a saber os árbitros: quando marcarem uma grande penalidade ao Porto, por causa de uma rasteira na grande área, terão de perguntar ao faltoso se aquela jogada mudaria o desfecho do jogo. Porque é assim que se faz justiça no futebol nacional."

Benfica justificou a vitória

"Inovações tácticas no Sporting não resultaram.
Com um dispositivo mais ousado, bem tentou Leonardo Jardim replicar à má fortuna que o 5.º cartão amarelo mostrado a William Carvalho, frente à Académica, constituiu para o Sporting. Mas o que ficou à vista foi o descalabro, acabando por ser pior a emenda que tudo o resto, embora se compreenda a intenção do técnico. Sem o seu "trinco" de confiança e já sem o outro (Rinaudo) por Alvalade, o problema só poderia ser resolvido com a adaptação de Dier e, ao mesmo tempo, com a aposta forte na frente de ataque, como forma de evitar situações de sufoco por parte das linhas dianteiras dos da casa. O expediente, porém, não resultou.
De características mais defensivas e menos colaborante nas acções de transição, Dier não fez esquecer William e disso se aproveitou o Benfica para, por aí, pelo corredor central, carrilar preferencialmente o seu jogo e controlar a situação. Como já se admitia, Enzo Perez voltou a ser a pedra fundamental nesta manobra e a verdade é que o Sporting não teve argumentos para contrariar a avalancha atacante adversária, nem sequer capacidade para criar qualquer perigo para as redes à guarda de Oblak. Apesar da tão badalada aposta ofensiva que fez surpreender os observadores.
A primeira meia hora foi totalmente do Benfica, no decorrer da qual marcou muito justamente o seu golo (Gaitán, 27'), após centro de Maxi, e ficando a dever a si próprio mais um ou dois, que teriam sentenciado o jogo. Só nos últimos dez minutos, o Sporting deu um ar da sua graça, lá na frente, onde Helton, apesar de estreante, se mostrou aplicado, não mais do que isso, no seu flanco esquerdo, corredor por onde os "leões" mais jogo ofensivo canalizaram.
Claro que a falência do meio-campo leonino voltaria, na 2.ª parte, a estar em evidência - Adrien era pau para toda a obra e revelava-se naturalmente insuficiente - com a dupla Fejsa-Enzo, bem secundada por Markovic e Gaitán, a não conceder quaisquer hipóteses a uma equipa sem disciplina e menor pujança no miolo. A entrada de Capel para o lugar de André Martins contribuiria, assim, para uma maior dinâmica do Sporting, mas mais determinante foi a troca de Piris por Magrão, não tanto pelas qualidades do recém-entrado, mais pela melhor "arrumação" que a equipa passou a denunciar.
De facto, a saída do lateral-esquerdo provocou o desvio de Rojo para aquela posição, ficando Dier a central e permitindo a Magrão reforçar o miolo, no apoio às acções de Heldon. Ao mesmo tempo, era visível o empenho de Rojo, descendo no corredor como Piris raramente tinha feito. Foi esse o período de maior insistência do Sporting, embora sem construir grandes ocasiões, excepção para um bom lance de Heldon, que falharia o alvo. Mas também o Benfica tinha já criado situações semelhantes, mais perigosas até, em que o dilatar da vantagem esteve mesmo à vista, não fora a classe de Rui Patrício.
A atenção e destreza do n.º 1 do Sporting tem, contudo, limites. E, de tanto insistir, o Benfica fez mesmo o 2-0, numa grande jogada individual de Enzo Perez, na zona frontal. Em duelo directo com Dier, o criativo médio argentino trocou as voltas ao inglês, acabando por rematar com o pé esquerdo, sem dar tempo a Patrício para esboçar qualquer reacção. Um golaço. De imediato, Jesus fez saltar do banco Rúben Amorim para substituir Rodrigo e, desta forma, bloquear ainda mais os acessos à baliza de Oblak. Estava tudo consumado
Em resumo, um triunfo inquestionável do Benfica, que ganhou com toda a justiça e clareza, perante um Sporting que acusou demasiado a ausência de William e, verdade seja dita, também nunca soube tirar partido da tal maior amplitude da sua frente de ataque. Enquanto os encarnados confirmaram o seu excelente momento - está definido o "onze", depois de experiências mil - já o Sporting não se deu bem com as experiências efectuadas e terá rubricado a mais modesta exibição da presente época.
O árbitro Marco Ferreira teve uma actuação simplesmente exemplar."

Voar à líder

"Sem margem para qualquer dúvida, ficou demonstrada a real diferença entre o actual Benfica e o actual Sporting. Num dérbi que as águias dominaram por completo, o triunfo é tão indiscutível como merecido. Mas desta vez não foram apenas os valores individuais a pesar na balança. Do ponto de vista táctico, Jorge Jesus anulou totalmente as intenções de Leonardo Jardim. No fim, a vantagem de dois golos até é curta para a produção de jogo das duas equipas. A da Luz realizou um voo de líder.
A primeira meia hora da partida foi de tal modo elucidativa que dificilmente se percebia de que maneira poderia o Sporting travar o andamento do adversário. A entrada do Benfica foi muito forte, deixando os leões sem capacidade de reação, limitando-se, dentro do possível, a evitar danos maiores. Com Fejsa e o notável Enzo Perez a controlarem o meio campo como e quando queriam, suportados nas diagonais de Gaitan e Markovic, mais as subidas pelos corredores de Maxi e Siqueira, o Benfica "estrangulou" o Sporting, como se este tivesse sido metido num colete de forças.
A desorientação leonina foi visível naquele período, não somente no plano táctico mas igualmente na resposta individual. Cédric e Piris passaram por maus bocados e o nervosismo estendeu-se até a Rui Patrício, que aliviou uma bola contra Lima, quase levando ao golo. As ameaças multiplicaram-se, até que Gaitan finalizou mesmo, numa assistência de Maxi (o papel determinante dos laterais). Absolutamente normal, só surpreendendo não ter acontecido mais cedo.
Mesmo baixando ligeiramente a velocidade (nenhuma equipa consegue correr daquela maneira durante 90 minutos), o Benfica continuou na segunda parte com a cartilha da primeira e o facto é que em momento algum da partida se admitiu a vaga possibilidade do Sporting inverter o destino do jogo. Os encarnados chegaram ao segundo golo - um trabalho magistral de Enzo Perez - , mas Rodrigo, por três vezes, podia ter subido a parada não fossem as grandes intervenções de Patrício, em duas delas, e a mira desafinada na outra.
O Sporting, tirando o lance protagonizado por Heldon (e já íamos nos 63 minutos), não logrou criar uma verdadeira ocasião de golo. Um desnível atacante que, contudo, tem várias explicações. Boa parte delas estão dadas na forma como o Benfica atuou. As restantes radicam numa solução que Leonardo Jardim pensava ser engenhosa, mas - como se viu - inaplicável com aqueles jogadores.
Dier, que não tem qualquer ponto de contacto com o perfil de William Carvalho, entrou perdido e perdido saiu. Adrien foi obrigado a fazer as despesas de uma dupla função, para tentar suprir o défice do meio campo, enquanto André Martins, destacado para a direita, foi mais vezes peixe fora de água do que outra coisa.
Jardim, um tanto estranhamente, começa por trocar Martins por Capel (que nada mais acrescentou), relegando para mais tarde uma mudança estrutural : entrada de Gerson Magrão, saída de Piris, com Dier a central e Rojo na lateral esquerda. Uma tentativa fora de horas, que não impediu que Montero e Slimani continuassem a ser presas fáceis para Garay (outra óptima exibição) e Luisão.
Em boa verdade, o destino, como referi acima, era visível desde muito cedo. É de admitir que esta versão do Sporting sirva para jogar em ataque continuado perante equipas que defendem, mas frente aos encarnados não deu, sequer, para equilibrar as coisas. O campeonato não está resolvido, obviamente, mas a partir deste momento o Benfica é a única equipa que depende do que ela própria fizer. E, para já, assinou dois triunfos sobre os rivais, em casa. Ambos inquestionáveis, acrescente-se.
Sobre Marco Ferreira. O melhor elogio que se pode fazer ao árbitro é dizer que não foi por causa dele que o Benfica ganhou, nem por causa dele que o Sporting perdeu. Muito bem."