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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ficam ou não ficam?!

"Em torno de Jesus o debate é inevitável, até porque termina o contrato. Mas nem os contratos tiram Lopetegui e Marco Silva do debate.

Está inevitavelmente montado o debate: deve ou não o Benfica continuar com Jorge Jesus e deve ou não Jorge Jesus dispor-se a continuar no Benfica? Jesus é uma personalidade tão marcante na vida recente do Benfica que não dá mesmo para ignorar a discussão.
Pela minha parte, já aqui deixei bem expressa a opinião de que deveria o Benfica continuar com Jorge Jesus. Mas confesso que já tenho algumas dúvidas sobre o que deve fazer o treinador.
Se o Benfica quer continuar com Jorge Jesus realmente não faz muito sentido não ter já proposto ao treinador a renovação do contrato. Só faz sentido se crê que Jesus não aceitará ficar em circunstância alguma. Mas não parece o caso.
Se não quer continuar com Jesus, como também já aqui o escrevi, então deveria ter deixado isso claro para que o treinador possa realmente definir melhor as suas possibilidades futuras.
Há, entretanto, o lado de Jorge Jesus e quanto a esse não será muito difícil de compreender que é chegado também o momento de Jorge Jesus decidir, por fim, na sua cabeça se quer perseguir a carreira em Portugal ou se quer verdadeiramente assumir o desafio internacional.
O cenário é simples, pelo menos em teoria: se porventura Jorge Jesus vier a decidir ficar no Benfica, quererá certamente assinar um contrato de mais três ou quatro anos, que é o que faz sentido, mesmo considerando que Luís Filipe Vieira conclui já no próximo ano (2016) este seu quarto mandato como presidente; se vier a decidir-se pela aventura no estrangeiro, Jesus também deverá querer, imagino eu, um contrato da mesma natureza.
Conquistando esta época, como parece provável, o terceiro título de campeão no Benfica e decidindo deixar este ano a Luz, Jesus sabe igualmente que sairia pela porta grande e sempre que alguém sai pela porta grande sabe também que deixa a porta sempre aberta.
Ou seja, esse é também um cenário que poderia agradar a Jorge Jesus na eventualidade de lhe surgir uma qualquer proposta realmente interessante de um dos clubes de topo da Europa (de entre os tais 14 ou 16 que andam habitualmente nos lugares de destaque das grandes competições), únicos capazes de seduzir o treinador do Benfica.
No imaginário caso de nessa circunstância Jesus se lançar lá para fora, deixaria então a porta da Luz aberta para um dia voltar a concluir então a carreira no clube onde até hoje foi claramente mais feliz.
Mas o que pode compensar Jorge Jesus trocar uma realidade que domina e bem conhece por uma outra que será sempre, à partida, misteriosa? O dinheiro, naturalmente, porque a questão financeira faz sempre diferença quando se procura o maior conforto possível para a família e todos os descendentes, mesmo tendo em conta que já ganha no Benfica o tornou provavelmente no mais bem pago treinador de sempre em Portugal; e poder provar, quanto mais não seja a ele próprio, que é capaz igualmente de ganhar num grande clube estrangeiro.

E aposto, já que falo nisso, que Jesus será capaz de ganhar em qualquer clube de topo no estrangeiro!


Ainda quanto ao futuro de Jesus no Benfica, haverá os que pensam que se ele for bicampeão fará se quiser e que se não for fará o que o presidente entender. Tendo a não concordar.
Não acredito que Jorge Jesus ou Luís Filipe Vieira façam depender do título a decisão de continuarem a trabalhar juntos.
Não faz sentido que um presidente que há dois anos quis continuar com o treinador quando todos os queriam ver pelas costas fosse agora capaz de tomar a decisão pelos resultados; da mesma maneira que não faz sentido que um treinador que aceitou a mão do presidente lhe virasse agora as costas apenas por um qualquer capricho de sucesso.
Sentido faria que o assunto já estivesse resolvido. E não está. E como não está, é inevitável que se fale dele.
Jesus fica? Jesus não fica?
Aconteça, porém, o que acontecer, julgo que em qualquer caso não deve o universo benfiquista deixar de reconhecer que há hoje duas personalidades no clube muito difíceis de substituir: uma é, claramente, o presidente; a outra é, claramente o treinador. Não tenham duvidas!

Deve ser muito reconfortante para qualquer treinador ouvir o que disse recentemente Pablo Aimar numa entrevista a uma canal de televisão argentino.
Grande estrela no campo mas também especial fora dele, Aimar reconheceu nessa entrevista a importância que Jorge Jesus teve para ele e as enormes qualidades do técnico do Benfica pelos grandes conhecimentos de futebol, capacidade de liderança e de levar os jogadores a acreditarem no que podem fazer.
Já reformado do jogo e já tão longe de Portugal e da experiência benfiquista, não precisaria naturalmente Aimar de elogiar gratuitamente Jorge Jesus. Aimar foi, portanto, sincero. E dito por Aimar tem certamente outro valor.
Aimar falou de dois treinadores nessa longa entrevista: de Jesus e de Marcelo Bielsa. E se não sabem ficam a saber que Bielsa foi muito mais do que um treinador para Aimar. Foi um pai, foi um líder espiritual.
Parece-me que isso diz tudo.

Apesar de terem contrato, é incontornável que se fale também do futuro de Lopetegui no FC Porto e de Marco Silva no Sporting. Por razões diferentes.
No caso de Lopetegui pelo provável insucesso desportivo; no caso de Marco Silva, pelas prováveis feridas na relação com o presidente.
Acredito que Lopetegui ficará no FC Porto e acredito que essa será uma boa decisão; acredito que Marco Silva dificilmente ficará no Sporting e acredito que talvez essa seja a melhor decisão para as duas partes.
É apenas um ponto de vista. Mas que a relação de Marco Silva com o Sporting e do Sporting com Marco Silva parece fazer faísca, lá isso parece. Ou não parece?!

O que Messi fez ao Bayern é daquelas coisas que ficam na história do futebol. Oxalá possa na próxima semana vir a dizer o mesmo de Cristiano Ronaldo. Para outra final espanhola da Champions!"

João Bonzinho, in A Bola

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