Últimas indefectivações

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Importante vitória

"Tudo está em aberto no grupo G da Liga dos Campeões, no qual tem predominado o equilíbrio entre as quatro equipas, aliás em linha com as previsões da maior parte dos analistas logo que foi feito o sorteio dos grupos.
Num dia marcado pela importante acção da UEFA Equal Game, contra a discriminação e a que o Benfica prontamente se juntou, tivemos oportunidade de assistir a um típico jogo da Champions, muito equilibrado, mas com mais oportunidades e melhor aproveitamento para a nossa equipa.
São três pontos importantes, conquistados frente a um valoroso adversário que não perdia há 11 jogos na fase de grupos da Liga dos Campeões (a última derrota havia sido frente à Juventus em 2016). E importa realçar que iniciámos o jogo com cinco jogadores da formação no onze inicial, uma média de idades muito jovem dos titulares, os quais demonstraram a maturidade e competência necessárias para ultrapassar mais um obstáculo difícil.
De negativo apenas a lesão de Rafa, o autor do nosso primeiro golo, logo aos 20 minutos, tendo de ser substituído de forma prematura, obrigando a equipa a ter de se adaptar rapidamente a essa imprevista circunstância.
O golo de Pizzi, fruto de um magnífico gesto técnico, premiou a capacidade e determinação da equipa, além de ter recompensado o nosso jogador do infortúnio, pouco tempo antes, de ter rematado ao poste naquele que seria um grande golo. Foi um momento marcante de explosão e alegria!
Este triunfo permitiu também que Portugal tenha ultrapassado a Rússia no ranking da UEFA, cabendo-nos agora desejar boa sorte a todas os clubes portugueses que hoje disputarão partidas nas provas europeias.
Agora o enfoque da nossa equipa está integralmente colocado na difícil deslocação a Tondela, numa partida em que o objectivo passa por conquistar mais três pontos, com o aliciante de poder ser alcançada a 13.ª vitória consecutiva fora no Campeonato Nacional, estabelecendo, nesse caso, o terceiro melhor registo da nossa história.
Uma palavra também para os nossos Sub-19 que, na UEFA Youth League, foram infelizes na partida com o Lyon. No momento derradeiro do jogo, a nossa equipa procurou incessantemente chegar à vitória e acabou por ser penalizada num contra-ataque. Com os dois triunfos já obtidos, continuamos bem posicionados para seguir em frente.
Nota ainda para as vitórias europeias das nossas equipas de basquetebol e voleibol. No basquetebol entrámos a ganhar na fase de grupos da FIBA Europe Cup (103-99 ao ZZ Leiden) e no voleibol vencemos por 0-3, na Bósnia, frente ao Mladost Brcko, em partida referente à primeira mão da 1.ª eliminatória da Liga dos Campeões.

P.S.: Ontem foram dados mais sinais do prestígio internacional do Benfica. Aproveitando a deslocação do Lyon à Luz, alguns dos mais relevantes órgãos de comunicação social francesa destacaram Bruno Lage (entrevistado pela France-Presse) e o Benfica Campus, este com reprodução posterior em inúmeras publicações de outros países, sendo apelidado por "principal fábrica de talentos do futebol português" e "base da Selecção"."

Importante vencer um jogo assim!

"Pior que uma má exibição seria um mau resultado. Um bom resultado pode esconder a qualidade exibicional e, mais importante, pode dar confiança a uma equipa, como a do Benfica, que tem jogado sempre como ontem jogou: em doloroso sofrimento.
O Benfica precisava mesmo de ganhar um jogo assim. Sem merecer, sem fazer muito por isso, sem brilhar como as estrelas. Há um perigoso défice de confiança que parece pesar toneladas nas botas da maioria dos jogadores, que os faz perder as bolas que se disputam num palmo, que os faz temer pelo que possa acontecer, ainda sem nada ter acontecido. E isso é, quase sempre, a morte competitiva de uma equipa, porque transmite alento e esperança ao adversário.
Ontem, o Benfica teve demasiado medo de não ganhar e por isso nunca controlou o jogo, nem o adversário, sobretudo depois da vantagem conseguida por Rafa. Foi preciso uma imensa estrelinha da sorte para vencer. Mas venceu, e isso pode ser o mais importante, se conseguir saber aproveitar a sorte que teve e se tiver, enfim, a lucidez de perceber o muito que ainda está errado."

Vítor Serpa, in A Bola

Defesa, meio-campo e ataque

"Defesa: A saída de Jorge Jesus do Benfica foi um erro. Talvez só ultrapassado pela ideia peregrina de o querer fazer regressar há um ano, contra tudo o que o Benfica havia dito sobre o ex-técnico. Com o passar do tempo, se dúvidas restassem, fica claro que Jesus tem defeitos, mas é um técnico extraordinário - que não perde uma oportunidade para mostrar a diferença que um treinador faz numa equipa. Agora no Brasil, num futebol colectivamente pobre, mas com um potencial incomensorável, JJ fez em campo o que se esperava dele: encurtou as linhas, deu critério na pressão, e colocou a "defender com poucos" de forma superlativa. O resto veio por acréscimo e, no seu estilo irresistível, JJ, entre muitas resistências chauvinistas, conquistou o Brasil. É entusiasmante assistir aos jogos do Flamengo, e para quem construiu, com lampejos de fotografias de revistas, uma imagem mitificada da equipa liderada por Zico no início dos oitenta, há no sucesso do treinador português uma celebração do futebol de infância. Não é coisa pouca. Que além do Brasileirão, venha, também, a libertadores, é o que pedimos aqueles de nós que ficaram do lado errado do Equador.

Meio-Campo: O futebol é simples, só que, por vezes, tornamo-lo complicado. Pense-se em tudo o que se disse sobre o declínio exibicional do Benfica (uma evidência). Haverá, certamente, um fundo de verdade nas várias análises, mas talvez a explicação fosse mais simples: lesões. Sem Gabriel e Florentino, a equipa piora muito. com a dupla de titulares, o Benfica transfigura-se e ganha critério na ocupação de espaços. A defender, o campo torna-se subitamente mais pequeno - facilitando a vida à defesa, que parece logo melhor - e, a .atacar, o brasileiro, naquele seu jeito de "quarter-back", oferece uma circulação de bola que cria espaços que antes pareciam não existir - facilitando a vida ao ataque. Juntos dão dinâmica e qualidade individual no espaço onde se joga com o cérebro (sim, continua a faltar aprimorar a ligação meio - campo ataque em organização). Pelo caminho, ficámos a conhecer um Benfica sem Gabriel e Florentino ( que estão a anos-luz das alternativas no plantel). Agora imaginem o que seria o FC Porto sem Danilo e Uribe durante mês e meio ou o Sporting sem Bruno Fernandes e Doumbia.

Ataque: as claques não são o problema de Frederico Varandas, nem um exclusivo do Sporting. De quando em quando é importante recordar o óbvio e, à boleia da posição corajosa do presidente do Sporting, lembrar que as claques são um problema público, que precisa de respostas inteligentes. Pergunto-me quantos mais incidentes, episódios de violência ou mortes vão ser necessários para que os poderes públicos ajam com eficácia? Agir com eficácia implica separar o trigo do joio (quem acompanha de forma apaixonada e incondicional os seus clubes de quem usa o futebol como espaço privilegiado para a delinquência). Se outros países, com problemas bem mais agudos, atacaram o problema, há alguma razão para não sermos capazes?"

Esperança relançada

"Vitória nada convincente de um Benfica com um caudal ofensivo muito reduzido na Champions

Rafa entrou com tudo
1. O Benfica estava praticamente obrigado a vencer para continuar na luta para seguir em frente na Champions. Bruno Lage promove várias alterações com destaque para a ausência de Pizzi, inclusão de Gedson e regressos de Rúben Dias, Florentino, Rafa, Cervi e Seferovic. A troca de Pizzi por Gedson terá sido a mais significativa com a intenção de pressionar mais alto, com Rafa a jogar nas costas do avançado para procurar tirar partido da sua capacidade de explosão. O Benfica não podia ter tido melhor arranque, marcando aos quatro minutos. E foi Rafa que o fez! Começar com esta pressão face ao que o jogo representava foi importante, deu confiança, o Benfica foi forte na reacção à perda de bola, pressionante e sabia onde o Lyon era mais forte, através do Depay. Era um Rafa do outro lado. O Benfica foi, na realidade, dono e senhor do jogo até à saída do Rafa, controlou, dominou mas sem grandes oportunidades. Mas este Benfica, na Liga dos Campeões, não tem grande volume ofensivo nem é excitante. Momento decisivo é aquele corte fantástico do Grimaldo, no lance mais perigoso, surgido de um desacerto posicional.

E, sem ele, tudo se perdeu
2. A partir dos 20 minutos, quando o Rafa sai, o Benfica altera posicionamento. O Pizzi não entrou bem, pareceu-me nervoso, intranquilo e com muitos passes falhados. E Gedson, mais adiantado, não atacou tão bem a profundidade. Beneficiando desta reformulação do Benfica, não no sistema, apenas nas características dos jogadores, o Lyon encontrou o seu ponto de equilíbrio. Passou a ter mais bola e a fazer o adversário correr mais. O Benfica desarticulou-se numa primeira parte em que acaba por ir ao intervalo com uma vantagem adequada ao plano de jogo, no que era a sua dimensão e pressão adjacente. Mas, sem Rafa, perdeu toda a imprevisibilidade nas acelerações e diagonais.

Lyon a mandar na 2.ª parte
3. Na segunda parte, o Lyon agarra o jogo, empurra o Benfica para dentro do seu meio-campo. Benfica passou a andar atrás da bola. Adivinhava-se que mais minuto menos minuto sofreria o golo, pois dava sinais de muito cansaço, numa quebra física notória nos homens do corredor central. O Pizzi esteve quase sempre fora de jogo até aparecer nos últimos minutos. O Lyon passa a mandar perante um Benfica desorganizado e em sofrimento, surgindo um golo para quem estava claramente por cima. Mas parece que esse golo não fez muito bem ao Lyon, que passou a revelar algum conformismo.

De desastrado a decisivo
4. Com o empate, o Benfica revisita o plano inicial com dois avançados: Carlos Vinicius e Raul de Tomas. Acho que podia ter feito sentido jogar com dois avançados de início, jogou com um e meio: Rafa e Gedson. O empate nada interessava, podia matar todas as aspirações e até colocar em causa a Liga Europa. Assim sendo, reentra no jogo por força das acções de Pizzi, antes desastrado como que se tivesse acusado o facto de não ter começado de início. E ele é o coração da equipa! Depois tem esse momento, bola ao poste, o Benfica cresce emocionalmente e surge aquele lance hilariante para bem do Benfica. É uma grande execução do Pizzi mas é um erro tremendo do Anthony Lopes. Acho que acreditou nos sinais de falência física do Benfica, realmente parecia quebrado. Mas fica uma vitória, nada convincente, e mais uma prova que este Benfica, não ganhou um canto a jogar em casa, tem um caudal ofensivo muito reduzido na Champions. Entra nas contas mas vale mais o resultado do que a exibição. Na segunda parte quase não existiu..."

Vítor Manuel, in A Bola

'Fight Club'

"1. Os custos do Estádio Municipal de Braga já ascendem a €175 M. A Mona Lisa dos estádios vai deixar a autarquia lisa e com uma grande mona.
2. Raúl Alarcón foi suspenso por doping. O controlo anti-doping é uma espécie de VAR ao ralenti no ciclismo.
3. O Marinhense eliminou o Fátima terceira eliminatória depois de ter sido eliminado pelo Fátima na primeira eliminatória da Taça de Portugal by Stephen King.
4. Frederico Varandas merece uma standing ovation pela coragem na questão das claques. Para FC Porto e Benfica os GOA (Grupos Organizados de Adeptos que normalmente se comportam como Grupo Organizados de Arruaceiros) continuam a ser bem maior ou mal menor, respectivamente.
5. Infelizmente, o que sobra a Varandas em coragem falta-lhe em jeito. Não e ditador, é apenas dor.
6. O Vaticano lançou um rosário electrónico, o e-rosário, espécie de Nike Running para crentes. Talvez seja na altura de o presidente do Sporting comprar um. É só clicar, escolher a oração e rezar (também conta passos e calorias=.
7. Pior do que ser eliminado pelo Alverca em campo é tentar eliminar o Alverca na secretaria. É a humilhação suprema. Mais um tiro no pé.
8. «Temos um plantel com qualidade e altamente competitivo», disse Hugo Viana. Ou seja, o director para o futebol também não sabe distinguir um frango da Guia de um peru recheado.
9. Quanto a Silas, fica-lhe mal dizer que o Sporting não precisa de heróis (já tinha dito que não precisa de milagres, quer rectificar?) quando a equipa vive às costas do Super-Bruno. Para já, o mais próximo que Silas está a imitar o hóquei é calçar os patins. Ainda agora chegou e já se acabou o estado de graça.
10. O espírito do icónico filme Fight Club, que estreou há 20 anos, vive num Sporting que se desmorona ao som de Where is my mind, dos Pixies. Olhamos para o clube e vemo-lo em Brad Pitt e desafiar Edward Norton: «Bate-me com toda a força que tiveres!»."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Tribuna de Honra - Varandices e afins!!!

As 10 noites marcantes do SL Benfica europeu

"O Benfica é tão mais feliz nos boémios serões de Paris, Madrid, Turim ou Liverpool. Cosmopolita, requintado e com um gosto especial pelo hedonismo das noites a meio da semana, a história encarnada além-fronteira assenta num mágico conjunto de glórias e peripécias que a fama e o álcool, por vezes, provocam.
O Benfica é um convidado tão assíduo nas cortes do Velho Continente que perderíamos infinidades a debruçar-nos sobre todas as epopeias já escritas. Em dia de confronto decisivo na prova rainha de clubes, aproveitamos para relembrar dez míticas noites que ajudaram à construção do mito encarnado em termos continentais.

1. O primeiro amor (Benfica 2-1 Bordéus) – Estamos em 1949-50 e ainda não existia na Europa uma competição generalizada com todos os campeões: a Taça Mitropa e a Taça Latina eram os exemplos que mais se aproximavam da ideia de Gabriel Hanot, editor do L’Equipe , o grande impulsionador da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1955. No Jamor, e após dois prolongamentos, o Benfica conseguiu levar de vencidos os franceses e arrecadar a primeira competição continental em território português, com recurso a finalíssima e a 134 minutos de prolongamentos sobre prolongamentos.

2. A segunda de onze (Real Madrid 1-0 Benfica) – A 23 de Junho de 1957, o Benfica chega à sua segunda final europeia. Frente ao Real Madrid de Di Stéfano e Paco Gento, e tendo Chamartín como palco, os pupilos de Otto Glória não conseguiram contrariar a força espanhola: 1-0 e uma promessa de vingança que chegaria poucos anos depois. Aquela seria a edição final da Taça Latina, autodestruindo-se aquando da consolidação da Taça dos Clubes Campeões Europeus.

3. O fim dos magyares (Benfica 6-2 Ujpest) – Corria o ano de 1960 e o sorteio ditou em sorte do Benfica os campeões húngaros, o famoso Ujpest, dissertores da escola futebolistíca das margens do Danúbio, de fino recorte técnico e fantasia aos magotes. Apesar da reputação do oponente, os pupilos de Béla Gutmann não se amedrontaram e tal foi a elevação da exibição encarnada que, à passagem da meia hora, o marcador assinalava 5-0. Depois da vitória em Edimburgo sobre o Hearts, na ronda anterior, era a confirmação perante toda a Europa de que o campeão português contava para o Totobola.

4. A primeira nunca se esquece (Benfica 3-2 Barcelona) – Wankdorf, 31 de Maio de 1961. Costa Pereira; Mário João e Ângelo; Neto, Germano e Cruz; José Augusto, Santana, Águas, Coluna e Cavém. São estes os onze imortais que derrotaram o favorítissimo Barcelona e trouxeram na bagagem a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus para Portugal. Um feito histórico e que obrigou o Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar, a condecorar todos os elementos da equipa com a Medalha de Mérito Desportivo, o que levou Béla Gutmann a reflectir, num misto de ironia e apreensão: «como posso treinar, na próxima época, 14 comandattori?».

5. Vingança perfeita (Benfica 5-3 Real Madrid) – Já com Eusébio e António Simões introduzidos no contexto da titularidade, aquele Benfica tornou-se na melhor equipa de sempre do futebol português. Cavém de barba farta (em respeito à superstição dos sonhos) a secar Di Stéfano, Puskas em evidência (às custas do grande Germano) na primeira parte e a afirmação de Eusébio perante todo o mundo no segundo tempo, com a final a ser transformada num one man show. Aos 64’ sofre falta para penalty e Santamaría, central espanhol já farto da brincadeira, tenta outros métodos: enquanto o moçambicano ajeita a redondinha, este chega-lhe ao ouvido e grita “Maricón!”, num misto de frustração e raiva. Coluna percebe a confusão na cabeça do miúdo e aconselha “olha, marca golo e chama-lhe cabrón!”. E assim fez: duas vezes.

6. Taça da vergonha (Inter de Milão 1-0 Benfica) – À quarta vez que o Benfica se classifica para a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, há uma decisão provocatória dos membros da organização da UEFA: a final seria em casa do adversário. O Inter de Helenio Herrera esperava-os em San Siro e mil circunstâncias impossibilitaram a vitória. Noite diluviana, relvado transformado em pântano, frango e lesão de Costa Pereira, que obriga o Benfica a jogar com menos um e Germano na baliza a partir dos 12 minutos da segunda parte. Apesar de tudo, a exibição encarnada mereceu ovação geral por parte da equipa e adeptos italianos e, num gesto cobarde, os senhores da UEFA depositaram todas as medalhas a que o plantel tinha direito nas mãos do capitão Coluna. Adolfo Vieira de Brito, reforçando a confiança na equipa com tal demonstração de força, entregou na mesma o prémio de jogo e mandou fazer uma réplica da taça.

7. Eriksson conquista Roma (AS Roma 1-2 Benfica) – Depois de conquistar a Taça UEFA pelo Gotemburgo, aquele jovem sueco constrói uma equipa de sonho em Lisboa. O Benfica de 1982-83 merecia todo o sucesso do mundo: além da gigante qualidade de jogo, a equipa tinha uma personalidade fortíssima, o que permitia disputar a vitória em qualquer estádio. A Roma – equipa de alta estirpe no Calcio e colosso europeu -, disputando no ano seguinte a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus com o Liverpool de Ian Rush, contava nas fileiras com as qualidades excepcionais de Falcão, Prohaska ou Conti. Em tarde de sonho, Filipovic inscreveu o nome na história com um bis e a exibição de gala catapultou animicamente a equipa para uma caminhada triunfante até à final da competição, onde o Benfica caiu aos pés do Anderlecht.

8. A coxa de Vata (Benfica 1-0 Marselha) – Diz quem lá esteve que não eram 120 mil nas bancadas de pedra da Luz: eram seis ou 14 milhões, tantos quantos benfiquistas há no mundo. A Catedral estremecia de ansiedade, o 1-2 da bagagem era tão fácil contrariar. A sete minutos do fim, Vata responde a um canto de Valdo e a um desvio de Magnusson com a “mãoxa”, com a “comão”, com todas as partes do corpo que tinha à disposição; o importante era ela entrar lá dentro e adormecer nas redes. O angolano sabia, melhor que ninguém, o quão necessário para a felicidade de uma nação seria aquele golo. Foi o vulcão em erupção de onde brotaram choros e gritos de alegria até ao Prater, palco da final.

9. Com licença, campeão europeu (Liverpool 0-2 Benfica) – O Benfica chegou a Anfield com a margem mínima, apoiada numa “tolada” de Luisão em Lisboa e que se previa muito curta para aquela noite gélida em Liverpool. Dono da Europa, campeão em título depois do épico 3-3 com o AC Milan, Gerrard e Morientes tropeçaram numa equipa bem preparada por Ronald Koeman. Simão, num movimento característico, puxa para dentro e remata em arco: 1-0 a fechar a primeira parte, que deu novo fôlego aos encarnados para aguentar a enxurrada ofensiva do segundo tempo. Num lance fortuito de contra-ataque, Simão começa e Micolli acaba, numa recepção adocicada a passe salgado de Beto, finalizando acrobaticamente para o 2-0. Pedro Sousa, num relato mítico aos microfones da Rádio Renascença, tirava o seu «chapéu de côco».

10. O cerco de Turim (Juventus 0-0 Benfica) – Naquela noite, jogava tudo a favor da Juventus: desvantagem minúscula, jogo em casa e a final no mesmo sítio. Bastaria atropelar aquele Benfica para pôr uma mão no troféu – a outra encarregava-se de despachar Sevilha ou Valência, igualmente insignificantes aos olhos da comitiva italiana, recheada de craques mundiais, que um ano depois marcariam presença na final da Champions. Andrea Pirlo, à La Gazetta Dello Sport, desprezava as hipóteses encarnadas: «lamento muito por eles». Jorge Jesus ouviu, Oblak também; piscaram os olhos em cumplicidade e enquanto um (qual maestro) guiou a equipa a uma exibição colossal numa valorosa lição táctica, o outro foi defendendo remates em catadupa, com a tranquilidade e confiança de um Pirlo, que pensava já estar na final."

Carta com um silêncio nas entrelinhas

"Fernando, faz-me um favor: marca lá aquele penálti que falhaste e me valeu um treze no Totobola para que eu fique bem comigo mesmo.

É tarde. Ou cedo, depende do ponto de vista. No Calcutá, na Rua do Norte, o Hiren e o Nilesh aturam-nos até ao fim da infinita indiana paciência. Conversamos, bebemos, fumamos. Depois regressamos a casa. Despeço-me do Tó Melo, do João Barbosa, do Jorge Nabais, meto-me no carro, ligo o rádio num posto qualquer, oiço a música que já ouvi, tantas vezes, em vozes roucas e desafinadas, em Anfield: «Walk on, walk on/With hope in your heart/And you’ll never walk alone/You’ll never walk alone...».
Troquei mensagens com o Fernando Gomes. Desculpa, Fernando, vou fazer aqui uma inconfidência, não vais levar a mal. Há muitos anos, há que anos!, ouvia também, num aparelho como este, o relato de um Benfica-FC Porto na Luz. Último minuto. Penalti contra o Benfica. Na tua frente, o Bento, amigo que se encantou como dizia o Guimarães Rosa. Que se encantou cedo demais. O Bento tinha um jeito brusco de ser amigo. Estava-lhe no sangue. Na brusquidão, subitamente, surgia uma ternura. Recordo-me mais da ternura do que da brusquidão.
Fernando, esta carta é para ti, mas eu vou dizer-te com toda a sinceridade: queria que falhasses. Não por ti, sempre calmo, sempre tranquilo, sempre cavalheiro. Era pelo treze. Eu explico: até aí, eu e o meu primo Pedro, lá na Águeda da minha infância, da minha adolescência, de toda a minha vida, faltava um quadradinho certo para completar o Totobola. Benfica-FC Porto: dupla – 1 e X. Porra! Se marcasses golo era o 2. Lá se ia o treze. Fizemos figas. Não contra ti, meu querido amigo, não a favor do Bento, meu querido amigo, figas à mais pura das ganâncias. Ora, que amizade a minha... Fui mais amigo do treze do que de qualquer um de vós, embora se o Bento levasse a melhor nós também ficávamos com as contas certas. Do lance, não me recordo. Foste tu que falhaste ou ele que defendeu? Já que estou aqui numa maré de sinceridade, vou acrescentar: o prémio foi uma merda. Mais de trinta e tal mil apostadores fizeram o mesmo treze. Vinte e um contos, se bem me lembro. Com quinze comprámos um carro. Um Anglia Fascinante todo podre, com só meia porta do lado do morto. Mas era um carro. O meu primeiro carro. Agradeço-to a ti ou ao Bento? Um dia qualquer tiraremos isso a limpo.
Gostei de falar contigo, hoje. Senti-te, como sempre, campeão no futebol e na vida. «When you walk through a storm/Hold your head up high/And don’t be afraid of the dark...», cantam eles em Liverpool. Partias quase fantasmagórico para os penáltis e todas as bolas que caíam na grande-área, à tua frente, eram penaltis, alguns de cabeça, o jeito firme do pescoço, um golpe seco, colocado. Ah! Porra, Cabecinha-de-ouro! Tiveste um a teu lado que também era assim, mas noutro estilo, o Walsh. Nunca vi duas cabeças entenderem-se tão bem juntas. Voavam como pássaros que não precisam de bandos.
Vou ligar-te em breve. Voz com voz. Deixa só que, aqui, me lembre. Aqui nas linhas. Lisboa, tantos do tal. Meu querido Fernando, como andas? E tu respondeste, firme, com aquela certeza de quem enfia no braço um pedaço de pano a dizer capitão de homens: «Estou na luta!». Era o que faltava se não estivesses. Na luta da grande-área da existência onde qualquer jogo se decide.
Íntima é a relação entre o tempo, o espaço, a matéria e a energia, dizem os sábios. Digo-te sem meios termos: que se quilhe a termodinâmica, a relatividade e a física quântica. Einstein não é para aqui chamado. Os meus amigos são sempre meus amigos e não há relatividade nenhuma nisso. Como também o tempo que passa por todos nós, carregando-nos aos ombros no caminho irrecusável da velhice, não apaga o que foi ficando para trás. Lembro-me, outra vez há muitos anos, conversarmos na cozinha de tua casa, no Algarve. Não podíamos adivinhar que, neste preciso momento, teria a necessidade profunda de te escrever e a necessidade ainda mais profunda que me lesses. Vendo bem, não é sequer uma questão de ler e de escrever, mesmo que essa seja a utilidade de uma carta. É somente o reencontro.
Olha, faz-me um favor: marca lá o penálti que falhaste ou que o Bento defendeu. Marca golo e festeja daquela forma muito tua, braços ao ar, um sorriso quase tímido, uma explosão misturada de sentimntos por dentro que certa vez definiste como orgasmo. Estou-me nas tintas para o treze no Totobola e, acredita, não é pelo dinheiro, que foi nenhum, valeu apenas a alegria de algo incomum. Marca o golo por ti e por mim e por todos aqueles que te amam e não te deixarão nunca caminhar sozinho. Marca o golo, porque marcar golos era o teu Destino. Depois, quando o festejares, não contes com mais palavras minhas. Conta apenas com o silêncio de um abraço."

Racismo no futebol: apelo à acção

"Os sucessivos episódios de xenofobia nas bancadas exigem respostas à altura. Mas palavras e promessas de dureza não chegam: é tempo de agir sem hesitações.

São chocantes - sem dúvida - as imagens do jogo entre a Bulgária e Inglaterra, marcado por cânticos e gestos racistas por parte de um número significativo de adeptos da selecção búlgara. A formação britânica ganhou facilmente por 0-6, mas o jogo quase não chegava ao fim: foi mesmo interrompido duas vezes devido ao que se ia vivendo nas bancadas. Saudações nazis e insultos lamentáveis deixaram a equipa inglesa à beira de um ataque de nervos (mas, já agora, não o suficiente para deixarem de esmagar o adversário com 6 golos sem resposta).
No final do jogo, para piorar as coisas, Krasimir Balakov, seleccionador da Bulgária, decidiu menorizar a situação. Disse o antigo craque do Sporting que «não ouviu» os cânticos racistas, e apontou o dedo ao mau comportamento dos adeptos ingleses. Isto depois de o próprio capitão de equipa Ivelin Popov ter, ao intervalo, tentado apelar a um ponto final naquele comportamento inaceitável dos próprios adeptos.
O episódio colocou a Bulgária numa posição humilhante a nível mundial e já teve consequências: o presidente da Federação demitiu-se, seguindo o «conselho» do primeiro-ministro Bokyo Borisov - ele próprio também já envolvido em pequenos escândalos depois de comentários racistas contra minorias... Hipocrisia à boa maneira populista.
De qualquer forma, depois de assistirmos a um conjunto de fortes reacções por parte de diversas entidades nas últimas horas, apetece perguntar: mas estiveram hibernados até agora? O racismo nos estádios (e no próprio futebol) é um problema de extrema gravidade há décadas! E se as coisas chegaram a este ponto, é também por total inacção das autoridades locais e globais.
Nos últimos anos repetem-se os episódios em inúmeros países, eventualmente de mãos dadas com o discurso racista e xenófobo tão em voga. Hungria, Ucrânia, Rússia, Suécia, Espanha, Sérvia, Eslováquia, Noruega, Inglaterra… A lista continua. Na Polónia, por exemplo, uma investigação aprofundada permitiu perceber que os estádios de futebol do país serviam como excelentes locais de recrutamento para organizações extremistas da direita.
E as respostas parecem sempre… pouco musculadas. Para não as classificar como simplesmente ridículas. Aliás, como refere um artigo de um jornal inglês, os exemplos concretos falam por si. O dinamarquês Bendtner pagou quase 100 mil euros de multa por ter mostrado o logotipo de uma empresa de apostas no festejo de um golo.
Em pleno Euro 2012, os adeptos da Rússia passaram o jogo a fazer sons de macaco sempre que o checo Gebre Selassie tocava na bola. A multa: sensivelmente 30 mil euros. Ainda assim, um pouco mais do que a Federação de Espanha teve que pagar por insultos racistas dirigidos a Balotelli num Espanha-Itália. Percebe-se, portanto, que a mão da UEFA é mais pesada quando estão marcas (e questões de natureza económica) na equação, e mais levezinha quando há episódios xenófobos…
O racismo nos estádios representa um (alarmante) retrocesso social, mas é também um ciclo vicioso que todos temos que combater. As mensagens racistas que certos sectores extremistas querem difundir propagam-se facilmente no calor das bancadas. Ganham força, porque estes comportamentos são muitas vezes desvalorizados e quase «normalizados». Porque alguns encolhem os ombros e olham para o lado, porque outros dizem que, enfim, são manobras para desconcentrar o adversário, e também porque as multas e as punições não estão à altura.
Castigos efectivamente pesados terão outro impacto, e talvez ajudem a tirar das bancadas os miseráveis extremistas. Quando as entidades não fazem a sua parte, tiram força também a quem está no terreno a lutar contra esta triste realidade.
E quem acha que o problema só se vive lá fora, desengane-se. Basta ir ver um jogo qualquer em Portugal, da Primeira Liga aos Distritais. As equipas portuguesas já estiveram na mira da UEFA, FC Porto e Boavista até já pagaram multas. E mais um exemplo, para terminar: o Braga foi punido em 2017 com um jogo à porta fechada por «comportamento racista do público» num jogo frente ao Desportivo das Aves. Já cumpriu?"

A importância das redes sociais no futebol (cada palavra, mesmo que apagada, fica registada e pode ter "efeito boomerang")

"Elas estão aí, prontas a ser utilizadas até à exaustão, por cada proeminente cidadão.
Rimou mas não era suposto.
A verdade é que as redes sociais são o grande fenómeno da actualidade. Que o digam Donald Trump, António Costa, Cristiano Ronaldo, Beyoncé, Marcelo Rebelo de Sousa e Papa Francisco, mas também muitas outras personalidades de topo, treinadores renomados, grandes empresários nacionais e internacionais, vencedores de Prémios Nobel e muitos, muitos outros.
A rendição à tecnologia é tal que até o Vaticano prepara-se para lançar, esta semana, o "e-rosario", para quem quiser rezar o terço... online.
Está tudo dito e não há volta a dar.
Nos dias de hoje, rara é a pessoa que não tenha recorrido ao Facebook, Instagram, LinkedIn, Whatsapp, Viber, Twitter, YouTube, Snapchat ou Messenger para espreitar novidades, conversar, partilhar fotos, fazer pedidos, esclarecer dúvidas, comprar e vender, investir ou, simplesmente, saber onde páram velhas amizades, amigos de longa data.
Esta forma de conexão - do mundo com o mundo - tem, como qualquer outra, vantagens e riscos. Tudo depende da forma como se utiliza. Tudo depende do que se diz, como se diz e quando se diz.
É preciso perceber que cada palavra, mesmo que apagada, fica registada e pode ter "efeito boomerang".
Mais. Será sempre interpretada da forma como cada um a vê e lê. Em dado momento, em determinado contexto, com certo sentido.
Isso "obriga" ao uso de bom senso, a cuidados mil. É fundamental que cada utilizador conheça o alcance, impacto e consequência que cada publicação ou comentário pode ter na sua vida e na vida pessoal/profissional de terceiros.
Por exemplo, um trabalhador não deve afirmar, publicamente, que o seu local de trabalho é péssimo ou que a sua entidade patronal não presta; um jogador não deve afirmar que o seu clube é mal gerido, que o seu treinador é incompetente ou que os colegas são maus profissionais; um árbitro não deve falar mal da sua estrutura ou colegas nem referir-se a situações de jogo sobre as quais está regulamentarmente proibido de falar.
No fundo, o que se espera é que exista sempre o tal equilíbrio e inteligência emocional. Há que respeitar hierarquias e não cair no precipício tentador da injúria, ofensa ou ameaça.
Mas essa "obrigação moral" não invalida algo que me parece absolutamente claro e óbvio: o direito constitucional que cada pessoa tem de expressar-se livremente.
A liberdade de expressão é o direito de cada indivíduo em dizer o que pensa. É a liberdade de transmitir as suas ideias e considerações, sem temer represálias ou censura, até porque hoje a censura não tem respaldo moral.
Importa acrescentar que a "liberdade de expressão" não é apenas um direito fundamental previsto no Art. 37º da Constituição da República Portuguesa. É também um direito humano, protegido pela "Declaração Universal dos Direitos Humanos", datada de 1948.
Ninguém pode ser proibido de ter redes sociais. Ninguém.
Ninguém pode ser impedido de utilizar Facebook ou Instagram. Ninguém pode ser impedido de estar conectado com qualquer uma destas ferramentas virtuais. Nunca, em momento algum. Essa proibição, mais ou menos camuflada de "sugestão vinculativa" ou de "conselho vigoroso", é inconstitucional a todos os níveis. Que ninguém duvide disso.
O que pode e deve ser feito é a regulamentação clara (e constitucional) de como devem ser utilizados esses instrumentos. O que pode e deve ser feito é balizar, com regras claras e legais, quando é que a liberdade de expressão de alguém termina, quando é que o "crime" começa, quando é que o pessoal confunde-se com o profissional.
A linha que separa o "laboral" do "privado" é muito ténue e está na base de grandes conflitos judiciais que existem, neste momento, em Portugal e no estrangeiro.
Há guerras que não se devem comprar, porque nem uma morosa vitória nos tribunais anularia a grande derrota estratégica que algumas dessas cruzadas encerram.
É importante que o bom senso que se exige a cada utilizador seja também extensivo a quem tem poder hierárquico, a quem dita regras, a quem toma decisões.
Usar a bomba atómica em vez da pedagogia é um erro a evitar. Digo eu."

Cazorla e Murray de volta

"Ver um bom atleta deixar de jogar por lesão é sempre triste, no futebol as lesões mais graves são no joelho, mas pode acontecer no tornozelo ou tendão de Aquiles, como foi o caso de Cazorla. Todavia no ténis também acontece amiúde nos joelhos, mas são mais frequentes nos ombros, cotovelo. Contudo, Murray teve uma lesão na anca.
Recordo-me de quando jogava futebol a sério, jogar com dores é muito complicado, sofri várias entorses mal curadas e andava sempre com anti-inflamatórios e gelo a seguir a cada jogo.
Carzola teve uma lesão gravíssima, ao ver as imagens do seu pé e do seu tendão de Aquiles até tive calafrios. Saber a quantas operações se sujeitou para continuar a jogar futebol é impressionante. 
Felizmente que posso desfrutar dos seus passes, visão de jogo quando alinha pelo Villarreal e recordo os grandes jogos pelo Arsenal.
No fundo Cazorla saiu de um calvário e não pode estar mais feliz depois de tudo que passou, naturalmente que teve vários estados de ânimo, pensando muitas vezes em desistir e deixar de jogar futebol. Felizmente que não o fez, e até já foi convocado para a selecção de Espanha.
Andy Murray este fim -de-semana venceu em Antuérpia, depois de jogar condicionado com dores e várias operações à anca. Murray está de volta e conquistou o seu primeiro título depois de 2017.
Para Andy Murray, que já foi n.º 1 Mundial, esta vitória significa com certeza muito para ele e é uma boa noticia para o ténis Mundial.
Este exemplo destes atletas, um do futebol e outro do ténis, mostra que não atiraram a toalha ao chão, não desistiram e lutaram com estoicismo e acreditaram que era possível voltar.
E não tenho dúvidas que a felicidade de jogar e o amor à sua modalidade ajudou muito.

Nota: O Benfica venceu e pode continuar a acalentar esperança no apuramento na Liga dos Campeões. Esta vitória permitiu a Portugal ultrapassar a Rússia no ranking da UEFA e no futuro ter mais uma vaga nesta prova."

Dos fracos não reza a história

"A capacidade humana para superar adversidades é fenomenal. Então quando entramos no domínio da conquista de valores que colocam na história do tempo a circunstância de ser validada pela conquista do aplauso, os seres humanos são maravilhosamente imprevisíveis.
No conjunto das recentes eliminatórias da Taça de Portugal verificamos que, uma grande parte das equipas que teoricamente se definiam como mais frágeis, renovaram perante adversários potencialmente mais fortes, um estímulo avassalador.
De acordo com os resultados observados podemos verificar que ficaram apuradas para a próxima fase 32 equipas, nomeadamente 14 clubes do Campeonato de Portugal, 7 clubes da 2ª Liga e 11 clubes da 1ª Liga.
Relativamente aos jogos mais surpreendentes, analisamos que clubes, tais como o Alverca, Sintra Football e Beira Mar do Campeonato de Portugal e ainda Farense, Feirense, Académica de Coimbra e Desportivo de Chaves afastaram clubes da 1ª Liga, respectivamente o Sporting, Vitória S.C., Marítimo, Desportivo das Aves, Tondela, Portimonense e Boavista.
De referir que o Casa Pia, clube da 2ª Liga, perdeu em casa frente ao Vizela, prestando provas este clube no Campeonato de Portugal e o Famalicão, actual líder da 1ª Liga, apenas venceu na marcação de pontapés de grande penalidade o Lusitânia de Lourosa do Campeonato de Portugal. Ainda a considerar o Sporting de Espinho que actua no Campeonato de Portugal que eliminou o Vilafranquense da 2ª Liga e o Rio Ave F.C. venceu o Condeixa com um golo solitário numa partida de baixo rendimento para a equipa Vilacondense.
Penso que, à medida que os resultados se iam mostrando favoráveis para estas equipas consideradas hipoteticamente mais fracas, se foi transformando num sentimento de orgulho participativo exemplar e como sabemos quando a crença se converte em convicção profunda, os resultados aparecem.
Por outro lado, as equipas que tinham “obrigatoriamente” a necessidade de demonstrar a sua superioridade e ganhar, vendo por parte do adversário um comportamento balizado pela excelência competitiva, foram baqueando pela maldita crise de ansiedade participativa, acusando um estado de perturbação e negligência emocional, com as consequências conhecidas.
Quanto a mim, quando o medo de perder supera a vontade de ganhar, perde-se quase sempre, os nervos e a angústia faz aumentar a fadiga e o tempo de jogo avança como um pesadelo demolidor. 
Entusiasmo, confiança, alegria, felicidade, optimismo, foram gerando um ciclo virtuoso onde se viram estimulados os mecanismos do encontro com o êxito pensado para o sucesso conseguido, transferindo para a oportunidade rara de poder fazer o jogo das suas vidas e dando razão ao ditado português bem conhecido de que “ dos fracos não reza a história”.
Interessante será agora continuar a estudar o estado competitivo dessas equipas nas provas dos seus campeonatos e verificar o estado comportamental em relação ao rendimento e resultado. Um bom indicador para qualificar as razões que estarão ou não patentes no registo da sua verdadeira identidade."

O mago de Bragança, o primeiro jogador na história do futebol a marcar ao Cova da Piedade e ao Lyon na mesma semana

"Vlachodimos
Não é um Anthony Lopes, mas também se safa. Apresentou-se quase sempre seguro, excepto aos 22 minutos, quando foi obrigado a jogar com os pés e fez lembrar a minha mãe a tentar jogar futebol com os netos.

Tomás Tavares
Tem nome de doutorando em antropologia que escreve sobre ideologia de género no P3, a fisionomia de um breakdancer, e uma mosca igual à do André Almeida. É uma combinação intrigante. Não é exactamente o lateral de que precisamos hoje, mas lá vai fazendo a recruta em noites de Champions.

Rúben Dias
É conhecido como um centralão do estilo "passa a bola, não passa o homem", mas o que dizer quando a bola não passa sequer perto e mesmo assim o homem é atropelado por Rúben Dias? Talvez: obrigado, senhor árbitro.

Ferro
É um dos tipos que melhor consegue dar a estas noites europeias a elegância e o saber estar do aristocrata falido, que há muito deixou de ter condições para estas andanças, mas continua a porfiar acima das suas possibilidades, à espera que a vida se recomponha e o Seixal produza mais alguns milagres para materializar a utopia.

Grimaldo
Estreou-se a marcar na Champions aos 29’, quando tirou o pão da boca de um francês, e reeditou o duo Tico e Teco deste plantel ao combinar por diversas vezes com Cervi, tanto a atacar como nas tarefas defensivas.

Florentino
Quem me dera ser um destes sheiks que compram clubes de futebol como quem vai ao supermercado e dizer apenas: ok, quero este, este e este. E os três seriam provavelmente Florentino, Florentino e Florentino, que voltou a apresentar-se ao nível que fará de nós, lá para maio ou Junho, especialistas em cláusulas de rescisão e contratos de factoring, testemunhas de tudo o que podia ter sido, se ao menos o destino nos tivesse dado cartas diferentes. Não fiquem tristes, mas são estes os nossos projectos europeus.

Gabriel
Ver Gabriel de volta ao relvado conduzir a bola numa noite de Champions provoca-se a sensação reconfortante de encontrar um adulto na sala quando deixo os meus filhos na escola e saber que estou agora em melhores condições de terminar este texto.

Gedson
Se a sua posição inicial, a evoluir pelo flanco direito, apresentava laivos de tolerabilidade, o que dizer da sua transição para segundo avançado? A melhor forma de qualificar a sua exibição ontem é dizer que Rudi Garcia já exigiu a sua contratação para o eixo da defesa do Lyon.

Cervi
Segundo jogo a titular para este interessante conceito futebolístico. Foi talvez a ideia mais forte deixada ontem pelo nosso amigo Bruno Lage. Não que alguém consiga compreender porque é que um jogador deste plantel só é utilizado na Champions, mas um dia lá chegaremos. Por enquanto chamemos-lhe mistérios da fé lageana.

Rafa
Nada melhor do que ver o nosso melhor atacante lesionar-se no exacto momento em que, juntamente com Gabriel, parecia pronto para carregar a equipa às costas rumo a uma grande noite europeia. Salvou-se o golo. A grande noite europeia ficou para depois.

Seferovic
Quase dava a segunda alegria da noite aos benfiquistas quando pareceu irremediavelmente lesionado, mas terá confundido essa celebração com um voto de confiança, porfiando estoicamente por mais 49 minutos, até ceder o lugar a uma unidade igualmente improdutiva.

Pizzi
Os ingratos que desejavam desfrutar de 90 minutos com Pizzi no banco de suplentes não tiveram sorte. A sua negociata com o árbitro da partida, que a mando de Luís Miguel abalroou Rafa sem dó nem piedade, resultou no regresso do mago de Bragança à cancha, de onde só sairia depois de se tornar o primeiro jogador na história do futebol mundial a marcar frente ao Cova da Piedade e ao Lyon na mesma semana. Soma agora onze golos esta temporada, um número que nos deveria fazer reflectir acerca do tipo de benfiquistas que queremos ser. Fico à espera das admissões de culpa nos grupos de WhatsApp. Vocês sabem quem são.

Vinicius
Estragou a sua média de golos. Não lhe resta outra opção senão compensar-nos com um poker em Tondela. Agora é esperar que os colegas lhe passem a bola. Eu tenho fé.

RDT
O bom de ter jogado tão pouco tempo é que não tenho de fazer um esforço para elogiar as suas qualidades de jogador associativo e mais não sei quê."

Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso

Cadomblé do Vata

"1. Os franceses trocam-se um bocado com os membros superiores na Luz... o Marselha foi derrubado pela Mão de Vata e o Lyon foi ao tapete pela Mão de Lopes.
2. A UEFA não brinca em serviço na Champions... mandou o Raúl meter o R. D. T. na gaveta e olhou para a bolacha de Campeão Nacional e ordenou que se trocasse aquela merda pelas lindas Quinas de Campeão.
3. Bruno Lage está a fazer tudo o que pode para que os adeptos gostem do Raul de Tomas... inclusive mete o Gedson no lugar dele para deixar a Luz a salivar pelo espanhol.
4. Em apenas 15 minutos, Rafa marca, manda o árbitro à relva e sai lesionado... para os antigos alunos da Universidade do Algarve, isto era o resumo de uma ida à Alcoolização dos Perús na Kadoc.
5. Então é esta a sensação de ganhar um jogo na Champions contra uma equipa minimamente decente ... e nem precisamos dos golos do Marega, do Zé Luis e do Soares"

Champions...


Benfica After 90 - Lyon

SL Benfica - Olympique Lyon

"Bruno Lage surpreendeu com um onze com Tomás Tavares e Gedson na direita, Cervi na esquerda e Rafa no apoio a Seferovic. Tivemos uns momentos iniciais bastante bons. Muito por causa de Rafa. Mas a segunda parte foi péssima. Baixámos as linhas e oferecemos a bola ao Lyon. A vitória acaba por aparecer com uma oferta monumental de Anthony Lopes. Umas notas sobre o jogo.
1. Rafa. Apareceu numa posição onde não o víamos há imenso tempo, mas onde até sempre achei que é onde é capaz de render mais: atrás do avançado. Deu uma nova vida à equipa, até aos 17 minutos quando saiu com queixas. Pareceu-me virilha. Marcou um golo, num erro da defesa do Lyon que saiu mal a jogar e deixou Rafa sozinho num canto.
2. Gabriel e Florentino. Fizeram os dois um bom jogo. Conseguiram ligar bem os avançados, conseguiram ligar os flancos e recuperaram muitas bolas. Foram dos nossos melhores.
3. Cervi. Cervi é isto. Corre muito, recupera umas bolas, mas depois no ataque não vê. Não liga jogo com o Grimaldo, dá até mais jeito quando sai da ala para meio e deixa espaço para o espanhol. Hoje lá tem uma assistência porque estava no sítio certo à hora certa. Não fez um mau jogo. Recuperou muitas bolas. Mas alguma vez alguém disse: que grande jogo de Sterling que fartou-se de recuperar bolas? O Benfica precisava de ganhar. Tinha que atacar. Não compreendo a insistência num médio que só recupera bolas.
4. Pizzi. Começou no banco, entrou depois da lesão do Rafa. Acaba por ser fundamental no jogo. É ele que marca o golo da vitória, numa assistência de Anthony Lopes. Minutos antes, aos 84', fez o primeiro remate do Benfica na segunda parte numa bola que vai ao poste. Não sendo um jogador decisivo, é claramente dos nossos melhores para estas andanças.
Grimaldo também esteve bem. Gedson esteve bem na primeira parte, na segunda não se viu. Seferovic e Carlos Vinícius estiveram muito apagados. É verdade que são três pontos, mas se não fosse uma prenda do Anthony Lopes o discurso seria completamente outro. O Benfica baixou as linhas na segunda parte e expôs-se a mais um desaire na Europa. Falta qualidade a este plantel, o que é inaceitável para quem fez 200M no mercado de verão. Agora sem Rafa, vai notar-se ainda mais."

Uma vitória sofrida

"O Benfica ontem venceu o Lyon por 2-1, a contar para o 3º jogo da Fase de Grupos da Liga dos Campeões.
A equipa encarnada sofreu para derrotar o conjunto francês e contou com a “ajuda” de Anthony Lopes, após o erro do português no segundo golo benfiquista.
Bruno Lage fez algumas poupanças e rodou a equipa para um jogo decisivo. Foram a jogo Odysseas, Tomás Tavares, Ruben Dias, Ferro e Grimaldo a compor o eixo defensivo. Florentino fez a sua estreia na competição ao lado de Gabriel. Cervi e Gedson jogaram nas alas e na frente alinharam Rafa e Seferovic.
O Benfica entrou relativamente bem no jogo com Rafa nas entrelinhas a provocar desequilíbrios com a sua velocidade. O Benfica enfrentou um Lyon extremamente desorganizado defensivamente e foi no meio da confusão francesa que Cervi assistiu Rafa que, sozinho, fuzilou a baliza de Anthony Lopes.
O Benfica tentava controlar o jogo, porém encontrou um Lyon que também precisava de ganhar e aos 20 minutos, um duro golpe nas aspirações encarnadas. Rafa lesiona-se após um lance insólito com o árbitro do jogo. Entra Pizzi para o seu lugar e o Benfica perde a capacidade de pressão que estava a ter até então. Assim, vai Gedson para o lado de Seferovic e Pizzi fica a actuar a partir da ala.
Na segunda parte, a equipa encarnada revelava-se apática. Deu a iniciativa do jogo aos franceses e limitou-se a esperar pelo fim do jogo. Juntando isso a um Seferovic desinspirado e um Pizzi apático, este foi o pior momento do conjunto português no jogo. Lyon demonstrava-se incapaz de causar perigo em ataque posicional e Lage decide fazer uma substituição. Entra Vinicius para o lugar de Seferovic.
Porém, o Lyon cada vez mais pressionava e procurava o empate e fez isso acontecer. Uma defesa desorganizada permitiu a Dubois descobrir Depay na área encarnada para fazer o empate.
Pouco tempo depois, Depay quase fazia a reviravolta, após um belo remate em jeito, Odysseas consegue fazer uma boa defesa para canto. Enquanto isso, o Benfica ainda não tinha rematado na segunda parte.
Após um momento de inspiração de Pizzi, este consegue descobrir espaço para fazer um bom remate que foi ao poste.
Mas o destino quis sorrir à equipa encarnada. Anthony Lopes comete um erro ao lançar a bola e Pizzi antecipa-se ao adversário, rematando de primeira para a baliza descoberta. Um infelicidade para o guardião português que resultou na vitória do conjunto benfiquista.
Por um lado, é de ressaltar Florentino, Grimaldo e Gabriel, fizeram um grande jogo ontem e foram tremendamente influentes na equipa.
Por outro lado, Seferovic e Pizzi (apesar do golo) foram alguns dos pontos negativos da equipa.
Neste jogo claramente se demonstrou que a Liga dos Campeões é apenas uma montra para os jogadores do Seixal. Um jogo decisivo para as contas do Benfica e ainda assim o treinador não joga com todos os titulares disponíveis? Não há Benfica Europeu nenhum, há apenas uma equipa sem ideias e um presidente com ideias de vender os jogadores formados cá, não para os manter e ir longe na Europa."

Florentino Luís: o regresso do polvo da Luz

"Após ter contraído uma lesão no menisco interno do joelho direito, há cerca de um mês, na partida contra o Sporting Clube de Braga, Florentino Luís está de volta às opções de Bruno Lage.
Numa altura em que as “águias” estão a tentar melhorar os níveis exibicionais, a recuperação de Florentino é uma excelente notícia para o técnico setubalense.
O regresso do médio defensivo português aumenta – e muito – a qualidade do leque de opções para aquela zona do terreno. De lembrar que neste último mês a posição foi ocupada por Ljubomir Fejsa, que não tem encantado os adeptos encarnados com as suas exibições menos conseguidas.
O jovem de 20 anos demonstra uma capacidade de leitura de jogo notável, que lhe permite antecipar as jogadas dos adversários e lançar contra-ataques fulminantes que apanham as defesas contrárias desprevenidas. Além disso, mostra uma grande capacidade no que ao passe e à construção de jogo diz respeito, um aspeto muito importante para o estilo de jogo que Bruno Lage quer implementar no Benfica.
De facto, o futebol praticado pela equipa da Luz decaiu após a lesão do jovem luso. O “trinco” português é o pêndulo que mantém o equilíbrio do jogo dos encarnados. Com a perda desse pêndulo, as “águias” demonstraram dificuldades na transição defensiva.
Segue-se agora o período de adaptação e de reintegração. De resto, Florentino regressou à competição frente ao Cova da Piedade, onde entrou para os últimos 20 minutos do encontro. Apesar da paragem, o “polvo da Luz” mostrou ter os tentáculos em excelentes condições, e, nos minutos em que esteve em campo, conseguiu estancar por completo as (poucas) tentativas da equipa de Almada chegar ao golo.
Na passada quarta-feira, fez os 90 minutos na vitória do Benfica por 2-1 frente ao Olympique Lyonnais, tendo atuado no meio-campo juntamente com Gabriel, mas ainda longe dos seus melhores desempenhos.
Agora, resta apenas saber quem é que irá fazer parelha com o “trinco” no meio campo das “águias” daqui para a frente. Irá Bruno Lage manter a aposta em Adel Taarabt, que tem protagonizado um ótimo começo de época, ou optará por dar uma nova oportunidade a Gabriel, conferindo assim uma maior presença física e capacidade de recuperação de bola no centro do terreno?
No meio de muitas dúvidas, há uma coisa que parece ser inquestionável: a posição número “6” do Benfica tem dono, e o seu nome é Florentino Luís."

SL Benfica 2-1 Olympique Lyonnais: Habemus primeira vitória na Champions

"Sim, é verdade. O SL Benfica, último classificado do Grupo G, venceu mesmo o Olympique Lyonnais, segundo classificado, na terceira jornada da Liga dos Campeões. E foi a primeira vitória dos encarnados, esta época, em jogos a contar para a liga milionária. Nem sempre foi vitória à vista, mas o que é certo é que Anthony Lopes deu de bandeja os três pontos ao Benfica num lance nada feliz.
O jogo começou algo estranho com as duas equipas a estudarem-se a meio campo e ainda pouco perigo tinha havido em ambas as balizas. Porém, é sempre bom um golo na partida, e madrugador? Ainda melhor! E foi isso que aconteceu ao Benfica.
Aos quatro minutos, Seferovic começou a construir jogo e com um bom trabalho no lado esquerdo do ataque, encontrou Rafa, que tentou tabelar com Gedson, mas com grande atrapalhação. Depois foi a vez de Cervi entrar bem no lance, ganhar a bola e com um toque subtil foi o suficiente para chegar a Rafa. O português recebeu a bola e num remate de raiva fez o primeiro golo encarnado na partida, e o seu primeiro na Champions. Estava aberto o marcador no Estádio da Luz e que bom começo para a equipa portuguesa!
Se as coisas tinham começado muito bem para o Benfica, logo houve um percalço. Rafa Silva lesionou-se e acabou por ter de sair do terreno de jogo com muitas queixas. Um problema para Bruno Lage, que via assim um dos melhores jogadores a sair… Para substituir o extremo português entrou Pizzi.
Uma má saída do Benfica, aos 27 minutos, e a bola acabou por sobrar para os franceses numa zona muito subida do terreno. Cornet apareceu nas costas da defesa encarnada e só teve olhos para a baliza, mas havia uma muralha espanhola para travar as intenções do francês. Grimaldo esticou-se todo e, com um grande corte, não permitiu que o esférico chegasse sequer à baliza – muito bem o espanhol. Uma primeira parte muito boa por parte da equipa portuguesa algo que já não se via há imenso tempo para os lados da Luz. Os encarnados estavam a jogar bem a meio campo e estavam a apostar em passes simples, bem como a passes longos, a virar o jogo de uma forma rápida e também ela simples. Só faltava uma coisa para que estivesse tudo bem: a finalização. Já do lado francês, o seu meio campo estava desorganizado e não havia ligação entre a defesa e o ataque, tornando assim difícil a construção de jogo.
Até ao final do primeiro tempo não houve mais nada a registar quanto a oportunidades de perigo em ambas as balizas. O Benfica foi, pela primeira vez nesta Champions, a vencer para o intervalo e via-se, finalmente, nos relvados da Luz, uma exibição digna da competição onde estão os melhores dos melhores.
O Olympique Lyonnais voltou dos balneários mais atrevido com duas arrancadas pelo flanco esquerdo, mas, ainda assim, não conseguiu levar a melhor no último terço. Outra das lacunas que se verificou na equipa de Rudi Garcia foi a lentidão nas construções das jogadas. Os franceses não estavam a conseguir impor velocidade no jogo e isso facilitava, e muito, a tarefa defensiva dos encarnados. Ainda assim, o Lyon apresentava-se, neste segundo tempo, melhor na recuperação de bola.
Aos 64′, Cornet percorre todo o flanco direito passando por Ferro e cria uma grande oportunidade para a sua equipa. Talvez a melhor até aí. Depois do remate do número 27, a bola foi parar à trave. Muito perigo para a baliza do Benfica, mas, felizmente, foi falso alarme.
No entanto, ao que parece, o alarme voltou a tocar perto da baliza encarnada e, desta vez, o golo aconteceu mesmo… Aos 70 minutos de jogo, Memphis Depay repôs a igualdade no marcador depois de ter sido “servido” com um excelente cruzamento do lateral direito – Dubois.
Lembram-se de falarmos do meio-campo na primeira parte? Pois bem, o cenário manteve-se: havia demasiados espaços no centro do terreno e isso acabou por interferir na qualidade de jogo. Outra coisa que se manteve neste segundo tempo foi, sem dúvida, a agressividade na disputa dos lances. Muitas foram as paragens de jogo provocadas por faltas.
Aos 79′, Memphis volta a ameaçar. O 11 deixa Tomás de Tavares completamente desorientado, puxa para o pé direito para rematar, mas valeu ao Benfica Vlachodimos que, com uma palmada na bola, cede canto para a equipa adversária. O Benfica baixou completamente o seu rendimento, mas, por outro lado, não havia um Lyon a impor-se completamente.
Apesar disto, aos 85′, as águias voltam a ameaçar. Pizzi remata forte no corredor central, mas o esférico vai parar ao poste. Nem um minuto depois desse mesmo lance, Pizzi volta a ser protagonista: depois de uma má reposição por parte de Anthony Lopes, o médio aproveita e, de primeira, marca o segundo da noite para o Benfica. O clube da Luz estava outra vez em vantagem e fazia-se a festa nas bancadas por parte dos adeptos lisboetas.
Não houve muito para contar do resto do jogo e ficava então para a história a vitória da equipa de Lage. Foi um jogo com uma ótima primeira parte da equipa da casa e uma segunda não tão bem conseguida, mas que acabou por ser feliz e permitir ao Benfica regressar às vitórias na Champions. 

Onzes Iniciais e Substituições:
SL BenficaOdisseass Vlachodimos (GR), Alex Grimaldo, Rúben Dias, Ferro, Tomás Tavares, Gabriel, Florentino, Gedson Fernandes, Cervi (Raúl de Tomás, 77′), Rafa Silva (Pizzi, 20′) e Seferovic (Carlos Vinícius, 59′)
Olympique LyonnaisAnthony Lopes (GR), Dubois, Jason Denayer, Marcelo, Youssouf Koné, Martin Terrier (Thiago Mendes, 55′), Houssem Aouar (Reíne-Adélaide, 87′), Lucas Tousart, Maxwell Cornet (Bertrand Traoré ,66′), Memphis Depay e Moussa Dembelé

A Figura
Os três pontos – O Benfica até esteve muito bem na primeira parte, mas parece que a paragem para o intervalo fez mal. Os encarnados entraram e jogaram mal no segundo tempo e ganharam graças a uma prenda do guarda-redes do Lyon, Anthony Lopes. O que valeu deste jogo – ou pelo menos da segunda parte? Só mesmo os três pontos que deixam a equipa do Benfica ainda viva no Grupo G. O 

Fora de Jogo
Anthony Lopes – O guarda-redes português quis dar uma prenda, mas não foi ao seu clube. O número um dos franceses quis sair a jogar rápido e fez um erro colossal que deu a vitória ao Benfica. Anthony Lopes nem estava a fazer um mau jogo, porém, o erro que fez aos 85 minutos leva-nos a dar-lhe o prémio de fora de jogo da partida.

BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
Bruno Lage: «Declarações mais importantes»
«A estratégia era muito simples: ter dinâmicas nos corredores e ter Rafa com espaço para jogar à vontade e isso podia criar dificuldades ao Lyon. Como conseguimos o primeiro golo, surgiu segundo aquilo que pensamos para o jogo. Quando Rafa saiu ficámos no mesmo sistema táctico, mas os jogadores não eram os mesmos e assim sentimos algumas dificuldades».
«Não sabemos ainda o que se passa com o Rafa». «É apenas uma vitória. Aquilo que podemos olhar era para aquilo que pretendíamos depois da paragem, ter uma entrada forte e vencer os três jogos. Esse é o nosso objectivo. Sabemos a importância do jogo e se não tivéssemos ganho estaríamos numa situação muito complicada, mas agora temos de pensar no próximo jogo».

Olympique Lyonnais
Rudi Garcia: «Declarações mais importantes»
«Vou falar com o Anthony para reconfortá-lo e dizer que todos erramos. Claro que aconteceu num momento mau porque era tardio no jogo, mas erros acontecem. Temos de ser objectivos e dizer que não fizemos uma boa primeira parte. Podíamos ter ganho o jogo se não acontecesse este erro». 
«Concordo que está tudo relançado nas contas do grupo e queremos ganhar o próximo jogo já contra o Benfica. Fomos bastante melhores na segunda parte e talvez um empate fosse um resultado mais justo para este jogo».
«Perdemos muitas bolas e não fomos fluídos no nosso jogo, mas tinha uma equipa muito ofensiva quando o jogo arrancou. Com a entrada do Thiago Mendes tornamo-nos muito mais equilibrados e conseguimos criar mais perigo»."

Fechados para vencer

"A estratégia de Bruno Lage foi clara – Percebeu que no nível Champions não dá para não ter elementos na linha média incapazes de defender com competência a cada instante, e depois de dois jogos em que esse linha não impediu os adversários de invadirem as zonas de criação, optou por quatro elemento de grandes traços defensivos.
442 habitual com opções técnicas a indiciarem claramente uma Estratégia de melhor Organização Defensiva para acertar posteriormente ofensivamente

O regresso da dupla Gabriel – Florentino foi uma benção – A quantidade de duelos que vencem e bolas que recuperam são desde logo um suporte para a saída em ataque rápido – método onde o Benfica é especialmente mais forte no processo ofensivo. A opção por Cervi e Gedson, não pode ser dissociada da capacidade de ambos em fecharem o corredor, serem agressivos e trazerem maior percentagem de recuperações comparativamente aos habituais Pizzi e Rafa. Não só estão e fecham o espaço como ainda garantem os roubos da posse.
Foi portanto um Benfica sobretudo pensado para elevar o nível da sua organização defensiva, e com isso garantir também mais contra ataques – E por isso, Rafa Silva na posição de avançado – Aquele que recebia em apoio na transição ofensiva para então acelerar em condução desorganizando defensiva adversária.
A primeira vintena de minutos foi o período mais do Benfica na Competição, mas a lesão de Rafa trouxe de volta os velhos problemas – Gedson sem capacidade para dar a qualidade de condução e definição do colega no espaço de segundo avançado – Apenas manteve a velocidade de deslocamento, mas sempre sem desequilibrar, ou sequer pensar o jogo ofensivo, e Pizzi no seu nível habitual Champions – Mau! Perdas, más recepções, incapacidade de fazer sequer a bola chegar a zonas mais ofensivas.
Posicionamento Ofensivo habitual do Modelo – Com RDT e Vinícius em simultâneo

Sem sair em Transição Ofensiva, e mesmo impedindo o Lyon de ser perigoso, o Benfica passou demasiado tempos em bola, e sem ameaçar a equipa adversária – Quando assim o é, a equipa expõe-se mais facilmente a um contratempo – Porque controlar o jogo é diferente de controlar o resultado, quando este é tão curto.
Depois de boas ideias, boa estratégia e entrada forte, a lesão de Rafa foi pena demasiado dura para uma equipa onde não abundam soluções com capacidade para rendimento imediato.
A vitória surgiu num lance fortuíto, e embora relance o Benfica no grupo, a certeza de que a tarefa de ir fazer pontos fora de casa será tremendamente difícil."

Benfiquismo (MCCCXXXII)

Prestígio...

Vermelhão: Finalmente... uma vitória na Champions!

Benfica 2 - 1 Lyon


'Matar' estes borregos, não dá títulos, mas é um 'começo'!!! Pelo menos vão deixar de 'contar' as 'não vitórias' consecutivas... provavelmente irão usar outro critério qualquer, sempre a tentar dar carga negativa! Uma 'conta' que pouca gente releva, é a questão da inexperiência a este nível deste jogadores: dos titulares de hoje, só 6 jogaram regularmente na Champions nas últimas épocas: Ody, Rúben, Grimaldo, Rafa, Cervi e Seferovic... o Tino estreou-se hoje, o Tomás fez o 3.º jogo, o Gabriel o ano passado jogou pouco e o Ferro fez hoje, o seu 2.º jogo da Champions!!!

O jogo não foi bonito, mas fomos eficazes, numa estória 'quase' invertida em relação ao jogo dos 'putos' na Youth League esta tarde...!!!
Este Lyon tem fragilidades defensivas, principalmente nas transições defensivas, mas com a bola nos pés, têm talento. Não são muito objectivos, mas individualmente os jogadores do Lyon têm qualidade, são rápidos e fisicamente bem dotados!!!
E por isso mesmo o Lage, optou por uma estratégia 'diferente'! Apesar do jogo ser na Luz, apostámos tudo claramente nas transições rápidas, vulgo contra-ataques! Por isso é que o Rafa foi opção para 2.º avançado, e o Gedson juntou-se ao Tino e ao Gabriel no meio-campo! Não foi por acaso que o Lyon ganhou em Leipzig em contra-ataque... hoje, na Luz, sem espaço nas 'costas' da nossa linha defensiva, criaram menos perigo (algo que aconteceu ao Benfica em São Petersburgo, por exemplo...)!!!
E de facto, dificilmente as coisas podiam ter começado melhor com o golo do Rafa... e mais duas ou três arrancadas, que prometiam outros golos, mais tarde ou mais cedo!!!
Mas, como tem vindo a ser habitual... nova lesão do Rafa (se calhar a mesma!), e a estratégia teve que ser 'remendada', com o Gedson a passar para 2.ª avançado, uma posição onde o jovem não tem rotinas, principalmente nas recepções direccionadas entre-linhas!!!
Com o Benfica a ganhar, esta situação até não era 'grave', mas impediu o Benfica de chegar ao 2.º golo... Ainda tivemos algumas oportunidades, mas foram poucas...

Defensivamente, o Lyon ia circulando a bola (quase sempre por fora), mas também não criava perigo, aliás os guarda-redes (os dois) praticamente não fizeram uma defesa (creio que o Ody fez uma!!!), os remates mais perigosos acabaram sempre por ser interceptados pelos defesas!!! O Rúben que o diga... 'ganda cornada'!!!
Com o empate tudo se complicou... fomos obrigados a tomar conta do jogo, e isso não foi fácil, até porque continuamos a não ter o elemento 'desequilibrador' entre-linhas, estilo Jonas ou Félix... E assim, acabou por ser mais com o coração, do que com a cabeça... e neste caso, com uma 'oferta' do Tony Lopes que o Pizzi aproveitou (não é fácil rematar de primeira, naquelas circunstâncias)!!!
Nos últimos instantes, nota para o Tomás Tavares, que 'segurou' a vitória, com um corte providencial!!!
O Rafa estava a 'correr' naturalmente para ser o MVP, mas a lesão fez 'tremer' os três pontos! Grande jogo dos nossos Laterais, Grimaldo e Tomás Tavares! O Tomás mais tímido ofensivamente, mas fez uma exibição acima da média...
Muitas dificuldades do Tino e do Gabriel nas marcações no meio-campo, jogaram quase sempre em inferioridade numérica, e foram obrigados a correr muito... Com poucas opções para passe à 'frente'!!!
Mais um jogo onde o Gedson começou na meia-direita (mais ou menos), passou para 2.ª avançado (mal) e ainda voltou para a ala direita...!!! Pessoalmente, como treinador de bancada, tinha optado pelo Taarabt para o lugar no Rafa e mantido o Gedson na direita... com o espaço dado pelo Lyon, entre-linhas entre a linha defensiva e a linha de meio-campo, o Taarabt teria dado mais qualidade à nossa posse de bola... e teria espaço para 'embalar' algumas arrancadas!
O Cervi voltou a ser titular na Champions, basicamente com a função de 2.ª defesa esquerdo!!! E nesse aspecto voltou a estar bem...
Rúben e Ferro nos primeiros minutos 'pareciam' estar 'moles', mas acabaram por estar quase sempre bem...
O Sefeorvic voltou a estar mal... sendo que depois daquela cacetada, pareceu-me ter ficado inferiorizado! O Pizzi entrou muito mal... e acabou por atirar uma ao poste, e ainda foi a tempo de marcar o golo da vitória!!!
Boa entrada do Vinícius... o R.d.T naquela 'jogada' tem que rematar à baliza...!!!
O Gabriel e o Ody terminaram o jogo em dificuldades físicas, espero que tenham sido só sustos!!!

Mais uma arbitragem inacreditável... Como é que o Lyon acaba com 11, quando devia ter acabado pelo menos com 9?!!! Com o VAR a ver e a calar-se!!!

Estávamos obrigados a vencer, uma não vitória, colocava em causa inclusive o 3.º lugar, e uma potencial 'despromoção' para a Liga Europa!!! Mas se quisermos ficar na luta, não podemos perder em Lyon daqui a duas semanas...!!! Suspeito que o Rafa não vai estar disponível... num jogo que muito provavelmente será muito parecido com este: um Benfica a apostar nas transições rápidas, mas sem o Rafa tudo será mais complicado...

Mas antes da viagem a Lyon vamos ter três jogos para o Campeonato, complicados: em Tondela e o Portimão e o Rio Ave na Luz, tudo com muito pouco tempo de recuperação e com lesões 'importantes' pelo meio...!!! Neste momento, aquilo que se pede é consistência defensiva: se mantivermos a bola longe da nossa baliza, estaremos mais perto de ganhar... nem que seja ás três tabelas, ou em bolas paradas... Sem o tal desequilibrador (papel que no actual plantel, só o Chiquinho poderá fazer...) lá na frente, sem a velocidade do Rafa, a nossa construção ofensiva fica muito limitada...