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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A caminho do tricampeonato???

"Recuso-me a ver nos outros máquinas vencedores perfeitas... nos fins de semana em que não empatam ou perdem...

«No futebol não há tempo, não há futuro»
Pepe Guardiola
No desporto de alta competição, como é o caso do futebol, «não há tempo, não há futuro». Disse-o Pepe Guardiola. Vem isto a propósito da mudança, na classificação do campeonato nacional, que aconteceu este fim-de-semana.
Para alguns, há uma semana, o Benfica estava completamente afastado do título.
Para os mesmos, esta semana, o Benfica passou a ser um campeão com elevado potencial para conquistar o Tri.
Não entro em euforias... como me recuso, também, a entrar em depressões!
Não alinho na máquina de alguma comunicação social, que tem como grande preocupação vender à custa dessas alterações de estado de alma dos sócios, adeptos e simpatizantes do Benfica.
Como me recuso a ver nos outros - só porque mantiveram um treinador ou só porque passaram a ter como treinador alguém que no Benfica ganhou alguma coisa - máquinas vencedoras perfeitas... nos fins-de-semana em que não empatam ou perdem!
Por isso - sem qualquer entusiasmo excessivo, mas com todo o realismo - eu acredito na conquista do Tricampeonato pelo Benfica!
Mas, para se perceber porque acho muito realista a possibilidade do Benfica ser novamente campeão,... porque não perder algum tempo a analisar cada uma dessas três equipas?

O que vale esta equipa do Porto?
O Porto contratou um guarda-redes mediático. A julgar pelo que leio, ainda não percebi o que vale Casillas (com quem, reconheço, simpatizo muito... como jogador e como personalidade).
Ele é, efectivamente, a tal mais-valia, capaz de ser determinante num plantel mediano, como vejo, agora, na comunicação social, ou é o guarda-redes velho e ultrapassado que a mesma comunicação social reconhecia em Casillas, com todos os defeitos do mundo,... quando Mourinho o colocava no banco de suplentes, no Real Madrid, e essa mesma comunicação se atropelava para bajular o special one em versão meseta castelhana?
Não acredito que os jornais portugueses sejam chauvinistas.
Portanto, tenho que reconhecer que os jornais portugueses tinham, na altura, razão: Casillas já não é o guarda-redes que era!
Quanto à defesa do Porto, Danilo foi para o Real Madrid, o que significa que é muito superior a Maxi Pereira (senão, teria sido este a rumar ao Santiago de Barnabéu).
Qualquer defesa-esquerdo que encontrem será, sempre, muito pior que Alex Sandro.
Como, diga-se em abono da verdade, Quaresma é muito melhor que Varela ou Jesus Corona.
Óliver Torres é manifestamente superior a André André, pois, se assim não fosse - até pelo preço - este estaria no Atlético de Madrid e não no Porto.
Jackson Martínez é muito melhor que Pablo Osvaldo e Aboubakar juntos - não é, comunicação social? Ora, com estas comparações, será fácil concluir que o Porto este ano é bem inferior ao Porto do ano passado. Este plantel, bem mais fraquinho, não pode, por isso, ser comparado com o melhor plantel desse clube desde há 30 anos - que perdeu tudo na época para um plantel jeitoso do Benfica - e que até queria ser Campeão Europeu (até aos 6-1 de Munique).
Melhor, apenas, no meu critério de análise, Imbula, apesar de ter de jogar onde joga Danilo Pereira (não confundir com o Danilo que foi para o Real Madrid) mas cuja presença na equipa agrava as dificuldades na construção de jogo...
Como se isso não bastasse, o Porto tem, entre si, aquele que é a grande esperança das equipas e dos adeptos adversários (e que faz desesperar os seus próprios adeptos): Julen Lopetegui, ou como li, este fim-de-semana (para nós),... o homem errado no lugar certo.
Ainda assim, acham que este Porto é o principal candidato ao título?
Olhem que não...

E este Sporting?
E o Sporting? Está melhor que o ano passado? Sim, claro! Embora não fosse difícil. Mas, vejamos... Rui Patrício... perdoem-me a minha fixação, será o melhor guarda-redes português!
Mas, para além de não ter pés - como, aliás, se viu no jogo do Bessa -, defende o que é difícil e falha o que é muito fácil...
Continuo a achar que não é o guarda-redes que dizem ser... por quem tem a obrigação de analisar objectivamente a realidade.
Os mesmos que já fizeram do Sporting o campeão nacional desta época que ainda há pouco começou.
E que nem a recente eliminação da Liga dos Campeões, com o CSKA, e a derrota com Lokomotiv esmoreceu (talvez o problema seja, efectivamente, da Gazprom).
Relativamente à defesa, é melhor que a do ano passado, mas não existe uma diferença abissal entre elas.
Já no que diz respeito ao meio campo leonino, são jogadores feitos, sem grande pulmão, para aguentar a época em Portugal...
Aquilani e Bryan Ruiz são jogadores de uma qualidade espantosa, mas lentos, o que não joga com o tipo de jogo do novo treinador leonino.
Teófilo Gutiérrez dará mais soluções à equipa mas não será capaz de desequilibrar em todos os jogos. 
Jogador com velocidade, como ele gosta, só Gelson, no pressuposto que Carrillo não vai jogar mais até ao fim da época - o que, sinceramente, duvido!
Apenas para memória futura,... estou perfeitamente convencido de que chegará a acordo nos próximos dias com o Sporting para jogar até ao fim do ano, sendo vendido em Janeiro. Essa é a minha convicção!
Uma vantagem para não ser tudo mau: o Sporting manteve a dupla atacante.
E se, cada vez mais, gosto de Slimani (um Óscar Cardozo em projecto), já quanto a Fredy Montero, embora goste de o ver, continuo sem perceber como, como tantos bons jogadores por aqueles lados, naquela posição, pôde ser considerado, há dois anos, como o exemplo de avançado que o Sporting gostaria de formar e de ter...
Por fim, mas não menos importante, o treinador foi três vezes campeão nacional no seu antigo clube, o Benfica,... sempre com algumas dificuldades, com três equipas diferentes, embora bastante superiores às do Sporting de hoje.
Jorge Jesus, no seu primeiro campeonato conquistado pelo BENFICA, em 2009/10, jogava, então, com Quim, Maxi, Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García, Ramires, Aimar, Dí Maria, Saviola e Cardozo.
Bem melhor que o Sporting actual.
Sabem como acabou?
Com 5 pontos de vantagem, para o segundo classificado, o Braga, porque na última jornada este perdeu no Nacional e o Benfica ganhou, em casa, ao Rio Ave,... 2-l.
No segundo campeonato que conquistou, em 2013/14, o Benfica terminou com uma distância de 7 pontos para o segundo classificado, o Sporting, mas jogavam então, Oblak, Maxi, Luisão, Garay, Siqueira, Fejsa, Enzo, Gaitán, Salvio, Lima e Rodrigo e ainda tivemos Artur, Jardel, Matic, Markovic, André Gomes e Cardozo.
Bem melhor que o Sporting actual.
No terceiro e último campeonato conquistado, na época passada, o BENFICA terminou com mais 3 pontos que o segundo classificado, o Porto.
Nessa equipa, jogaram Júlio César, Maxi, Luisão, Jardel, Eliseu, Samaris, Gaitán, Salvio, Talisca, Lima e Jonas, para além de Enzo, Fejsa e Pizzi.
Bem melhor que o Sporting actual.
Ou seja, o treinador do Sporting só ganhou quando tinha grandes equipas... algo que actualmente, reconheçamos, não tem!
Tudo isto para não falar das equipas do Benfica dos campeonatos perdidos contra as super equipas do Porto lideradas por, então, treinadores de grande nível mundial como Villas Boas ou Vítor Pereira, que... nunca tinham ganho nada até então e que pouco ou nada ganharam desde então!!!
Face a esse cenário, amigos do Sporting, estão a ver o que vos espera???

Quanto ao Benfica...
sabem que do Benfica... nada ou muito pouco sei... Mas, como se sabe, a equipa está a adaptar-se a uma nova realidade.
De facto, a grande mudança é a do treinador e tudo o que isso implica: novas ideias e novos métodos de treino. Finalmente, temos um treinador que sabe o que é ser do Benfica, que prometeu dar a vida pelo clube e que sabe que o símbolo é mais importante que qualquer jogador.
Isso não o fará vencer, nem o tornará imune a qualquer crítica construtiva, mas que ajuda,... lá isso ajuda. E muito!!!
Essa será a grande diferença do Benfica deste ano.
Por isso, penso que será, apenas e só, uma questão de tempo.
Vamos a isso, Benfica?"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Feito...

Varna 2 - 9 Benfica

Qualificação garantida para a Ronda de Elite, com nova vitória na Eslovénia, frente aos Búlgaros do Varna.
Marcámos aos 37 segundos, com 1 minuto e 9 segundos já estava 0-2 para o Benfica... e aos 1m41s o Varna reduziu (1-2)!!! Início louco, com muitos golos, mas depois as coisas acalmaram, o Benfica começou o tiro ao poste, e só perto do final da 1.ª parte tivemos mais golos... 2-6 ao intervalo. Sendo que os Búlgaros estavam com 100% de eficácia: 2 remates, 2 golos!!!
O 2.º tempo foi mais tranquilo, marcámos mais 3 golos... e terminámos com um 6-63 em numero de remates!!!

No Sábado, às 20h, jogamos o 3.º jogo, com os anfitriões do Dobovec. As duas equipas já estão apuradas, servirá somente para decidir o 1.º lugar... e apesar de jogarmos na casa do adversário, somos favoritos.

Vai depender da formação dos Grupos, mas espero que a Ronda de Elite seja disputada na Luz, os adeptos, e esta equipa merece...

Uma noite de Benfica europeu

"1. Minuto 58. Com o Benfica já em vantagem, o Atlético de Madrid carregava e o espectro do empate pairava no ar. Aproveitando um alívio de Nélson Semedo, Tiago rematou, Jackson Martinez desviou a bola e Júlio César, com uma defesa fabulosa, evitou um golo cantado. O esférico foi ter com Correa que chutou para facturar. E não é que Júlio César arrancou uma parada impossível, salvando a noite encarnada? Afinal, guarda-redes ganha jogos!
2. Baptismo de fogo, na alta roda europeia, da asa direita do Benfica. Nélson Semedo portou-se como se tivesse passado a vida a jogar na Champions, seguro a defender e sempre atrevido a atacar; e Gonçalo Guedes, autor de um golo dificílimo, mostrou estar a crescer em confiança e revelou um apurado sentido táctico. Na óptima notícia para o Benfica que foi ganhar em Manzanares, Nélson e Gonçalo foram cereja no topo do bolo.
3. Seria impossível ganhar em casa do Atlético de Madrid sem lampejos de classe pura. E estes chegaram dos suspeitos do costume, Jonas a esconder a bola, qual prestidigitador com coelho na cartola e Nico Gaitán, mestre a assistir, letal a finalizar, um jogador completo que deve ter feito os colchoneros arrependerem-se de não o terem contratado. Duas exibições de altíssima nota artística.
4. E, é claro, Rui Vitória. Organização perfeita, equipa (quase) sempre junta (complicados os primeiros minutos...), tremenda disciplina táctica e uma solidariedade entre jogadores capaz de ombrear com o Atlético de Madrid de El Cholo Simeone. Ficou a ideia de que Vitória podia ter mexido um pouco antes, mas quando o fez mostrou sabedoria. Muito evoluiu a águia desde a apresentação, nos EUA, contra o PSG."

José Manuel Delgado, in A Bola

Uma Champions de sonho

"Se na terça-feira, no Dragão, o FC Porto conseguiu uma vitória em que poucos acreditavam, em Madrid o Benfica matou um borrego com 33 anos. Uma Champions de sonho para os portugueses e que só pode deixar portistas e benfiquistas de barriguinha cheia. Não é todos os dias que se fazem cair poderosos como Chelsea e Atlético. Brutal!
Rui Vitória é o grande vencedor. O homem mais pressionado da época dá sinais claros de qualidade. Bater Simeone, fazer brilhar Guedes e Nélson Semedo e ouvir Júlio César a dizer que foi ele quem fez a equipa acreditar... é o dia perfeito. Com ou sem o cérebro, o Benfica está vivo e consegue feitos que JJ não alcançou. Com a formação. Os tais que precisavam de nascer 10 vezes. Que cegueira.
Vieira falou. Não sobre o triunfo. Pediu desculpa. As tochas dos 'adeptos' benfiquistas caíram ao lado de um menino de dois anos. O presidente disse o que tinha de ser dito. Não houve tragédia. A multa vem a caminho. Para quê?
O Football leaks promete tornar-se um caso de polícia. Outros o antecederam. Para ser levado a sério, aguardemos o que revelará de outros clubes. Até agora trouxe a público o que comentadores próximos do Benfica já tinham insinuado. Daremos a conhecer o que for de interesse público. Mas atentos a eventuais interesses. Bom é que a PJ aproveite.
Na Suécia, num Real Madrid à procura de identidade, Cristiano Ronaldo continua a fazer história. Mais dois golos que o tornam no melhor marcador de sempre do clube. Como é que um jogador assim ouve assobios dos seus adeptos é um verdadeiro case-study. Como deveriam ser o português e Leo Messi. A sua rivalidade é das coisas mais apaixonantes da história do jogo. Tão grandes..."

Bernardo Ribeiro, in Record

PS: Um Lagarto a falar da 'brutal' Champions dos outros é normal... assim como também é normal, após a divulgação de vários contratos do Sporting, que contradizem posições defendidas pelo Paspalho Carvalho (e algumas informações...), o Lagarto jornaleiro, em vez de se debruçar sobre os documentos já conhecidos, prefere especular sobre outros documentos, que ele julga que irão ser também divulgados, para aí então, comentar... se forem 'vermelhos', aí, não se calará!!! 

Eleições e futebol

"Estamos a três dias das eleições legislativas. É um lugar-comum dizer que votar é um direito e um dever. Mas é um lugar-comum que vale a pena sempre repetir para que a participação no acto eleitoral seja a maior possível.
Vem isto a propósito da polémica à volta de, pela primeira vez, haver jogos de futebol no próximo domingo. E logo, dirão os críticos desta decisão, com o Benfica, Porto, Sporting e Braga.
Sinceramente, não vejo onde está o problema, à parte jogadores ou técnicos que tenham, eventualmente, mais dificuldade em votar (embora, portugueses, não haja assim tantos...).
O que diriam nos Estados Unidos (eleições sempre às terças-feiras), ou em Espanha e Reino Unido, também com eleições num dia de trabalho?
Por outro lado, é dar uma importância desmesurada ao futebol indígena. Alguém acredita que tal impeça o voto a quem, de facto, quer ir votar entre as 8 da manhã e as 19 da tarde? E, nessa perspectiva, será que o cinema, outros espectáculos, romarias e até a missa impedem ou dificultam o voto? Será que quem assim pensa acha que os portugueses são assim tão marados que precisam de tutela comportamental e que nada haja no domingo para que não se distraiam e votem?
Faz-me lembrar a sacro-questão da meteorologia no dia das eleições. Ou são uns pingos de chuva, ou é a concorrência da praia (a propósito, porque não se fecham as praias no domingo, se estiver calor?)...
Em suma, não há desculpa para quem achar que deve ir votar. Outra coisa diferente - que espero não aconteça - é, no domingo à noite, o futebol concorrer com a noite eleitoral. Aí, sim, seria perverter a importância das coisas."

Bagão Félix, in A Bola

Vianense - Benfica

Foi sorteado hoje no final da manhã, os confrontos da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal. O Benfica vai visitar a cidade de Viana do Castelo, defrontando o Vianense local, que disputa o CNS.
A data deverá ser alterada (para 16 de Outubro, Sexta-feira...), já que a eliminatória está encaixada entre jogos das Selecções e a deslocação a Istambul para a Champions...

Gaitán 360S

O primeiro grande papel de Gonçalo

"Na derrota, a reacção colectiva das plateias é universal, prova de que o adepto não vai ao estádio para saber a idade e a origem dos jogadores mas para ver a sua equipa jogar bem e vencer. Em clubes de topo a pressão é insustentável sobre rapazes que, não raras vezes, interpretam como oportunidade momentos nos quais são lançados às feras sem a mínima preparação. Nessa altura, e se a derrota bate à porta, de nada lhes serve juventude, compreensão e até carinho por toda uma vida no clube. Nos últimos seis anos, o Benfica alicerçou a imagem vitoriosa numa verdade indiscutível: a melhor equipa não é a que tem mais elementos nascidos e criados em casa desde o berço; a melhor equipa é a que tem melhores jogadores e ganha mais vezes. Confirmando a mudança de ciclo na Luz, Gonçalo Guedes, um dos expoentes máximos das camadas jovens dos últimos tempos, garantiu lugar no onze do bicampeão nacional. E já mostrou que não é um fenómeno esporádico no grande filme benfiquista do futuro.
Prova de um espírito aberto, disponível e focado, GG foi escrupuloso no cumprimento das funções que lhe foram definidas por Rui Vitória. Com essa atitude responsável e madura garantiu a sobrevivência mas não atingiu o deslumbramento; defendeu a presença na obra cinematográfica do bicampeão nacional mas nunca se aproximou do protagonismo que pisca o olho aos Oscares; pisando terrenos que requerem criatividade para estabelecer a diferença no espaço ofensivo, ainda só tinha revelado inteligência táctica, boa assimilação das ordens do treinador, paixão pelo jogo e intenção colectiva em cada decisão. É um jogador rápido, articulado e com excelentes argumentos técnicos, capaz de exercer junto às linhas mas também no corredor central; dotado para o jogo combinado pode também explodir em aventuras individuais; caracterizado pela tremenda margem de progressão que tem para explorar, assenta desde já em pressupostos de habilidade, potência e visão à altura dos melhores. Tem quase tudo para vir a ser um craque.
Aos 18 anos, é notável como se predispôs. desde o primeiro minuto, a oferecer todas as contribuições para alimentar o senso comum, ele que está vocacionado para a participação extraordinária e desequilibradora. O jogo com o P. Ferreira gerou o primeiro grande papel da carreira de GG, um prodígio que, preparado para criar, lapidar e oferecer diamantes à equipa, ainda só tinha contribuído com índices elevados de trabalho para olear o funcionamento da máquina. Depois de o vermos tratar por tu artistas como Jonas e Gaitán e contribuir com potencial ilimitado para a vitória do Benfica (um golo e uma assistência), é mais fácil aceitar a opinião de quem lhe atribui como características predominantes o luxo da precisão, a eficácia das invenções, a elegância de um estilo acutilante e os alicerces globais do talento adolescente que ainda precisa de crescer biológica, física e mentalmente para atingir o máximo do que tem para oferecer.
Não é caso para converter a feliz etapa de afirmação ao mais alto nível numa celebração de grande mediatismo, glorificando os efeitos hipnotizadores de um jovem que se encheu de brios, desafiou um grupo de homens feitos (companheiros e adversários) e vergou-os à força da sua qualidade. Muitos ao longo dos anos fizeram o mesmo e ficaram pelo caminho, porque os elogios chegaram antes de tempo, a impaciência generalizada pela sua confirmação conduziu-os ao esquecimento e eles não tiveram força para evitar o descalabro. GG não pode desviar-se da trajectória definida. O percurso efectuado em menino, recuperado agora com exuberância, é suficientemente sustentado para confirmar a excelência de um enorme futebolista. Sim, tem ainda muitos fracassos para superar. Esperemos só que não interfiram com o destino final de quem está talhado para a glória."

Vitórias globais

"As vitórias de clubes portugueses nos exaltantes duelos da Liga dos Campeões são essenciais para dar uma dimensão global ao futebol que se joga por cá. O mercado externo do futebol português cinge-se às comunidades de emigrantes que em muitos casos o consomem com recurso a boxes de cabo nacionais, adaptadas a parabólicas - e aos países africanos de língua portuguesa.
Numa estadia recente num país do Índico, com colonização francesa e língua oficial inglesa, pude constatar a total inexistência de imagens do futebol português, fora do ambiente das competições europeias. A oferta de desporto, em particular de futebol era pródiga mas, de Portugal nem um golo, nem sequer referência aos resultados, passava. Para conquistar o vasto mercado asiático, e, já agora, o africano anglófono e francófono, seria necessária persistência e união de esforços entre os detentores dos direitos televisivos do futebol português, a Liga a FPF e o Governo português. Levar o futebol nacional na mala é também missão de diplomacia económica.
Enquanto não se conseguir derrubar essa barreira de indiferença, qualquer patrocínio nas camisolas de clubes médios-baixos espanhóis - o Bétis com o Corunha deu em directo -, ou da segunda liga inglesa serão mais valiosos do que os de Porto, Benfica ou Sporting. Com graves danos a longo prazo.
Neste caminho, que ainda ninguém tentou trilhar, são essenciais vitórias como a do FC Porto ontem. Bater o pé aos maiores da Europa, e vencer, é o mais precioso argumento para abrir portas de mercados onde ainda não ousámos bater."

Todos calados, só fala o Bruno...

"A semana que passou ficou marcada por novo sintoma da incontinência verbal de Bruno de Carvalho. Os árbitros também foram atacados pelo presidente do Sporting, que continua a utilizar um discurso deselegante, agressivo para tratar de um assunto muito sério. Um discurso que, acredito, serve para pouco além de aumentar o ódio dos adeptos e a ideia de que o futebol é uma guerra. Concordo que o leão tem sido muito prejudicado por erros dos árbitros (demasiados!), mas, ao contrário do que diz Bruno, eles não erram sempre para o mesmo lado. E os clubes parece que continuam a não se importar que eles errem, desde que não seja contra eles; e se for a favor, melhor. Discutir o árbitro faz parte do jogo e o futebol nem seria a mesma coisa se o adepto não pudesse pintar o lance da cor que mais gosta, mas quem tem responsabilidades (e não falo apenas de Bruno de Carvalho) deveria preocupar-se em tornar credível o setor, em vez de apenas constatar o que está mal, levando-nos a acreditar que não são os jogadores que ganham jogos, nem campeonatos, mas quem tem os árbitros no bolso. Não serve de nada o líder da Associação de Árbitros vir a correr dizer que os árbitros não têm culpa, porque têm. E também não entendo porque é que Pedro Proença, que manda pouco, mas manda, insiste numa liderança da Liga de Clubes em que ninguém o vê ou ouve. Espero que esteja a trabalhar bem, na sombra. E a FPF? Não é altura de resolver de vez a suspeição na arbitragem?
Castiguem a sério os árbitros maus, que falham descaradamente; punam de verdade os dirigentes que criticam destrutivamente. Duzentos euros de multa e um mês de suspensão não vale, isso são penaers, como dizia o outro. E não conta dizer que lá fora os árbitros também erram. Se é para copiar, ao menos copiem as respostas certas e não as erradas."

Nélson Feiteirona, in A Bola

Setas para Jesus e Lopetegui

"A última jornada da Liga abriu um leque de temas com algum potencial para esta crónica, desde logo as escorregadelas do FC Porto e do Sporting, até porque é sempre mais fácil rasgar do que costurar. Seria uma boa oportunidade para questionar por que razão Lopetegui continua a repetir erros que no passado custaram pontos e ajudaram a azedar ainda mais a sua relação com os adeptos portistas. Ninguém iria contestar, por exemplo, um artigo que questionasse a dificuldade que o FC Porto continua a acusar em campo alheio (onde sofre golos há cinco jogos consecutivos), mesmo frente a adversários anémicos, como é o caso do Moreirense. E a facilidade com que deixa escapar vitórias nos instantes finais, como se viu em Kiev e em Moreira de Cónegos. Seria também estimulante tentar perceber aqueles que preferiram contestar o basco por este ter deixado o FC Porto desequilibrado no último quarto de hora, quando decidiu arriscar um esquema com dois pontas-de-lança. E boa parte do estímulo resulta da circunstância de boa parte desses perscrutadores serem exactamente os mesmos que há uma semana disseram cobras e lagartos do basco por ele ter cometido a heresia de substituir Aboubakar por Osvaldo, em vez de, como exigiam, os deixar juntos em campo. Mas não seria mais lógico interpelar Lopetegui sobre as razões do ostracismo a que está a ser votado Bueno? O avançado espanhol fartou-se de marcar golos no Rayo Vallecano e foi convencido por Lopetegui a sair a custo zero para o FC Porto precisamente por faltar no Dragão alguém capaz de protagonizar o tal Plano B em que a equipa portista passava a ter mais tracção à frente sem, com isso, perder fiabilidade lá atrás. Adrián López falhou, por culpa própria, aquele objectivo. Mas, ao contrário do que vem acontecendo com Bueno, teve oportunidades suficientes para se confirmar como o maior fiasco financeiro de que há memória no FC Porto. Dir-me-ão que a possibilidade de Lopetegui responder a esta e a outras questões embaraçosas é quase nula. É verdade. O espanhol não dá entrevistas e usa as conferências de imprensa quase só para valorizar os adversários, como se todos eles fossem réplicas do gigante Adamastor. Responde sem responder à maioria das perguntas, incapaz de perceber que tanta agressividade e rabugice resultam num efeito 'boomerang' que só o prejudica. Não aceitar discutir futebol impede, por exemplo, que se descubra que percebe bem mais da poda do que por aí se insinua.
No futebol, já se sabe, a coerência vale menos do que uma batata e os exemplos disso mais recentes também seriam suficientes para uma crónica suculenta. Numa semana, Jorge Jesus começou por passar (com subtileza, é certo) a responsabilidade do afastamento de Carrillo para o presidente, logo depois já estava a 100 por cento com a decisão presidencial e, no dia seguinte, o afastamento do peruano, ainda nas palavras de Jesus, já se transformara numa prova de liderança do treinador. Mas se o sujeito e o predicado nem sempre saem de mãos dadas da boca do treinador do Sporting, ninguém lhe poderá nunca negar a forma arguta como comunica. E, logo após final do empate no Bessa (e ainda antes de ter alinhado na estapafúrdia campanha contra a arbitragem, como se um erro arbitral não tivesse deixado o Sporting em superioridade numérica durante uma hora no jogo anterior), lá deixou escapar ter faltado "criatividade individual" ao Sporting. Esperto, recusou todas as perguntas seguintes sobre Carrillo, mas a mensagem subliminar já tinha sido passada... Não teve assim que explicar porque é que o Sporting, depois de uma fase inicial em que surpreendeu pela forma rápida como assimilou a nova ideia de jogo e se tornou numa equipa minimamente competente, parece agora ter estagnado e até retrocedido no processo. Fica assim aqui provado que não teria faltado matéria para transformar este texto numa crónica de escárnio e maldizer. Dirão os leitores menos dados ao deboche que foi precisamente isso que aqui acabou por acontecer. Admito que sim e até faço mea culpa, mas na certeza de que, também no futebol, os que se acham merecedores de elogios deviam ser os que melhor deviam aprender a suportar as censuras..."