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terça-feira, 13 de maio de 2014

Com o orgulho de um Grande de Espanha!

"O primeiro encontro entre Benfica e Sevilha data de Junho de 1918! Isso mesmo! Leram bem. E a verdade é que, daí para cá, foram sempre os sevilhanos a ter mais razões para sorrir...

DIZEM que, certo dia, dois andaluzes chegaram ao Inferno. Um queixou-se:
- Está aqui um calor impossível!
Ao que o outro replicou:
- Pois... Agora imagina em Sevilha...
Vale ao Benfica que não joga em Sevilha, nesse calor de infernos.
Mas há muito boa gente que estará, neste momento, esfregando as mãos (sim, sim, apesar do calorão) de contentamento, convencida de que após ter deixado para trás a Juventus não haverá jeito-maneira, como dizia Jorge Amado pela boca dos coronéis, de o Benfica vir a perder a sua segunda final consecutiva da Liga Europa aos pés do Sevilha. Pois, tenham tento! A história das relações entre Benfica e Sevilha é antiga, muito antiga, e os 'encarnados' não saem dela com grandes motivos para sorrir.
Em primeiro lugar, respeito: não estamos a falar de nenhum clube de papalvos. O Sevilha Fútbol Club é o segundo mais antigo de Espanha, fundado em 14 de Outubro de 1905 pela comunidade inglesa instalada na cidade. Verdade que apenas conseguiu um título de campeão de Espanha, em 1945/46 (foi segundo classificado por quatro vezes), mas venceu a Copa do Rei em 1935, 1939, 1947/48, 2006/07 e 1009/10, sendo necessário recordar que antes da Guerra Civil a Copa do Rei funcionava como Campeonato de Espanha, apurando-se os vencedores dos Campeonatos regionais e jogando em seguida em eliminatórias até à final - ou seja, a única competição nacional à época. Além disso, somem-lhes duas vitórias na Taça UEFA/Liga Europa (2005/06 e 2006/07) e uma Supertaça Europeia (2006), troféus que o Museu Benfica Cosme Damião ainda não tem.

Frente a frente desde 1918!
AS relações entre Benfica e Sevilha são tão antigas que não tarda cumprirão cem anos. Isso mesmo! Em Junho de 1918, o Sevilha deslocou-se a Lisboa para disputar três jogos: um frente ao Sporting, o outro contra um misto de jogadores do Benfica e do Sporting, e o terceiro com o Benfica.
Dia 9 de Junho: Benfica, 1 - Sevilha, 1. No Benfica jogava frente como Cândido de Oliveira, Alberto Augusto ou Ribeiro dos Reis. Uma maior toada atacante dos benfiquistas não serviu para garantir a vitória. Nunca seria fácil para os 'encarnados' defrontar o Sevilha.
Em 1922, no mês de Janeiro, o Benfica faz uma digressão a Espanha e visita a capital da Andaluzia para dois jogos: duas derrotas - 0-7 e 0-3.
Sabem como são os Grandes de Espanha? Os membros mais altos da nobreza espanhola? Pois. Exsudam orgulho. É assim também o Sevilha que ficou marcado a letras de ouro na história do Sport Lisboa e Benfica por ter sido o seu adversário de estreia na Taça dos Campeões Europeus.
O primeiro deles, em Sevilha, seria o da estreia absoluta. Dia 19 de Setembro de 1957. E o Benfica acabara de destroçar, no Estádio da Luz, o Barcelona de Ramallets, Kubala, Gensana, Luisito Suarez e o acabado de chegar Evaristo de Macedo.
O Sevilha era vice-campeão de Espanha, ganhara direito a estar na Taça dos Campeões pelo facto de o Real, campeão espanhol, ser também campeão europeu. Ao intervalo o resultado era de 0-0, animador para o Benfica que tinha a segunda «mão» marcada para dia 28, em Lisboa. Aos 47 minutos, Pauet desfaz a igualdade. Mas Francisco Palmeiro empata, dois minutos depois, a passe de Coluna. Não chega. Antoniet (59) e Pepillo (79) fecham o resultado. Na Luz, apesar do denodo, o Benfica não desmancha a defesa sevilhana: 0-0. É uma saída tristonha da sua primeira experiência na Taça dos Campeões. Regressaria três anos depois. E que regresso foi!
Quanto ao Sevilha, voltaria a encontrá-lo. No Torneio de Sevilha, por exemplo, do qual já aqui falámos, nos Anos 70, com vitória (2-1) e derrota (0-3), mas nunca num jogo com tamanha importância como o de dia 14, em Turim.
Os andaluzes virão de peito estufado de orgulho.
É esse o seu destino."

Afonso de Melo, in O Benfica