"Mais que saltar, é preciso quebrar todas as barreiras que impedem e excluem do desporto precisamente aqueles que, porventura, mais beneficiaram dele. Mas, se quebrar barreiras, é, e tem de ser, tarefa coletiva, porque é desafio e obra da sociedade no seu todo, aprender a saltar-lhe por cima e aceder, ainda que a custo, à prática física e desportiva é desafio individual, árduo, mas ao alcance no imediato.
E são muitas as barreiras físicas, psicológicas e sociais. Tão importante ou mais que as condições materiais e preconceitos e o estigma ainda alimentam atitudes discriminatórias, diminuem o incentivo à prática e acentuam o isolamento social. Tudo isto acentua a falta de motivação e autoconfiança, levando as pessoas com deficiência, e famílias, à autoexclusão. Esta atitude pode contrariar-se se houver, e tem de haver, consciência dos benefícios da prática desportiva para a saúde físico e mental das pessoas com deficiências.
Tantas barreiras e tão difíceis de saltar, mas não completamente intransponíveis. Para isso é preciso sobretudo informação para conhecer as atividades mais adequadas ou acessíveis para pessoas com deficiência, as instituições mais disponíveis e capacitadas para garantir atividades seguras, eficazes e adaptadas às necessidades individuais. As famílias têm de ser motivadas para o valor da prática desportiva adaptada nos planos físico e psíquico, aprender a lidar com a exposição individual a aceitar as suas fragilidades sem preconceitos ou complexos, antes estabelecendo um forte compromisso com a prática desportiva e incluindo a atividade física na rotina das pessoas com deficiência.
Em suma, superar todas estas barreiras exige da sociedade no seu todo a criação dum ambiente inclusivo, acessível e motivador, que permita a plena participação das pessoas com deficiência em atividades físicas e desportivas, levando em conta a suas necessidades específicas e dignificando o seu potencial. Até lá, sempre que persistam barreiras, é preciso trabalhar incessantemente para o seu derrube e, entretanto, saltar-lhe por cima ainda hoje se possível!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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