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terça-feira, 24 de setembro de 2024

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Zero: 5x4 - S05E04 - Se a FIFA não fala, falamos nós

AG’s do Benfica, um tema incómodo


"O Benfica tem 115.681 sócios com capacidade eleitoral; nas últimas eleições votaram 40.085; na importantíssima AG de sábado estiveram 1.644. Faz sentido?

Não é de agora que me parece desproporcionado o poder que se atribui às Assembleias Gerais (AG) dos clubes que sendo de âmbito nacional, também extravasam fronteiras. Peguemos no exemplo mais recente, o do Benfica, que teve uma reunião magna para decidir sobre matéria constituinte, que requeria três quartos dos votos para ser aprovada. Segundo números oficiais de 2021, haveria 115.681 sócios do clube da Luz com capacidade eleitoral; na AG do último sábado, realizada no pavilhão da Luz, e que foi, para os padrões habituais, bastante concorrida, estiveram presentes 1644 sócios, ou seja, 1,4% daqueles que tinham direito a voto.
Deixando aqui de lado (por irrelevante, perante tamanha disparidade) a valoração feita pelos anos de filiação clubista, quer isto dizer que, de um universo de 115.681 sócios aptos a participar na AG, bastariam 1233 para perfazer os 75% requeridos para alterar os estatutos. Mas aceitemos, por ser mais do que razoável, que nem todos os 115.681 sócios praticam uma militância clubista ativa, e passemos a considerar apenas os votantes nas últimas eleições, há quase três anos, que colocaram frente a frente Rui Costa e Francisco Benitez: foram às urnas, dizer de sua justiça, 40.085 sócios do Benfica, 24,3 vezes mais do que aqueles que estiveram na AG de sábado.
Num clube de bairro, resolver os assuntos através de uma Assembleia Geral é adequado, e sê-lo-á, também, num clube de cidade. Quando a dimensão do emblema ultrapassa este âmbito, por uma questão de justiça, para que uns, por razões geográficas, não sejam discriminados positivamente, para que as decisões tomadas sejam inclusivas e vinculem os principais ativos dos clubes – os sócios – a fórmula tem de ser outra, porque longe vão os tempos das mesas de voto na secretaria-geral do Jardim do Regedor. E o mais estranho, no Benfica e não só, é que não se vê ninguém realmente preocupado com este problema e empenhado em encontrar uma solução – quiçá seguindo o exemplo do Real Madrid, que continua a ser um clube dos sócios - criando uma Assembleia Delegada onde cada votante representasse, imagine-se apenas como hipótese académica, cem sócios.
A meu ver, para os clubes que querem continuar a viver sob o primado dos sócios, e não dos investidores, só esta solução poderá, eficazmente, compatibilizar passado e futuro, fazendo com que todos se sintam incluídos e representados.
A viver uma fase delicada do ponto de vista desportivo, social e económico (outras AG’s, em breve, aprofundarão estas questões), a entrada de Bruno Lage teve um primeiro efeito libertador e agregador, que foi suficiente para que a equipa da Luz recuperasse a alegria, colocasse quase todas as pedras no sítio, e conseguisse dois triunfos importantes. Mas o trilho é estreito e ladeado por areias movediças. Nesta fase de instabilidade externa, só os triunfos do futebol poderão ser a cola que não precipite nenhum desenlace. Bruno Lage está, para já, apenas a erguer, com jeito e paciência, um castelo de cartas. Ainda sem margem de erro…"

Vamos honrar o Senhor Mário?


"A Assembleia Geral Extraordinária do Benfica realizada ontem, dia 21/09/2024, não foi apenas um evento onde se discutiram estatutos ou se tomaram decisões formais. Para quem lá esteve, foi uma mistura de momentos que variaram entre a inspiração e o desalento. No meio do tumulto e da desorganização, houve um episódio que se destacou, um momento de verdadeira grandeza benfiquista. Esse momento foi protagonizado por Mário Lopes, sócio n.º 2472, cujo discurso foi uma verdadeira lição de amor ao clube.
Quando Mário Lopes se levantou para falar, foi muito mais do que uma simples intervenção. Para todos os presentes, ele encarnou o espírito benfiquista na sua forma mais pura e genuína. Apesar das suas evidentes limitações físicas, não hesitou em dar a cara e, com a sua voz firme, mostrar o que é ser Benfica. Foi um momento que arrepiou todos no pavilhão, levando-nos, sem exceção, a uma ovação de pé. Eu próprio, desde o primeiro minuto, disse para mim mesmo: “Um dia, quero ser como o senhor Mário”.
Mas enquanto o senhor Mário mostrava o melhor do nosso clube, do outro lado assistíamos a uma Assembleia Geral marcada por falhas e por uma gestão pouco cuidadosa do processo de revisão estatutária. A maneira como esta revisão foi conduzida deixou muito a desejar, e momentos como a demissão intempestiva de Fernando Seara, presidente da Mesa da Assembleia Geral, apenas sublinham o quão atabalhoado foi todo este processo.
Fernando Seara deveria ter assegurado uma condução digna e organizada dos trabalhos, mas, em vez disso, permitiu que a assembleia se tornasse num espetáculo de confusão, onde o caos prevaleceu sobre a serenidade que deveria guiar um evento desta importância. Não se pode ignorar o impacto negativo que este tipo de gestão tem na imagem do clube e na confiança dos sócios.
E é aqui que penso novamente no senhor Mário Lopes. Ele, que se esforçou tanto para subir ao palco e partilhar o seu amor pelo Benfica, merecia um processo à altura desse amor. Merecia uma assembleia bem organizada, respeitosa e capaz de honrar os valores do nosso clube. Mas, ao contrário do exemplo dado por este sócio notável, as pessoas responsáveis pela condução deste processo não estiveram à altura das circunstâncias.
No entanto, quero acreditar que ainda há tempo para corrigir o rumo. O processo de revisão dos estatutos continua, e a minha esperança é que a sua continuação seja pautada pelo respeito e pela dignidade que o senhor Mário nos mostrou hoje. Que o clube possa, finalmente, honrar quem, como ele, representa a verdadeira alma benfiquista. Que a próxima fase deste processo reflita não apenas a grandeza do Benfica, mas também a de todos aqueles que, como o senhor Mário Lopes, nunca deixam de acreditar no nosso clube, independentemente das circunstâncias.
Porque ser Benfica é mais do que ganhar jogos ou aprovar estatutos. Ser Benfica é amar incondicionalmente, mesmo quando as coisas não correm como gostaríamos. E foi isso que o senhor Mário nos mostrou hoje: o verdadeiro Benfica está nos sócios, na sua paixão, na sua dedicação. Espero, sinceramente, que o Benfica consiga retribuir este amor da maneira que ele merece.
Vamos honrar o Senhor Mário?"

Como ficou o jogo? Só amanhã é que sabes


"Sobre as horas a que acabam os jogos de futebol, mas sobretudo as horas a que começam

Sábado, 21 horas. A minha filha chega ao sofá e pergunta: Não há jogos em Inglaterra? Dizemos-lhe que não, que em Inglaterra não há jogos de campeonato à noite. As pessoas lá têm mais que fazer – ir ao cinema, ao teatro, jantar fora, jogar jogos de tabuleiro. Em Inglaterra há também apitos iniciais às 12.30 horas e depois os adeptos ainda saem a tempo de ir ao brunch ou ao Sunday Roast. O jogo grande da jornada da Premier League, Manchester City-Arsenal, teve ontem kick-off às 16.30 horas. Simples.
Em Itália, na Serie A nunca há encontros a começar depois das 19.45 horas. Aqui em Portugal não. Temos jogos a começar aos domingos às 20.30 horas – e aqueles de Taça que arrancam às 21 e se tiverem prolongamento acabam à meia-noite? Radical! - e queremos pessoas nos estádios. Levar as famílias, como vemos que os ingleses fazem à tarde. É impossível. O recente jogo do FC Porto com o Farense às 15.30 horas foi visto como uma novidade, um acontecimento, falou-se em nostalgia. Sim, o última vez tinha sido em 2018, como referimos em A BOLA. Mas seria positivo se fosse assim mais vezes. Se toda a gente gosta, porque não se repete?
Não vamos sequer falar de Espanha – eram 21.20 horas na nossa sala, queríamos retomar um filme em família (antes que os adultos ficassem cheios de sono) e ainda faltava mais de meia hora para acabar o Real Madrid-Espanhol da La Liga– ou seja, terminaria perto das 23 horas locais. Deixámos o Real Madrid a resolver o jogo sozinho e seguimos para o filme.
Podemos recorrer aos dias de sol mais curtos e compridos ou às questões culturais e dizer que quando os ingleses começam a jantar os espanhóis ainda se estão a vestir para sair, mas podemos voltar a Portugal: ontem caiu o outono e os dias vão começar a encurtar. Ir ao futebol à noite vai ser cada vez menos apelativo e a TV o meio preferencial. Mesmo assim, com o retomar das aulas ela vai ter de deixar de ver os jogos por altura do intervalo e saber apenas os resultados no dia a seguir. Menos os de Inglaterra, claro."

Mbappé 55 milhões? Sem contrato?


"A todos nós parece que o PSG sempre geriu o 'dossier' do avançado de forma caótica. Um dos melhores jogadores do mundo não parece ser fácil de satisfazer, como já se começa a sentir no Real Madrid.

A Comissão Jurídica da Liga Francesa de Futebol decidiu que o Paris Saint- Germain tem de pagar 55 milhões de euros a Kylian Mbappé. Coisa pouca já que os valores correspondem a três meses de salários e prémio de retenção! Mas pensemos, caro leitor: como se paga 55 milhões se não há sequer um contrato escrito?
Segundo o clube houve conversas, mas nada foi acordado e assinado. Já Mbappé defende que houve um acordo verbal e até foi feito um contrato, mas nada foi assinado! Lá está, se quisesse pagar, Al Khelaifi, presidente do PSG, teria assinado o contrato. Não o fez. E agora?
A todos nós parece que o PSG sempre geriu o dossier do avançado de forma caótica. É verdade, um dos melhores jogadores do mundo não parece ser fácil de satisfazer, como já se começa a sentir no Real Madrid. Mas ao dizer que não paga, o PSG arrisca-se a ser sancionado. Os regulamentos da UEFA não deixam dúvidas: no art.º 11 lê-se que «os clubes (...) têm de respeitar as leis do jogo (...) bem como os estatutos da UEFA, as suas regulações, directivas e decisões, e cumprirem os princípios da conduta ética, lealdade, integridade e desportivismo». Mais, no artigo 8, «o clube que seja obrigado por uma norma da UEFA, pode ser sujeito a medidas disciplinares se violar essa regra». Acresce que as medidas disciplinares previstas logo no art.º 6 são duras e vão desde «o aviso (a) à suspensão (e), passando pela perda de pontos (g); perda do jogo (h), interdição do estádio (j) ou proibição de inscrição de novos jogadores (m)».
O PSG quer levar a questão para os tribunais comuns. Já escrevi inúmeras vezes que as federações de futebol e a UEFA têm aversão aos tribunais. A ambição dos órgãos desportivos é que o desporto seja um sistema fechado, onde tudo é regulado e decidido pelos órgãos do desporto. Isto porque os órgãos desportivos sabem mais sobre desporto, argumentam. Obviamente, os Estados e os Tribunais não concordam. A Justiça é uma matéria exclusiva dos tribunais e para estes cabe sempre recurso. Nunca esquecer: cabe sempre recurso!
Numa democracia e num estado de direito só pode ser assim. Muitas vezes fica a sensação de que no desporto há uma justiça para os grandes e outra para os pequenos. Repare-se que o Barcelona continua a escapar a quaisquer sanções mesmo depois de ter sido provado que pagou sete milhões de euros a um árbitro! E o Manchester City só agora começou a ser julgado pela Federação Inglesa por ter gastado mais que o que deveria, violando o fair play financeiro. Algo que sempre esteve à vista de todos.
Permitam-me continuar a falar sobre jogadores do PSG: Nuno Mendes foi vítima de insultos racistas no Instagram, que corajosamente denunciou. Os comportamentos discriminatórios são absolutamente banidos pelas autoridades desportivas. E são também proibidos por lei. Mas as redes sociais permitem a livre expressão de todos e este direito é frequentemente abusado, com comentários racistas e não só. Todos temos a obrigação de lutar contra o racismo. Esse é o nosso Direito ao Golo."

Tailors: Final Cut - S03E21 - Pedro Nuno

The Premier Pub - "A luta pelo título já ferve"

Vizak: Europa League...

Zero: +49 Bundesliga - S01E05 - Dortmund a naufragar e Bayern a amassar