Últimas indefectivações

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Seja Onde For... Entroncamento...

Bello: Shakhtar (completo)...

Parabéns...

São 116 anos de títulos: escolham um

"Caro Glorioso,
Escrevo-te por ocasião do teu 116.º aniversário, com o principal intuito de te parabentear: muitos parabéns! Parece que foi ontem que a Farmácia Franco viu Cosme Damião dar à luz aquele que viria a ser o maior de Portugal, naquele domingo 28 de Fevereiro, ano bissexto de 1904, decorria o reinado de D. Carlos I, antepenúltimo rei de Portugal (seguiram-se D. Manuel II e Eusébio da Silva Ferreira). Parece que foi ontem por uma miríade de razões. Eu destaco duas: o tempo que não anda, corre, e os jogadores que não correm, andam.
Parece que foi ontem que nasceste, Benfica, tal foi a displicência e a ingenuidade demonstrada ontem por uma equipa que não quis nem soube ganhar; que não quis nem soube honrar minimamente 116 anos de história, muitos deles passados a cravar o nome Sport Lisboa e Benfica na Europa.
Muitos deles passados… Ah, todos eles passados… Passados… Perdoa-me a pungência das minhas palavras e o desvio da narrativa, mas tinha que tirar isto do peito. Eu compreendo a natural tendência de olhar para trás no dia de aniversário, mas está na hora – na verdade, já tarda – de olhar para a frente.
Os nossos anos gloriosos não podem estar confinados ao século passado. O “Glory Days” do Springsteen não pode ser o nosso novo hino: chega de olhar com nostalgia para os “glory days” que lá vão; vamos em busca dos que estão por vir. Foi também com o objectivo de te tentar dar este “abanão” que decidi escrever-te. Peço-te, então, que subvertas as palavras de Edmund Burke. O filósofo irlandês afirmou que “quem não conhece a história está condenado a repeti-la”.
Mas é preciso repeti-la, Benfica. É o momento de conhecer a nossa história para repeti-la. Ainda que Burke não goste, ainda que o seu fantasma venha assombrar-nos, temos que reverter o pensamento que a citação do irlandês encerra. E, sejamos sinceros, entre o fantasma de Burke e a maldição de Guttmann, que venha o primeiro.
O futebol está bem diferente, bem sei; no entanto, com certeza haverá no nosso passado algo que poderá ser replicado ou adaptado no presente para dar frutos no futuro. Algo como a mística, a crença e a raça tantas vezes incorporada por Humberto Coelho, algo como o virtuosismo e a classe de Chalana, algo como a veia goleadora de José Águas ou de Eusébio (no caso de Eusébio não era uma veia, era um sistema cardiovascular completo).
Não será fácil, mas “se fosse fácil não era para nós”, já dizia Rui Vitória (é estranho: não estamos a jogar grande coisa, ganhámos um jogo nos últimos seis e mesmo assim ainda não tenho saudades dele, como preconizado no “Programa da Cristina”). Ainda assim, nós, benfiquistas, tudo faremos para tornar tudo mais alcançável, ainda que o “Inferno da Luz” me pareça “coisa do passado” (apesar da expressão ser atirada aos quatro ventos por quem, claramente, não viveu, nem ouviu falar do real “Inferno da Luz”).
Aproveito para te pedir para que, nos entretantos, não descures todo o ecléctico universo que te compõe. Temos condições para nos impormos em todos os panoramas desportivos nacionais e em alguns europeus (casos do hóquei e do futsal, em ambos os géneros, e do voleibol masculino). Além disso, é necessário construir uma marca forte e com capacidade de expansão – algo que creio já estar em curso.
Sei que te peço muito (e que nada me deves) – e muito mais tinha a pedir -, mas faço-o por te saber capaz e por acreditar que a concretização dos meus pedidos deixaria milhões extasiados. No entanto, não esqueço o principal motivo da minha epístola: 28 de Fevereiro é, e sempre será, dia de festa e de celebração, incondicionalmente. Porque é dessa forma que vivo a minha paixão por ti.
Muitos parabéns pelo 116.º aniversário, que sejas muito feliz, Sport Lisboa e Benfica! A tua felicidade é, verdadeiramente, a minha. E a de milhões. 
 Até sempre e para sempre,
Um orgulhoso benfiquista"

Qual o papel do desporto na promoção dos direitos humanos?

"O ‘Caso Marega’, e a subjacente discriminação em razão da raça, convoca-nos também para o debate da necessidade de os palcos desportivos servirem para a promoção da defesa dos direitos humanos, assentes no pilar da dignidade da pessoa humana, sendo o desporto, ele próprio, um direito humano, como o qualifica a Carta Olímpica.

A verdade é que, sem prejuízo de assinaláveis conquistas nas últimas décadas, assiste-se ainda a sistemáticas violações de direitos humanos em contexto desportivo.
Há, desde logo a assinalar e a lamentar fenómenos de discriminação, incidindo essencialmente em segmentos da população mais vulneráveis - falamos de categorias de seres humanos que englobam pessoas marginalizadas, com estatutos pessoais diminuídos, a quem, por diversas razões, se colocam múltiplas barreiras.
A discriminação em razão da raça, ao nível do acesso e desenvolvimento das competições desportivas, para além de actos racistas perpetrados por atletas e por espectadores, são uma realidade que teima em persistir.
Ao nível das mulheres, ainda se assiste a fenómenos de restrições no acesso à prática desportiva, da base ao alto rendimento; há ainda mulheres proibidas de assistir a eventos desportivos em estádios; subsiste o fosso entre homens e mulheres no pagamento de salários ou prize money; há mulheres cujas modalidades ou disciplinas, contrariamente ao que sucede com os homens, não fazem parte do programa de eventos desportivos, como o recente caso que envolveu a nossa brilhante atleta da marcha, Inês Henriques. E que dizer do recente caso Semenya, em que as regras da IAAF afrontam o direito ao desporto, ao restringirem de forma discriminatória, arbitrária e desproporcionada (ainda que, claro, a ética desportiva, a integridade das competições, sejam, por si, fundamentos bem razoáveis), a elegibilidade para participação de certas mulheres em determinadas competições?
Há também discriminações em razão da deficiência. Alguns exemplos: organizações desportivas que se recusam a oferecer condições de treino e/ou de participação em actividades desportivas recreativas ou competitivas; o desrespeito pelas legislações das acessibilidades, inibindo, por exemplo, o acesso de quem tenha mobilidade reduzida/condicionada às infraestruturas desportivas, ou não assegurando condições de segurança e comodidade; diferenças salariais; diferenças na cobertura mediática dos eventos.
Por outro lado muitas crianças ainda são vítimas de abusos sexuais, sobrecarga intensiva de treino ou trabalhos forçados, para além do flagelo do tráfico de crianças com fins desportivos.
Não se compreende também que em pleno século XXI proliferem discriminações com base na orientação sexual ou, num plano mais amplo da comunidade LGBTI, em torno de atletas transgéneros.
De igual modo, muitas vezes em nome da saúde pública, da ética desportiva e da integridade desportiva, regras desportivas colocam em crise o direito à nacionalidade (‘nacionalidade legal’ vs ‘nacionalidade desportiva’), a reserva da vida privada (por exemplo, em matéria de dopagem - controlos antidopagem fora das competições ou o sistema dos whereabouts – ou os regulamentos internos de clubes que privam os atletas de ter vida pessoal) e/ou a dignidade da pessoa humana.
Por outro lado, os atletas são ainda privados (por vezes de forma arbitrária, não proporcional) de alguns dos seus direitos fundamentais, para se proteger os (legítimos, é certo) interesses desportivos e comerciais dos organizadores dos eventos desportivos: por exemplo, para se proteger as “propriedades Olímpicas” ou se combater fenómenos como o ambush marketing, urge restringir a liberdade de expressão de atletas ou espectadores.
Acresce que a organização de alguns (mega) eventos desportivos envolve, por vezes, trabalho infantil; morte de trabalhadores por sobrecarga intensiva de trabalho ou ausência de regras técnicas, de saúde e de segurança; deslocalização de cidadãos proprietários de terrenos nas zonas onde o evento vai decorrer; restrições aos jornalistas relativamente às críticas que possam querer fazer relativamente às cidades de acolhimento dos eventos desportivos.
Num outro plano, se não houver razões de segurança dos atletas ou de igualdade no uso de equipamento/material desportivo entre atletas, a proibição do uso de algumas roupas com conotação religiosa – como o véu islâmico- pode ser atentatória da liberdade de pensamento, consciência e religião.
Refira-se também que práticas como o obrigar um jogador a treinar à parte – sem fundamento médico ou disciplinar – configura um assédio moral que restringe o direito ao trabalho, o qual também é violado se e quando se aplicarem sanções disciplinares desproporcionais ou se se criarem barreiras injustificadas a transferências.
Mencione-se ainda casos de intimidação e/ou detenção de defensores de direitos humanos quando se reúnem para se manifestarem – o que pode consubstanciar violação à liberdade de reunião – ou normas que forcem à constituição de associações como requisito para a obtenção de um qualquer direito/apoio – que suscita questões no ângulo da liberdade de associação.
Mais: à revelia da proibição de tortura, por vezes há atletas que são forçados a recorrer à batota, manipulando resultados de jogos em que participam – tratamento degradante – sob ameaça de sofrerem severas consequências; e ainda acontece, felizmente episodicamente, que um fã seja torturado por usar o equipamento de uma equipa adversária…
Por último, assinale-se que nem sempre a ‘justiça desportiva’, ou seja, os mecanismos de resolução de litígios em órgãos jurisdicionais federativos ou pela via da arbitragem desportiva, é totalmente conforme com o acesso ao direito e aos tribunais, princípio comum às Constituições dos Estados democráticos, designadamente quando se veda em absoluto o acesso à justiça comum ou quando são muito elevados os custos de acesso à ‘justiça desportiva’. E não se olvide casos de responsabilidade objectiva de agentes desportivos que surgem ao arrepio do princípio da presunção da inocência.
Há muito a reflectir, sem dúvida. Por uma coexistência pacífica entre o desporto e os direitos humanos."

Que formação para os treinadores de desporto?

"Há muito que, felizmente, não tenho de me confrontar com males que me obriguem a visitar o médico ou o dentista, que não seja para buscar umas receitas para combater a hipertensão e a hipercolesterolemia. Sobra-me a sorte, porém, de ter tido de procurar serviços de engenheiros civis e arquitectos, quando me pude envolver numas quantas pequenas construções que me apaixonaram. Em qualquer dos casos, quando o fiz, quando o faço e quando o fizer, procurarei profissionais devidamente habilitados e certificados, procurando garantias mínimas de competência; e se tiver de me confrontar, mesmo nessas condições, com exercícios de manifesta incompetência, rapidamente recorrerei a um advogado devidamente habilitado, também, de toga e tudo, que defenda onde de direito os meus mais do que justos pontos de vista.
No universo desportivo, porém, as coisas não se passam sempre necessariamente assim; é curioso! Aqui, os bons fazedores são muitas vezes (ou as mais das vezes) considerados os melhores “ensinadores” (para não lhes chamar professores, nem treinadores): “monitores” dirão alguns, mas monitores que não monitorizam! Papagueiam como lhes valha as artes da linguagem o que interpretam do que fazem e de como chegaram a fazer aquilo que aparentemente fazem bem. Fazem tábua rasa da Pedagogia, da Didáctica, da Sistemática, da Metodologia, da Fisiologia do Exercício e do Treino, da Biomecânica, da Antropologia (cultural e física), da Psicologia, da Sociologia, da Anatomia, da Traumatologia. Fazem-no não por aversão a estes territórios, mas porque nunca os visitaram, porque os desconhecem, porque não sabem para que servem nem como lhes podem ser úteis. E a culpa não é deles!
Efectivamente nada disso é preciso para jogar bem à bola, para ser campeão de natação, ou para ganhar uma medalha no tiro com arco. Para isso é “só” preciso ter talento (que também se constrói com aquelas ferramentas estranhas…) e ser objecto de uma boa “engenharia” de virtudes desportivas, “cozinhada” com aqueles e alguns outros ingredientes por um “maître” devidamente apetrechado (leia-se: habilitado) para lidar com a enorme complexidade da tarefa. E ela é mesmo “enorme”, apesar de ser preciso alguma atenção e vontade para o perceber; é que o paciente não parece correr o risco de morrer a curto prazo (às vezes, sabe-se lá…), a osteopenia da mandíbula não deverá tornar-se evidente, nem a ponte vai cair. Confortavelmente, reduzimos a coisa ao “jeito” do praticante e à “sensibilidade” e “habilidade” do “ensinador”.
E pronto! No desporto, como seria nas artes médicas, parece bastar ter sido bom doente. E se acontece julgar-se que talvez não baste, sobrará se se passar por Vilar de Perdizes uns quantos fins-de-semana. Isso de profissões reguladas, certificadas e com exigências e responsabilidades que imponham formação universitária, não parece ser para aqui chamado. Isso é para coisas sérias, não para o desporto!"

Benfiquismo (MCDLVII)

Reflexão

"Campeonato nacional e Taça de Portugal são, por agora, ementa suficiente para satisfazer a nossa gula

Nunca houve crise, nem o Benfica saiu dela. Há um campeonato disputado no limite, com os dois primeiros a perderam poucos pontos e a saberem que um deslize significa comprometer o objectivo. Com vinte e duas jornadas realizadas, o Benfica perdeu nove pontos. Seria excelente sob qualquer critério.
O Benfica não fez um jogo excepcional em Barcelos, mas fez o suficiente para ter marcado pelo menos mais um golo e ter acabado o jogo sem tanto sofrimento. Mérito do guarda-redes gilista e da barra, que adiaram a tranquilidade encarnada até ao apito do árbitro. A vitória tangencial do Benfica sobre o Gil Vicente não se compara com a goleada do FC Porto aos amigos do Portimonense. Vítor Oliveira tem todo o mérito no bom campeonato que o Gil Vicente está a fazer. Os de Barcelos são um clube de primeira liga, recebem com invulgar elegância e educação e têm um estádio bonito e adequado. Em Barcelos num estádio pintado de vermelho e branco houve um apoio inacreditável ao Benfica, um exemplo a seguir pelos nossos adeptos (até os da luz).
Faltam doze jogos (seis na luz e seis deslocações), será uma contabilidade massacrante e permanente. O Benfica é melhor quando assume o jogo e parte para cima dos adversários do que quando tenta gerir os jogos com posse de bola. Samaris fez um bom jogo mas isso já nem é notícia, o grego é um excelente profissional e sempre que é chamado mostra o seu carácter e competitividade. Samaris é um campeão e isso ajuda a ser campeão.
Agora segue-se o Moreirense no jogo que foi o pesadelo da última época, basta lembrar esse jogo para perceber toda a dificuldade de segunda-feira.
Hecatombe europeia das equipas portuguesas. Por muito que nos custe, é o reflexo do nosso actual valor. Não caímos da Liga dos Campeões, caímos todos da Liga Europa. O Benfica não segurou por duas vezes a vantagem na eliminatória, o FC Porto foi atropelado por uma equipa de segunda linha alemã, o Sporting foi derrotado por uma equipa de terceira linha europeia e o SC Braga ainda prometeu mas não cumpriu. Vale a pena reflectir. A realidade é que voltam todos à disputa do interlugares.
O Campeonato Nacional e Taça de Portugal são, por agora, ementa suficiente para satisfazer a nossa gula. Segunda-feira, na Luz, todos a apoiar porque a nossa Europa é agora o Moreirense. Nesta fase da época, mais do nunca, faz sentido o nosso conhecido cântico «eu só quero o Benfica campeão»."

Sílvio Cervan, in A Bola

Reviravolta...

Benfica 85 - 82 Galitos
13-17, 19-28, 21-21, 32-16

Vitória extremamente complicada... Descalabro da 1.ª parte rectificado no 4.º período!!!
Estávamos a perder por 14 a menos de 4 minutos do fim!!!
Parece que as mini-férias fizeram mal à equipa...

E já agora, até aqui, os apitos já enjoam: o Hillard levou uma chapada e foi expulso...!!!

2.ª derrota em casa...

Benfica B 0 - 1 Leixões


Derrota, num jogo marcado por uma arbitragem surreal: logo aos 3 minutos, perdoou um Vermelho directo a um jogador do Leixões, numa falta sobre o Anjos que nem sequer marcou; na 2.ª parte perdoou outro, numa entrada perigosissima sobre o Ramos, com os pitons no calcanhar... transformando um Vermelho num Amarelo... O jogo acabou com 23-11 em faltas, num jogo onde o Leixões foi a equipa mais agressiva... e só marcou 1 falta a favor do Benfica nos últimos 30 metros!!! É muito complicado ganhar jogos apitados desta forma... independentemente de todas as outras variáveis!

Em relação ao jogo, começamos bem, até ao 0-1 o jogo foi 'nosso', o Leixões marca num penalty completamente contra a corrente do jogo... Perdemos confiança, o Leixões ganhou confiança e começamos a decidir mal...
Na 2.ª parte ainda atirámos ao poste, mas nos últimos minutos perdemos discernimento... uma segunda metade onde tivemos jogadores do Leixões deitados na relva mais de 10 minutos, sem exagerar!!!

Raridades...

"Sem qualquer tipo de ironia, nem sequer sarcasmo, estou convicto de que Jackson Martínez não falhou propositadamente a grande penalidade frente ao FC Porto. É certo que descrever o falhanço como uma aberração ou afirmar que a bola foi parar ao Douro é insuficiente para dar uma ideia aproximada do sucedido. Diria, talvez, que a bola tomou o rumo das teorias da conspiração, passou metros acima da barra conforme requerido nesse contexto, pontapeada por um atleta em tempos dado como reformado após anos de serviço enormemente apreciados por quem anteviu, naquele momento e no pé do seu ídolo, a possibilidade de um sério revés na perseguição ao líder. Não aconteceu, é futebol, mas imagine-se o chinfrim se Jackson se chamasse Jonas ou Cardozo, e alinhasse por um clube, se existisse, tido como um entreposto do Benfica. O Insolvente, o protoprocurador-geral da república desportiva do Twiter e o ermita das catacumbas de Contumil não se calariam, beneficiando da sempre solícita colaboração de órgãos de comunicação social outrora respeitados, mas agora nitidamente capturados, para amplificar as insinuações e acusações, os pseudojulgamentos na praça andrade e as exigidas condenações. Mas recuemos ao lance que originou a grande penalidade, uma falta que se revelou evidente nas repetições e acertadamente assinalada pelo VAR, o que por si só é uma raridade, já que o beneficiado da decisão não foi o FC Porto. Acresce que nem árbitro nem VAR da partida em questão pertencem à Associação de Futebol do Porto, outra raridade. É caso para dizer que as boas decisões não acontecem por acaso. E também para perguntar se, desta vez, o Fontelas Gomes se distraiu nas nomeações ou se subavaliou o impacto da quinta-feira europeia."

João Tomaz, in O Benfica

Papoilas e urtigas

"Ter sido fundado numa farmácia não livrou o Sport Lisboa e Benfica de ter sócios e adeptos com claras necessidades de medicação. Só assim se explica o que tem acontecido nas últimas semanas em redor da equipa principal de futebol masculino. A montanha-russa de sentimentos, o desrespeito pelos profissionais que a integram e a guerra aberta contra esta direcção quase não tem paralelo nestes 116 anos de história que hoje comemorarmos. Como é possível que, no momento em que mais necessitamos de união para derrotar um inimigo sem escrúpulos (e que vive da mentira, da coacção e da violência) as baterias sejam apontadas a Bruno Lage e sua equipa? Opiniões sobre táctica e desempenho de jogadores todos temos, é essa a beleza do futebol. Já o ataque pessoal e a desconfiança do mérito de uma equipa campeã (em benefício pessoal) são formas de mostrar o que pior existe na sociedade e no desporto. Vivemos tempos em que a mentira passou ser facto. E quando mais a repetem, mais o ruído se torna ensurdecedor. Os 24 homens que deram o pontapé inicial para uma história gloriosa em 1904 estariam longe que se tornou o seu clube: a grandiosidade, o ultrapassar de fronteiras, os títulos, o exemplo, o ecletismo, o papel social e político e o impacto na sociedade portuguesa ao longo dos séculos XX e XXI. Devem estar muito orgulhosos aqueles pioneiros, mas acredito que também devem olhar com tristeza e mágoa para aquilo que se tornou o desporto, e o futebol em especial.
O Sport Lisboa e Benfica é uma experiência social que deu certo. É o ponto de encontro de gente de esquerda e de direita, religiosos e ateus, brancos e pretos, homens, mulheres e crianças, novos e velhos. É por ser tão grande - demasiado grande, arrisco - que nas suas fileiras de sócios, adeptos e simpatizantes podemos até encontrar gente que não presta. É o problema da dimensão. Por capricho da natureza, há sempre uma urtiga a estragar um campo de papoilas, mas o olhar inteligente irá sempre apreciar muito mais a flor vermelha do que a erva daninha. Parabéns!"

Ricardo Santos, in O Benfica

25 anos de Benfica

"Em 5 de Agosto de 1994, assim que as enfermeiras concluíram mais um parto com sucesso, o meu pai não esperou nem mais um dia e saiu a correr do hospital para me inscrever como sócio do Sport Lisboa e Benfica. A minha mãe, que tinha enfrentado nove meses de ansiedade, preocupação e desejo até ao meu nascimento, sorriu como se já não sentisse o corpo todo dorido quando me pegou pela primeira vez. O meu pai só conseguiu sorrir descansado depois de pegar no cartão de sócio. Ela aguardou 274 dias para poder conceber o menino querido, enquanto a espera dele recomeçava ali, até poder ir finalmente aos jogos com o rapaz ao seu lado. Estou convocado para amanhã ir à Luz receber o emblema de prata, recompensa pelos meus 25 anos de sócio. Há muito que ansiava ser convocado. Por Camacho, Jorge Jesus, Rui Vitória ou Bruno Lage. Preferiram sempre outras opções, no entanto devo reconhecer que a convocatória para amanhã é aquela que eu verdadeiramente mereço. São anos e anos de devoção a um emblema. Incontáveis momentos de euforia extrema, alguns de sofrimento angustiante. Abraços sufocantes ao meu pai, à minha irmã e a desconhecidos. Amizades autênticas. Milhares de quilómetros estrada fora. Sempre pelo Benfica, uma paixão bonita, saudável e sem fim. Até a Rita, a minha namorada, se rendeu. Expliquei-lhe cedo que, devido aos meus valores e princípios, sou apologista de que é impensável dar aquele passo só depois do casamento. Sim, no meu entender tem de ser antes, pelo que ela também já é sócia. Assim já reúne todos os requisitos para podermos casar e ter filhos. O avô já não consegue esconder o desejo de poder pegar no cartão com o nome do neto."

Pedro Soares, in O Benfica

Paz podre

"Um destes dias fui surpreendido por um intitulado 'Movimento pela Paz no Futebol'.

À partida a ideia parecia interessante, e, como tantos outros adeptos que vivem os clubes com paixão, também eu gostaria de desfrutar de um desporto sem guerras nem conflitos, em que os jogadores e os treinadores fossem os únicos protagonistas, e o espectáculo terminasse logo após o apito final do árbitro. Aliás, se todos os presidentes, de todos os clubes, tivessem o fair play normalmente manifestado por Luís Filipe Vieira, o primeiro passo estaria dado. Não decorreram mais do que alguns segundos até perceber quem era o promotor do dito movimento: o inefável comentador televisivo Rui Santos. Custei a acreditar. Então um individuo que mais não faz do que chafurdar na lama do futebol português, criando e empolando casos e polémicas - sem as quais, diga-se, o seu programa nem existiria - lembrou-se agora de lançar um movimento pela pacificação?!? Como se não fossem precisamente as 'guerras' a alimentar a personagem?!? De facto, é preciso não ter vergonha. Rui Santos, que semanalmente, e sem que se perceba porquê, reza a sua missa televisiva sem rigor nem contraditório, é um caloroso antibenfiquista, faceta que só atenuou quando o nosso clube era treinador por um seu amigo pessoal, e quando o seu Sporting era dirigido por um presidente que detestava. Ao contrário de outros jornalistas, a sua 'independência' sempre foi muito mal disfarçada. E quando a ódios de estimação, seria fastidioso elaborar a lista. Fala muito, não se cala, mas não engana ninguém. Paz no futebol? Sim! Com Rui Santos? Nem pensar!"


Luís Fialho, in O Benfica

Tricampeões

"Mais um título conquistado pela nossa fantástica equipa masculina de atletismo. Depois do campeonato de corta-mato curto, agora o campeonato nacional de clubes em pista coberta, em Braga. Com uma equipa de luxo, formada por 14 atletas de eleição, o SL Benfica conquistou o tricampeonato. Diogo Ferreira, Isaac Nader, Ivo Tavares, Raidel Acea, Tsanko Arnaudov, João Oliviera, Samuel Barata, Pedro Pablo Pichardo, João Coelho, Mauro Pereira, Mikael Jesus, Diogo Antunes, Miguel Rodrigues e Gerson Baldé merecem o nosso louvor. Este feito é ainda mais notável se tivermos em conta as ausências dos geniais Paulo Conceição, recordista do salto em altura, e Ricardo dos Santos, recordistas dos 400m.
Em Braga, o 'manto sagrado' foi defendido como deve ser defendido, em mais uma demonstração de raça, crer e ambição. Esta performance está sustentada na timoneira, Ana Oliveira, e numa equipa técnica de eleição - Pedro Rocha, Acácio Paixão, Fernando Pereira, Jorge Pichardo, Vítor Zabumba, Paulo Barrigana, Nélson Melo, Vladimir Zinchenko e Miguel Barrigana. Para que nada falte, estão lá sempre a delegada técnica, Isabel Oliveira, José Carlos Baptista e Ana Morais, na logística, Adam Ferreira e André Catulo, da multimédia, e José Rosa, o dedicadíssimo seccionista. Fundamental nos êxitos tem sido o departamento médico, composto pelo médico Daniel Cardoso, pelo fisioterapeuta Diogo Antunes, pelo massagista Jorge Silva e pelo psicólogo Sérgio Vaz.
Ou seja,34 grandes profissionais que nos brindaram com mais um momento único, provando que, com trabalho, método e organização, a vitória acontece."

Pedro Guerra, in O Benfica

Ética!

"A ética é hoje uma bandeira no desporto. E bem necessária, porque o desporto não encontra significado sem uma ossatura ética, de valores que empresta reconhecimento social ao esforço, ao aperfeiçoamento constante e à superação. Quem assiste tende a focar-se mais na competição, deslocado que está do caminho feito pelo atleta, da exigência do treino, da dureza de competir consigo próprio em direcção aos limites e para lá deles. Quem pratica leva para consigo a certeza do trabalho feito e a consciência dos seus limites, fraquezas e capacidades. Quando em equipa, aumenta a consciência do valor do outro e a certeza de que o sucesso de cada um depende do colectivo e que, quase sempre, o sucesso desse colectivo chamado equipa depende da sua riqueza a diversidade. Uma equipa de valores individuais de excelência todos iguais, com os mesmos medos e certezas, forças e fraquezas, estaria condenada ao fracasso porque, mesmo que alcançasse a vitória, nunca seria resiliente. A equipa alimenta-se de cada um dos seus, recorre ao temperamento explosivo de uns, à visão estratégia de outros ou à prudência e antecipação de outros tantos. Mistura na mesma ambição atitudes de aversão e procura do risco e personaliza-se campeã com autoconfiança e força inabaláveis. Neste processo, de pertença e desafio constante, não há lugar ao estigma, mas à partilha humana incondicional, a cor, a cultura, a religião, a língua, são barreiras que se esbatem e caem em benefício de todos. Em busca da vitória! O que une então os diferentes no desporto? Certamente essa consciência do valor intrínseco de cada um, da sua ambição sadia e da luta incessante pela superação. Une-os o respeito mútuo e os valores humanistas que fundam o desporto e são universais, atemporais e anónimos. Numa palavra, une-os a ética, que exige de cada um a verdade para validar o sucesso e a superação individual à luz da sua consciência. Por vezes, mal, questiona-se isto no calor da contenda. É por isso que a Ètica é e será sempre a nossa bandeira universal. A sociedade portuguesa reconhece-o e atribui-a neste ano, uma vez mais, à Fundação Benfica!"

Jorge Miranda, in O Benfica