Últimas indefectivações

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

"Exigimos regras iguais para todos"

"O Sport Lisboa e Benfica vai enviar à Federação Portuguesa de Futebol e à Liga de Clubes uma exposição com um conjunto de erros de arbitragem "evidentes" que têm favorecido o FC Porto na Liga NOS. A revelação foi feita por Luís Bernardo, director de comunicação do Clube, em declarações ao programa "Bola Branca", da Rádio Renascença.

"O Benfica, pelos canais próprios, irá demonstrar, através de uma exposição, um conjunto de erros já identificados que, de tão exaustivos e evidentes, falarão por si só. Esperamos um critério de isenção por parte de quem manda na Federação, na Arbitragem e na Liga, para que haja uma correta análise e percepção, porque quem sofre com isto são as competições e a verdade desportiva", declarou Luís Bernardo.
No recente jogo do FC Porto no Estádio do Bessa, na noite de domingo, a equipa de arbitragem, liderada por Hugo Miguel, e o videoárbitro [VAR], Fábio Veríssimo, deixaram passar em claro uma falta para pontapé de penálti a favor do Boavista (infracção de Brahimi sobre Rochinha aos 70'). Os dragões venceriam a partida por 0-1, com o golo a ser apontado ao quinto minuto do tempo de compensação.
"O pior que pode acontecer é uma Liga que parece que tem já faixas encomendas para o campeão. Isso era no passado, de triste memória, que todos pensávamos que tinha terminado. Não pode acontecer, isto tem de acabar!", enfatizou Luís Bernardo.
Sérgio Conceição, treinador da equipa portista, e Luís Gonçalves, director-geral, foram expulsos no desafio com os axadrezados, uma recorrência no capítulo das infracções nas respectivas fichas disciplinares. "O que há é um grande sentimento de impunidade. Falou-me de um dirigente do FC Porto, que é conhecido por ter ameaçado um árbitro com a descida de divisão, árbitro esse que viria mesmo a ser despromovido. Onde estão esses castigos?", questionou Luís Bernardo.
"Nunca acontece! Sempre que surgem castigos em relação ao FC Porto são muito reduzidos, praticamente simbólicos", lembrou o director de comunicação do SL Benfica.
"Isto leva a que aconteça todo um ambiente de permanente coação, intimidação e ameaças – que, é bom lembrar, surgiram naquela célebre invasão do Centro de Treinos da Maia – sobre os agentes desportivos. Isso está a ter efeitos. Vamos esperar e analisar. Cabe às entidades competentes tomarem as decisões adequadas tendo em conta aquilo que se passou. Exigimos regras iguais para todos", apontou Luís Bernardo.
É momento de dizer "basta" a um conjunto de casos e de ocorrências que colocam em causa a verdade desportiva. "Ainda estamos a atingir o primeiro terço do Campeonato e o que verificamos é que em diversos jogos o FC Porto tem sido claramente beneficiado. Vamos ser objectivos: foi beneficiado ontem [domingo] – e todos, por unanimidade, viram de forma clara que houve um penálti, que não foi assinalado, a favor do Boavista; foi igualmente beneficiado na deslocação ao Jamor, contra o Belenenses, em Setúbal e em casa, frente ao Feirense. Há um conjunto de situações em que sistematicamente se verifica uma dualidade de critérios das equipas de arbitragem a favor de um clube, isto é, do FC Porto", aprofundou o responsável benfiquista.
"Há erros que são incompreensíveis. O penálti que ficou por assinalar no Bessa é um daqueles erros que não se percebe como acontecem. Que o árbitro pudesse não ter visto na altura, dentro do campo, ainda pomos essa possibilidade, agora o VAR, com os diversos ângulos que teve oportunidade de visualizar, é impossível que não tenha visto aquilo que toda a gente viu", frisou Luís Bernardo."

Cadomblé do Vata (especial aVARiado!!!)

"1. Sérgio Conceição foi novamente expulso e deve ter à sua espera uma pesada multa... nada que as moedas ontem atiradas pelo Super Dragões ao guarda redes do Boavista não consigam pagar.
2. Jorge Jesus afirma peremptoriamente que Bruno de Carvalho mentiu em tribunal... gostava de saber o que é que a casa da justiça tem assim de tão especial, para merecer mais destaque do que os outros lugares todos onde o ex. presidente do Sporting disse aldrabices.
3. Entendo perfeitamente as razões pelas quais o VAR não viu o lance do Brahimi e do Rochinha na área portista... tal como eles, a essa hora também eu estava a ver em loop repetições do pormenor técnico do Jonas no golo ao Feirense.
4. A uma semana do FC Porto - Portimonense, Jackson Martinez lesionou-se no tornozelo... as coincidências no futebol português sucedem-se a um ritmo tal, que se calhar vamos ter que rever o contrato com o Nhaga.
5. Portugal vai defrontar a Suiça e eu como bom benfiquista desejo um poker do Seferovic... era da maneira que o vendíamos inflacionado e que ninguém ia andar atrás do Rúben Dias durante o resto do verão."

Tugão maximus !!!

Salvar Vitória, culpar os jogadores

"Devo dizer que percebo muito bem Luís Filipe Vieira quando disse que, a meio de uma noite mal dormida, viu uma luz que lhe indicou o caminho certo: a permanência de Rui Vitória à frente da equipa principal do Benfica.

O mesmo me aconteceu várias vezes em cargos de direcção: perceber que ia tomar uma decisão errada e, no último momento, dar uma cambalhota e arrepiar caminho. E, em diversões ocasiões, fi-lo contra a opinião da maioria.
É, aliás, isto que define os líderes: tomarem decisões solitárias e contra aquilo que são as ‘evidências’. Se não fosse assim, se todas as decisões fossem tomadas por consenso, para que serviria o presidente? Só para ratificar a vontade maioritária?
Claro que este tipo de actuação expõe mais os líderes. Se começarem a enganar-se muito, os seus colaboradores perderão a confiança neles. Mas também, se acertarem com frequência, ganharão uma aura que lhes permitirá arrastarem multidões. É óbvio que Vieira ganhou – e muito – quando manteve Jesus contra a opinião da família benfiquista, e depois disso foi campeão.
Luís Filipe Vieira tem, portanto, a minha solidariedade.
Penso, porém, que seguiu um caminho errado quando atirou a responsabilidade pelos maus resultados para cima dos jogadores. Ou seja, para justificar a continuidade da aposta em Rui Vitória, o presidente do Benfica sugeriu que o mal não está nele mas na falta de empenho do plantel.
Ora, um presidente atacar os jogadores é uma estratégia que normalmente acaba mal, como vimos ainda recentemente no Sporting.
E Rui Vitória reforçou esta ideia, ao dizer que é preciso “mudar muita coisa” e que os jogadores têm de dignificar a camisola que vestem. Passando de réu a algoz, Vitória fez cara de mau, tirou o cavalo da chuva e apontou o dedo aos jogadores para explicar as más exibições.
“Eu sou bom, o presidente é bom, vocês é que não se empenham“ – foi mais ou menos isto o que disse Rui Vitória na sexta-feira, comentando os acontecimentos recentes e antecipando o futuro.
Um treinador não pode ir por aqui.
Em conclusão, Vieira fez bem em manter Rui Vitória – até porque a substituição de um treinador a meio da época é sempre muitíssimo problemática: há pouco por onde escolher, a pressão do tempo obriga a decisões rápidas e as indemnizações a pagar são em geral pesadas. Aliás, era o que o Sporting deveria ter feito com Peseiro: mantê-lo até ao fim da temporada.
Mas, para justificar a continuidade do treinador, Vieira e Vitória lavaram as mãos de responsabilidades e atiraram-nas para cima dos jogadores. E isto não foi nada bonito. O treinador tem de estar sempre ao lado dos atletas – e com intervenções destas Rui Vitória arrisca-se a perder a sua confiança.
Os 4-0 de sábado deram a ilusão de que já está tudo bem. O pior de tudo seria acreditar nisso. À primeira derrota, os lenços brancos voltarão."

Luís Filipe Vieira e o Sport Seixal e Ruifica

"Vieira aceitou a fama de ver mais à frente. O problema é que, na actual conjuntura, vê vários adversários à frente. Uma situação que não colhe junto dos simpatizantes do Benfica. Esses querem vitórias

Os episódios mais recentes da vida do Sport Lisboa e Benfica (SLB) devem ser vistos à luz de uma alcunha e de um apelido. As figuras do presidente e do treinador no centro do relvado. Por uma questão de hierarquia comecemos pelo presidente.
À primeira vista, a alcunha de infância – o Ventoinha – parecia premonitória de agitação permanente. Como decorre do senso comum, a ventoinha é uma espécie de catavento. Não para de rodar. Só que, como Adriano Moreira ensina em relação à política, o eixo acompanha o movimento da roda, mas não gira.
Ora, a ventoinha também dispõe de um mecanismo semelhante. É possível mantê-la na posição escolhida. Continua a fazer vento, mas sempre na mesma direcção. Foi o que aconteceu depois de, inicialmente, o ventoinha ter soprado para todos os lados. A única estratégia passível de secar o pântano de descrédito em que o SLB estava enterrado.
Passemos agora para o treinador. O apelido era apelativo. Vitória não é apenas o nome da águia que sabe poisar no emblema em dia de jogo. Lembra um passado de conquistas. Uma cultura de vencer que paralisava os adversários quando entravam no Estádio do Glorioso.
Verdade que o treinador ainda não tinha justificado plenamente o apelido quando o presidente o chamou. Houve quem olhasse com desconfiança o movimento do ventoinha. Seria que o parafuso se tinha avariado? A instabilidade surgiu como ameaça.
Porém, o presidente foi lesto na explicação. Estava em causa um novo paradigma. Rui Vitória era o homem certo para rentabilizar a mina de diamantes do Seixal. Jesus só sabia fazer milagres à custa de milhões. Bem vistas as coisas não eram milagres. Os títulos ficavam pela hora da morte.
Os primeiros meses de convívio da alcunha e do apelido não foram fáceis. Por isso, não faltaram mãos interessadas em desenroscar o parafuso da ventoinha. Debalde. Estava teimosamente preso à nova posição. O tempo e as vitórias, mais do que as exibições, fizeram o resto. Jesus passou a fazer parte do passado e não pelos melhores motivos. Os sócios não perdoavam a afronta da mudança para o outro lado da segunda circular.
Entretanto, o peso do Seixal ia crescendo na equipa principal e rendendo aos cofres, ao mesmo tempo que a selecção principal voltava a contar com jogadores benfiquistas. Não constituíam a base como o presidente prometera, mas enfim, sempre era melhor do que no passado recente quando as convocatórias não incluíam qualquer elemento do clube da Luz.
Porém, para desassossego do apelido, a alcunha insistia numa rentabilidade constante. A exigência passou a ser desmedida. A discrepância era inevitável. Prometer títulos, ainda por cima europeus, não era compatível com a venda dos melhores activos. Daí o fracasso do penta. Por isso a campanha desastrosa na Liga dos Campeões.
Como era de esperar, os sócios despejaram o descontentamento sobre o treinador. Esqueceram-se que não cumpria o apelido porque tinha aceitado ser um funcionário exemplar. Nunca tinha questionado. Tinha gerido, embora com erros tácticos, o plantel que lhe tinha sido colocado à disposição. O honesto pai de família aceitava ser o general prussiano de Vieira, embora fazendo questão de trocar o ar rude pela bonomia.
Face ao historial, é provável que não tenha sido a goleada de Munique e os lenços brancos semanais a ditar o afastamento e a posterior readmissão de Rui Vitória. O ventoinha parece estar com saudades da posição anterior. Um regresso dificilmente compatível com a aposta na formação. O passado como exemplo.
Vieira justificou a reversão da decisão com uma luz. Talvez um sinónimo de consciência. A racionalidade a mandar calar a emotividade. Uma excepção no mundo do futebol.
O presidente aceitou a fama de ver mais à frente. O problema é que, na conjuntura presente, vê vários adversários à frente. Uma situação que não colhe junto dos simpatizantes do clube da águia. Esses querem vitórias. Conquistadas por Vitória ou qualquer outro treinador. Não querem ouvir falar da situação do clube quando Vieira lá chegou. Querem a bola dentro da baliza dos adversários. De preferência muitas vezes. Sem isso, será esta pressão que vai ditar as mudanças no Sport Seixal e Ruifica.
A relação entre o apelido e a alcunha está refém do desempenho dos artistas. Uns mais do que outros. Penso eu de que."

Nova Competição Europeia de Clubes chega em 2021/22

"Os detalhes relacionados com o acesso à UEFA Europe League 2 só serão conhecidos no próximo ano.

A UEFA aprovou a criação de uma terceira competição de clubes que se junta à Liga dos Campeões e à Liga Europa. A UEFA Europe League 2 arranca na época 2021/22 e será disputada por 32 países com menos representatividade no futebol europeu.
"A nova competição fará com que as competições de clubes da UEFA sejam mais inclusivas que nunca. Vai haver mais jogos para mais clubes, com mais federações representadas na fase de grupos. Esta competição nasceu do constante diálogo com os clubes através da ECA (Associação Europeia de Clubes)”, explicou o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin.
A partir de 2021/22, 32 equipas vão disputar uma fase de grupos divididas em oito agrupamentos de quatro – numa prova cujo vencedor carimba o passaporte para a Liga Europa –, seguindo-se as fases a eliminar a partir dos oitavos de final. Uma eliminatória adicional será jogada antes dos oitavos de final, entre as equipas classificadas no segundo posto dos seus grupos e os terceiros classificados nos grupos da Liga Europa.
A UEFA Europe League 2 (Liga Europa 2) – prova com 141 jogos em 15 jornadas – será jogada às quintas-feiras. Já a Liga dos Campeões continuará a ser jogada às terça e quarta-feira, enquanto a UEFA Europa League e a nova prova serão jogadas na quinta-feira, com uma nova janela horária adicionada, em princípio para as 15h30 (hora de Portugal Continental).
O organismo que tutela o futebol europeu pretende ainda que as finais das três competições de clubes sejam jogadas na mesmo semana, devendo a da nova competição ser disputada na quarta-feira, a da Liga Europa na quinta, e a da Liga dos Campeões no sábado.
O formato da competição e a lista de acesso foram aprovados pelo Comité Executivo da UEFA, em Dublin, devendo os detalhes da distribuição de verbas e sistemas de solidariedade, bem como o nome da competição, sistema de coeficientes e estratégia comercial ser finalizados durante o próximo ano. 
"Há uma crescente procura por todos os clubes de possibilidades de poderem jogar com mais regularidade nas competições europeias. Isto foi conseguido através de uma abordagem estratégica, em conjunto com o objectivo da UEFA de ter tanto mais qualidade como mais inclusividade nas nossas competições de clubes”, esclareceu Aleksander Ceferin.
O que muda na Liga Europa?
Como parte no ciclo de competições 2021-2024, a Liga Europa irá também alinhar no novo formato. Actualmente, os terceiros classificados de cada um dos grupos da Liga dos Campeões que não se apuram para os oitavos de final da mesma prova ficam automaticamente qualificados para os 16 avos de final da Liga Europa.
No entanto, a partir de 2021, as regras vão mudar. Os terceiros classificados da Champions League não passam directamente para os actuais 16 avos da Liga Europa. A UEFA decidiu criar uma ronda adicional – jogada antes do sorteio dos oitavos de final – que vai opor os terceiros classificados da Liga dos Campeões aos segundos classificados da Liga Europa."

Estão a mostrar-nos o futebol do futuro e parece assustador

"Superfinal da Taça Libertadores é um aperitivo do futebol que aí vem sob a égide da FIFA e da UEFA. E os adeptos?

Esta final da Taça Libertadores transpirava problemas por todos os poros ainda antes de ser dado o pontapé de saída e por isso foi decidido que cada uma das duas mãos teria nas bancadas apenas os adeptos da equipa da casa. Isso não foi, como vimos, suficiente para se evitar o descalabro - inspirando, uma vez mais, a estranheza quase filosófica destes comportamentos extremos dos argentinos, povo afável no quotidiano e fanático como os mais fanáticos no futebol!
Aquilo que também vimos foi um pouco do que querem fazer do futebol no futuro - e parece assustador! Numa decisão incompreensível do ponto de vista desportivo, sobretudo na perspectiva dos adeptos, o jogo decisivo foi retirado da Argentina e arrematado como mera mercadoria ao lance mais elevado (e com mais influência nos corredores do poder). O Real Madrid quis juntar mais uma final à longa e prestigiada lista das que já tiveram como cenário o Santiago Bernabéu e, de súbito, toda esta improbabilidade mostrou-nos como a paixão dos adeptos conta cada vez menos face a um futebol-negócio mais preocupado em satisfazer patrocinadores e gente endinheirada.
Para lá do reduzido acesso que os adeptos residentes na Argentina passaram a ter aos bilhetes (cinco mil para cada clube), quantos poderão pagar os preços agora pedidos? Num país onde o salário médio ronda os 365 euros, a diferença que vai de ingressos entre 18 e 80 euros a ingressos entre 80 e 250 euros pode ser bem maior do que aquela que separa os continentes europeu e americano... Se pensarmos que, aproveitando a onda mediática e comercial, a organização deste encontro resolveu passar de 12 mil para 22 mil os bilhetes destinados a sponsors e autoridades (reduzindo os disponíveis para o público), percebe-se como também a distância entre o futebol e os próprios adeptos tenderá a alargar-se na proporção directa do crescimento do tal futebol-negócio como planeiam FIFA e UEFA.
Chame-se Superliga ou outra coisa qualquer, sejam competições europeias ou de selecções, futuramente talvez nos reste pouco mais do que um lamento semelhante ao de Gustavo Alfaro, treinador do Huracán, da Argentina, a propósito da final da Libertadores jogada fora do país: "Estão a roubar-nos algo argentino, como se amanhã nos dissessem que não podemos sequer dançar o tango". 
Como se amanhã nos dissessem que o futebol é só para alguns..."

Benfiquismo (MXXIII)

1906

TIC

"Nesta segunda oportunidade, a unidade de todo o Benfica é uma assumida exigência. Por respeito à história e à liberdade na diversidade

1. Ontem na Luz, o intervalo fez muito bem ao Benfica de Rui Vitória. Os primeiros minutos da segunda parte mostraram que as palavras do Presidente Luís Filipe Vieira chegaram ao balneário. O que era lento passou a ser rápido. O que era ansiedade passou a ser intensidade. Foram mais que quinze minutos à Benfica. E tínhamos saudades desta velocidade, de tanta criatividade, de momentos largos de verdadeira nota artística. Ontem, na Luz, renovou-se a confiança entre o relvado e as bancadas. E a grande segunda parte do Benfica fez sorrir Luís Filipe Vieira. O vendaval atacante benfiquista é um sinal animador neste arranque de um Dezembro redentor. Duplamente redentor. Para o Mundo cristão e para o mundo benfiquista. E, nesta segunda oportunidade, a unidade de todo o Benfica é uma assumida exigência. Por respeito à história e também por respeito à liberdade na diversidade que faz do Benfica uma instituição singular e única. E em cada divergência há, logo, uma extraordinária convergência. Agora é o Paços para uma Taça que, largas vezes, conquistámos. A alegria de ontem tem de ser replicada! Bem replicada! Para alegria de milhões que sentem o prazer e detestam a dor!

2. O Benfica, o Benfica da liberdade e da diversidade, do pluralismo e da agregação ao redor do símbolo identificador e do hino inspirador, vive momentos que, na inspiração do Professor Jorge Castelo, se sintetizam em três letras: TIC. Tempo. Ideias. Condições. O tempo em razão dos últimos resultados é um tempo curto. Este mês de Dezembro é um mês exigente e temos de fazer tudo manter - ou diminuir, o que seria fantástico! - a diferença pontual para o líder da Liga. Também é importante que as mudanças anunciadas se traduzam em novas ideias. E estas determinam séria convicção e forte adesão colectiva. É preciso que todos acreditem que é possível - que é essencial - que a reconquista da Liga se concretize já que ele é determinante para o projecto europeu do Benfica. E este projecto não pode ser uma utopia discursiva. Tem de ser um sonho que tem actos e factos que se sentem e que não apenas se pressentem. E daí as condições. E estas envolvem fiabilidade nas propostas - que não em projectos - e viabilidade nos projectos subjectivos que se desejam. Daí que a crítica seja salutar. Por vezes seja, na sua impetuosidade, dura. Mas, no final e afinal, está sempre o Benfica, sempre acima do nosso sentir. E este TIC é essencial neste mês de Dezembro. Há mais jogos difíceis, dentro e até fora dos relvados. No mais importa saudar vivamente os resultados económicos e financeiros da SAD - uma vez mais - e perceber que importa acautelar todos os talentos que o Seixal está, e bem, a projectar e a potenciar. Com a certeza aqui que esta Academia é a concretização de um sonho de Luís Filipe Vieira. E esta saudação, sempre permanente, não tem dias nem horas. É uma saudação em razão do enriquecimento do clube e da SAD e, logo, uma saudação que reflecte um outro TIC. O tempo da construção e da consolidação. A ideia e a sua concretização. Em infraestruturas e em recursos humanos qualificados. E condições para um contínuo crescimento e uma global afirmação e reconhecimento. E estes dois TIC's em dilema são, porventura, e na minha opinião - sempre modesta -, o dilema presente deste Benfica. Com a certeza que só os homens (mulheres) calados (as) é que nunca erram. Por mim assumo que já errei. E não esqueço nunca, acompanhando Edward Pheps, que «o homem que não comete erros geralmente não faz nada!» E no Benfica, nos últimos anos, muito, mas mesmo muito, foi feito!

3. Quando falta uma jornada para o fim da fase de grupos das duas competições europeias de clubes, três referências importa suscitar. A primeira é que já estão fora dos dezasseis e dos oitavos de final da Liga Europa e das Liga dos Campeões marcas importantes como o Mónaco, o Marselha, o PSV ou o Anderlecht. A supremacia do PSG no futebol francês começa a provocar efeitos negativos de contágio! A segunda é que a Rússia aumentou a sua vantagem em relação a Portugal no ranking da UEFA, ou seja, no ranking que determina o número de clubes que participam de forma directa na fase de grupos das competições europeias. O que implica que continuaremos a ter apenas o nosso campeão a entrar directamente na fase de grupos da Liga dos Campeões. A terceira para constatar que as grandes Ligas continuarão a dominar os dezasseis clubes que marcarão presença no sorteio dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Onde entra, com todo o mérito, e como cabeça de série, o Futebol Clube do Porto, bem liderado e identificado com Sérgio Conceição. E, assim, se vai construindo uma Europa do futebol em que os grandes são cada mais os permanentes. Com todas as consequências. Também aqui vale o TIC. Tempo. Ideias. Condições!!! O futuro próximo das competições europeias de clubes também está em mudança. Diria que em mudanças.

4. Nestas vésperas de Natal uma das prendas que aprecio são livros. Tenho uma assumida paixão por livros. E lembro sempre a grande Marguerite Duras: «Caminhas em direcção da solidão. Eu não, eu tenho livros». Permitam-me que lhes sugira dois acabados de sair. Um de um Amigo. Um Amigo é aquele que dá a mão. E o livro do Professor Eduardo Barroso - «Sobreviver» -, com um sugestivo fundo em verde, é um retrato de uma paixão pela medicina e pela vida. Confessando que viveu Eduardo Barroso enaltece o SNS e ajuda-nos a sentir «a coragem, as dúvidas, as vitórias e as batalhas dentro e fora do bloco operatório». Lendo o livro ainda mais percebemos o homem e o cidadão e agradecemos o privilégio da sua Amizade. Um outro, em inglês, percorre-nos o Football Leaks. Leva-nos aos bastidores, bem profundos, deste «jogo tão bonito». Resulta da análise - de Rafael Busschmann e Michael Wulzinger - de 18,6 milhões de documentos. E como Voltaire poderemos dizer que «se um livro é mau, nada o pode desculpar; sendo bom, nem todos os réus o conseguem esmagar». Boas leituras!

5. O sorteio da Taça de Portugal levará em princípio no meio de Janeiro próximo o Benfica a Montalegre! Será a festa da Taça em estado puro! Será uma festa de Reis, poucos dias após o sugestivo e acarinhado Dia de Reis. Como será bonita esta festa da prova rainha do futebol português. E assim se conjugam Reis e Rainha. Quando se aproxima a chegada, sempre saudada e por vezes controversa, do Menino Jesus!"

Fernando Seara, in A Bola