Últimas indefectivações

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Proibido facilitar

"Os 5-0 de Barcelos, aproximaram o Benfica do principal objectivo da época, mais ainda não o conquistaram. Foi convincente a exibição contra o Gil Vicente, e reduzir o jogo às fragilidades dos de Barcelos, é não conseguir ver os vários méritos que teve o Benfica. Destaque maior para o grande regresso de Fejsa, desta vez não foram só dez minutos, foi mais de meio jogo de grande classe e entrega.
Houve histeria com a nomeação de Capela, muitos desses conhecedores de como se ganharam campeonatos nos últimos 25 anos, sabiam que era necessário um Donato Ramos, um Guímaro, um Marques da Silva, um Calheiros para evitar os 5-0. Ao contrário dos benfiquistas que ficaram indignados, eu gostei de saber que há tantos conhecedores da génese e da história das vitórias do seu clube.
O jogo com o Penafiel, teoricamente o mais fácil, tem esse perigo, ser considerado fácil e não ter a mesma abordagem competente e determinada. O Benfica nesta segunda volta só perder pontos (com excepção da recepção ao FC Porto) quando jogou sem Gaitán, e não tem Gaitán para amanhã. Que este perigo sirva de aviso e motivação extra. Temos que sair da Luz com os olhos da conquista em Guimarães do bicampeonato.
O FC Porto mostrou em Setúbal a alma que tem, nunca entrega fácil um título que ambiciona, e isso só qualifica quer o FC Porto, quer o Benfica. Uma luta acesa e disputada até ao fim, como sempre aqui escrevi que seria.
Haverá 60 mil na Luz a dar colinho. Deste árbitro, o mesmo do Benfica-Belenenses (todos nos lembramos), da última época, deseja-se uma actuação séria e competente. Haverá seguramente, com a experiência de Jorge Jesus, um Benfica determinado e seguro.
Era um dado muito positivo o regresso de Salvio para a recta final da época, mas a entrada de Sulejmani em Barcelos foi uma aposta ganha pelo treinador e pelo jogador. Mesmo com uma onda de lesões muito grande, têm saído bons coelhos da cartola em vários momentos."

Sílvio Cervan, in A Bola

A festa pode esperar

"Por esta altura, não haverá muitos benfiquistas a quem passe pela cabeça a hipótese de ver fugir o título nacional. Depois de cumpridas 31 jornadas, com dois jogos em casa por disputar, com uma margem de erro simpática, e com a força competitiva demonstrada em Barcelos, é de facto difícil imaginar outro cenário. Porém, a nossa história recente obriga a todas as precauções. Se o entusiasmo, e até a euforia, são sentimentos legítimos de uma massa associativa que se alimenta de glórias, aos jogadores e quem os rodeia não é permitido qualquer tipo de dispersão, em face de um objectivo que só estará alcançado quando a matemática assim o determinar.
Há dois anos encontrámo-nos numa situação semelhante. Sabemos o que aconteceu depois. Se o Gil Vicente pode ter sido uma espécie de Marítimo de 2012-2013, não podemos permitir que, amanhã, o Penafiel se transforme numa espécie de Estoril. É pois necessário encarar este jogo como mais uma dura 'final', numa caminhada que ainda não está concluída.
Um estádio cheio irá ajudar. Não para comemorar seja o que for, mas sim para dar mais um forte empurrão à nossa equipa – a qual devemos ajudar, sobretudo no caso de, por qualquer motivo, e em qualquer momento, o jogo vir a tornar-se mais complicado do que o esperado.
Muito dificilmente seremos campeões neste fim-de-semana. O mais provável é entrarmos no difícil estádio de Guimarães ainda a necessitar de pontos. É muito importante poder fazê-lo com algum conforto, sob pena de as contas se complicarem.
Por todas estas razões, amanhã sim, estaremos perante o jogo do ano. A festa? Essa pode esperar."

Luís Fialho, in O Benfica

Exibição à Benfica

"Apesar da insistência, ao longo da semana passada, do pior e mais caro comentador de arbitragem do futebol português, Lopetegui, não foi Capela a merecer destaque na vitória Benfiquista. Foi Maxi Pereira, o melhor lateral a actuar em Portugal, ao bisar num jogo de sentido único, fruto da excelente exibição Benfiquista que seu corpo à expressão 'jogar à campeão', sinónimo de jogar à Benfica. Ou Jonas e Lima que, com um golo cada, cimentaram as suas posições no pódio dos melhores marcadores do Campeonato Nacional, contrariando a ideia veiculada no início da temporada, por alguns opinadores mal-intencionados ou incompetentes, de que faltariam goleadores ao Benfica. Ou Sulejmani e Fejsa, dois dos atletas esquecidos e, por isso, injustiçados, quando esses mesmos opinadores teorizaram sobre as supostas carências do plantel Benfiquista. Ou Júlio César, 'o reformado', que, como se tem visto ao longo da época, ainda ensina ao proto galáctico Patrício e ao bode expiatório Fabiano como se defende, com classe e mestria, uma baliza. Ou ainda Samaris e Pizzi, as mais recentes 'invenções' de Jorge Jesus, que já parecem ser donos dos seus lugares há vários anos.
Três jogos, duas finais. Temos tudo, no campo e nas bancadas, para sermos Campeões.
Para terminar, parabéns à secção de Futsal pelo regresso aos títulos. É mais que justo! E, se a justiça continuar a prevalecer, seremos Campeões Nacionais também nesta modalidade. O ecletismo amplo e ganhador tem um nome: Sport Lisboa e Benfica.
E uma abraço sentido ao funcionário responsável pela vitrina do nosso Museu em que são expostos os últimos troféus conquistados. Está a precisar de um ajudante..."

João Tomaz, in O Benfica

Passo em falso do Benfica? E o Porto?

"Se quisermos comparar o campeonato da Liga a uma corrida de bicicletas, diremos que a jornada do próximo fim de semana corresponde à última curva antes de se entrar na recta da meta para o sprint final: propícia a um toque, a um atraso, a uma queda. Razão pela qual Brahimi, com a pouca esperança que lhe sobra, continua à espera de um passo em falso do Benfica. Apenas pelo que lhe contaram sobre a história recente: em 2012, o Benfica tinha cinco pontos de avanço à 18.ª jornada, à 21.ª três de atraso e no fim menos seis em relação ao FC Porto. Em 2013, foi mais doloroso: quatro pontos de vantagem à 27.ª jornada, exuberante e precipitadamente festejados nos Barreiros, e menos um à 30.ª depois de um empate na Luz com o Estoril e de derrota no Dragão.
Percebe-se, assim, o espírito da mensagem, mas duvida-se da convicção de quem a promoveu. Falou por falar. Por certo obedeceu a esquemas comunicacionais que se julgam com poderes de influenciar o desempenho dos actores, embora a prova deste ano tenha tudo para ser diferente, e a prová-lo o facto de, a seguir ao empate com o FC Porto, há quinze dias, o presidente do Benfica ter exigido prudência e chamado a atenção para os perigos que se escondem por detrás de cada jogo que falta disputar. Não foi Luís Filipe Vieira quem falhou nos dois títulos perdidos para o FC Porto no tempo de Vítor Pereira, mas foi ele, como principal responsável perante a nação benfiquista pela saúde desportiva e financeira do emblema da águia, quem suportou o peso da factura, que deve ter sido elevado.
Em vez de esperar que o Benfica dê um passo em falso, Brahimi deve concentrar todas as energias na defesa dos interesses do seu clube, não se dê o caso de ser o Porto a dá-lo..."

Fernando Guerra, in A Bola

PS: Estas analises superficiais e truncadas da história recente do Tugão deixam-me sempre irritado!!!
Em 2012, quando o Benfica desperdiçou a vantagem que tinha, não evocar os nomes de: Xistra (Guimarães), Hugo Miguel (Coimbra), Proença (Luz) numa primeira fase, e depois de Capela (Olhão), Soares Dias (Alvalixo) e Benquerança (Vila do Conde) numa 2.ª fase, é blasfémia!!!
Em 2013, não falar do contexto Europeu com os jogos em Istambul e no Funchal; não falar do extraordinário minuto na Luz, onde Paulo Baptista se engana 4 vezes (falta sobre Garay não assinalada; lançamento lateral, erradamente oferecido ao Estoril; falta inexistente marcada ao Melgarejo; golo em fora-de-jogo...); não falar do comportamento do futuro treinador dos Corruptos na última jornada...; e não falar, novamente, de Hugo Miguel, é ser desonesto...

Falta-lhes tudo

"Ao longo de mais de 30 anos assisti e acompanhei processos relativos a agressões a jornalistas no relvado das Antas e nos corredores do actual estádio do FC Porto. Fiquei a par de perseguições a treinadores e jogadores do próprio clube que não quiseram renovar contratos - um abraço ao Co Adrianse e ao Paulo Assunção, entre muitos outros. Fiquei boquiaberto com o ridículo apelo de guerra Norte-Sul num país com apenas 700 quilómetros de uma ponta a outra. E agora, como se ainda fosse possível descer mais baixo, eis que a estratégia de comunicação do segundo classificado da Liga volta à sarjeta. Depois da agressão de um qualquer, treinador espanhol a Jorge Jesus, a newsletter oficial do clube publicou e enviou uma mensagem aos seus assinantes onde goza com o técnico do Benfica e com as suas falhas de português. O tema é recorrente e deixa-me, acima de tudo, enjoado.
Eu não tenho que gostar da personalidade de Jorge Jesus. Aliás, nem o conheço pessoalmente, por isso não posse tirar conclusões apenas com base no que leio ou no que oiço sobre ele. A única coisa que posso analisar são os seus resultados como treinador de Futebol e, nesse aspecto, tiro-lhe o chapéu. Dá erros de português? E então, ele foi contratado para meter a equipa a jogar e a ganhar ou para dar aulas de Gramática?
A maior parte dos portugueses não teve oportunidade, vida ou dinheiro para continuar os estudos. Isso não faz deles - de nenhum de nós - menos sérios. Neste país de doutores e engenheiros fajutos era só o que me faltava ficar calado quando vejo um cidadão ser enxovalhado por não dizer correctamente um nome estrangeiro ou por não aplicar correctamente uma regra gramatical. Entendam de ma vez por todas que o tempo do jogo sujo e baixo acabou. Faltam seis pontos."

Ricardo Santos, in O Benfica

Mão cheia!

"Uma mão cheia de golos para marcar de vez o rumo ao Campeonato. Sem euforias, mas cada vez mais com a enorme razão de sermos os primeiros e os melhores! Gostei de ouvir como alguns comentadores, cheios de si e dos delírios que proferiram ao longo da época, ainda falaram em penáltis por marcar e jogadas mal definidas... ou mal compreendidas pelos árbitros. Outros envolveram-se em juízos de prognose do possível... se o Gil tem marcado, se o Benfica tem sofrido. Tudo isto relativamente a um jogo de 5-0! Acho que estamos conversados sobre a verdadeira revolução que as televisões e os jornais necessitam imprimir ao seu estilo de comentário.
Estão reunidas todas as condições para prosseguirmos com ambicioso objectivo de nos tornarmos bicampeões nacionais. A três pontos do adversário - com uma vitória por dois golos sem resposta nas Antas, na 1.ª volta, e um empate na 2.ª - o Benfica apresenta-se como o mais forte candidato ao título.
E o FC Porto? Onde se situa? Ainda tem hipóteses de nos estragar a festa? Lopetegui e o onze principal do Porto sentem a pressão da distância e a curta margem de manobra de que ainda dispõem. De facto, entrando varias vezes em campo depois de deslizes do líder, o Porto teve todas as condições de tornar a recta final da Liga num tumulto de sensações e riscos. Não o conseguiu, muito devido ao facto de não saber lidar com a pressão externa e interna e porque Lopetegui sabe que está em risco, na verdade, já não é a Liga, mas a sua própria cabeça. O que vamos assistir agora até ao fim? Tentativa de golpes baixos, confusão, neblina e troca de nomes por parte da direcção e equipa técnica do FC Porto... tudo para escamotear o facto de que, volvidas algumas décadas, o Benfica volta a assumir-se como bicampeão nacional."

André Ventura, in O Benfica

Ficam ou não ficam?!

"Em torno de Jesus o debate é inevitável, até porque termina o contrato. Mas nem os contratos tiram Lopetegui e Marco Silva do debate.

Está inevitavelmente montado o debate: deve ou não o Benfica continuar com Jorge Jesus e deve ou não Jorge Jesus dispor-se a continuar no Benfica? Jesus é uma personalidade tão marcante na vida recente do Benfica que não dá mesmo para ignorar a discussão.
Pela minha parte, já aqui deixei bem expressa a opinião de que deveria o Benfica continuar com Jorge Jesus. Mas confesso que já tenho algumas dúvidas sobre o que deve fazer o treinador.
Se o Benfica quer continuar com Jorge Jesus realmente não faz muito sentido não ter já proposto ao treinador a renovação do contrato. Só faz sentido se crê que Jesus não aceitará ficar em circunstância alguma. Mas não parece o caso.
Se não quer continuar com Jesus, como também já aqui o escrevi, então deveria ter deixado isso claro para que o treinador possa realmente definir melhor as suas possibilidades futuras.
Há, entretanto, o lado de Jorge Jesus e quanto a esse não será muito difícil de compreender que é chegado também o momento de Jorge Jesus decidir, por fim, na sua cabeça se quer perseguir a carreira em Portugal ou se quer verdadeiramente assumir o desafio internacional.
O cenário é simples, pelo menos em teoria: se porventura Jorge Jesus vier a decidir ficar no Benfica, quererá certamente assinar um contrato de mais três ou quatro anos, que é o que faz sentido, mesmo considerando que Luís Filipe Vieira conclui já no próximo ano (2016) este seu quarto mandato como presidente; se vier a decidir-se pela aventura no estrangeiro, Jesus também deverá querer, imagino eu, um contrato da mesma natureza.
Conquistando esta época, como parece provável, o terceiro título de campeão no Benfica e decidindo deixar este ano a Luz, Jesus sabe igualmente que sairia pela porta grande e sempre que alguém sai pela porta grande sabe também que deixa a porta sempre aberta.
Ou seja, esse é também um cenário que poderia agradar a Jorge Jesus na eventualidade de lhe surgir uma qualquer proposta realmente interessante de um dos clubes de topo da Europa (de entre os tais 14 ou 16 que andam habitualmente nos lugares de destaque das grandes competições), únicos capazes de seduzir o treinador do Benfica.
No imaginário caso de nessa circunstância Jesus se lançar lá para fora, deixaria então a porta da Luz aberta para um dia voltar a concluir então a carreira no clube onde até hoje foi claramente mais feliz.
Mas o que pode compensar Jorge Jesus trocar uma realidade que domina e bem conhece por uma outra que será sempre, à partida, misteriosa? O dinheiro, naturalmente, porque a questão financeira faz sempre diferença quando se procura o maior conforto possível para a família e todos os descendentes, mesmo tendo em conta que já ganha no Benfica o tornou provavelmente no mais bem pago treinador de sempre em Portugal; e poder provar, quanto mais não seja a ele próprio, que é capaz igualmente de ganhar num grande clube estrangeiro.

E aposto, já que falo nisso, que Jesus será capaz de ganhar em qualquer clube de topo no estrangeiro!


Ainda quanto ao futuro de Jesus no Benfica, haverá os que pensam que se ele for bicampeão fará se quiser e que se não for fará o que o presidente entender. Tendo a não concordar.
Não acredito que Jorge Jesus ou Luís Filipe Vieira façam depender do título a decisão de continuarem a trabalhar juntos.
Não faz sentido que um presidente que há dois anos quis continuar com o treinador quando todos os queriam ver pelas costas fosse agora capaz de tomar a decisão pelos resultados; da mesma maneira que não faz sentido que um treinador que aceitou a mão do presidente lhe virasse agora as costas apenas por um qualquer capricho de sucesso.
Sentido faria que o assunto já estivesse resolvido. E não está. E como não está, é inevitável que se fale dele.
Jesus fica? Jesus não fica?
Aconteça, porém, o que acontecer, julgo que em qualquer caso não deve o universo benfiquista deixar de reconhecer que há hoje duas personalidades no clube muito difíceis de substituir: uma é, claramente, o presidente; a outra é, claramente o treinador. Não tenham duvidas!

Deve ser muito reconfortante para qualquer treinador ouvir o que disse recentemente Pablo Aimar numa entrevista a uma canal de televisão argentino.
Grande estrela no campo mas também especial fora dele, Aimar reconheceu nessa entrevista a importância que Jorge Jesus teve para ele e as enormes qualidades do técnico do Benfica pelos grandes conhecimentos de futebol, capacidade de liderança e de levar os jogadores a acreditarem no que podem fazer.
Já reformado do jogo e já tão longe de Portugal e da experiência benfiquista, não precisaria naturalmente Aimar de elogiar gratuitamente Jorge Jesus. Aimar foi, portanto, sincero. E dito por Aimar tem certamente outro valor.
Aimar falou de dois treinadores nessa longa entrevista: de Jesus e de Marcelo Bielsa. E se não sabem ficam a saber que Bielsa foi muito mais do que um treinador para Aimar. Foi um pai, foi um líder espiritual.
Parece-me que isso diz tudo.

Apesar de terem contrato, é incontornável que se fale também do futuro de Lopetegui no FC Porto e de Marco Silva no Sporting. Por razões diferentes.
No caso de Lopetegui pelo provável insucesso desportivo; no caso de Marco Silva, pelas prováveis feridas na relação com o presidente.
Acredito que Lopetegui ficará no FC Porto e acredito que essa será uma boa decisão; acredito que Marco Silva dificilmente ficará no Sporting e acredito que talvez essa seja a melhor decisão para as duas partes.
É apenas um ponto de vista. Mas que a relação de Marco Silva com o Sporting e do Sporting com Marco Silva parece fazer faísca, lá isso parece. Ou não parece?!

O que Messi fez ao Bayern é daquelas coisas que ficam na história do futebol. Oxalá possa na próxima semana vir a dizer o mesmo de Cristiano Ronaldo. Para outra final espanhola da Champions!"

João Bonzinho, in A Bola