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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Soltar ou não soltar a tampa

"Verdades inquestionáveis do nosso futebol? Só o Luisão, à sua conta, tem mais quatro Taças da Liga do que o Helton. Só que a Taça da Liga como nunca teve tampa, enfim, dá-se menos por ela.

COM o respeito devido aos seus ideólogos e autores, também não encontro beleza transcendente nem, muito menos, qualquer tipo de justificação para o novo desenho da Supertaça Cândido de Oliveira que veio um tanto inesperadamente substituir o troféu original.
Mudar-lhe o nome teria sido, no entanto, bem menos aceitável. A Supertaça leva o nome de um dos fundadores deste jornal e disso gosto, sempre gostei. Começou a disputar-se na época de 1979/1980 como prova oficial do calendário da FPF colocando frente-a-frente o vencedor do campeonato e o vencedor da Taça de Portugal. O seu primeiro formato era, no entanto bastante disparatado e acabava, frequentemente, por atrapalhar o calendário dos envolvidos.
Disputava-se em duas mãos, em casa de um e em casa do outro finalista, e não contava como método de desempate o número de golos marcados fora, o que obrigava, pelo regulamento, a terceiro jogo no caso de uma vitória para cada lado, fossem os resultados quais fossem na sua expressão numérica.
E obrigava até a quarto jogo como aconteceu na decisão de 1985 com quatro Benficas-Portos de enfiada até o FC Porto levar a taça, como, aliás, viria a fazer pelos anos fora de forma sistemática. Só a partir da temporada de 2001/2002 é que o regulamento da prova ganhou bom senso, passando a ser discutido o troféu num único desafio. O primeiro vencedor neste novo formato foi o FC Porto que bateu por 1-0 o seu vizinho Boavista.
Este ano a taça,o objecto em si, mudou de figura, parece coisa mais envidraçada, supostamente em estilo arrojado com transparências e dourados. Não se discute aqui o gosto mas a oportunidade de mudança. A verdade é que já estávamos todos os que gostamos de futebol, habituados ao primeiro troféu com o seu desenho mais clássico, um bojudo recipiente em prata, ou qualquer coisa parecida, que até tinha tampa e tudo.
Também é verdade que há uns que estavam mais habituados do que outros. Com a expressiva vitória e exibição no último sábado frente ao Vitória de Guimarães, o FC Porto somou a sua 20.ª Supertaça, é obra. No palmarés da competição surge o Sporting (de Lisboa, não o de Braga) em segundo lugar com 7 conquistas e o Benfica, modestamente, muitíssimo modestamente, fica-se pelo terceiro lugar com 4 triunfos.
O meu apreço pelo troféu original prende-se com uma dessas vitórias do Benfica, na temporada de 1989/1990, frente ao Belenenses, quando a decisão era produzida em dois jogos. O Benfica ganhou o primeiro jogo na Luz por 2-0 e depois foi ao Restelo fazer exactamente a mesma coisa, isto é, ganhar por 2-0.
A Supertaça foi entregue ao capitão do Benfica, julgo que era Veloso. Não me recordo se os jogadores ficaram em campo, como mandam as regras do fair-play, para assistir à consagração dos vencedores mas lembro-me bem das fotografias nos jornais no dia seguinte. Eram lindas e bem-dispostas, pudera. Os jogadores do Benfica, fizeram-se fotografar no relvado do Restelo com a tampa da taça a fazer de chapéu. Era para isso que servia, obviamente.
Agora a Supertaça está toda modernaça e já nem tampa tem, o que é imperdoável. A velha Supertaça, por ter sobrecopa, dava uma linda fruteira, o que faz sempre jeito nestas coisas do futebol. A esta nova Supertaça saltou-lhe a tampa e, quanto muito, dará um jarro. Não é bem a mesma coisa é só o futuro dirá para que serve uma taça que é um jarro sem asa nem bico.
O currículo do Benfica na Supertaça Cândido de Oliveira é tão fraco que A Bola, no seu dever de informar, informou, precisamente, na sua edição do último domingo que só Helton, o actual capitão do FC Porto, tem só à sua conta mais duas Supertaças conquistadas do que o Benfica e isto em 35 edições da prova.
É verdade que sim. Tem pois. O Helton já ganhou seis Supertaças ao serviço do FC Porto enquanto o Benfica, como sabemos, tem quatro troféus depois de anos e anos de esforço. Não há como contestar estes números.
Ou há?
Confrontada por um amigo benfiquista sobre a maldade da notícia de A Bola sobre esta contabilidade tão particular, não consegui melhor do que responder-lhe:
- Verdades são verdades.
- Ai são?
- São.
- Então fiquem lá com esta verdade: só o Luisão, à sua conta, tem mais quatro Taças da Liga do que o Helton.
É verdade, sim senhor.
Só que a Taça da Liga como nunca teve tampa, enfim, dá-se menos por ela.


NO domingo, o Benfica começa a sua lide no campeonato no estádio dos Barreiros, no Funchal, local onde perdeu o título na temporada passada apesar de ter ganho o jogo, apesar de ter saído de campo com 4 pontos de vantagem sobre o FC Porto e apesar de só lhe terem ficado a faltar três jornadas até ao fim da prova.
A euforia expressa dos jogadores do Benfica no fim desse jogo na ilha da Madeira, sem nada que lhes garantisse a decisão do título a não ser a probabilidade de tal vir a acontecer, só tem comparação com a euforia da viagem de autocarro da Selecção Nacional entre Alcochete e o estádio da Luz a caminho da final do Euro 2004.
Campinos a cavalo acompanharam o autocarro da Selecção à saída de Alcochete, o povo embandeirado aglomerou-se à beira da autoestrada para saudar os não tardava nada campeões da Europa, os barcos apitaram no Tejo enquanto os nossos heróis cruzavam a ponte Vasco da Gama, enfim, todo um arraial. E a coisa acabou em melodrama, inevitavelmente. Tal como acabaria em melodrama a temporada de 2012/2013 de um Benfica tão lançadíssimo para a glória que acabou por soçobrar com o peso de tanta probabilidade.
O Benfica que se vai apresentar no domingo no Funchal é outro. A euforia e a confiança cega nos amanhãs que cantam esboroaram-se num abrir e fechar de olhos e nem a equipa nem os adeptos parecem querer dar sinais de que já recuperaram emocionalmente dos três desastres de Maio.
No último jogo de preparação, em Nápoles, porventura aquele que melhores e mais fiáveis indicações terá fornecido ao seu treinador - porque o adversário era de altíssimo nível -, o Benfica voltou a perder, voltou a sofrer golos e voltou a demonstrar um acanhamento diante da baliza contrária que até faz impressão e em nada contribui para levantar moral às tropas.
A contratação de Funes Mori, entendida de uma maneira geral como para suprimento à partida de Cardozo, também em nada contribuiu para a alegria geral. Ainda ninguém por cá viu jogar o argentino mas são já lendárias entre nós as canções de regozijo dos adeptos do River Plate por verem o seu suposto goleador embarcar para a Europa.
Começa, assim, o Benfica esta época com muito contra si. E até as probabilidades de as coisas correrem bem são muito titubeantes em função do histórico recente e da consequente vaga de descrença que assolou a Luz.
Como é que se dá a volta a isto? Ganhando no Funchal, como no ano passado, obviamente. E tendo por certo que, depois do Funchal, ficam a faltar ao Benfica não as 3 jornadas que deitaram tudo a perder em 2012/2013 mas 29 jornadas por cumprir até ao fim da prova de 2013/2014. É muita jornada, amigos. 
Neste verão ainda não conheci nenhum benfiquista optimista e, por vezes, interrogo-me se não estaremos a exagerar. Os comentários mais alegres que tenho ouvido são deste género:
- Pelo menos este ano não fomos os campeões da pré-temporada...
É verdade que não. Aliás, o campeão desta pré-temporada foi o Marítimo. Ora aqui está um indicador positivo, finalmente.

BOA, Estoril! Parabéns.

O Bruno Alves viu dois cartões amarelos e foi expulso no jogo da Supertaça turca. Há coisas que, francamente, só na Turquia."

Leonor Pinhão, in A Bola

Demasiado pesado !!!

Terminou hoje a participação dos atletas do Benfica, no Mundial de Atletismo em Moscovo. E o resultado não foi o melhor. Já se esperava uma prova abaixo do normal por parte do Marco Fortes, a época não correu bem... e assim, ao contrário do que tem acontecido, nas últimas grandes competições o Marco não conseguiu a qualificação para a Final, ficando-se pelos 19,38m (18.º), a qualificação fez-se nos 19,76m. Perfeitamente ao alcance do Marco, que tem um recorde pessoal acima dos 21m!!!

Normalmente após o ano Olímpico, as marcas pessoais, baixam. Neste Mundial, só a prova do Salto Altura  Masculino (hoje) teve um nível altíssimo, de resto, os novos Campeões do Mundo não se têm aproximado das melhores marcas mundiais. Para os Benfiquistas, as coisas não foram muito diferentes, só o Pedro Isidro esteve ao seu melhor nível, os outros, têm potencial para mais... para o ano, em ano de Campeonato da Europa, pede-se mais.

Pelotão com pato

"Já aqui escrevi sobre o gosto pessoal pelo ciclismo. Desde o inigualável Tour à nossa Volta que, porém, teima em ignorar boa parte de Portugal. E podemos desfrutar de excelentes e bem comentadas emissões televisivas na (ainda) tv pública.
A semana passada assisti, com especial sabor, à etapa que passou pela minha terra, Ílhavo e terminou em Aveiro.
Eis que já perto do final, no rodapé das belas imagens, entrou em acção o Aborto ortográfico transformado em Acordo em Portugal, adiado no Brasil, desprezado em Angola e ignorado no restante mundo lusófono.
E leio: «pelotão compato», fruto de um orgulho acordista que viola as ditas novas regras, pois na palavra compacto o c não é mudo e, como tal, deve ser sempre escrito. Tal qual 'facto' ao qual alguns pressurosamente amputaram o c e transformaram o dito facto em terno brasileiro.
Por momentos, surgiu-me a ideia de que o pelotão vinha acompanhado de um palmípede. E que a disputa (outra palavra ingrata) seria pela camisola amarela entre o pelotão sem pato e pela camisola laranja entre o pelotão com pato. Com um pouco de imaginação poderíamos ver um pelotão compato à compita por uma compota no abastecimento onde se computa a força dos corredores.
Vi a lista dos ciclistas e não deparei com nenhum Pato, ainda que russo, letão ou cazaque. Vi lá, como não poderia deixar de ser, um Pinto, mas não Patos.
Conclusão: o pelotão compato fez um pato de fato com a organização. Felizmente, o director da corrida proclamou alto e pára o baile na antiga versão ortográfica onde o pára tem acento e o pato não tem assento. Isto é, o erro já foi corrigido e o pelotão voltou a ser compacto."

Bagão Félix, in A Bola