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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A lenta agonia do hóquei

"Terminou mais um Mundial de hóquei, cada vez mais espanhol. Já aqui escrevi sobre a lenta agonia deste desporto que fez as delícias de outrora. Empolgante, bonito, emotivo, mas que foi perdendo espaço, hoje limitado a uns míseros rodapés na informação desportiva.

Cada ano que passa o hóquei definha. É cada vez mais um desporto que não se dá o respeito. Sorteios manipulados, regras constantemente alteradas, protagonismo exagerado dos árbitros que, de facto, podem fazer um resultado a seu bel-prazer. O que se passou nas meias-finais entre Portugal e Argentina foi um vergonhoso exemplo para malfeitoria da arbitragem, pela mudança súbita de horário de jogo e pela indicação de juízes que eram parte interessada no desfecho final. Por fim, a mudança do esquema dos Campeonatos leva ao absurdo de, recorrentemente, por exemplo, Portugal estar num Mundial e nem sequer defrontar a Espanha e a Itália, e se entreter em fases pró-forma goleando uns ceguinhos.

Desfeito o sonho de ser uma modalidade olímpica, o hóquei limita-se hoje a Espanha (melhor dizendo, Catalunha), Portugal e Argentina. A Itália teve que levar ao Campeonato quarentões, a Inglaterra, a Holanda, a Alemanha, a Bélgica ou os EUA levam equipas excursionistas ou vão desaparecendo do cenário.

O hóquei foi incapaz de responder ao desafio da globalização desportiva. Em vez de se universalizar, virou-se para dentro num processo de autofagia sem a capacidade de atrair patrocínios que o pudessem desenvolver e espalhar.

A bolinha também não ajuda. Quase não se vê e, às vezes, só damos pelo golo porque os jogadores festejam o que supomos sê-lo...

Tenho pena deste caminho. Inexorável? Receio que sim."


Bagão Félix, in A Bola

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