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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Apagar o apagão?

"Ninguém apaga o apagão. Uma certeza: durante anos a fio, vai continuar a falar-se no inapagável apagão. Os nossos adversários e detractores sustentam que o Benfica apagou, naquele episódio, a sua cultura democrática. Foi mesmo? Quem abriu, no próprio jogo, as hostilidades? Não foram, desde logo, os jogadores do FC Porto, que recusaram dar a mão às crianças no momento da entrada formal em campo? Nesse preciso momento, deu-se o primeiro apagão. Apagou-se, pintada de azul, a disponibilidade para uma convivência cordial.

E o que se passou no decurso da partida? Os adeptos portistas mais não fizeram do que insultar os aficionados do Benfica. Utilizaram todos os impropérios, a maioria dos quais irreproduzível, vandalizaram as bancadas, até funcionários dos bares chegaram a sequestrar. Será que esse comportamento boçal justificava que fosse estendida, em casa alheia, a passadeira de honra aos novos campeões, para mais numa competição marcada por várias imoralidades, sempre em prejuízo do Benfica e em benefício do principal opositor?

Estranho, mesmo, é que alguns benfiquistas, num acesso súbito de misericórdia perante velhas e recentes atrocidades cometidas pelo rival nortenho, critiquem o apagão e apaguem mesmo a justeza dos históricos remoques vermelhos aos processos hediondos que têm sido apanágio do clube das riscas azuis. Como pode um benfiquista ficar indiferente à vergonha que tem pautado que tem pautado as competições nacionais no último quarto de século? Como pode um benfiquista aceitar que a sua casa sirva de palco à festa daqueles que, ao longo dos últimos anos, tudo fizeram para subverter a verdade desportiva?

O apagão é mesmo inapagável. Este Campeonato passará para a história como sendo o Campeonato do Apagão. Afinal, mais cristalino, mais genuíno, mais legítimo do que muitos dos triunfos, esta temporada, do novo (mas sempre velho) campeão nacional."


João Malheiro, in O Benfica

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