"Nos últimos dias uma grande parte da discussão do futebol em Portugal centrou-se nos acordos entre as operadoras de telecomunicações e os grandes clubes. Depois do Benfica, também FC Porto e Sporting fecharam contratos 'milionários' e, tratando-se de futebol, mesmo fora de campo, grande parte dos argumentos foram esgrimidos sem grande lógica e debaixo da clubite com que normalmente se discutem os penáltis marcados ou por marcar. É o que temos.
Houve, é justo dizê-lo, boas análises e bons artigos sobre o que está em causa. O leitor quando tiver este texto à frente já possui muita informação. O que pretendo é ver, em alguns dos itens, um pouco mais longe.
1) Até 2018, altura em que os jogos do FC Porto estarão garantidamente na SportTV, tudo ficará na mesma. E depois dessa data? Avançará o MEO com um canal de desporto próprio, tentando captar ligas estrangeiras entretanto no mercado? E pode avançar antes, de forma mitigada, se comprar direitos de clubes mais pequenos e emitir os jogos (imaginemos um Boavista-Benfica) na Bola TV ou noutro canal próprio? Isso, sim, seria disruptivo na oferta. Em qualquer dos casos no fim a conta será paga pelo subscritor.
2) Pedro Proença leva à risca como presidente da Liga a máxima que costumamos aplicar aos árbitros: "O melhor é não dar por ele." Falhado o objectivo da centralização (global), Proença tinha todos os outros jogos de todos os outros clubes em casa face aos grandes. Fez zero. Não tem competência para o lugar.
3) Os acordos em geral são bons, muito bons até. Melhor o do Benfica porque não tem dentro nem a publicidade estática nem o patrocínio nas camisolas, mas todos os clubes negociaram bem. Dito isto, não vão entrar 400 ou 500 milhões na tesouraria de ninguém amanhã. Os números foram óptimos para a comunicação mas, por alguma coisa, os acordos são de longo termo.
4) A duração, aliás, é uma das questões centrais deste processo. Há 10 anos o acesso aos conteúdos era feito de forma radicalmente diferente, não havia redes sociais, quase não havia smartphones, não havia tablets. O conteúdo e a sua distribuição é e será a chave no futuro. Bom, há dez anos o futebol já arrastava multidões e previsivelmente assim será daqui a uma década. No entanto, contratos tão longos constituem actos de gestão com risco. De ambos os lados. Mesmo que saibamos que as partes se podem sentar a qualquer momento e renegociar condições.
5) A noticiada 'morte' de Joaquim Oliveira, agora desdenhosamente tratado como 'o intermediário', é exagerada. Oliveira fez o que os outros não fizeram durante décadas, é accionista da Sport TV, tem um papel importante e vai continuar a ter. Diferente, mas importante. Certo e sabido."
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