Últimas indefectivações

sábado, 10 de outubro de 2020

Bem-vindo, Otamendi


"Optimista, me confesso, nunca hei-de entender plenamente o benfiquismo autofágico. A mentalização, dos pessimistas militantes, para lidarem com uma eventual decepção no futuro é compreensível; já a irritante predisposição para, confirmadas as propaladas desgraças, logo se recolherem louros por uma suposta capacidade premonitória (evocada só quando se acerta), nem por isso.
Não está em causa o arrebatado amor pelo clube, a dedicação ou o enorme desejo do sucesso e conquistas, pelo que estranho ainda mais, por tão recorrente, que estes benfiquistas em tudo vejam defeitos e que quase nada os satisfaça. Chamam-lhe exigência, mas é outra coisa qualquer. Algumas das reacções à estreia de Otamendi são exemplificativas do que estou a tentar explicar.
Saiu Rúben Dias, entrou Otamendi. Por conseguinte, Rúben Dias foi imediatamente elevado ao estatuto de Humberto Coelho, enquanto a Otamendi já só deveria restar Chipre ou a Arábia Saudita.
A exibição categórica de Otamendi, na primeira parte ante o Farense, no seu primeiro jogo da época passados escassos dias da chegada a Portugal, motivou, diria à falta de melhor expressão, uma decepção feliz nesse tipo de benfiquistas. Otamendi mostrou todos os seus excelentes atributos, e eles, desconfiadamente, pensaram 'talvez sirva'. Com o desacerto na segunda parte ressurgiu a má vontade e o lamento 'Com o Rúben isto não teria acontecido'. Não interessa que Rúben Dias, não obstante o seu enorme valor como futebolista, tenha sido o protagonista de diversos lances infelizes (de resto, como qualquer outro defesa-central). OU que tenha sido mais que evidente a falta sobre Otamendi no segundo golo do Farense. Só a 'exigência', como a apelidam."

João Tomaz, in O Benfica

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