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sábado, 1 de agosto de 2020

Salvar a época

"Em situações normais não aprecio particularmente a expressão que dá título a estas linhas. Entendo que uma conquista é uma conquista, e que cada troféu vale por si próprio, engrandecendo o clube que o alcança. Mas se Ortega y Gasset dizia que um homem é ele próprio e as suas circunstâncias, também não será descabido afirmar que uma Taça é ela própria e as suas circunstâncias. Ora, o Benfica vem de um campeonato traumático, que no início da segunda volta parecia mais ou menos bem encaminhado, e acabou tristemente entregue a um adversário com enormes fragilidades no plano institucional e financeiro. Digamos que, se há campeonatos mal perdidos, este foi um deles. E sejamos honestos: neste contexto, ganhar a Taça de Portugal não significa transformar esta numa época triunfante. Isso infelizmente já ficou fora de causa.
Recordo-me de Taças de Portugal com outra envolvência, que concretizando saborosas 'dobradinha', quer, por exemplo, a de 2004, que festejámos quase como se de um campeonato se tratasse. Então não conquistávamos qualquer troféu havia vários anos (passado de que alguns parecem ter-se já esquecido, o que não deixa de ser bom sinal), e aquela vitória simbolizava muito mais do que uma simples Taça. Não é o caso.
A final de Coimbra será, pois, uma oportunidade de salvação. De salvação de uma época que começou muito bem (com a Supertaça) e que, com mais um troféu, ainda pode acabar em sorrisos. Não de modo triunfal, como felizmente temos sido habituados, mas com a dignidade e a frescura de espírito necessárias para que a próxima temporada venha a ser bem diferente para melhor."

Luís Fialho, in O Benfica

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