Últimas indefectivações

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A melhorar...

Benfica 34 - 20 Avanca
(15-11)

Foi um dos melhores jogos que assisti esta temporada, da nossa equipa. Notou-se que houve 'conversa' e a equipa hoje, tinha um objectivo claro: sofrer poucos golos! Algo que não aconteceu em vários jogos!!!
Recordo que o Avanca está a fazer um excelente Campeonato.

O Terzic mostrou alguma coisa no 2.º tempo, espero que isto seja uma tendência para continuar...

No Sábado temos jogo Europeu, na Taça EHF, com o Kaerjeng do Luxemburgo, na Luz.



PS: A secção feminina de Rugby continua a somar títulos! Desta vez foi a Supertaça de Sevens, com uma vitória sobre o Sporting por 12-7.

Mário Wilson sempre

"O desporto, como tudo na vida, precisa da memória da excelência, como património geracional que se prolonga pelo tempo e não fenece. Quis o destino, que a morte de Mário Wilson tenha acontecido num tempo conturbado do futebol, cada vez mais apartado do ideal desportivo genuíno e sadio da competição.
Por isso, é importante, aqui e agora, evocar o Capitão ou o Velho Capitão como era tratado e conhecido, quando chamar ao treinador mister entre muitos misteres era ainda uma inexistência.
Ainda me recordo de Mário Wilson como jogador da Académica numa famosa dupla defensiva com Mário Torres. Mas, é na qualidade de condutor de homens e treinador profundamente humanista que agora escrevo estas breves palavras. Tive a oportunidade de com ele falar várias vezes. E, ao ouvi-lo, sentir a magnanimidade do carácter, a lhaneza do trato, a respiração da experiência, o personalismo afectuoso da relação, a convicção firme, mas sem arrogância, a lucidez apaixonada, o discernimento sábio, o optimismo temperado, mas contagiante.
Mário Wilson representou sempre, o lado bom do futebol. Bom no dever, na entrega, na simplicidade natural, até na utopia e no sonho. Mas também no exemplo, na autenticidade, no companheirismo. E no sentido da união e do trabalho gregariamente solidário.
Mário Wilson representa para mim uma certa expressão do desporto que deixou de ser a norma. Onde o que contava era tão-só o futebol jogado. De paixão pura, sem adiposidades ou adjacências. Sem mediatismos bacocos feitos de lugares-comuns e onde a iconografia era a do exemplo no trabalho e não a da imagem ficcionada."

Bagão Félix, in A Bola

Daqui não sai ninguém vivo

"O título deste editorial, tirado aos The Doors (é capa da biografia de Jim Morrison), é a verdade das verdades. Haja o que houver depois, a única certeza da vida é a morte.
É sempre com desgosto que nos despedimos de quem parte, mas quando o fim chega depois de uma caminhada terrena longa e preenchida, estamos apenas perante o rumo natural das coisas. Foi assim com Mário Wilson, cujas exéquias fúnebres se celebram hoje, um homem que deixou uma marca indelével em todos que com ele se cruzaram. Wilson, que juntou a extroversão do africano com a irreverência académica, foi um ser único, que conseguiu vencer num meio hostil sem nunca abdicar da natureza generosa e positiva que Deus lhe deu.
Mário Wilson, treinador campeão e vencedor da Taça de Portugal, seleccionador nacional e mestre em inúmeros clubes, foi um extraordinário homem de afectos, possuidor de uma intuição apurada e de uma inteligência emocional elevadíssima. Imagine, quem nunca privou com o 'capitão' alguém capaz de juntar esses atributos a uma espinha sempre direita e ainda a um conhecimento profundo do futebol!
De Mário Wilson fica, para os vindouros, o exemplo, é possível, embora não seja a regra, ter sucesso sem abdicar de princípios; é possível,embora não seja regra, ter sucesso sendo homem de palavra; é possível, embora não seja a regra, ter sucesso passando pela vida sem passar por cima de ninguém.
Um abraço ao filho Mário e aos seus discípulos Toni e Vítor Manuel, dois treinadores de quem o mestre sempre se orgulhou, pelo que fizeram dentro do campo e pelo que são fora dele."

José Manuel Delgado, in A Bola

“O Mário Wilson era um otimista por natureza. Sempre o foi, até ter perdido a mulher”. Por José Augusto

"Um homem “muito bom”, um filósofo e um senhor que tinha resposta para tudo. Até para uma equipa de cabisbaixo, acabada de perder com uma goleada de oito. José Augusto, um dos magriços, recordou-nos Mário Wilson, o adversário e o amigo

Coincidiram nos relvados, nos camarotes, à mesa e em encontros. Antes de serem amigos foram adversários, no campo, e José Augusto apenas guarda palavras boas de todos os momentos que teve com Mário Wilson, falecido esta segunda-feira, aos 86 anos.
Pedimos ao antigo jogador do Benfica e da selecção nacional que nos falasse do primeiro treinador português a ser campeão pelos encarnados (1975/76). O resultado da conversa está transcrito em baixo.
O Mário foi um amigo, uma amizade criada no futebol. Lembro-me perfeitamente, quando comecei a minha carreira, no Barreirense, de defrontar a Académica, no Barreiro. Eles tinham uma equipa extraordinária. A dupla de centrais entre o Torres e o Mário Wilson era qualquer coisa de intransponível. Depois, com os tempos, tive-o como adversário também no Benfica. Quando passou a treinador, tivemos mais convivência, porque ele participou como elemento de curso de treinadores. 
Tivemos presenças bastante significativas em vários momentos do futebol. Ultimamente, o Mário era um assistente digno no camarote presidencial do Benfica. Falávamos sobre tudo durante os jogos em que ele estava presente. Já não aparecia muito nos últimos tempos. Apercebemo-nos da gravidade pela qual ele estava a passar, na doença. Estávamos preparados para receber o que aconteceu.
Ele foi um amigo, um homem do futebol. Era um filósofo: da táctica, da técnica, da observação que fazia nos jogos, nas conclusões que tirava da finalização, ou não, das jogadas. Ao mesmo tempo que perscrutava uma forma diferente de desenvolver determinado lance. Tinha um conhecimento profundo de futebol, sempre.
Tinha, realmente, uma capacidade de aceitação enorme nos resultados que, enfim, poderiam levar a equipa e os jogadores a efeitos psicológicos de desmotivação. Ele contava que, um dia, levou uma goleada: ‘Vocês não sabem. Uma vez, levei uma goleada de oito, cheguei lá ao balneário e vi e tudo com cabeça em baixo. Disse-lhes: 'Vocês estão chateados com o quê? Eles vinham preparados para dar 10, só deram oito, portanto estão chateados porquê?’”. Quando estávamos a assistir aos jogos do Benfica, falámos um dia de como o Mário veio de Moçambique, de Lourenço Marques, como goleador. Era avançado centro. E eu perguntei: "Então Mário, qual é diferença entre a avançado ou a defesa central?". E ele respondeu-me: "Olha, a avançado estamos de costas, e a defender estamos de frente”.
Basicamente, tinha uma resposta para tudo. Era um otimista por natureza. Sempre o foi, até ter perdido a mulher. Nestas idades, estamos sempre à espera do que a morte nos concede. Temos de aceitar as coisas com naturalidade.
Ele tirou um grande conhecimento da prática que teve. Era um homem culto e essa cultura deu-lhe para tirar muitas conclusões e reparos durante a sua carreira. Tanto a jogador como em treinador. Foi uma continuação do que fez. Todos os jogadores que deixam de jogar e continuam, no futebol, como treinadores, ficam com exemplos para demonstrar. Ele tinha uma noção exata daquilo que se pretendia.
Dos tempos em que treinou o Benfica, dizia: ‘Bem, com esta equipa, qualquer treinador era campeão’. Era um homem que criava bom ambiente, um homem que deixa saudades. Era um homem bom, muito bom. Era incapaz de ofender quem quer que fosse, tinha sempre uma palavra de respeito, mesmo em momentos de desacordo. Era um homem passivo.
Mesmo quando explodia, explodia com uma filosofia que desarmava facilmente os argumentos dos outros. Gostei muito de conviver com ele. Não foi muito, mas foi o suficiente para o respeitar. Foi um amigo”. "

Descansa em paz, velho capitão

"A última noite começou com a triste notícia do desaparecimento de uma das figuras mais emblemáticas do futebol português, o velho capitão Mário Wilson.

Mesmo sabendo-se que o seu estado de saúde inspirava alguns cuidados há algum tempo, a morte do homem de referência como ele foi sempre, deixa mais pobre o futebol e, de um modo geral, todo o desporto nacional.
Mário Wilson completaria 87 anos no próximo dia 17 de Outubro.
Nasceu na antiga Lourenço Marques e veio cedo para Portugal, com vinte anos, com a difícil incumbência de substituir Fernando Peyroteo, outro ultramarino, no comando do ataque do Sporting. Manter-se-ia dois anos em Alvalade, o tempo suficiente para se sagrar por uma vez campeão nacional.
Depois rumou a Coimbra, onde se tornou figura incontornável da Académica, que representou durante doze anos e onde viria a terminar o seu tempo enquanto jogador.
Decidiu-se depois por enveredar pela carreira de treinador, tendo sido ao serviço do Benfica que conquistou os principais títulos: um campeonato e duas taças de Portugal.
No seu longo peregrinar por diversos clubes portugueses, passou ainda pela Académica, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista, Estoril-Praia e Olhanense, entre vários outros, tendo em todos eles deixado um rasto de grande competência e enorme afabilidade.
Comandou equipas da divisão principal durante 548 jogos, marca que reflecte o desejo expresso por muitos dirigentes de o verem à frente das suas equipas.
Foi ainda seleccionador nacional na fase de apuramento para o Campeonato da Europa de 1980. 
Mário Wilson era um bom. Tão bom que deixa saudades em todos nós, mesmo aqueles que com ele privaram de forma menos intensa.
E o futebol português fica a dever-lhe grandes serviços e sobretudo muitos anos de dedicação.
Que descanse em paz!"

A rapidez de Pizzi entre extremos

"O jogo com o Feirense como ponto de partida para o debate sobre o papel do camisola 21 do Benfica

A ausência do lesionado André Horta levou Rui Vitória a recrutar Pizzi para a posição 8, uma vez mais, mas as dificuldades que o Benfica sentiu frente ao Feirense, sobretudo na primeira parte, reforçaram a sensação de que Pizzi é mais influente como falso ala.
Em causa não está propriamente o rendimento de Pizzi no corredor central, raras vezes insatisfatório, até porque um jogador com as suas características merece estar no centro das operações. Talvez a questão não esteja no lugar onde Pizzi rende mais, mas na posição em que a equipa mais precisa dele. Talvez. Ou então a resposta está a meio caminho.
É que Pizzi é o jogador do Benfica com melhor capacidade no passe, e por isso encaixa facilmente na posição 8. A pedir a bola junto aos centrais, a assumir o comando do jogo, a marcar o ritmo, a definir o caminho para a área contrária. Mas assim a jogar de frente para o bloco defensivo do adversário, e não lá dentro.
E este Benfica precisa de Pizzi «escondido» mais à frente. Sobretudo nesta altura em que não tem Jonas, o melhor jogador da equipa a explorar o espaço entre linhas, a decidir em pouco tempo e com pouco espaço. E com Guedes, o substituto, mais talhado para cair nas alas ou para procurar movimentos de rutura na linha defensiva contrária.
Com a largura assegurada por Semedo e Grimaldo, opções sólidas na construção de jogo, o Benfica está habituado a ter os extremos a criar linhas de passe em zonas interiores. Mas essa é uma missão em que Salvio não se sente confortável, como flanqueador puro que é, e que este Carrillo em “reanimação” não tem conseguido desempenhar. Cervi sabe fazê-lo, mas está ainda a adaptar-se a outros desafios do futebol europeu. Zivkovic está agora a voltar e Rafa, o mais sintonizado com este papel (que Paulo Fonseca lhe pedia em Braga) lesionou-se ao primeiro jogo. É provável que em breve Rui Vitória consiga ter alguns destes extremos a cumprir a tarefa, mas nunca será fácil deixar cair Pizzi. É que o camisola 21 pode não ter a velocidade destes colegas, ou mesmo a capacidade de drible, mas só Jonas (e agora Grimaldo) estão em patamar idêntico quando se fala de rapidez de raciocínio. Estar um passo à frente do adversário, por mais curta que seja a margem para execução.
E para a realidade do Benfica parece difícil prescindir de um jogador como Pizzi. E se não for como falso ala talvez seja mesmo como «8», mas com a possibilidade de aparecer onde é mais forte: dentro da muralha contrária."

Benfiquismo (CCXL)

Um Homem Bom...!
Até sempre Mister

(aliás, dois Homens Bons!)