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quinta-feira, 23 de julho de 2015

'Los árbitros ahora ya no quieren escutar mis consejos matrimoniales'

"Por tudo o que Mourinho disse, o próximo campeonato português não vai ser só futebol. Vai meter também política social. Carrega Benfica dos pobrezinhos, a carregar desde 1904!

O novo presidente de Iker Casillas - a quem em Espanha já chamam «el Florentino portugués» - concedeu uma longa entrevista ao diário espanhol El País mas houve partes da conversa que ficaram de fora do registo transcrito como, aliás, acontece em quase todas as entrevistas.
Por ser do interesse público, partilhamos com os estimados leitores a versão integral da supracitada entrevista presidencial que nos chegou pelo correio enviada sabe-se lá por quem com as melhores intenções. 
Foi assim:
- Confias en Julen para devolver al Oporto la gloria perdida, don Jorge? - começou por perguntar o jornalista.
- No primer ano nó ganhou nada pero estoy satisfecho.
- Como puedes estar satisfecho si no ganaste nada, don Jorge? Ni parece cosa tuya...
- O que quieres que yo diga? Los árbitros se unieram contra nosotros. Ahora ya no quieren escutar mis consejos matrimoniales...
- Que lástima, don Jorge!
- Puedes creer! Imagina-te que en la Liga un estudo sobre el arbitrage demonstró que el Benfica fue favorecido en 7 puntos.
- Un estudo? Y quien hizo esse estudo en la Liga?
- El doctor Fernando Madureira que, Dias queíra, será el brazo derecho del doctor Pedro Proença en la futura dirección de la Liga.
- El doctor Proença és el antíguo árbitro, don Jorge?
- Esse mismo.
- Pues no sabía que era médico.
- Es el mayor cirúrgico del mundo y alrededores.
- Puedo por lo tanto concluir que vas com Lopeteguí y com ele doctor Proença hasta al fin del mundo, don Jorge?
- Hasta al fin del mundo y alrededores!
- Mucho cuidado com los alrededores, don Jorge, para no perder outra vez puntos en casa com el Boavista...
E a conversa abruptamente acabou aqui.

O Benfica começou a temporada a perder em Toronto com uma segunda equipa do Paris Saint-Germain e eu gostei.
Não que goste de ver o Benfica perder. Mas gostei de uns bons bocados de toda a primeira parte em que os campeões nacionais se aplicaram com mais do que a vivacidade possível depois de uma longa viagem terminada a menos de 24 horas do início do jogo.
Gostei também do regresso de Talisca ao seu futebol e aos golos e da conclusão da jogada do segundo golo do Benfica com Gaitán a servir Jonas na perfeição e Jonas a marcar.
Estes encontros da pré-temporada servem para o treinador tirar conclusões, para os novos jogadores mostrarem o que valem, para os comentadores se atirarem a veredictos e para os adeptos se enervarem. Ou antes pelo contrário, para não se enervarem.
É o meu caso.
Também conheço benfiquistas - tão benfiquistas como os demais - para quem os jogos da pré-temporada servem um propósito estratégico da maior importância. Que é o de perder, o de perder todos os jogos e de preferência por largas cabazadas enquanto a competição não começar a sério e a valer pontos.
E é por amor ao clube que fazem votos para que todas as desgraças se abatam sobre a equipa nestes joguinhos de verão.
E dão exemplos, até bem recentes:
- Mas alguma vez o Benfica tinha ido buscar o Júlio César e o Jonas já com a época a correr se a última pré-temporada tivesse sido uma sucessão de resultados fulgurantes?
São capazes de ter razão. Mesmo assim preferia ver o Benfica ganhar à Fiorentina na madrugada do próximo domingo. Sempre dá outro ânimo.

MUITO discreta foi a estreia do ex-Maxi Pereira de castanho. Beneficiou de quatro lançamentos de linha lateral (aos 11, 15, 21 e 40 minutos) e nenhum deles resultou em golo.

O mundial de futebol de praia foi ganho pela equipa portuguesa e no fim do jogo com o adorável Taiti os nossos campeões - parabéns a todos! - cantaram felicíssimos:
- O campeão voltou, o campeão voltou!
Já na semana passada, uma reportagem de uma qualquer estação televisiva mostrou-nos a final de um campeonato distrital de futsal entre equipas de padres e na subsequente festa, os padres vencedores cantaram felicíssimos:
- O campeão voltou, o campeão voltou!
Lá está, uma vez mais, o Benfica a dar música ao país.

O ex-árbitro Marco Ferreira lançou um apelo às autoridades para que venham pôr mão nas malandrices do futebol de que se considera vítima.
- Onde está a PJ? - perguntou num desabafo público prontamente difundido em múltiplos canais.
- Onde está a polícia? Por onde anda o Ministério Público? - perguntou também o ex-árbitro.
E ninguém lhe respondeu. Está mal. Até porque é fácil, pública e notória a resposta a estes legítimos clamores.
A polícia, a PJ e o Ministério Público estão ocupados nas investigações da chamada Operação Fénix que também tem ramificações no mundo da bola e já proporcionou umas manchetes curiosas na nossa imprensa.
A Fénix é uma ave mitológica dos gregos antigos que quando morre entra em auto-combustão e renasce das próprias cinzas. O que terá levado as autoridades a chamar Fénix a esta investigação é, só por si, alarmante.
Será que anda por aí alguma coisa maligna a renascer? Ou em auto-combustão?

FALANDO para uma vasta plateia internacional, José Mourinho prestou mais um bom serviço ao país revelando, de forma directa aos estrangeiros o retrato fiel de um Portugal sucumbido pela austeridade.
Provavelmente, os mais do que justos considerandos de Mourinho sobre a situação desesperada de muitos milhares de famílias portuguesas foram apenas a introdução que encontrou mais à mão para poder lançar umas farpas à insuspeita prodigalidade das tesourarias do Porto e do Sporting e, muito principalmente, às contratações de Casillas e de Jorge Jesus, figuras com quem o treinador português do Chelsea embirra profundamente.
É lá com eles. Mas quase apostaria que José Mourinho vai torcer pelo Benfica por toda esta temporada que já está aí à porta.
Eu também vou. Por ser do Benfica, obviamente, mas também porque ficam historicamente bem ao Benfica os condicionamentos que o impedem de gastar milhões mas que não o impedem de se reafirmar como aquele clube genuinamente popular fundado por um grupo de órfãos e, tantos anos passados, ainda e sempre tão gloriosamente perto do povo de onde nasceu e tão longe dos favores do grande capital que assegura as notas mas não garante os títulos.
De outra forma como seria o Benfica o campeão dos campeões de Portugal?
Por tudo isto que Mourinho disse, e seja qual for o contexto pessoal em que o disse, o próximo campeonato não vai ser só futebol, vai meter também política social à séria.
Carrega Benfica dos pobrezinhos, a carregar desde 1904!

SÃO bonitas as camisolas brancas do Benfica. Para além de serem bonitas são estatutariamente corretas. 

TERMINE-SE como se começou. Com mais num excerto da versão integral da entrevista do Florentino português ao El País.
E que bem arranha o castelhano o presidente do Porto.
- Donde aprendió a hablar tan bien nuestra lingua, 'don' Jorge? - perguntou o entrevistador do El País roído de curiosidade.
- Por Diós, em Santiago de Compostela!
- Muy bien! Fuíste en peregrinacion, 'don' Jorge?
- Por supuesto! - Fuíste a pie, 'don' Jorge?
- No, no, fui de coche.
- De coche?
- Si fuera a pie nunca más lá llegava...
Não se compreende, com toda a franqueza, como é que o El País deixou de fora estes bocadillos.

Leonor Pinhão, in A Bola

Somar e subtrair

"Luís Filipe Vieira joga na mesma equipa que o tempo. Com os dois últimos campeonatos no bolso, o presidente do Benfica sabe que tem margem para apostar num treinador sem 'calo' de grande como Rui Vitória. Se lhe correr bem, então os méritos são todos da "estrutura" (ou da organização, como prefere chamar-lhe), liderada por ele próprio; se correr mal, Vieira manterá intacto o estátuto que fez por merecer nos 12 anos à frente do clube.
Como deixa bem sublinhado na entrevista que Record hoje publica, está confiante: a equipa é praticamente a mesma da época passada. Dos titulares, saiu Maxi Pereira. Mas a essas contas há que fazer mais algumas de subtrair. Os jogadores estão todos um ano mais velhos, o que pode ter um certo peso quando se fala de trintões como Júlio César, Eliseu, Jonas e Lima, todos eles titularíssimos indiscutíveis com Jorge Jesus. Além disso, em 2014/15, o Benfica cedo ficou limitado à luta pelo campeonato - e um plantel que já era curto para pensar também na Champions sê-lo-á novamente. A favor de Rui Vitória estão, também, contas de somar. Há jogadores que, nesta temporada serão necessariamente melhores do que há um ano. Samaris, Pizzi e Talisca, para apontar três potenciais titulares, arrancam para a segunda época de águia ao peito mais conhecedores do que lhes é exigido dentro de campo. Da mesma forma que se viu uma enorme transformação de vários futebolistas na segunda temporada (lembram-se de Matic?), é de esperar que haja mais valias em jogadores que deixaram dúvidas no passado.
Contas feitas, o plantel do Benfica está sensivelmente na mesma casa de partida em que estava na época passada. Se fizer o mesmo ou melhor, será uma época de enorme sucesso... para Luís Filipe Vieira."

45 milhões (pelo menos)

"45 milhões. Muito dinheiro. E muitas vezes 45 é dinheiro até fartar. O Sporting vem aplicando a jogadores novos e putativas promessas o rótulo tipo 'região demarcada', por via de uma cláusula de rescisão de 45 M.
O clube tem, aparentemente, duas políticas: um tecto para os salários e um chão para alienação dos direitos sobre os atletas. Critérios 'congruentes'.
Gostaria de perceber esta 'chapa 45', mas não chego lá, certamente por incapacidade própria. João Pereira, 31 anos, estava no desemprego e, com oportunidade, o Sporting contratou-o. Não satisfeito, apôs-lhe o tal valor para quem o quiser contratar mais tarde (!). Outros craques, Naldo e Ciani - este terá chegado a custar zero (um eufemismo para custos não explícitos) - foram etiquetados pelo mesmo valor. Segundo li, os insuperáveis, mas dispensáveis Iúri Medeiros, Tobias Figueiredo, Ricardo Esgaio, Wilson Eduardo, Rúben Semedo, Diogo Salomão e os ilustres desconhecidos Ponde, Kikas, Riquicho, Chaby, Mica Pinto e Edelino Ié estão seguros, também, por 45 M.  O pobre Gaitán, 27 anos, ao lado deles vale menos 10 milhões, tal qual o esforçado Jackson Martinez. Notável!
Mas, há mais. Gelson e Betinho arrasam com 60 M, tal qual os imprescindíveis Cissé e Enoh, bem acima de William Carvalho (54 M). Esta inflação clasular, que tem tanto de ilusório como de estúpido, não é monopólio dos leões. Mas, que diabo, alguém acha razoável estes valores que só desqualificam este instrumento de resgate?
Caso o SCP alienasse pelas cláusulas esta brilhante pletora de jogadores, limpava o passivo e sobrava-lhe dinheiro para comprar estrelas... para equipa A e B!"

Bagão Félix, in A Bola