"A Suécia decidiu não implementar o VAR. Na Noruega discutiu-se a possibilidade de acabar com ele. E também já houve clubes da Premier League e pedirem o seu fim.
Depois de alguns anos, podemos fazer um balanço do que esta tecnologia trouxe ao futebol. Não creio que tenha sido muito.
Se o objetivo era pôr termo à polémica em redor da arbitragem, estamos conversados. Os erros que antes eram desculpáveis, pela velocidade do jogo e pela necessidade de decidir no momento, tornaram-se erros inaceitáveis de quem está longe do estádio e de qualquer responsabilização.
As linhas de fora-de-jogo não passam de uma mentira bem contada. É impossível, com uma câmara a 50 metros de distância dos jogadores, com estes em movimentos opostos, obter uma imagem - que é, no fundo, um conjunto de pixeis - que permita medir em rigor dois ou três centímetros para lá ou para cá. O frame é escolhido arbitrariamente, e os pontos que sustentam a linha também. Tudo seria perfeito se o VAR escrutinasse foras-de-jogo óbvios que tivessem passado despercebidas ao fiscal-de-linha. Não é isso que acontece: em caso de duvida, em vez de se privilegiar o ataque como dizia a regra, coloca-se uma linha num ponto qualquer, de uma imagem qualquer, e dispara-se um palpite. O adepto come e cala.
Inventou-se também um novo tipo de penálti: o vídeopenálti. Ao contrário do que dizem os protocolos (que falam de lances claros), se hoje uma bola raspa no dedo de um defensor, ou alguém tropeça no pé do adversário, temos uma grande penalidade, e um longo período de pausa até que a decisão seja tomada.
Pior do que isso é os adeptos terem sido privados do festejo espontâneo dos golos - agora sujeito a soluços. Ou à angústia, não só no momento do penálti, como em Peter Handke, mas naquele que devia ser o climax do futebol."
Luís Fialho, in O Benfica
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