"John Textor tentou desembarcar no Benfica antes de chegar ao Brasil e comprar 90% das ações do Botafogo, glória desportiva dos anos 1960, que colecionou três descidas no século 21 e iniciou sua retomada sob o comando de Luís Castro.
Como boa parte dos brasileiros, desgostosos com os resultados e desempenhos dos treinadores nascidos do lado de lá do Oceano Atlântico, Textor foi buscar outro português: Artur Jorge.
O nome nada tem a ver com o do velho atacante benfiquista e treinador campeão da Europa pelo FC Porto, em 1987. A qualidade, sim. Artur tornou-se no último domingo o terceiro treinador português a conquistar o Campeonato Brasileiro, completando uma trinca iniciada com Jorge Jesus (Flamengo 2019) e seguida por Abel Ferreira (Palmeiras 2022 e 2023). Soma-se a isto as conquistas de Libertadores da América também de Jorge Jesus, Abel e Artur. Significa que das últimas seis edições de Brasileirões e de Libertadores, quatro de cada competição foram
vencidas por portugueses.
vencidas por portugueses.
Podes escolher os nomes das caravelas. Se eram Santa Maria, Pinta e Niña as de Cristóvão Colombo, também foram São Gabriel, São Rafael e Bérrio três das embarcações com que Cabral desceu em Porto Seguro, em 1500. Não são mais caravelas, mas a mesma ideia moderna de exportar conhecimento veste-se com a bandeira portuguesa, representada nas comemorações de Abel Ferreira, Jorge Jesus e Artur Jorge. Sim, todos se envolveram pelas cores verde e encarnada com as cinco quinas para festejarem suas conquistas. A de Artur é mais emblemática, por representar o primeiro ano de vitórias nacionais ou continentais de um clube Glorioso – leva o mesmo apelido do Benfica – o único dos gigantes do Brasil apenas com títulos estaduais desde a virada do século 21.
O Flamengo não conquistava o Brasileirão havia dez anos, mas tinha o dinheiro, os adeptos e a proximidade com os troféus mais importantes. O Palmeiras, antes de Abel, conquistou os campeonatos nas épocas de 2016 e 2018, esta última com Scolari. O Botafogo não ganhava o principal troféu nacional desde 1995 e nenhuma taça continental desde a Copa Conmebol de 1993 similar à atual Copa Sul-Americana, espécie de Liga Europa.
Artur fala sério, treina com seriedade, tratou de espantar o estigma carregado pelos botafoguenses de perder na hora decisiva, como se tudo acontecesse como no golo de Kelvin, antes do Benfica de Jorge Jesus começar a ser vencedor. Curioso como ao enfatizar seus comentários, Artur Jorge levanta a sobrancelha esquerda, sempre a esquerda, exatamente como Carlo Ancelotti, o mais vitorioso treinador da Europa. Abel e Artur podem não ter a visibilidade que José Mourinho deu aos treinadores portugueses pelo resto do mundo. Não há dúvidas de que Mourinho é o princípio desta abertura das fronteiras internacionais. Mas são eles que fazem aumentar a lista de conquistas.
Sempre bom lembrar que, até 2006, o campeonato português havia sido vencido por técnicos estrangeiros, brasileiros incluídos, em 60,5% das épocas. Desde então, houve 18 torneios e 17 deles foram vencidos por portugueses, só um pelo Benfica ao comando do alemão Roger Schmidt, em 2023.
Enquanto isso, já chega a 80 o número de troféus conquistados por portugueses ao redor do planeta neste século 21. De Manuel José, no Al Ahly, do Egito, Pedro Martins, no Olympiacos, na Grécia, Paulo Fonseca, no Shakhtar, Ucrânia, Leonardo Jardim, no Monaco, em França, José Mourinho, por Chelsea, Inter, Real Madrid, Manchester United e Roma.
Somam-se o bicampeonato do Al Hilal, com Jorge Jesus, a Taça dos Campeões do Al Nassr, de Luís Castro, e os inúmeros troféus. No Brasil, dos últimos seis campeonatos, 66% foram conquistados pelos portugueses Jorge Jesus, Abel Ferreira e Artur Jorge. O mesmo número de Libertadores. Portugal conquista o futebol na Ásia, África, Europa e América."
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