Últimas indefectivações

domingo, 27 de junho de 2021

Euro2020: Itália 2 - 1 Áustria

Euro2020: País de Gales 0 - 4 Dinamarca

Euro (2)


"Na semana passada versei sobre a indiferença que sinto pela selecção e obtive várias reacções, umas de estupefacção, outras de aprovação por razões erradas.
Sobre as primeiras, faço notar a irracionalidade do vínculo emocional no desporto. E se este é válido para a pertença, por que razão não o há-de ser também para o alheamento por muito que nos impinjam patriotismo artificial a roçar, na mensagem, o nacionalismo? E quanto às segundas, reafirmo que nada me move contra. Embirrar com esta ou aquela figura ou desaprovar isto ou aquilo na Federação não me condiciona. Se Portugal vencer, tanto melhor. Só que não tenho nada que ver com isso, tanto me faz.
Retrospectivamente, a minha indiferença terá começado na percepção de que Portugal não contava para o Totobola. Acresceu, em determinada altura, o escasso contributo benfiquista e o entendimento da selecção de tratar do pináculo dum futebol português podre. Depois uma certa arrogância, reconheço, por achar caricato haver tanta gente que, a cada dois anos, se tornava adepta de futebol 'a equipa de todos nós'. Mas também um princípio: para mim não há 'equipa de todos nós' se no todo se inclui quem manifestamente desprezo, não quero misturas.
Depois, em 1996, irritou-me a turba lusa, repleta de neoconvertidos ao futebol, reduzir à sorte a magnífico gesto técnico de Poborsky frente a Portugal. E, em 2004, apesar de ainda freneticamente entusiasmado com alguns golos portugueses, não senti qualquer tristeza pela derrota na final e guardei sobretudo indignação pela chantagem emocional de Scolari ao versar sobre patriotismo e a apelar por bandeirinhas (com pagodes) em cada janela. Foi o ponto final. E sinto pena: A alegria que teria tido em 2016..."

João Tomaz, in O Benfica

Futebol tem que sair do armário


"Na passada segunda-feira, Carl Nassib tornou-se o primeiro jogador no activo da NFL (campeonato profissional de futebol americano) a assumir ser gay. Nassib é jogador dos Las Vegas Raiders e publicou um vídeo nas redes sociais a partilhar a informação. Disse ele: 'Finalmente sinto-me confortável para tirar isto do meu peito, porque penso que a representatividade e visibilidade são muito importantes'. E acrescentou esperar que 'um dia, este tipo de vídeo deixe de fazer sentido'. Um dia, Carl? Amanhã já é tarde demais para isso.
Estamos em 2021 e ainda há quem olhe para o homossexualidade como um pecado, uma doença ou uma aberração. E quem vá para os estádios e redes sociais insultar outros seres humanos só porque amam de forma diferente da sua. No futebol profissional, no nosso futebol com bola redonda, mais do que assustadora, a realidade é hipócrita. Estima-se que 10% da população mundial seja homossexual, mas não no futebol praticado por homens ao mais alto nível. Aí continua a viver-se na Idade Média - nem lhes passa pela cabeça aceitar que, num plantel de 30 pessoas, pelo menos três atletas sejam gays. Tirando honrosas excepções, não há jogadores que assumam a sua orientação, seja por medo de represálias dos adeptos, dos patrocinadores, dos companheiros de balneário ou dos dirigentes.
Até quando? Provavelmente até ao dia em que um clube de dimensão internacional assuma a causa LGBTQ+ como sua e a defenda como deve ser defendida, colocando-se ao lado dos seus e suas atletas. Outras modalidades já evoluíram nesse sentido, como o rugby, o ténis ou a patinagem. O futebol no masculino continua a fingir que não se passa nada, como se esconder a cabeça na areia fosse a melhor política. Se as instituições não actuam, terão que ser os adeptos a fazerem ouvir-se."

Ricardo Santos, in O Benfica

O Engenheiro tem tudo controlado... acho eu


"Portugal ainda não enfrentou a França no preciso momento em que estou a redigir este texto, mas uma coisa é certa: só um autêntico descalabro pode retirar Portugal do Euro 2020 na fase de grupos. A história do futebol já provou diversas vezes que a teoria é apenas isso mesmo... teoria. Porém, em teoria... mesmo perdendo com a França por dois golos de diferença poderemos seguir em frente. Para esse resultado servir os interesses portugueses é necessário a Alemanha não perder com a Hungria, pelo que a derrota incontestável por 4-2 com os alemães foi extremamente importante para motivar os germânicos. O comum adepto tem a mania que sabe muito, mas o Engenheiro Fernando Santos está sempre um passo à frente.
A cada 10.000.000 de portugueses, 9.999.999 suspira pela titularidade do Renato Sanches desde o primeiro jogo. Acredito que, no jogo com a França, o Bulo será finalmente lançado de início. Aliás, já todos identificamos alterações capazes de melhorar o rendimento da selecção portuguesa, porque a excelente forma do Palhinha ou a potência do Nuno Mendes não podem continuar a ficar de fora. Para além disso, as fragilidades defensivas demonstradas com a Alemanha têm de ser corrigidas, porque se o Diego Armando Gosens fez o que fez... imagino o Mbappé. Assim, não tenho a mais pequena dúvida relativamente à equipa inicial de Fernando Santos para garantir um resultado que assegure a qualificação: Rui Patrício (GE), Nélson Semedo (DD), Diogo Dalot (DD), Pepe (DC), Rúben Dias (DC), José Fonte (DC), Nuno Mendes (DE), William (MDC), Danilo (MDC), João Palhinha (MDC) e Renato Sanches (PL). Bem sei o que estará o leitor a pensar neste momento: caraças, Pedro como é que tu sabias?"

Pedro Soares, in O Benfica

A alma do futebol


"Independentemente dos aspectos estritamente desportivos, o Campeonato da Europa já deu aos amantes do futebol algo assinalável: voltámos a ver estádios cheios. Há mais de um ano que tal não acontecia. E embora ainda não de forma generalizada, já foi possível, pelo menos em algumas partidas, saborear o futebol tal como o conhecíamos antes.
Ao longo deste período - demasiado longo e demasiado penoso - sofremos por ver bancadas despidas, sem cor, sem som e sem alma. Ficou dramaticamente demonstrada a falta que fazem os adeptos, e como o futebol é um quadro ao qual a moldura é absolutamente indispensável. No plano desportivo o Benfica foi o clube português mais penalizado, não só (como se sabe) com o próprio vírus, mas também com a ausência de público. Único no país capaz de encher todos os estádios onde joga, o nosso 'Glorioso' viu-se privado daquela que é, indiscutivelmente, uma das suas principais armas. E foram muitas as situações em que o grito oriundo das bancadas talvez pudesse ter galvanizado a equipa para melhorar resultados.
A pandemia não está ainda ultrapassada. Mas seria muito mau vivemos mais uma temporada desportiva de portas fechadas, mais um ano de futebol triste e meramente burocrático como aquele que, infelizmente, tivemos de suportar durante todo este tempo.
Quero acreditar que está próximo o momento de voltarmos a sentar-nos nas cadeiras do Estádio da Luz, e a festejar os golos do Benfica sem quaisquer restrições Já está longe o dia 2 de Março de 2020, data em que enchemos a Luz pela última vez. A saudade aperta. Acreditemos que o regresso está para breve."

Luís Fialho, in O Benfica

Futuro risonho


"Os campeonatos nacionais de sub-20, em atletismo, foram a prova provada da forma como o SL Benfica está a trabalhar no presente e a preparar o futuro. Em Viana do Castelo, as nossas equipas femininas e masculina alcançaram resultados que nos permitem sonhar com grandes conquistas na próxima década.
É verdade que estamos a destacar as nossas estrelas da modalidade - o triplista Pedro Pablo Pichardo, que voltou a brilhar em Madrid, com a melhor marca do ano, Samuel Barata, que domina o meio-fundo, Francisco Belo e Tsanko Arnaudov, os reis do lançamento do peso, o fantástico Paulo Conceição do salto em altura, o imparável Diogo Ferreira, na vara, o eterno Marcos Chuva no comprimento, a eterna Dulce Félix e a sensacional Marta Pen. Mas temos que olhar com muita atenção para as nossas estrelas - Isaac Nader (800 e 1500m), Leandro Ramos (dardo), Frederico Curvelo, Delvis Santos e André Prazeres, nos 100 e 200m, Gerson Baldé e Victor Korst, no salto em altura, Emanuel Sousa (disco), Etson Barros (3000m obstáculos), Edgar Campré (decatlo), Arialis Gandulla Martinez (100 e 200m), Ivanilda Lopes (disco) e Aleida Mendes (dardo).
Foram 38 os atletas que a professora Ana Oliveira convocou para honrarem a nossa camisola e devemos passar a fixar vários nomes, os juvenis Sisínio Ambriz e Leonor Ferreira (100 e 200m), e os juniores Diogo Barrigana (400m) e Camila Gomes (800 e 1500m). Elenquei apenas 17 futuras. A verdade é que o trabalho realizado, nos últimos 17 anos, tem sido notável - 166 títulos conquistados.
Seguem-se os campeonatos de Portugal, e os campeonatos nacionais de clubes, em Guimarães, nos próximos dias 3 e 4 de Julho, competição em que ambicionamos o 11.º título consecutivo."

Pedro Guerra, in O Benfica