Últimas indefectivações

sábado, 10 de outubro de 2020

A verdade


"À medida que se vai desenrolando o julgamento do hacker Rui Pinto, e ouvimos os vários depoimentos, vamos também entendendo o modus vivendi da personagem e aquilo que está verdadeiramente em causa. Nada que surpreenda quem, desde cedo, percebeu tratar-se de um criminoso à escala internacional, envolvido até ao pescoço num conjunto de fraudes vitimando as mais diversas pessoas e entidades públicas e privadas, buscando o proveito próprio. Para aqueles que embarcaram na fantasiosa tese do denunciante romântico, movido pelos mais puros propósitos de justiça, apenas vai restando o descrédito.
Está por apurar muita coisa. Desde logo, os contornos relativos ao roubo e à publicação dos e-mails do Benfica. Designadamente como, porquê e a que preço chegaram os mesmos ao Porto Canal. Talvez ainda haja revelações inesperadas. Ou nem tanto. É preciso dizer que o ciber-crime é um cancro do nosso tempo. E neste século XXI, ninguém está a salvo - basta ter uma conta bancária.
Trata-se de um tipo de crime porventura mais perigoso do que a própria corrupção, pois pode afectar directamente o cidadão anónimo de variadas formas. Há que combatê-lo sem ilusões e com firmeza.
Sobra uma outra questão, que se prende com a comunicação social, as duas fontes e as suas metodologias. Houve quem garantisse audiências - e consequentemente dinheiro - com a publicação de correspondência roubada, ocultando a identidade do pirata, e estabelecendo com ele uma espécie de parceira. E não só a Der Spiegel. Será isto que queremos dos media? Vale tudo para olhar pelo buraco das fechaduras? E quando chega à nossa parte?"

Luís Fialho, in O Benfica

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