Últimas indefectivações

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Joãozinho e baratinho


"Perante tamanho vendaval de críticas, Rui Costa foi obrigado a vir a terreiro justificar a venda do menino Neves a preço de saldo. E diga-se que €60 M+€10 M não é o mesmo que €70 M...

O universo benfiquista está em polvorosa nas últimas semanas face à iminente venda do menino João Neves, ou Joãozinho como Rui Costa carinhosamente lhe chamou na conversa que manteve com os jornalistas antes do jogo com o Fulham, aos milionários do Paris Saint-Germain. O valor do negócio suscitou imensas críticas dos mais variados quadrantes, desde de o radialista Pedro Ribeiro, passando pelo irmão de António Silva, entre muitas figuras de relevo apaixonadas pelo emblema da águia. Rui Costa e restante cúpula da Administração da SAD encarnada têm sido acusados de desnorte, incompetência e falta de coragem para manter nas fileiras do clube as coqueluches do Seixal.
Se levarmos em linha de conta que nos últimos cinco anos o Benfica vendeu, entre outros, João Félix, Rúben Dias, Darwin Núñez, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos por um encaixe financeiro na ordem dos 470 milhões de euros, diremos facilmente que deixar sair João Neves, cuja cláusula de rescisão é de 120 milhões de euros, por metade do preço é à primeira vista um mau negócio, face à valia do jogador, o que ele representa para a massa associativa, o peso que tinha na equipa orientada por Roger Schmidt e também a margem de progressão que ainda tem.
Rui Costa não teve outra solução que não fosse prestar um esclarecimento público de um negócio que não agradou sobremaneira à exigente massa associativa encarnada. Habituados a verem sair joias da coroa por verbas com três dígitos, os benfiquistas consideram uma verdadeira pechincha aquilo que o Paris Saint-Germain vai pagar pelo menino bonito da Luz. 60 milhões de euros, mais 10 milhões de euros em variáveis por objetivos — ainda que possam ser facilmente alcançáveis, como o número de jogos utilizados ou golos marcados —, não é o mesmo que 70 milhões de euros à cabeça ou 120 milhões.
Depois de na época passada o Benfica ter apenas conquistado a Supertaça Cândido de Oliveira com um investimento na ordem dos 100 milhões de euros, Rui Costa será avaliado ao mais ínfimo pormenor nos próximos tempos e com as eleições à vista o seu futuro estará sempre, tal como o do treinador Roger Schmidt, dependente dos resultados. A derrota com o Fulham, no último ensaio antes do início oficial da temporada, não veio nada a calhar, pois causou um sentimento de desconfiança em torno da equipa.
Para compensar a saída de Joãozinho, o presidente do Benfica aprovou o regresso de Renato Sanchez, ou Renatinho por ser também um dos produtos do Seixal, mas neste caso concreto subsistem sérias dúvidas sobre a real condição física do internacional português, que nos últimos anos tem passado mais tempo na marquesa do que propriamente dentro das quatro linhas. É um nome que agrada aos adeptos, sem dúvida, mas tudo vai depender da regularidade física que apresentar em 2024/2025, sabendo-se que num clube como o Benfica é a exigência é máxima. O Benfica não tinha condições para pagar um ordenado de 5 milhões de euros líquidos por época ao jovem médio e o clube necessita de dinheiro para fazer face às despesas. Mas, insisto, o Paris Saint-Germain, no meio disto tudo, é que fez um excelente negócio..."

Golaço #48 - João Neves au PSG et que peut-on attendre de Benfica en 2024/2025 ?

5 minutos: Diário...

Zero: Mercado - S07E70 - Nova vida para João Félix

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Ponto Final - César Peixoto

Gostava de ter visto a Supertaça ao lado de Sérgio Conceição


"Não haverá portista mais portista que os portistas Pinto da Costa, Sérgio Conceição e Vítor Baía. E como eles terão ficado satisfeitos com a vitória do FC Porto na Supertaça Cândido de Oliveira...

Gostava de ser mosca para ter assistido à Supertaça Cândido de Oliveira ao lado de Sérgio Conceição. Portista do coração, que bateu, de forma efusiva, quase dramática, no escudo do clube quando, por exemplo, o FC Porto ganhou no Estádio da Luz, faz sentido que tenha sofrido como poucos quando viu os dragões a perder por 0-1, 0-2 e 0-3. Acredito que, por vibrar tão intensamente por aquele amor, Conceição poderá até ter desligado o televisor à passagem do minuto 24, quando o Sporting chegou à vantagem de três golos e se antevia tremendo descalabro azul e branco. É assim que são os grandes portistas e, como SC é grande portista, terá sofrido com aquela entrada em cena do seu FC Porto. Tal como, televisor ligado de novo, terá delirado com aquela inesquecível recuperação de 0-3 para 1-3, de 1-3 para 2-3, de 2-3 para 3-3 e, por fim, de 3-3 para 3-4. E terá ido às nuvens quando Ivan Jaime, a terminar a primeira parte do prolongamento, marcou o golo que viria a ser do triunfo. Portista que é portista (e não haverá portista mais portista que o portista Sérgio Conceição) vibra com qualquer golo do FC Porto. Seja de Ivan Jaime, Toni Martínez, David Carmo, André Franco ou Sánchez. Por exemplo, claro. E que emoção terá tido SC quando viu Vítor Bruno a erguer o seu primeiro troféu no primeiro jogo oficial como treinador principal. Terá, acredito, bebido um shot de champanhe, acendido um dos charutos com os quais comemorou as conquistas dos últimos sete anos e dado aquele pezinho de dança que o tornou tão famoso entre os adeptos do clube do seu coração.
Por outro lado, gostava de ser mosca, sim, mas para ter assistido à Supertaça Cândido de Oliveira ao lado de Pinto da Costa. O ex-presidente do FC Porto, o presidente mais titulado do Mundo do futebol, como tão carinhosa e justamente é tratado pelos portistas, o presidente que liderou o FC Porto durante mais de 42 anos sem nunca prevaricar, terá sentido emoção imensa ao ver aquele menino, o menino que cresceu nos anos 90 a falar com Bobby Robson, o já rapaz que passou a adjunto de José Mourinho e o homem que fez regressar em 2010 para vencer Liga, Taça, Supertaça e Liga Europa, ganhar o seu primeiro troféu no seu primeiro jogo oficial com o presidente do FC Porto. Não faz sentido que seja de outra forma, pois não? Claro que não. Portista que é portista (e não haverá portista mais portista que os portistas Sérgio Conceição e Pinto da Costa) sofre sempre pelo clube do dragão. Sofre a perder por 0-1, 0-2, 0-3. E PC sorriria e citaria José Régio quando o FC Porto virasse o 0-3 para 1-3, 2-3, 3-3 e, finalmente, para 4-3.
Gostava de ser mosca, por fim para ter assistido à Supertaça Cândido de Oliveira ao lado de Sérgio Conceição, Pinto da Costa e, já agora, Vítor Baía. Teria sido delicioso ver o jogo ao lado da maior figura do FC Porto (Gomes? Nã. Fernanda Ribeiro? Nã. João Pinto? Nã. Futre? Nã. Madjer? Nã. Hernâni? Nã. Baía? Nã.), do maior treinador da história do FC Porto (Pedroto? Nã. Siska? Nã. Yustrich? Nã. Guttmann? Nã. Pedroto? Nã. Artur Jorge? Nã. Ivic? Nã. Robson? Nã. Oliveira? Nã. Mourinho? Nã. Jesualdo? Nã.) e da maior figura do futebol do FC Porto (Gomes? Nã. Jorge Costa? Nã. Pedroto? Nã. João Pinto? Nã. Futre? Nã.) Deliciar-me-ia por visualizar o prazer imenso que os três terão tido pela vitória do FC Porto na Supertaça Cândido de Oliveira. Teria sido tão emocionante que, caso a alegria os tolhesse em excesso, eu próprio lhes emprestaria o meu telemóvel para que Pinto da Costa ligasse a André Villas Boas, Sérgio Conceição a Vítor Bruno e Vítor Baía a Jorge Costa. Porque portistas mais portistas do que estes três portistas, decerto, não haverá."

O exemplo de Gabriel Albuquerque


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Levante o dedo quem já tinha ouvido falar de Gabriel Albuquerque e assistido a uma prova de ginástica de trampolim, modalidade olímpica desde 2000, em Sydney. No meu caso, admito, sou capaz de erguer o indicador, mas não muito alto, porque só de quatro em quatro anos — ou três desde Tóquio-2020 que a pandemia adiou para 2021 — é que acompanho as façanhas destes ginastas que tocam o céu. O brilhante quinto lugar de Gabriel Albuquerque, anteontem, no espaço aéreo da Arena de Bercy, em Paris-2024, é mais um sinal de que o desporto nacional pula e avança mesmo sem o apoio que merecia. «Posso parecer convencido por dizer isto, mas não estou a ser. Sei das minhas capacidades, sei que estou ao nível daqueles gajos [que ficaram à frente]. Eles, neste momento, foram melhores que eu, mas foi só isso», assim reagiu o ginasta da Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, selado o melhor resultado da história para Portugal após a sexta posição de Nuno Merino — lidera agora a seleção dos EUA — em Atenas-2004, ainda Gabriel Albuquerque, de 18 anos, não era nascido.
A ditadura do futebol continuará a ditar leis — e nada mudará até Los Angeles-2028, quando esta realidade voltar a ser constatada como se fosse uma tradição impossível de quebrar. Vale a pena lutar contra, claro que sim, mas sempre que surgirem obstáculos o discurso, desempoeirado, do nosso ás dos ares poderá servir de inspiração aos que teimam em justificar desempenhos (às vezes compreensivelmente) menos conseguidos — no final, só um ganhará o ouro e outros dois terão a consolação da prata e do bronze, mas há vida para além das medalhas — com desculpas do arco da velha.
Assinar o livro de presenças nos JO já é um marco na carreira de um atleta, um marco que é justo celebrar, o resto é tentar chegar ao Olimpo ciente de que há numerus clausus. Importa reconhecer o mérito dos adversários, a única verdadeira razão para o insucesso, à exceção de problemas físicos no dia em que nada poderia correr mal. Tudo o mais soa a forçado e a mau perder em competições nas quais não havia sequer a obrigação de ganhar. Relativamente às críticas disparatadas sem o mínimo conhecimento sobre as provas e os atletas, é deixar os cães ladrar enquanto a caravana passa. Ao contrário de Vasco Vilaça (5.º) e Ricardo Batista (6.º) na aventura do triatlo, obrigados a nadar no Rio Sena antes de garantirem dois diplomas, no esgoto a céu aberto em que por vezes se tornam as redes sociais só mergulha quem quer.

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Que orgulho, Patrícia Sampaio! A judoca de Tomar garantiu a 29.ª medalha para Portugal em JO, terceiro bronze seguido no judo, depois de Telma Monteiro no Rio de Janeiro e Jorge Fonseca em Tóquio. As primeiras de que me lembro? O ouro de Carlos Lopes e o bronze de Rosa Mota e António Leitão, todas em Los Angeles-1984. Outras se seguirão até ao próximo domingo, acredito piamente.

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De que planeta vieram a ginasta norte-americana Simone Biles e o nadador francês Léon Marchand? Ainda não temos resposta, mas já sabemos que aterraram em Paris algures em finais de julho de 2024."